NACIONAL DE INFRAEST DE TRANSPORTES DESEMBARGADOR FEDERAL MANUEL MAIA DE VASCONCELOS NETO - 4ª TURMA
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- Jerónimo Bergler Galvão
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1 RELATÓRIO O Senhor DESEMBARGADOR FEDERAL MANUEL MAIA (CONVOCADO): Cuida-se de agravo de instrumento manejado pela FSF TECNOLOGIA LTDA contra decisão do Juízo da 7ª Vara Federal da Seção Judiciária de Sergipe, proferida nos autos do processo n.º (reintegração / manutenção de Posse), que, não acolhendo as razões apresentadas pela ora agravante no pedido de reconsideração formulado em face decisão que determinou a retirada dos postes instalados dentro da faixa de domínio da BR-101/SE, km 153,9 ao Km 174,18 (procedimento administrativo n / ) e Km 127 e Km 140 (procedimento administrativo n / ), no prazo de 72 (setenta e duas) horas, aplicou multa ao agravante no montante de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, majorou a multa de R$ ,00 (dez mil) para R$ ,00 (cinquenta mil) reais por dia de descumprimento, determinando, ainda, o bloqueio, via Bacenjud, da multa já vencida. Argumenta a agravante, que: (a) é concessionária de serviços públicos de telecomunicação de interesse coletivo, portadora de concessão SCM (Serviço Comunicação Multimídia), sendo nessa condição responsável pela prestação de serviços de banda larga e internet por todo o Nordeste, com redes alcançando desde seu estado de origem, Alagoas, até redes de cunho nacional, partindo de saídas internacionais localizadas em Fortaleza-CE e alcançando Salvador-BA, seguindo posteriormente para outros estados da federação; (b) promoveu a construção do backbone principal de sua rede essencial de serviços públicos de telecomunicações de cunho nacional desde o Ceará até a Bahia, passando pelo estado de Sergipe, acompanhando as rodovias federais e estaduais de sua rota, no espaço destinado à edificação dessas estruturas de serviços públicos: as faixas de domínio contestadas pelo DNIT; (c) como espaços públicos destinados, por excelência, à construção de estruturas de serviços públicos, a Agravante, na qualidade de concessionária de serviços públicos, vem fazendo uso correto e respeitando as regras do DNIT e da ABNT desses espaços com tal finalidade; (d) ao contrário do que argumenta o DNIT, não há uma tentativa de se apossar ou transformar em espaço privado aquilo que é público, mas sim de construir uma estrutura de serviços públicos essenciais de telecomunicação para benefício da coletividade; (e) o próprio Manual de procedimentos para a permissão especial de uso das faixas de domínio de rodovias federais e outros bens públicos sob jurisdição do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT as faixas admitem o uso da aludida passagem de tais estruturas; (f) em toda a execução de Rota Fortaleza/CE-Salvador/BA, não houve qualquer problema ou irregularidade com o DNIT, à exceção do estado de Sergipe. Neste, diferente a alegada existência de construções erradas ou do descumprimento das normas técnicas, houve, na verdade, uma construção antes do término da tramitação do processo de autorização, mas respeitando todas as normatizações técnicas do DNIT e ABNT para tais edificações; (g) a prática do setor e do próprio DNIT, como reconhecido pela vistoria final realizada pela própria Agravada e constante dos autos, é de que as construções das infraestruturas ocorram de maneira concomitante à tramitação dos processos de autorização. Possibilita-se, dessa forma, que estruturas e projetos tão importantes ao desenvolvimento nacional não sejam paralisados ou abandonados por entraves burocráticos, com realização de
2 vistorias simultâneas à construção; (h) afirmações e argumentos apresentados na inicial e acatados pela equivocada decisão agravada, estão em contrariedade com os próprios elementos trazidos aos autos pelo DNIT, pois, conforme o Laudo de Vistoria que instrui a parte final do processo administrativo, não existem postes fixados em situações de perigo ou próximos às pistas. Todos os postes foram instalados conforme normas técnicas cabíveis, tendo a construção sido aprovada, como se lê do próprio laudo; (i) as supostas irregularidades insanáveis retratadas na decisão recorrida e na inicial da Agravada, nesse contexto, em nada mais dizem respeito do que a exigências documentais, que já foram todas sanadas e ainda não se promoveu a assinatura do contrato de permissão; (j) o próprio DNIT, conforme laudo constante nos autos, realizou vistoria das edificações realizadas pela Requerente, atestando que todas foram construídas conforme suas normas e aquelas da ABNT, sendo viáveis e encaminhando-se para a assinatura dos contratos de permissão, validando-se todas as edificações já feitas; (k) a agravante, conforme provado pelos contratos aos autos, presta seus serviços de telecomunicação, proporcionando as redes internas e o acesso de banda larga a instituições como o Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe - TJSE; o Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região - Sergipe; a Prefeitura Municipal de Aracaju/SE; o Banco do Estado de Sergipe - BANESE; o Serviço Social da Indústria - SESI/SE; o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI/SE; assim como ao maior complexo educacional do estado, a Universidade Tiradentes - UNIT; (l) a rede de backbone principal da Agravante, que a decisão agravada deseja interromper, está integrada à rede de outras prestadoras de serviços públicos, como a GVT, Vivo e Compuline; (m) e mesmo com a demonstração de uma incontestável boa-fé, com o pleito pela designação de uma audiência conciliatória de urgência entre as partes do processo, o Magistrado não só deixou de promover a marcação da audiência, violando os princípios como a celeridade, o desafogamento do Judiciário e o melhor interesse das partes, mas também interpretou a conduta de pura boa-fé como um ato protelatório, ordenando, de forma abusiva e de ofício, que o BACEN- JUD já previamente determinado fosse realizado diariamente nas contas da Agravante; (n) Remover as estruturas conforme ordenado na decisão implicaria na paralisação dos serviços prestados pela Ré, inclusive a diversos órgãos e entes públicos, como o seus serviços de telecomunicação, proporcionando as redes internas e o acesso de banda larga a instituições como o Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe - TJSE; o Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região - Sergipe; a Prefeitura Municipal de Aracaju/SE; o Banco do Estado de Sergipe - BANESE; o Serviço Social da Indústria - SESI/SE; o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI/SE; assim como ao maior complexo educacional do estado, a Universidade Tiradentes - UNIT. Une-se a esses órgãos e instituições a existência de contratos de Swap de capacidade, nos quais a Agravante cede parte de suas redes para a construção de redes de outras empresas de telecomunicações. Como já destacado na narrativa fática e provado em anexo, a rede de backbone principal da Agravante, que a decisão agravada deseja interromper, está integrada à rede de outras prestadoras de serviços públicos, como a GVT, Vivo e Compuline; e (o) os prejuízos pela interrupção da rede de serviços públicos de telecomunicação da Agravante também se expressam pelas sanções e riscos de rescisões às quais ela está sujeita por força dos contratos celebrados com os órgãos públicos citados. Liminar parcialmente deferida "para afastar a majoração da multa e sustar sua cobrança, por qualquer que seja o meio, antes do trânsito em julgado da decisão". Contrarrazões apresentadas pelo DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES -DNIT. Éo relatório.
3 VOTO O Senhor DESEMBARGADOR FEDERAL MANUEL MAIA (CONVOCADO): Conforme informação processual da Seção Judiciária, verifico que, em 25/09/2015, o MM. Juiz prolatou sentença, julgando "procedente o pedido de reintegração de posse em favor do DNIT, determinando, a título de antecipação de tutela, a imediata remoção dos obstáculos irregularmente instalados dentro da faixa de domínio da BR-101/SE, especificamente o posteamento instalado do km 153,9 ao Km 174,18 (procedimento administrativo n / ) e do Km 127 e Km 140 (procedimento administrativo n / ), conforme detalhamento constante no: (a) registro fotográfico de id Pág. 3; e, Laudo de Vistoria de id Pág. 18 a Pág. 31, id e id Pág. 1 a Pág. 5; e, (b) Ofício nº 879/2014-SR/SE de id Pág. 20 a Pág. 22; e, registro fotográfico de id Pág. 1 a Pág. 4, autorizando-se o DNIT, desde já, a fazê-lo por conta própria, depois ressarcindo-o das despesas às expensas do demandado (art. 461 do CPC). Permanece incidindo a multa diária, dado o descumprimento da ordem judicial". Com efeito, a superveniente prolação de sentença, antes do julgamento do agravo de instrumento, redunda na perda da utilidade do recurso, esvaziando-se o seu objeto, uma vez que o seu julgamento não mais produzirá repercussão no processo originário. Dessa forma, penso que a prolação da sentença na ação originária enseja a perda do interesse no julgamento do Agravo de Instrumento. Isso porque a sentença prolatada pelo julgador monocrático é proferida com base em cognição exauriente, sobrevém à regular instauração do contraditório e possibilidade de ampla defesa, além de contar com o suporte probatório que se houver produzido no curso do processo. Corroborando com este entendimento, colaciono alguns julgados: "PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AGRAVO REGIMENTAL. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA. PERDA DE OBJETO. RECURSO PREJUDICADO. 1. A prolação de sentença, antes do julgamento do mérito do agravo de instrumento, sem que tenha ocorrido decisão do relator em conflito com o que foi decidido na sentença, redunda na perda da utilidade do recurso. 2. Esvaziou-se o objeto do recurso, uma vez que o seu julgamento não mais produzirá repercussão no processo originário. Agravo Regimental improvido. (Tribunal Regional Federal - 5ª Região -AGTR103193/01/PE -Des. Fed. Maximiliano Cavalcanti - Terceira Turma -Unânime - DJE 1º/06/11) "PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA NO PROCESSO PRINCIPAL. PERDA DE OBJETO. RECURSO PREJUDICADO. I. A superveniente prolação de sentença, antes do julgamento do mérito do agravo de
4 instrumento, sem que tenha havido ordem do relator em colisão com o que foi decidido na sentença, redunda na perda da utilidade do recurso, esvaziando-se o seu objeto, uma vez que o seu julgamento não mais produzirá repercussão no processo originário. II. Recurso prejudicado. (AG , Desembargador Federal Edílson Nobre, TRF5 - Quarta Turma, 14/10/2010)" PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA PROCEDENTE. PERDA DE OBJETO DO RECURSO RELATIVO À MEDIDA LIMINAR. PRECEDENTES. DESPROVIMENTO. 1. As medidas liminares, editadas em juízo de mera verossimilhança, objetivam ajustar provisoriamente a situação das partes, desempenhando no processo função de natureza temporária. Sua eficácia se encerra com a superveniência da sentença, provimento tomado à base de cognição exauriente, apto a dar tratamento definitivo à controvérsia. Precedentes do STJ. 2. Agravo Regimental não provido. (AGA , HERMAN BENJAMIN, - SEGUNDA, 03/02/2011) Diante de tais considerações, JULGO PREJUDICADO o agravo de instrumento. Écomo voto. EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA. PERDA DE OBJETO. RECURSO PREJUDICADO. 1. Agravo de instrumento contra decisão proferida nos autos do processo n.º (reintegração / manutenção de Posse), que, não acolhendo as razões apresentadas pela ora agravante no pedido de reconsideração formulado em face decisão que determinou a retirada dos postes instalados dentro da faixa de domínio da BR-101/SE, km 153,9 ao Km 174,18 (procedimento administrativo n / ) e Km 127 e Km 140 (procedimento administrativo n / ), no prazo de 72 (setenta e duas) horas, aplicou multa ao agravante no montante de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, majorou a multa de R$ ,00 (dez mil) para R$ ,00 (cinquenta mil) reais por dia de descumprimento, determinando, ainda, o bloqueio, via Bacenjud, da multa já vencida. 2. Sentença prolatada em 25/09/2015 pelo Juízo monocrático, julgando procedente o pedido de reintegração de posse em favor do DNIT, determinando, a título de antecipação de tutela, a imediata remoção dos obstáculos irregularmente instalados dentro da faixa de domínio da BR- 101/SE, especificamente o posteamento instalado do km 153,9 ao Km 174,18 (procedimento administrativo n / ) e do Km 127 e Km 140 (procedimento administrativo n / ), autorizando-se o DNIT, desde já, a fazê-lo por conta própria, depois
5 ressarcindo-o das despesas às expensas do demandado (art. 461 do CPC)". No mais, "permanece incidindo a multa diária, dado o descumprimento da ordem judicial". 3. A superveniente prolação de sentença, antes do julgamento do agravo de Instrumento, redunda na perda da utilidade do recurso, esvaziando-se o seu objeto, uma vez que o seu julgamento não mais produzirá repercussão no processo originário. 4. Agravo de instrumento julgado prejudicado. A C Ó R D Ã O Decide a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, julgar prejudicado o agravo de instrumento, nos termos do voto do relator, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes nos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
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