Cuida-se de embargos de declaração da FAZENDA NACIONAL contra acórdão assim ementado:

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1 PROCESSO Nº: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO RELATÓRIO Cuida-se de embargos de declaração da FAZENDA NACIONAL contra acórdão assim ementado: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO. AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA ON LINE. POSTERIOR PARCELAMENTO DA DÍVIDA. DESBLOQUEIO DO VALOR RETIDO. CABIMENTO. 1. Trata-se de agravo de instrumento manejado por JAILSON DE SOUZA - ME contra decisão que, em sede de execução fiscal, indeferiu o pedido de desbloqueio de valores das contas do agravante, constritos via BACENJUD, nada obstante ter sido informado a adesão do executado a parcelamento, bem como determinou a suspensão dos autos pelo prazo correspondente ao do pagamento parcelado. 2. O agravante alega que a manutenção da medida de constrição é insubsistente, uma vez que o crédito está com a exigibilidade suspensa, por força de parcelamento fiscal, e que, inclusive, já fora efetuado o pagamento das duas primeiras parcelas nos respectivos montantes de R$ ,57 e R$ 2.575,46, valores estes que, somados, representam mais de 80% do importe bloqueado judicialmente através do BACENJUD (R$ ,51). 3. A realização de parcelamento administrativo é, de fato, hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, conforme prevê o artigo 151, VI do Código Tributário Nacional. De acordo com o citado dispositivo legal, o parcelamento implica na vedação da prática de atos constritivos contra a parte executada, dentre os quais se insere a penhora on line, via BACENJUD. 4. Ainda que o parcelamento da dívida tenha se dado em momento posterior ao deferimento do referido bloqueio, ocorre que é nítida a dupla oneração que se configura em desfavor do executado com a manutenção de tal constrição. 5. Ainda que exista o risco de inadimplência do referido parcelamento, é certo que, preenchidos os requisitos e deferido o parcelamento, não se demonstra razoável manter o contribuinte privado de recursos bloqueados em conta bancária, afinal, como dito, a exigibilidade do crédito está suspensa. 6. Por fim, no tocante à alegação de que deveria a presente ação ser extinta por perda do objeto, cumpre destacar que a adesão ao parcelamento da dívida não extingue os créditos tributários, mas apenas suspende a sua exigibilidade, de modo que não cabe extinguir a execução fiscal. 7. Agravo de instrumento provido, para determinar o desbloqueio dos valores constritos.

2 Fala-se, agora, que a decisão recorrida teria sido omissa, ao não considerar que o parcelamento ocorrera posteriormente ao bloqueio e que a execução se dá no interesse do credor, de maneira que a suspensão da exigibilidade do crédito manteria a execução no estado em que se encontra. É o relatório. PROCESSO Nº: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO VOTO Conforme se depreende dos argumentos aduzidos nas razões de embargos, resta clara a intenção do embargante de modificar o julgado que entende ter sido proferido de forma equivocada. Os embargos de declaração previstos nos arts. 535 a 538 do Código de Processo Civil têm sua abrangência limitada aos casos em que haja obscuridade, contradição ou omissão da decisão, e, ainda, por construção pretoriana integrativa, quando haja erro material. As supostas omissões diriam respeito à ausência de consideração de que o parcelamento ocorrera posteriormente ao bloqueio e que a execução se dá no interesse do credor Como se vê, em verdade não há omissão a sanar. Trata-se de manifesta pretensão a rejulgamento, afinal, a respeito do tema, o acórdão embargado considerara explicitamente que: "A realização de parcelamento administrativo é, de fato, hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, conforme prevê o artigo 151, VI do Código Tributário Nacional: "Art Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória;

3 II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança; V - a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI - o parcelamento." (Grifei). De acordo com o citado dispositivo legal, o parcelamento implica na vedação da prática de atos constritivos contra a parte executada, dentre os quais se insere a penhora on line, via BACENJUD. Ainda que o parcelamento da dívida tenha se dado em momento posterior ao deferimento do referido bloqueio, ocorre que é nítida a dupla oneração que se configura em desfavor do executado com a manutenção de tal constrição. Acerca de tal ponto nodal, trago à colação os seguintes precedentes: (sem grifos no original) "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. BLOQUEIO DE VALORES. BACENJUD. PARCELAMENTO. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO. LEVANTAMENTO DA PENHORA. POSSIBILIDADE. BOA-FÉ. DUPLA ONERAÇÃO. 1. Agravo de Instrumento interposto por H.M.A. COMERCIAL DE COMBUSTÍVEIS LTDA. contra decisão que, nos autos de execução fiscal, indeferira o pedido de liberação dos valores penhorados pela via do BACENJUD, sob o fundamento de que a dívida exequenda fora parcelada posteriormente à penhora online realizada; 2. A decisão vergastada considerara que a adesão ao parcelamento, por não extinguir o crédito exigido, não teria o condão de desconstituir a garantia do Juízo, mas apenas de suspender a ação de cobrança. Daí o agravo. 3. É salutar que se promova eficazmente a atuação de princípios como a razoabilidade e a boa-fé. O primeiro no tocante ao gravame que é imposto ao executado, tendo contra si dois ataques patrimoniais, um compulsório (penhora) e o outro dependendo de voluntariedade do mesmo (parcelamento). Dado o comportamento do executado em confessar a dívida e procurar quitá-la por meio de parcelamento, não é razoável que se mantenha a constrição apenas baseando-se em probabilidades futuras e incertas de inadimplemento do parcelamento; 4. Agravo de instrumento provido." (TRF-5, AGTR132628, Relator: Desembargador Federal PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA, Órgão Julgador: SEGUNDA, DJ - Data de Julgamento: 19/09/2013). Ainda que exista o risco de inadimplência do referido parcelamento, é certo que, preenchidos os requisitos e deferido o parcelamento, não se demonstra razoável manter o contribuinte privado de recursos bloqueados em conta bancária, afinal, como dito, a exigibilidade do crédito está suspensa." Como dito, ainda que o parcelamento da dívida tenha se dado em momento posterior ao deferimento do referido bloqueio, ocorre que é nítida a dupla oneração que se configura em desfavor do executado com a manutenção de tal constrição, afinal, a exigibilidade do crédito encontra-se suspensa. É notória a irresignação da embargante, que pretende, na verdade, utilizar os embargos

4 declaratórios para rediscussão da matéria de mérito, inviável nesta sede. Concluindo pela existência de erro no julgamento, deveria utilizar-se da via recursal cabível, eis que o remédio em apreço não se presta para infirmá-lo. Por maior que seja a elasticidade reconhecida aos embargos de declaração, não se justifica, sob pena de grave disfunção jurídico-processual dessa modalidade de recurso, a sua inadequada utilização com o propósito de questionar a correção do julgado, e obter, em consequência, a sua desconstituição. Ademais, a fundamentação constante da decisão embargada é suficiente para dar-lhe embasamento e o órgão julgador não é obrigado a se pronunciar sobre todos os argumentos da parte, podendo deixar de analisar alguns quando a apreciação dos demais der ensejo à formação do seu convencimento. Por fim, o simples propósito do prequestionamento da matéria não acarreta a admissibilidade dos embargos declaratórios, se o acórdão embargado não padece de qualquer omissão, obscuridade ou contradição. Mercê do exposto, NEGO PROVIMENTO aos embargos declaratórios. É o meu voto. PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA Desembargador Federal PROCESSO Nº: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO EMENTA PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FINALIDADE DE REJULGAMENTO. INOCORRÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. 1. Embargos de declaração que suscitam a existência de omissões, contradições ou

5 obscuridades, no que toca a aspectos do julgamento, a pretexto de reapreciar a matéria com a consequente atribuição de efeito infringente. 2. O que em verdade pretende o embargante é que se acolha a interpretação reputada correta pela parte aos dispositivos legais que aponta, mas tal configura pretensão a rejulgamento. 3. Embargos de declaração desprovidos. ACÓRDÃO Vistos, Relatados e discutidos os presentes autos, em que figuram como partes as acima indicadas. DECIDE a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, nos termos do voto do Relator e das notas taquigráficas, que passam a integrar o presente julgado. Recife, 24 de novembro de PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA Desembargador Federal