Trata-se de Embargos de Declaração opostos por Jayme

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1 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL Nº /01, DA COMARCA DE IBIPORÃ, VARA CÍVEL E ANEXOS EMBARGANTES: JAYME LUIZ LINO E OUTROS EMBARGADO: PAULO SÉRGIO LICURSI VIEIRA INTERESSADO: MUNICÍPIO DE IBIPORÃ RELATORA : DES.ª MARIA APARECIDA BLANCO DE LIMA EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO POPULAR. DECISÃO AGRAVADA QUE CONCEDE LIMINAR PARA SUSPENDER OS PAGAMENTOS ORIUNDOS DOS TERMOS DE PARCERIA FIRMADOS ENTRE O MUNICÍPIO DE IBIPORÃ E O CIAP (OSCIP), BEM COMO ORDENA O BLOQUEIO DE BENS DOS EMBARGANTES. OMISSÕES ALEGADAS NÃO EVIDENCIADAS NO DECISUM EMBARGADO. EVIDENTE INTENÇÃO DA EMBARGANTE EM REEXAMINAR QUESTÕES JÁ AMPLAMENTE DEBATIDAS E DECIDIDAS, O QUE É VEDADO NESTA VIA RECURSAL ESTREITA. EMBARGOS QUE NÃO PODEM SER ACOLHIDOS, EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE QUALQUER DOS VÍCIOS DO ARTIGO 535, CPC. EMBARGOS REJEITADOS. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração Cível nº /01, da Comarca de Ibiporã, Vara Cível e Anexos, em que é Embargante JAYME LUIZ LINO e OUTROS e Embargado o PAULO SÉRGIO LICURSI VIEIRA. Trata-se de Embargos de Declaração opostos por Jayme Página 1 de 9

2 Embargos de Declaração Cível nº /01 fls. 2 Luiz Lino e Outros contra o Acórdão proferido às fls. 552/567 que, por unanimidade de votos, conheceu e negou provimento ao agravo de instrumento interposto pelos ora embargantes. Em suas razões de fls. 573/579, o embargante aponta omissão no acórdão embargado, sob o fundamento de que não foram analisadas as provas que dizem comprovar a efetiva prestação dos serviços contratados e a conseqüente inocorrência de prejuízo ao erário, o que faria perder o objeto da medida de indisponibilidade de bens. Sustenta, em outro ponto, que embora o acórdão tenha fechado a questão de mérito quanto à obrigatoriedade de licitação para contratação, omitiu-se quanto ao segundo ponto, que diz respeito a saber se, no caso concreto, era exigível ou viável a realização da licitação, bem como deixou de enfrentar o documento que menciona claramente que a CIAP era a única OSCIP habilitada no Município de Ibiporã. Assevera que a Câmara adotou entendimento divergente da Súmula n.º 15 deste Tribunal, que entende pela necessidade de demonstração da presença do periculum in mora para a concessão da liminar de indisponibilidade de bens, pelo que requer sejam acolhidos os embargos para fins de adequação da decisão aos termos da Súmula ou, subsidiariamente, sejam esclarecidos os motivos pelos quais houve o seu afastamento no caso dos autos. Salienta, ainda, omissão quanto ao enfrentamento das alegações de que houve ausência de individualização das condutas na decisão agravada e de que os contratos citados na inicial foram firmados Página 2 de 9

3 Embargos de Declaração Cível nº /01 fls. 3 individualmente por secretaria, e cada um em valor específico. Requer o expresso prequestionamento de diversos dispositivos legais (CPC, arts. 131, 165, 273, 334, III, 458, II, 476, 468, 535 e 798; Lei 4717/65, art. 11; Lei 8666/93, arts. 24, XXIV e 25; Lei 9790/99, arts. 1.º, 3.º e 9.º; Decreto 3100/99, art. 23). Por fim, requer o provimento dos embargos, com a complementação dos acórdãos nos pontos articulados e o prequestionamento da matéria ventilada. É o relatório. Voto. embargos merecem ser conhecidos. Observados os pressupostos de admissibilidade, os Cuida-se de Embargos de Declaração oposto por Jayme Luiz Lino e Outros pretendendo sejam supridas omissões no acórdão de fls. 552/567, que negou parcial provimento ao seu recurso de agravo de instrumento, que pretendia a reforma da decisão de 1.º grau que determinou, liminarmente, a suspensão de qualquer pagamento oriundo dos termos de pareceria que acompanharam a inicial e os eventualmente firmados posteriomente, bem como determinou o bloqueio dos bens dos réus da ação popular originária. A pretensão em análise não comporta acolhimento, eis Página 3 de 9

4 Embargos de Declaração Cível nº /01 fls. 4 que inexistem omissões na decisão atacada. Em regra, os embargos declaratórios se prestam a aclarar obscuridade, suprir omissão ou corrigir contradição, hipóteses inexistentes na espécie, em que pese a insistência do embargante. Neste sentido é a lição de Pontes de Miranda, o que se pede é que se declare o que foi decidido, porque o meio empregado para exprimi-lo é deficiente ou impróprio. Não se pede que se redecida; pede-se que se reexprima 1. O Acórdão em referência não se enquadra em nenhuma das hipóteses legais para oposição dos aclaratórios, os quais possuem, sim, nítido caráter infringente. Em primeiro lugar, não há omissão quanto à análise de documentos apresentados pelos embargantes, na tentativa de comprovar a execução dos termos de parceria firmados com o Município. Isso porque a decisão embargada considerou que para fins de concessão da liminar objeto da decisão agravada os documentos apresentados na inicial eram suficientes a comprovar indícios de lesão causada ao erário pressuposto da ação popular e, assim, a autorizar a suspensão de pagamento dos termos e bloqueio dos bens dos réus adquiridos a partir de Ademais, considerou o Colegiado que o fumus boni iuris que embasou a liminar está fulcrado na ausência de procedimento de licitação -- 1 MIRANDA, Pontes de. Comentário ao Código de Processo Civil, Tomo VII, 3ª ed., Forense, p.319. Página 4 de 9

5 Embargos de Declaração Cível nº /01 fls. 5 ou, ao menos, de concurso de projetos que deveria ter sido deflagrado pela administração pública para a escolha de OSCIP para a prestação de serviço público, omissão esta que, automaticamente, implicou em prejuízo ao erário, pela falta concorrência e de apresentação da melhor proposta. Por isso, a documentação mencionada pelos Agravantes em nada alteraria a conclusão da decisão, pois o fato de os serviços terem sido eventualmente prestados de forma correta não retira o vício na origem da contratação, que é a falta do procedimento de licitação ou de concurso de projetos. Não houve, portanto, omissão quanto à apreciação das provas, mas sim a devida valoração dos elementos probatórios coligidos no instrumento, que levaram à confirmação da liminar concedida em 1.º grau, tudo nos termos do artigo 131 do CPC. A propósito, o decisum consignou expressamente (fl. 561-TJ) que, em análise própria de liminar, o caso exigia a abertura de processo seletivo, pois existiam na localidade outras OSCIPs préselecionadas para a contratação, conforme informação constante dos documentos de fls. 147/148-TJ, o que também afasta a alegada omissão quanto à análise sobre a possibilidade de no caso em concreto ser realizado o procedimento licitatório. Vale dizer, restou expresso no Acórdão que no caso era imprescindível a realização de certame, diante da existência de outras OSCIPS que poderiam atender ao objeto contratual. E nem se diga que mencionado documento de fls. 147/148-TJ serviria para afastar a exigência da licitação, pois a despeito da fundamentação ali contida (de que a escolha da CIAP se deu em atendimento aos princípios da impessoalidade e da Página 5 de 9

6 Embargos de Declaração Cível nº /01 fls. 6 supremacia do interesse público) demonstra expressamente a existência de outra OSCIP que também poderia ser habilitada para prestar os mesmos serviços talvez por melhor preço se deflagrado o concurso de projetos, nos termos do artigo 23 do Decreto 3100/99, exigência legal esta que, pela sua especificidade, se sobrepõe à dispensa e à inexigibilidade apresentadas, respectivamente, nos artigos 24, XXIV e 25 da Lei 8666/93. aspecto. Logo, não há omissão na decisão também quanto a este Por sua vez, não incorreu em omissão ou obscuridade o acórdão acerca da aplicação da Súmula 15 desta Corte de Justiça 2. Isso porque o Colegiado, ao confirmar a medida de indisponibilidade concedida pela decisão de 1.º grau recorrida, entendeu que a necessidade de preservar a capacidade dos réus em disponibilizar seu patrimônio para ressarcir o erário público nos termos do artigo 11 da Lei 4717/95, é justificativa suficiente da prova da urgência na decretação da indisponibilidade, o que se coaduna, perfeitamente, com a orientação firmada no citado enunciado. Assim, o decisum não contraria o entendimento jurisprudencial dominante desta Corte de Justiça e, tampouco, o disposto nos artigos 476 e 478 do Código de Processo Civil. Do mesmo modo, não convence a alegação de omissão relativamente à alegação de ausência de individualização das condutas na decisão agravada e da respectiva apreciação dos contratos firmados -- 2 Súmula 15-TJPR: Os processos em que se discute a concessão de liminar referente a indisponibilidade de bens em ação civil pública, se faz necessária a demonstração do periculum in mora e do fumus boni iuris Página 6 de 9

7 Embargos de Declaração Cível nº /01 fls. 7 individualmente por secretaria, cada um em um valor específico. Isso porque, restou manifestamente registrado no Acórdão que a não individualização das condutas se justifica por se tratar de decisão proferida em juízo de cognição sumária, cabendo ressaltar que a participação de cada um dos réus só poderá ser definida com a instrução processual. Logo, pelo fato de ainda não ser possível a individualização das condutas, é de ser mantida a decisão que determinou o bloqueio dos bens de todos os réus, desde a data mencionada, porquanto o escopo da medida, como já mencionado, é a garantia de eventual e integral ressarcimento dos danos ao erário (fls. 565/566-TJ). Não houve, portanto, ofensa aos artigos 165 e 458 do CPC. De outra sorte, não é demais destacar que a indisponibilização dos bens dos agravantes no valor total das contratações é cabível diante da possibilidade de responsabilidade solidária dos envolvidos nos atos ilícitos pelo dano causado ao erário, haja vista a existência de indícios de terem agido em conluio, o que se diz também diante da existência de outras irregularidades nos termos de parceria objetos da ação (uma única justificativa para os cinco termos de parceria, apesar de cada um deles terem objetos distintos). Evidente, assim, o expresso pronunciamento no decisum acerca da individualização das condutas e da legitimidade do bloqueio dos bens dos réus no valor total dos contratos. Diante dessas conclusões, é que se diz que todas as questões invocadas pelos embargantes restaram apreciadas, cabendo ressalvar a desnecessidade de menção expressa aos dispositivos legais Página 7 de 9

8 Embargos de Declaração Cível nº /01 fls. 8 invocados, quando a matéria suscitada pelas partes restou devidamente debatida pelo juízo, como ocorreu na hipótese. De tudo o que se expôs, verifica-se que a pretensão dos embargantes é reabrir a discussão da matéria apreciada, cujos argumentos têm nítido caráter infringente, o que é incompatível com a função integrativa dos embargos de declaração, como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: A mera insatisfação com o resultado da demanda não viabiliza a oposição de embargos declaratórios, que, na dicção do art. 535 do Código de Processo Civil, destinam-se a suprir omissão, afastar obscuridade ou eliminar contradição existentes no julgado, vícios esses inexistentes na espécie. 4. Embargos rejeitados. (EDcl no AgRg no REsp / Rn Embargos de Declaração no Agravo Regimental no Recurso Especial 007/ Relator(a) Min. Laurita Vaz - Quinta Turma Julgamento 27/03/ Publicação/Fonte DJ p. 1). Inexistindo na decisão embargada omissão a ser suprida, nem dúvida, obscuridade ou contradição a serem aclaradas, rejeitam-se os embargos de declaração. Afiguram-se manifestamente incabíveis os embargos de declaração à modificação da substância do julgado embargado. Admissível, excepcionalmente, a infringência ao decisum quando se tratar de equívoco material e o ordenamento jurídico não contemplar outro recurso para a correção do erro fático perpetrado, o que não é o caso. Impossível, via embargos declaratórios, o reexame de matéria de direito já decidida, ou estranha ao acórdão embargado. (STJ EDcl Rel. Min. Cesar Rocha DJU p ). Mostrando-se, deste modo, a decisão colegiada embargada clara e objetiva na discussão e apreciação de toda a matéria devolvida a esta Corte, com motivação suficiente para seu convencimento ainda que não satisfaça a pretensão da Embargante e ainda sem incorrer Página 8 de 9

9 Embargos de Declaração Cível nº /01 fls. 9 em qualquer dos vícios do artigo 535 do Código de Processo Civil é de se rejeitar os presentes embargos. DECISÃO: ACORDAM os Desembargadores da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em conhecer e rejeitar os Embargos Declaratórios, nos termos do voto da Relatora. Participaram da sessão e acompanharam o voto da Relatora, Presidente em exercício, as Excelentíssimas Senhoras Juízas Substitutas em Segundo Grau SANDRA BAUERMANN e ASTRID MARANHÃO DE CARVALHO RUTHES. Curitiba, 10 de maio de Des.ª MARIA APARECIDA BLANCO DE LIMA Relatora Página 9 de 9