RELATÓRIO RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL JOSE LAZARO ALFREDO GUIMARAES - 4ª TURMA VOTO
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- Maria de Lourdes da Fonseca de Almada
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1 PROCESSO Nº: APELAÇÃO RELATÓRIO Trata-se de apelação e remessa oficial ante sentença que julgou procedente o pedido, para anular ato administrativo, que determinou a devolução dos valores recebidos judicialmente, de boa-fé, a título de diferença salarial (11,98%). Irresignada, a UNIÃO FEDERAL requer a reforma do decisum, pela "absoluta ausência de boa-fé" da parte autora, ora apelada, bem com a impossibilidade de enriquecimento ilícito. Contrarrazões apresentadas. É o relatório. PROCESSO Nº: APELAÇÃO VOTO Quanto à reposição ao erário, a jurisprudência deste Tribunal e da Suprema Corte (STF) admite a sua dispensa sempre que o servidor, aposentado ou pensionista, tenha percebido de boa-fé a verba de natureza alimentar que indevidamente lhe foi paga. Nesse sentido, oportuno colacionar o entendimento deste Egrégio Tribunal: ADMINISTRATIVO. DESCONTO DE VALORES DECORRENTES DE ÍNDICE SALARIAL (11,98%) PERCEBIDOS EM DUPLICIDADE. BOA-FÉ. REPOSIÇÃO AO ERÁRIO. IMPOSSIBIIDADE. PER RELATIONEM. 1. A sentença apelada julgou procedente o pedido para anular o ato administrativo que determinou a devolução dos valores recebidos judicialmente, de boa-fé, a título de diferença salarial (11,98%). 2. "Emerge da documentação encartada que o autor, servidor da Justiça Federal - SJ/PB, percebeu valores decorrentes de índice salarial (11,98%) em duplicidade, ou seja, na via administrativa e judicial (execução de sentença) e está sendo instado pela Administração a efetuar a reposição ao erário no valor de R$ 5.490,54 (valor diferente do alegado na inicial - R$ 2.844,19)". 3. "Houve discussão judicial acerca da compensação dos valores pagos ao autor em sede administrativa nos autos dos Embargos à Execução manejados pela União. Houve, inclusive, o afastamento da violação à coisa julgada em relação ao pagamento administrativo dos valores referentes ao índice de 11,98% (entre março/1994 e setembro/2000)". 4. "Assim, a aferição, com segurança, dos valores recebidos pelo autor na via judicial e
2 administrativa e a verificação de eventual pagamento em duplicidade e à margem da coisa julgada, requer a análise de datas, índices e valores e será levada a efeito após a instrução processual, inclusive com os subsídios a serem ofertados pela ré". 5. "O autor comunicou nos autos dos Embargos à Execução quanto ao recebimento administrativo das verbas decorrentes do índice concedido judicialmente (11,98%) e requereu o prosseguimento da execução apenas quanto aos juros moratórios, custas e honorários. A verificação quanto ao pagamento de tais verbas (ou parte delas), também em sede administrativa, reclama prova documental". 6. "Prefacialmente vislumbra-se a boa fé do autor no recebimento dos valores em sede judicial, a autorizar a suspensão, por ora, da reposição ao erário". 7. "Nesses casos, é entendimento dominante que não há necessidade de restituição ao erário, pois as verbas foram recebidas de boa-fé e com lastro em decisão judicial transitada em julgado". 8. Apelação e remessa oficial improvidas. ADMINISTRATIVO. SUPRESSÃO. VPNI - IRRED. REM. ART. 37, XV-CF. LEI /2008. DEVOLUÇÃO AO ERÁRIO. BOA-FÉ DO RECEBEDOR. I. A VPNI em exame começou a ser paga no mês de junho de 2008, momento em que deixou de ser paga a rubrica denominada "COMPLEMENTO SAL. MINIMO - A", conduzindo à conclusão de que fora instituída em substituição ao aludido complemento salarial, em razão da edição da Medida Provisória n. 431/2008, em maio de 2008, convertida na Lei n /2008. II. Assim, o pagamento da referida vantagem tinha arrimo no art. 40 da Lei 8.112/90, que estabelecia que nenhum servidor poderia receber vencimento básico inferior ao salário mínimo. Depois, a Lei /2008 revogou o parágrafo único do referido artigo e passou a inserir o parágrafo 5º do art. 41 do mesmo diploma legal, restando vedado que o servidor público viesse a receber, a título de remuneração, valor inferior ao salário mínimo. III. O servidor público não tem direito adquirido a regime jurídico, pelo que correta a suspensão do pagamento da referida VPNI, porquanto fundada em dispositivo legal revogado. Ademais, o entendimento do Supremo Tribunal Federal é pacífico no sentido de que "não há infringência ao princípio da irredutibilidade de vencimentos quando preservado o valor nominal dos vencimentos dos servidores, ao ensejo da mudança de cálculo das gratificações que os integram" (STF, AgRg no RE /MS, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 09/05/2003). IV. "A restituição ao Erário, nos moldes do art. 46 da Lei n /90, de valores indevidamente pagos a servidor público, descabe se ele os percebeu de boa-fé, entendida esta como a ausência de conduta dolosa que tenha contribuído para a ocorrência do fato antijurídico, presunção não desqualificada por provas em contrário." (Precedente: TRF5, AC , Primeira Turma, Rel. Des. José Maria Lucena, DJe 13/01/2011). V. Apelações e remessa oficial improvidas. (PROCESSO: , APELREEX23341/SE, DESEMBARGADORA FEDERAL MARGARIDA CANTARELLI, Quarta Turma, JULGAMENTO: 24/07/2012, PUBLICAÇÃO: DJE 26/07/ Página 592) ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO. VPNI. SUPRESSÃO DA VERBA.
3 POSSIBILIDADE. MANUTENÇÃO DO VALOR NOMINAL DOS PROVENTOS. RECEBIMENTO DE BOA-FÉ. ERRO DA ADMINISTRAÇÃO. RESTITUIÇÃO DE VALORES. IMPOSSIBILIDADE. 1. O impetrante recebia, sobre os seus proventos, o pagamento de Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada - VPNI, para fins de complementação do salário mínimo, na forma preconizada pelo art. 37, inciso XV da CF/88, bem como nos termos do parágrafo único do art. 40, da Lei nº 8.112/ O "complemento do salário mínimo", antes da edição da Medida Provisória nº 431/2008, convertida na Lei nº /2008, levava em consideração o valor do vencimento básico do servidor, passando a ser, a partir de então, a remuneração do cargo efetivo o paradigma legal para este fim, o que tornou indevida a continuidade do recebimento da VPNI correspondente. 3. Supressão da VPNI com base na possibilidade de a Administração anular seus próprios atos, quando eivados de nulidade, bem como no fato de o servidor público não ostentar direito adquirido a regime jurídico, de modo que é possível, a princípio, a alteração da sua forma de remuneração, desde que seja garantida a irredutibilidade de vencimentos, na forma estipulada pelo art. 37, XV, da CF/ Hipótese na qual não houve afronta ao valor nominal dos proventos do impetrante. A importância recebida a título de VPNI foi absorvida pelo aumento remuneratório quando do superveniente advento de reestruturação/reorganização da carreira, levada a efeito pela Lei nº / Consoante a jurisprudência do STJ, não é devida restituição ao erário de valores pagos a servidor público de boa-fé, por força de interpretação errônea, má aplicação da lei ou erro da administração, em virtude do caráter alimentar da verba. O requisito estabelecido para a não devolução de valores pecuniários indevidamente recebidos é a boa-fé do servidor que, ao recebêlos na aparência de serem corretos, firma compromissos confiando na disponibilidade da verba. Não há, pois, que se fazer distinção entre erro de direito e erro material. 6. Apelação do particular e do DNOCS improvidas. (PROCESSO: , AC543475/CE, DESEMBARGADOR FEDERAL MARCO BRUNO MIRANDA CLEMENTINO (CONVOCADO), Quarta Turma, JULGAMENTO: 10/07/2012, PUBLICAÇÃO: DJE 12/07/ Página 472) CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SERVIDOR PÚBLICO. COMPLEMENTAÇÃO SALARIAL. VENCIMENTO NÃO INFERIOR AO MÍNIMO. ADVENTO DA LEI Nº /2008. VINCULAÇÃO À REMUNERAÇÃO. SUPRESSÃO DO "COMPLEMENTO DE SALÁRIO MÍNIMO". INSTITUIÇÃO DA VPNI - VANTAGEM PESSOAL NOMINALMENTE IDENTIFICÁVEL. GARANTIA DE IRREDUTIBILIDADE. POSTERIORES REAJUSTES NA CARREIRA. ABSORÇÃO DA VPNI. VALORES INDEVIDOS. IMPROVIMENTO. 1. Agravo contra decisão que, em sede de Ação Ordinária, deferiu em parte a antecipação de tutela requerida, negando ao autor, ora agravante, o pedido de manutenção do pagamento da vantagem aos substituídos, mas determinando que a União se abstivesse de proceder a qualquer desconto nos vencimentos a título de ressarcimento dos valores correspondentes à VPNI - IRRED.REMUN.ART 37-XV-CF. 2. In casu, os substituídos do agravante percebiam uma complementação salarial, prevista no parágrafo único do art. 40 da Lei 8112/90, a fim de garantir a percepção de vencimento básico em
4 valor não inferior ao salário mínimo nacional, consoante assegurado constitucionalmente. 3. Com o advento da Lei /2008, que revogou citado dispositivo legal e acrescentou o parágrafo 5º ao art. 41 da Lei 8112/90, passou-se a considerar que a remuneração - e, não mais o vencimento básico - do servidor não poderia ser inferior ao salário mínimo, suprimindo-se, por consequência, a rubrica "complemento de salário mínimo". 4. Como forma de garantir a irredutibilidade de remuneração dos servidores após a supressão do anterior complemento, passou-se a pagar a rubrica identificada como "VPNI - IRRED. REM. ART XV CF/AP", tendo, como consequência natural, a sua absorção, com o passar do tempo, pelos futuros reajustes na carreira. 5. No caso em tela, consoante informações da União nos autos originários, os reajustes ocorreram de forma sucessiva, tanto pela Lei /2006 como pela Lei /2008, em cujos anexos se pode observar que o valor dos próprios vencimentos básicos de variadas carreiras superaram o montante do salário mínimo vigente. 6. Além de não haver direito adquirido a regime jurídico e a critério de cálculo de remuneração, consoante já pacificado na jurisprudência pátria, não há que se falar, no caso, em respeito à irredutibilidade de vencimentos vez que, se não mais subsiste a razão de ser do pagamento da VPNI, a sua manutenção findaria por ensejar um pagamento de verba indevida. 7. Agravo de instrumento improvido. (PROCESSO: , AG123894/PE, DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO, Segunda Turma, JULGAMENTO: 05/06/2012, PUBLICAÇÃO: DJE 15/06/ Página 199) Ante o exposto, nego provimento à apelação e à remessa oficial. Écomo voto. PROCESSO Nº: APELAÇÃO EMENTA Administrativo e Processual Civil. Servidor Público. Anulação de ato administrativo que determinou a devolução de valores recebidos judicialmente. Recebimento de Boa-Fé. Reposição ao Erário. Impossibilidade. precedentes deste tribunal Apelação e remessa oficial improvidas.
5 PROCESSO Nº: APELAÇÃO EMENTA Administrativo e Processual Civil. Servidor Público. Anulação de ato administrativo que determinou a devolução de valores recebidos judicialmente. Recebimento de Boa-Fé. Reposição ao Erário. Impossibilidade. precedentes deste tribunal Apelação e remessa oficial improvidas. Vistos etc. ACÓRDÃO Decide a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade negar provimento à apelação e à remessa oficial, nos termos do voto do Relator. Recife, 10 de novembro de 2015.
O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator):
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