COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE FOLHAS DE DIFERENTES VARIEDADES DE MAMONA (Ricinus communis L.)

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1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE FOLHAS DE DIFERENTES VARIEDADES DE MAMONA (Ricinus communis L.) Antônio Ricardo Evangelista 1 Antônio José Peron 2 Jálison Lopes 3 Pedro Castro Neto 4 Antônio Carlos Fraga 5 RESUMO O experimento foi realizado com o objetivo de avaliar a composição química das folhas de diferentes variedades de Mamona (Ricinus communis L.). O delineamento experimental utilizado foi Blocos Casualizados com 4 tratamentos e 3 repetições. Os tratamentos consistiam de 4 variedades de mamona: AL Guarany 2002, IAC-80, IAC- 226 e Mamoninha (comum). Determinou-se os valores de proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e matéria mineral (MM). Os Teores obtidos de PB variaram de 25,80 a 29,93%, para EE variaram de 7,22 a 8,33%, para FDA variaram de 17,40 a 22,25%, para FDN variaram de 61,96 a 70,78% e de MM variaram de 10,50 a 12,68%. Os altos teores de PB obtidos estão bem acima dos teores médios desse nutriente encontrado na maioria das forrageiras comumente utilizadas na nutrição animal e, aliados os altos teores de FDN e MM sugere-se a possibilidade de utilização das folhas da mamona na nutrição de ruminantes, necessitando, entretanto, mais estudos sobre a presença de possíveis fatores anti-nutricionais. Palavras-chave: Mamona, composição química, folhas, alimentação animal 1 Professor titular DZO-UFLA, aricardo@ufla.br 2 Professor Assistente UFT-Gurupi, peronal@uft.edu.br 3 Mestrando DZO-UFLA, jalisonlopes@yahoo.com.br 4 Professor Titular DEG-UFLA, pedrocn@ufla.br 4 Professor Titular DAG-UFLA, fraga@ufla.br 118

2 1 INTRODUÇÃO O Brasil é o maior produtor mundial de leite e carne a pasto, com um rebanho de aproximadamente 170 milhões de cabeças bovinas, explorando 180 milhões de hectares de pastagens. Cerca de 100 milhões de hectares são ocupados por forrageiras cultivadas e o restante constituído de pastagens naturais compostas por espécies nativas ou naturalizadas (Pereira et al., 2001). Apesar desta imensidão de área, e o pasto ser o maior cultivo agrícola que temos no país, nem tudo são maravilhas, pois deste total mais da metade se encontra em algum grau de degradação, o que tem prejudicado a melhoria da estatística de nossa pecuária. A redução na produtividade ao longo do tempo é o reflexo da perda de fertilidade dos solos, sendo inerente à própria exploração pecuária, pela retirada de nutrientes através do capim consumido pelos animais. A maioria dos produtores não faz a reposição dos nutrientes da forma devida, resultando no triste quadro de degradação normalmente observado. O uso do plantio de lavouras para ajudar a cobrir os custos da recuperação de pastagens degradadas é uma formula que vem sendo usada ha muitas décadas para, através da receita produzida por culturas anuais, amortizar a recuperação da fertilidade e da capacidade produtiva de um pasto ruim. A cultura da mamona tem sido utilizada com muito sucesso no consórcio com outras culturas anuais e perenes, pela facilidade em ser conduzida, e pelo retorno capital que tem proporcionado ao produtor com a venda de suas sementes, além da incorporação ao solo dos restos culturais e do resíduo de fertilizante que permanece no solo. A recuperação de pastagens degradadas através do cultivo de mamona é uma possibilidade que tem sido considerada pelos pesquisadores. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a composição química da folha de quatro diferentes cultivares de Mamona. Vale ressaltar que no trabalho não houve preocupação com o princípio tóxico da mamona, retendo-se apenas na quantificação da composição química da mesma. 2 MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi conduzido no Departamento de Engenharia e as análises bromatológicas foram realizadas no Laboratório de Pesquisa Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras. O delineamento experimental utilizado foi Blocos Casualizados com 4 tratamentos e 3 repetições. Os tratamentos 119

3 consistiam de 4 variedades de mamona: Mamoninha (comum), IAC 80, IAC 266 e AL Guarany 2002, Determinou-se os valores de proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA). As amostras consistiam de 12 folhas adultas de cada uma das variedade de mamona. As folhas foram secas em estufa de ventilação forçada com temperatura ºC por 72 horas. Em seguida foram moídas em moinho tipo Willy com peneira de 20 mesh, sendo posteriormente armazenadas em recipientes de polietileno. Os teores de proteína bruta (PB), estrato etéreo (EE) e matéria mineral(mm) foram determinados conforme métodos recomendados pela AOAC (1985). Os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foram determinados segundo as técnicas descritas por Goering e Van Soest (1970). 3 RESULTADOS E DISCUSÃO A composição química em PB, EE, FDA, FDN e MM das variedades das planta de Momona analisadas estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Teores de proteína bruta (PB), estrato etéreo (EE), fibra em detergente ácido (FDA), fibra em detergente neutro (FDN) e matéria mineral (MM), nas diferentes variedades de Mamona, com base no teor de matéria seca. Variedades PB EE FDA FDN MM Mamoninha 29,93 8,33 17,40 70,78 10,59 IAC 80 25,80 7,31 22,25 61,96 12,30 IAC ,80 7,08 19,88 62,31 11,98 AL Guarany ,40 7,22 19,52 62,62 12,68 Os Teores obtidos de PB variaram de 25,80 a 29,93%, para EE variaram de 7,22 a 8,33%, para FDA variaram de 17,40 a 22,25%, para FDN variaram de 61,96 a 70,78% e de MM variaram de 10,50 a 12,68%. Os altos teores de PB e FDN obtidos estão bem acima dos teores médios desse nutriente encontrado na maioria das forrageiras comumente utilizadas na nutrição de ruminantes. Gomide (1994), relata valores de 10,5% de PB e 67,4% de FDN em capim Elefante (Pennisetum purpureum ). Vilela et al. (1994) em estudos com Alfafa (Medicago sativa L.), encontrou 18,1% de PB e 40,1% de FDN. Avaliando a produção de vacas Holandesas alimentadas com feno de 120

4 Coast-cross (Cynodon dactylon L. (Pers.)), Alvim et al. (1997) relata valores de 15,6% e 60,7%, respectivamente para PB e FDN no feno utilizado. Em estudos avaliando algumas cultivares de Panicum maximum, Euclides (2002) encontrou valores de 11,7%, 11,3% e 10,7% de PB e 75,4%, 75,0% e 76,4% de FDN, respectivamente para as cultivares Mombaça, Tanzânia e Massai. O mesmo autor encontrou também, teores de 10,3% de PB e 73,4% de FDN em Brachiaria brizantha cv, Xaraés. Como se pôde observar, os altos teores de PB encontrados, aliados os altos teores de FDN e MM, demonstram a possibilidade de utilização das folhas da mamona na nutrição de ruminantes, necessitando, entretanto, mais estudos sobre a presença de possíveis fatores anti-nutricionais. 4 CONCLUSÕES Os teores de PB, EE, FDN, FDA e MM encontrados nas folhas de mamona, sugere a possibilidade de sua utilização na nutrição de ruminantes. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVIM, M.J.; VILELA, D.; LOPES, P.S. Efeitos de dois níveis de concentrado sobre a produção de leite de vacas da raça Holandesa em pastagem de Coast-cross (Cynodon dactylon L.(Pers.)). Rev. Soc. Brás. Zootec. Viçosa, MG, v.26, n.5, p ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS AOAC. Official methods of analysis of the association of afficial analytical chemists. Washington: USDA, p. EUCLIDES, V.P.B. Novidades em forrageiras para pecuária em regiões Tropicais. In: SEMINÁRIO DE PASTURAS Y SUPLEMENTACION ESTRATÉGICA EM GANADO BOVINO. IICA. Universidad Nacional de Asuncion - Faculdad de Ciências Veterinárias. 2002, 12 p. GOERING, H.K.; VAN SOEST, P.J. Forage fiber analyses: apparatus, reagents, procedures and some applications. Wshington: USDA, ARS, (Agricultural Handbook, 379). GOMIDE, J.A. Manejo de pastagem para produção de leite. In: SIMPOSIO INTERNACIONAL DE FORRAGEIRAS, A, Maringá, Anais. Maringá: SBZ p

5 PEREIRA, A.V.; VALLE, C.B. do; FERREIRA, R.de P.; MILES, J.W. Melhoramento de Forrageiras Tropicais. In: NASS, L.L.; VALOIS, A.C.C.; MELO, I.S.; VALADARES-INGLIS, M.C. Recursos Genéticos e melhoramento de Plantas. Rondonópolis: Fundação Mato Grosso, p VILELA, D.; CÓSER, D.C.; PIRES, M.F.A. et al. Comparação de um sintema de pastejo rotativo em alfafa 9medicago sativa L.) com um sistema de confinamento para vacas de leite. Archivo Latinoamericano da Prodiccion Animal, Santiago, v.2, n.1, p