Produtividade de cafeeiros adultos e na primeira colheita pós-recepa adubados com materiais orgânicos em propriedades de base familiar

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1 Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 10., Belo Horizonte Produtividade de cafeeiros adultos e na primeira colheita pós-recepa adubados com materiais orgânicos em propriedades de base familiar Mariana Gabriele Marcolino Gonçalves (1), Paulo César de Lima (2), Cileimar Aparecida da Silva (1), Waldênia de Melo Moura (2), Cássio Francisco Moreira de Carvalho (3), Miguel Arcanjo Soares de Freitas (4) (1) Bolsistas PIBIC FAPEMIG/EPAMIG - Viçosa, MG, mariana.vicosa@gmail.com, cileimar.silva@gmail.com; (2) Pesquisadores Bolsistas BIP/FAPEMIG/EPAMIG - Viçosa, MG, plima.vicosa@gmail.com, waldenia@epamig.ufv.br; (3) Bolsista DCI-2 Consórcio Pesquisa Café EPAMIG - Viçosa, MG, cassioufv@yahoo.com.br; (4) Técnico EPAMIG - Viçosa, MG, miguelctzm@yahoo.com.br INTRODUÇÃO O estado de Minas Gerais, além de representar 50,7% da produção nacional de café, em 2010 aumentou sua participação no mercado internacional em 41,6% em relação a 2009, representando 13,1% das exportações do Estado (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2010). A cafeicultura de base familiar em Minas Gerais ocupava 80% dos estabelecimentos, 37% da área colhida e 29% do valor da produção (R$ 1,57 bilhões/ ano), correspondendo a 55% da renda do café produzido pela agricultura familiar nacional (IBGE, 2009). A produtividade da cafeicultura em propriedades de base familiar corresponde a 76% da produtividade das propriedades não familiares. Este fato pode ser atribuído a vários fatores, entre estes a geração de tecnologias mais apropriadas aos sistemas intensivos de produção, o menor gasto com insumos e a localização de suas propriedades em áreas com topografias desfavoráveis à mecanização e com solos de fertilidade muito baixa, muitas vezes degradados, situações comuns nas regiões montanhosas da Zona da Mata. Investigações sobre os efeitos do emprego de diversos compostos orgânicos sob diferentes condições edafoclimáticas são de grande importância, visto que são variáveis determinantes para o processo de ciclagem de nutrientes no solo e que implicam em grande esforço das famílias para o manejo das lavouras. Assim, é importante conhecer melhor os materiais

2 EPAMIG. Resumos expandidos 2 orgânicos e os sistemas de produção de café, por meio de processos de avaliação de campo que estejam ao alcance dos agricultores e apoiados por análises em laboratório. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar doses de compostos orgânicos obtidos de materiais disponíveis em propriedades familiares como fontes de nutrientes para os cafeeiros. MATERIAL E MÉTODO O experimento foi instalado em duas propriedades de base familiar, na comunidade de Salazar (Salazar de Cima e Salazar de Baixo), município de Araponga, MG, Zona da Mata de Minas Gerais em lavouras sob diferentes conduções, uma em cafeeiros em plena produção e outra com cafeeiros um ano pós-recepa. Foi preparada uma mistura de resíduos orgânicos contendo cama de galinha, palha de café e bananeira picada em relação 1,42:1:1, respectivamente, de acordo com os materiais indicados pelos produtores, considerando a relação C: N = 30:1, com base na matéria seca dos materiais. Os materiais foram misturados in natura sem realizar a compostagem e colocados diretamente sob as saias dos cafeeiros, evitando o manejo exigido durante o processo de compostagem. As adubações foram realizadas no período chuvoso 2011/2012. Foram aplicadas quatro doses das misturas com base nos teores de nitrogênio (N), sendo: 50, 100, 200 e 400 kg/ha de N. Foi empregado o delineamento inteiramente casualizado com três repetições, e as parcelas constituídas por sete plantas alinhadas dentro de cada repetição. Com relação às avaliações foram analisadas as composições químicas dos materiais isoladamente e dos compostos antes e depois da maturação (Tabela 1). Foram feitas análises de solos antes da instalação do experimento e após a colheita (Tabela 2). No final avaliaram-se as produtividades obtidas dentro de cada dose, e os resultados foram submetidos às análises de variância e teste de regressão. RESULTADOS E DISCUSSÃO As produtividades responderam de forma linear ao aumento das doses de N aplicadas, variando de 26,4 a 36,6 sacas beneficiadas de café/ ha em

3 Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 10., Belo Horizonte 3 cafeeiros em plena produção (Gráfico 1), e de 4,2 a 12,5 sacas beneficiadas de café/ ha em cafeeiros colhidos um ano pós-recepa (Gráfico 2). Foram observados aumentos das concentrações dos nutrientes no composto obtido após maturação, em relação à mistura dos materiais frescos (Tabela 1). Essa maturação também ocorreu no campo, mas de forma mais rápida, considerando o baixo volume de material depositado sob as saias dos cafeeiros em relação a uma meda de compostagem tradicional. Em condições de campo, o baixo volume de material orgânico depositado sob as saias dos cafeeiros sofre o mesmo processo de decomposição e de mineralização que durante a compostagem tradicionalmente realizada, mas com a vantagem de ser muito mais rápido. Com relação às análises de solos, observaram-se melhoria na fertilidade do solo após aplicações dos materiais orgânicos, aumentando os teores de matéria orgânica, fósforo e potássio, os quais contribuíram para o crescimento e a produção das plantas. CONCLUSÃO Os cafeeiros em plena produção e após recepa responderam de forma positiva às doses de adubação. A dose correspondente a 400 kg/ha de N proporcionou a melhor produtividade. AGRADECIMENTO À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo financiamento das pesquisas e pelas bolsas concedidas. REFERÊNCIAS FUNDAÇÃO JOÃO PINEIRO. Centro de Estatística e Informações. Produto interno bruto de Minas Gerais 2010, Belo Horizonte, p. IBGE. Censo agropecuário Rio de Janeiro, p.

4 EPAMIG. Resumos expandidos 4 Kg de N/ha Gráfico 1 - Produtividade de cafeeiros em plena produção em função de doses de N com composto orgânico Sacas beneficiadas/ha Sacas beneficiadas/ha Kg de N/ha Gráfico 2 - Produtividade de cafeeiros na primeira colheita pós-recepa em função de doses de N com composto orgânico

5 Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 10., Belo Horizonte 5 Tabela 1 - Teores de N, P, K dos materiais orgânicos testados Identificação das amostras N P K (dag/ kg) Palha de café 1,98 0,13 2,01 Bananeira picada 1,24 0,08 1,48 Cama de frango 3,47 1,07 1,76 Composto antes da maturação 2,31 0,56 2,01 Composto após maturação 3,30 1,19 2,09 Tabela 2 - Análises de solos realizadas antes e após a condução dos experimentos Amostra de cafeeiro Amostras colhidas antes da condução do experimento Dose ph P K SB t T V MO kg/ha N H 2 O mg/dm 3 cmol c /dm 3 (%) (Dag/kg) Em plena produção - 4,5 8, ,09 3,59 12, ,4 Primeira colheita pósrecepa - 5,2 15, ,99 4,29 13, ,8 Amostras colhidas após a condução do experimento Em plena produção 50 4,7 26, ,84 3,54 13,88 6 4, ,8 19, ,24 3,24 13,78 9 4, ,7 64, ,66 4,06 14, , ,8 17, ,10 3,10 15,13 7 5,4 Primeira colheita pósrecepa 50 6,1 79, ,20 5,20 11, , ,4 9, ,64 4,04 13, , ,4 29, ,55 4,05 13, , ,7 15, ,78 4,78 12, ,4