Segmentação Social, Segregação Urbana, e Desigualdade Social: o efeito. vizinhança e o efeito escola na explicação do desempenho escolar dos
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- Isaac Paiva Pinheiro
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1 Segmentação Social, Segregação Urbana, e Desigualdade Social: o efeito vizinhança e o efeito escola na explicação do desempenho escolar dos estudantes de quarta série do ensino fundamental. O presente Projeto é parte de uma extensa pesquisa de âmbito nacional que o Observatório das Metrópoles 1 desenvolve ao longo dos últimos dez anos e que busca desvendar que mecanismos concorrem para a reprodução da desigualdade social e da pobreza, através da organização social do território. Seu foco direciona-se para a realidade da várias metrópoles brasileiras representadas no Observatório, tendo sempre uma ótica comparativa. O Projeto aqui apresentado origina-se da parceria entre o Observatório das Metrópoles coordenado pelo professor Luiz César Queiroz Ribeiro, e a pesquisa de autoria da professora Maria Ligia de Oliveira Barbosa do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, intitulado Herança da desigualdade: o impacto da cor Essa parceria envolve ainda a pesquisa Dinâmica socioespacial na metrópole do Rio de Janeiro: segregação urbana versus integração social?, sob a coordenação da professora Maria Josefina Gabriel Sant Anna, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UERJ, no âmbito do PROCIÊNCIA/UERJ. 1 O Observatório das Metrópoles é um grupo que funciona em rede, reunindo pesquisadores de instituições dos campos universitário, governamental e não-governamental. As equipes reunidas vêm trabalhando sobre 11 metrópoles e uma aglomeração urbana - Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Recife, Salvador, Natal, Fortaleza, Belém e a aglomeração urbana de Maringá -- identificando as tendências convergentes e divergentes entre as metrópoles, geradas pelos efeitos das transformações econômicas, sociais, institucionais e tecnológicas por que passa o país nos últimos 20 anos.
2 Uma das referências do presente projeto é o modelo de pesquisa com qual a professora Maria Ligia Barbosa já vem trabalhando concebido pelas fundações Tinker e Ford ("Preventing repetition and dropout in LatinAmerica: Argentina, Brazil, Chile and Mexico"), o que lhe permitiu a identificar o que ela chama de efeito escola, entendido como a capacidade que a escola organizada institucionalmente tem de reduzir, pelo menos em parte, os efeitos das diferenças de posição social dos alunos sobre o seu desempenho escolar. A proposta do projeto é avaliar de que modo às tendências ao isolamento sócioterritorial das camadas sociais em situações de fragilização social - frente ao mercado de trabalho, à família e à habitação - podem atuar no sentido de anular o efeito escola. Focaliza-se essa realidade social tendo como referência empírica o processo de socialização e aprendizagem de crianças de 4ª série do ensino fundamental. Em sua fase atual o projeto já conta com um ano de trabalho sistemático. A pesquisa focaliza três temáticas correlacionadas: segregação urbana, vizinhança e escola. Procura-se identificar se os processos de segregação urbana são responsáveis por situações de isolamento social, inviabilizando, ou não, mecanismos de integração social. Interessa saber se as características particulares do lugar onde vivem as pessoas influenciam seu comportamento, seus valores, suas oportunidades de vida, e, em caso afirmativo, como e por que o fazem. Em síntese, visa-se apreender se a escola organizada institucionalmente pode reduzir, ainda que parcialmente, os efeitos das diferenças de posição social dos alunos mais pobres sobre o seu desempenho escolar. Isso lhes garantiria condições futuras de inserção no mercado de trabalho e de inserção social mais ampla. Dito de outro modo, indaga-se se a escola pode funcionar como um fator de democratização de oportunidades numa sociedade tão desigual como a nossa.
3 Especial ênfase vem sendo dada ao questionário que é aplicado junto aos pais dessas crianças, que informa sobre sua situação familiar, seu local de moradia, relações de vizinhança, etc., conforme se indica abaixo. METODOLOGIA. Até o momento foram realizados estudos de caso em 13 escolas públicas situadas em diversos bairros da região metropolitana do Rio de Janeiro para testar de maneira mais direta a hipótese de que as condições sociais do domicílio e do bairro explicam as diferenças de desempenho de crianças de 4ª. série. A escolha dos bairros tem como parâmetro os tipos identificados em fase anterior da pesquisa, e representam várias situações sociais de maior ou menor isolamento social. São territórios marcados por situações de fragilização de diversas ordens. A metodologia utilizada na investigação empírica faz uso de diversos recursos de pesquisa, tais como: survey, entrevistas, observação participante, diário de campo, fotografias e imagens. De forma complementar, recorre-se ao levantamento fotográfico nas observações de campo, cujas imagens serão utilizadas para ilustrar as várias e diferenciadas situações existentes nas escolas pesquisadas. Para avaliação do o efeito escola faz-se uso de indicadores de avaliação de cada unidade escolar, que são os seguintes: o papel do diretor na escola; expectativa que os professores e demais profissionais da escola têm sobre o desempenho dos alunos; o clima da escola;
4 a existência de objetivos claramente estabelecidos, compreendidos e, principalmente, compartilhados pelos que trabalham na escola, o que significa um grau razoável de participação dos professores no planejamento curricular; a organização funcional do tempo na escola; as formas e estratégias de acompanhamento do progresso dos alunos, incluindo-se aqui a retro-informação informação para esses últimos dos pontos positivos e negativos do seu desempenho e o planejamento de estratégias para superar dificuldades; a estratégia de capacitação de professores em cada escola; a assistência técnica que as instâncias governamentais superiores dão à escola; a participação dos pais na escola. Esses indicadores estão sendo avaliados com base nos dados empíricos obtidos através de entrevistas realizadas com a diretora da escola, a professora da turma de 4ª série, além dos recursos à observação participante em aulas de português e de matemática e aos diários de campo. Por sua vez, o desempenho dos alunos da 4ª série foi avaliado por meio de da aplicação de testes de matemática e de português UNESCO/OREALC. O mesmo teste foi aplicado no início do ano letivo, e no seu final, para mensurar o progresso dos alunos. Para a investigação do universo familiar da criança, bem como, do seu local de moradia utiliza-se um extenso questionário aplicado a seus pais. Através desse questionário a metodologia é ampliada, pois permite uma da análise extensa e aprofundada do meio social em que vivem estas crianças, no plano do domicílio e do
5 bairro. O conjunto dos dados obtidos está sendo utilizado para a elaboração de uma etnografia (uma descrição densa) de cada uma das escolas pesquisadas. Outras informações de base estatísticas como, por exemplo, os dados censitários do IBGE, serão utilizados para uma abordagem mais quantitativa dos espaços de moradia dessas crianças. Outros dados secundários valiosos são fornecidos pela pesquisa Repetência Escolar e Apoio Social Familiar: um estudo a partir dos dados do SAEB 2001/Inep/Daeb realizada pelo Laboratório de Avaliação da Educação da PUC/RIO de agosto de 2002, que traz subsídios relevantes para o presente Projeto ao evidenciar a importância da família e de suas condições socioeconômicas, no desempenho escolar das crianças. Equipe: Ana Carolina Christovão UFRJ André da Silva Rangel UFRJ André Ricardo Salata UERJ Bianca Ghiggino UFRJ Carolina de Alvarenga Macedo Braga UFRJ Carolina Bittencourt Ribeiro UFRJ Carolina Zuccarelli Soares UFRJ Daniela de Oliveira Carvalho UFRJ Gabriel da Silva Vidal Cid UERJ Mariana Milão dos Santos UFRJ Marília de Andrade Monteiro UFRJ Roberto Vilela Elias UFRJ Rodrigo de Castro Dias da Silva UFRJ
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