Direito Civil VI Direito das Sucessões Professor: Ageu

Transcrição

1 1º - Parte Disposições Gerais Conteúdo direito sucessório 06/08/2008 Quarta Cuida do momento da abertura da sucessão, do local onde ela se processará, da capacidade sucessória, da aceitação e renuncia da herança e das causas de exclusão de sucessão. 2º - Parte Sucessão Legitima Cuida das regras de transmissão da herança dos herdeiros pré-estabelecidas na lei, segundo uma ordem de vocação hereditária. 3º - Parte Sucessão Testamentária Troca as regras da sucessão com testamento. 4º - Parte Inventario e Partilha Cuida da parte final da sucessão onde são pagas as dividas do morto, onde é recolhido o imposto de transmissão causa mortis e é efetuado o pagamento aos herdeiros. Classificação Quanto a Origem da Sucessão 1. Ab Intestado (sem testamento) ou legitimo: é aquela onde não há testamento ou existindo este não foi incluído todo patrimônio do falecido, os herdeiros nessa modalidade são denominados herdeiros legítimos, sendo eles: os descendentes, os ascendentes, o cônjuge sobrevivente e os parentes colaterais até o 4º grau. Dentre os herdeiros legítimos os três primeiros são denominados ainda de herdeiros necessários, recebendo alguns privilégios na sucessão. 2. Testamentário: ocorre quando o autor da herança deixa um testamento dispondo de seus bens da maneira que lhe convém. Nosso ordenamento jurídico adota o principio da liberdade de testar porem de forma limitada, na hipótese de existirem herdeiros necessários. Se a pessoa não faz testamento presume-se que aceitou a vontade do legislador aplicando-se a sucessão legitima. Testamento outrora chamado de disposição (ato) de ultima vontade.

2 Saisine: significa a abertura da sucessão imediata com a morte. (é o evento que provoca a abertura imediata da sucessão). Com ela ocorre a transmissão imediata de cada cota parte que cada um tenha direito, mesmo que o individuo nem saiba e que possuidor de herança. O inventario é apenas o método do qual se apura o patrimônio e acontece o registro para a transmissão da herança e partilha entre os herdeiros. Quando vivo chama-se patrimônio quando morre se torna herança.(art ). Obs. A data do falecimento é a data para abertura do inventario é para essa ocasião vigorará a lei de quando deveria ser aberta o inventario sendo assim, quem morreu no ano de 2000 a legislação competente é a do código de 1916, quanto que para quem morreu no ano de 2003 rege-se pelo novo código civil de 2002, o que traz algumas diferenças quanto à partilha dos bens que inclui o cônjuge na sucessão legitima. (art ). CC/1916 Descendentes Ascendentes Cônjuge Colateral até 6º grau CC/2002 Descendentes Ascendentes Cônjuge Colateral até 4º grau Estado Curiosidades: A sucessão testamentária é a regra, porém não é a mais utilizada sendo que na prática a sucessão legitima apesar de ser exceção se torna mais utilizada.(art.1.788). Quando se promove a abertura do inventario são cobradas taxas e impostos dentre eles existe um chamando ITCD- Imposto de transmissão causa mortis que é pago sobre o valor da partilha. No estado de Goiás a tarifa varia entre 2 e 4 %. A herança legitima não alcança os parentes afins. Inventário e partilha é o momento no qual soma a receita, para futuro pagamento das dividas, é nesta fase que ocorre o pagamento dos credores, e sobrando algo partilha entre os herdeiros.

3 A transferência de domínio é feita através do formal de partilha emitido pelo juiz, emitindo 01 formal individual para cada herdeiro. Testamento é ato personalíssimo não necessitando de assistência, devido a capacidade testamentária que se inicia antes da capacidade civil que se começa aos 16anos. A competência para abertura da sucessão é a do ultimo domicilio do decujus. Classificação da Sucessão quanto aos Efeitos A título universal: sempre ocorre na sucessão legitima, podendo também ocorrer na sucessão testamentária quanto o testador deixar porção abstrata ou indeterminada de sua herança para alguém (herdeiro instituído), também será desta forma quanto o falecido deixar apenas um herdeiro. (herdeiro universal). (quando o testador não individualizar os bens deixados no testamento, apenas afirma que o instituído fará parte da sucessão). A título singular: ocorre na sucessão testamentária, quando o testador indicar coisa certa (legado) a herdeiro certo (legatário). Universitas júris: universalidade de direitos art. 91 cc/02. (sendo está o modo da herança). Universias rerum: universidade de fato art. 90 cc/02. Herança: é o conjunto de direitos e obrigações constituído no momento da morte. A herança não integra todos os direitos constituídos pelo de cujus, assim não se transmitem aos herdeiros. Ex. direito personalíssimo como de voto, usufruto. Herança É o complexo de relações jurídicas pertencentes ao falecido que será transmitido aos seus herdeiros segundo a ordem de vocação hereditária ou segundo a ultima vontade do falecido (testamento). Excluem-se da herança os direitos

4 personalíssimos (direito ao voto) e os direitos instituídos em razão da pessoa (usufruto, tutela e curatela). Para os efeitos legais a herança é considerada como bem imóvel, podendo ser objeto de cessão por escritura pública. Ate a partilha, a herança é considerada como um bem indivisível (Art ) formando se um condomínio entre os herdeiros. Podendo os herdeiros fazer cessão dos direitos da herança a um terceiro, porém respeitando o direito de preferência (art e 1.794), tendo o prazo de 180 dias, a partir da intimação do juiz desta cessão art , ou fazer-la antecipadamente. Devendo o co-herdeiro apresentar a sessão ao juiz para deferi-la e intimar os outros herdeiros para querendo ficar com a quota parte depositando o dinheiro em juízo. Obs. As benfeitorias podem ser retiradas ou indenizadas na sucessão desde que obedecendo as regras dos direitos reais. Capacidade Sucessória É a aptidão que a pessoa possui para ser considerado herdeiro, o CC/02 estabelece que a capacidade será atribuída as nascidos ou já concebidos no momento da abertura da sucessão. Entretanto, existe uma divergência quanto a interpretação da expressão concebidos existindo três correntes doutrinárias sobre o tema. A 1ª entende que o embrião congelado possui capacidade por já ter sido concebido. A 2ª corrente não reconhece capacidade ao embrião congelado por entender que ele não possui vida viável, e uma 3ª corrente entende que o embrião pode ter capacidade sucessória, porem, condiciona seu nascimento a um prazo de 2 anos contados da morte do autor da herança em analogia ao art º cc/02. ACEITAÇÃO E RENUNCIA AO DIREITO A HERANÇA 1. Formas de Aceitação: a) Expressa: ocorrerá quando o herdeiro manifestar por escrito seu interrese na herança, tornando definitiva sua transmissão.

5 b) Tácita: ocorre quando o herdeiro pratica atos próprios dessa qualidade, demonstrando pelo seu comportamento que aceitou a herança. Entretanto, os atos oficiosos como funeral do finado e os atos meramente conservatórios dos bens do falecido, não serão interpretados como aceitação. c) Presumida: ocorre quando o herdeiro se mantém inerte, e é provocado através do juiz para se manifestar sobre sua aceitação ou renúncia. O seu silêncio presume-se aceitação. 2. Modos de Aceitação: a) Direto: quando feito pelo próprio herdeiro em qualquer das formas existentes. b) Indireto: Quando a aceitação é feita por outra pessoa que não seja herdeiro, podendo ser nos seguintes casos: I. Pelo herdeiro do herdeiro que falecer antes de manifestar sua aceitação (o neto aceita a herança de seu pai por meio da representação, fazendo sucessão por estirpe); II. Pelos tutores ou curadores do herdeiro incapaz; (1.748 e 1.781) III. Pelos credores o herdeiro renunciante, desde que nesse caso requeiram ao juiz no prazo de 30 dias contados da renuncia.(1.813) A renuncia só poderá ser expressa nos termos dos autos ou escritura pública, não existindo renuncia de forma parcial, ou aceita tudo ou renuncia a tudo. 3. Exclusão da Aceitação: (art a 1.818) Para a exclusão da aceitação o Ministério Público não se manifesta por não ter legitimidade apesar de atuar como custus legis. Enquanto não julgada a ação da exclusão da sucessão, continua sendo herdeiro e portanto tem direito de ceder sua quota parte, nesse caso se julgada procedente a ação na qual se confirmou a exclusão depois de já haver a cessão o terceiro de boa-fé não será prejudicado sendo resguardado seu direito tendo efeito ex nunc para o terceiro porém, os outros atos terão efeito ex tunc, tornando todos os atos nulos. Porem podem os herdeiros remanescentes argüir perdas e danos. (art ).

6 Quando ocorre a exclusão do herdeiro considera como se pré-morto fosse, sendo assim seus sucessores tem direito a herança na qual tinha direito por força da representação. (Art ) Estirpe: quando se tem duas classes de herdeiros dentro da mesma sucessão, ex: os herdeiros (filhos) e os representantes da herança do pré-morto (netos) concorrendo na mesma sucessão. São os casos de indignidade que permitem que o herdeiro que tenha cometido atos contra a vida contra a honra ou contra a liberdade de testar (art. 1814), do autor da herança ou de determinadas pessoas vinculadas a ele, sejam impedidas de receber a herança. As hipóteses estão descritas no art cc/02 sendo o rol taxativo (somente os descritos no cap. V). A exclusão depende de ação própria que deverá ser proposta num prazo Maximo de 4 anos contados da abertura da sucessão, sendo os efeitos da exclusão pessoais permitindo o direito de representação os seus descendentes. HERANÇA JACENTE E VACANTE JACENTE: aguardando alguém Herança deixada para herdeiros que não se conhecem (CC: arts , 1.823; CPC: arts a 1.157). VACANTE: vaga sem dono É a herança que não possui herdeiros, sendo devolvida ao Estado. A herança jacente torna-se vacante se não aparecerem os herdeiros depois de 1 ano da conclusão do inventário (CC: arts a 1.823; CPC: art ). Aberta a sucessão sem que se tenha conhecimento de herdeiros e inexistindo testamento, o juiz da comarca na qual o falecido tinha domicilio providenciará a arrecadação dos bens, nomeando curador para administrá-los. Feita a nomeação do curador serão extraídos editais para a convocação dos eventuais herdeiros que serão publicados por 3 vezes com intervalo de 30 dias art CPC, designando prazo de 6 meses para habilitação. Decorrido um ano da primeira publicação se não houver habilitação o juiz irá declarar a herança vacante. Com essa declaração, os parentes colaterais do morto

7 ficarão excluídos da sucessão. os demais herdeiros poderão pleitear a herança, porem por meio de ação própria (petição de herança) transcorridos 5 anos da abertura da sucessão sem que a herança tenha sido reclamada, será ela incorporada pela União, município ou distrito federal. PETIÇÃO DE HERANÇA É o meio através do qual o herdeiro demanda o reconhecimento do seu direito sucessório e reclama a herança ou parte dela contra os demais co-herdeiros ou ainda contra quem injustificadamente a detenha. Com a propositura da ação e a citação, fica o possuidor da herança obrigado a restituir os bens do acervo para que se proceda a verificação do direito do novo herdeiro. Quanto aos efeitos serão aplicados as regras da posse de boa-fé e má-fé, podendo o autor da ação reclamar inclusive is bens que foram alienados. Como não há previsão expressa de prazo para a propositura da ação, aplica-se a regra geral do art. 205 CC, ou seja 10 anos contados da abertura da sucessão. Observações: Quando a herança vacante for incorporada ao domínio publico, o herdeiro não mais conseguirá reavê-la. Art os frutos percebidos pelos possuidores de boa-fé não deverá ser reavido único a partir da citação começa a contar o prazo depois de vendido pelo possuidor o herdeiro tem direito a sua quota não desmanchando a venda, mas pegando o que foi vendido pelo possuidor o caso do salva-vidas. Da sucessão testamentária Conceito: o nosso ordenamento jurídico adota o principio da liberdade de testar, porem de forma limitada na hipótese de existir herdeiros necessários. O cc permite que qualquer pessoa capaz disponha da totalidade ou de parte de seus bens

8 através do testamento. Essa capacidade é atribuída a pessoa ao 16 anos, sendo o testamento um ato personalíssimo que não admite sua realização de modo conjunto seja na forma simultânea, recíproca ou correspectiva. A capacidade testamentária é aferida no momento da realização do ato jurídico não se validando o testamento feito pelo incapaz em virtude da aquisição de capacidade posteriormente nem se invalidará se a pessoa se tornar incapaz após realizado. O legislador disponibiliza seis maneiras de se fazer testamento sendo três ordinárias (público, cerrado e particular)e três especiais (marítimo, aeronáutico e militar).