Estudo e prevenção ao uso de drogas legais e ilegais na Escola Estadual do Ensino Médio Ernesto Penafort, Manaus, Amazonas, Brasil

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1 Estudo e prevenção ao uso de drogas legais e ilegais na Escola Estadual do Ensino Médio Ernesto Penafort, Manaus, Amazonas, Brasil Jean Moreira ALCÂNTARA¹*, Flávia Pessoa MEDEIROS², Gabriel Queiroz da COSTA³ Lucas Ciro Maciel SILVA³, Lorena Alves SANTOS³, Kalíssia Moraes de ARAÚJO³ ¹ Professor Coordenador, Escola Estadual Ernesto Penafort Manaus, Amazonas, Brasil ² Apoio Técnico, Escola Estadual Ernesto Penafort Manaus, Amazonas, Brasil ³ Cientista Junior, Escola Estadual Ernesto Penafort Manaus, Amazonas, Brasil * Autor correspondente: jan-30@hotmail.com RESUMO As drogas legais e ilegais estão presentes em todos os contextos sociais, e a escola é um dos principais espaços vulneráveis para a utilização de substâncias alucinógenas. Sendo assim, através do conhecimento e informação, pretendemos prevenir o seu uso na Escola Estadual Ernesto Penafort. Foram elaborados questionários que foram aplicados aos alunos do ensino médio e mantiveram o seu anonimato. Em média, quinhentos alunos do turno matutino foram envolvidos na pesquisa. As questões apresentadas aos estudantes foram objetivas, e os questionários foram aplicados no sentido de tentar entender como os discentes se relacionavam com as drogas e o que pensavam sobre as mesmas. Os resultados alcançados apontam para uma estreita relação que os discentes têm com o mundo das drogas, seja ela na própria família, entre amigos ou dentro do espaço da escola. PALAVRAS-CHAVE: descriminalização das drogas, substâncias alucinógenas, dependência química Legal and illegal drugs use, study and prevention at State School Ernesto Penafort, Manaus, Amazon, Brazil ABSTRACT Legal and illegal drugs are present in all social contexts, and the school is one of the main, vulnerable areas for the use of hallucinogenic substances. Thus, through knowledge and information, we want to prevent the use of legal and illegal drugs in the State School Ernesto Penafort. We developed questionnaires and applied them to high school students keeping out their names. On average, five hundred students from the morning shift were involved in the research. The questions presented to students were objective, and applied some questionnaires for trying to find out how they related with drugs and what they thought about them. The results obtained suggested students to have a close relationship with the world of drugs, either in the family, among friends or within the school. KEYWORDS: drug decriminalization, hallucinogenic substances, chemical dependency ISSN: / VOL. 3 (1) 2015: XXX-XXX. ALCÂNTARA et al. 53

2 INTRODUÇÃO O uso de drogas é um problema que afeta milhões de pessoas em diversos países no mundo inteiro. De acordo com a Fiocruz (2012), o Brasil, é o segundo maior consumidor do mundo de algumas drogas como o crack, perdendo apenas para os Estados Unidos. Como o uso de drogas é um problema que perpassa por diversas nações, cada país cria estratégias de combate e prevenção ao seu uso. O tabaco e o álcool, que são drogas legalizadas no Brasil, são proibidas para o consumo na faixa etária de até dezoito anos, no entanto, a fiscalização da lei é precária no país, pois tanto o álcool como o tabaco são utilizados pelos jovens e adolescentes de forma intensa. A maconha é uma das drogas mais polêmicas, pois diversos países discutem o seu uso e legalização, como por exemplo, em várias partes dos Estados Unidos a maconha é liberada para fins terapêuticos e no tratamento de algumas doenças como o câncer e a epilepsia (CFM 2014). A maconha nos Estados Unidos passa a ser consumida mediante a prescrição médica, embora os usuários consigam burlar a lei. No Uruguai, a maconha está passando pelo processo de legalização, o governo está tentando criar estratégias de controle na produção e na distribuição da maconha, inclusive a venda de cachimbos para serem utilizados no seu consumo que é facilmente vista nas ruas de Montevidéu (OBID 2013). No Brasil, além do problema de drogas legais como o álcool e o tabaco que fazem diversas vítimas todos os anos, o crack está entre as drogas ilegais de maior preocupação. Esta é uma droga de baixo custo que vicia os seus usuários de forma rápida. No intuito de combater o uso dessa droga, o governo federal criou um programa de combate ao crack no Brasil, denominado de Crack, É Possível Vencer onde uma das estratégias é capacitar professores através de cursos à distância para que desenvolvam projetos de combate a essa droga tão devastadora (CEBRID 2013). De acordo com a pesquisa da Fiocruz (2012) que mostra as estimativas de proporções do uso de crack e seus similares, as regiões brasileiras apresentaram variada participação em relação ao uso de drogas, como o Norte do Brasil que apresentou uma participação de 20%, o Centro- Oeste 47%, o Nordeste 43%, o Sul 52% e o Sudeste 32%. Nota-se que o uso de substâncias psicoativas perpassa por todas as regiões brasileiras e em grande parte delas o espaço da escola é utilizado como um ambiente para a entrada e o consumo de drogas. Se a escola é um dos espaços onde especialmente as drogas ilegais são vendidas com frequência, a mesma passa a ser um ambiente propício para se desenvolverem pesquisas e projetos de prevenção ao uso de drogas legais e ilegais, pois, é na escola onde se permite criar um espaço de discussões e debates educativos entre jovens, adolescentes e a comunidade de um modo geral. Desta forma, para entender melhor a relação dos discentes com o uso de drogas legais e ilegais, o presente trabalho pretendeu a prevenção do uso de drogas legais e ilegais, através de medidas informativas na escola estadual do ensino médio Ernesto Penafort em Manaus, no Amazonas. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada na escola estadual Ernesto Penafort localizada no bairro São José 2, em Manaus, Amazonas. Foram elaborados questionários que foram aplicados aos alunos matriculados no turno matutino, onde o anonimato dos entrevistados foi mantido. Optou-se pelo anonimato dos entrevistados no preenchimento dos questionários para que os discentes ficassem à vontade para responderem às questões da forma mais verdadeira possível. Ao todo, foram entrevistados quinhentos alunos divididos entre 1ª, 2ª e 3ª séries do ensino médio. Após a coleta de dados, gráficos foram construídos em formato de pizza no software Excel para melhor visualização e divulgação dos resultados da pesquisa. Foram realizados workshops para socializar as informações adquiridas ao longo do trabalho, dentro do ambiente escolar. Nos workshops foram apresentados trabalhos sobre os tipos de drogas legais e ilegais consumidas no Brasil, demonstrando os efeitos ocasionados nos indivíduos que as consomem e os problemas sociais que elas trazem para a população. As principais drogas abordadas nos workshops foram a maconha, cocaína, crack, merla, álcool, cigarros, solventes, oxi, Skank, ecstasy e heroína. Além de haver a exposição sobre o uso e efeitos de diversas drogas, foram expostas também as formas de prevenção e uso de drogas em outros países, como Uruguai, Holanda, Estados Unidos, Portugal e Suécia, o que permitiu aos alunos fazerem um comparativo com as nações que enfrentam o mesmo problema. Foram elaborados slides e banners para divulgação dos resultados finais para a comunidade escolar, onde cada turma foi reunida, em uma sala de mídia da escola, para expor os dados e as informações da pesquisa realizada, em que os alunos puderam discutir sobre a temática com resultados pesquisados no próprio ambiente escolar. 54 ISSN: / VOL. 3 (1) 2015: XXX-XXX. ALCÂNTARA et al.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos entrevistados na Escola Estadual Ernesto Penafort, 56% tinha entre 16 e 17 anos; 30% 14 e 15 anos; 14% 18 e 20 anos; 55% era do sexo feminino e 45% do sexo masculino. A respeito da legalização da maconha, a maioria dos alunos foi contra como mostra a Figura 01. No Brasil, a legalização das drogas poderia agravar ainda mais os diversos problemas de ordem pública que o país já apresenta, em relação às substâncias alucinógenas. Como destaca Tiba (2007), a maconha é uma substância que vicia e vale ressaltar que o tipo de maconha apresentada atualmente não é a mesma consumida em décadas anteriores. O teor de THC é mais acentuado na maconha produzida atualmente, especialmente a dos mercados clandestinos. Figura 3. Sobre ter presenciado o uso drogas na escola. As drogas mais citadas pelos alunos foram o álcool; o cigarro e a maconha, como destaca a Figura 04, ou seja, as drogas mais utilizadas na sociedade. O álcool é a droga que mais causa danos na sociedade e em seus usuários, como aponta um estudo desenvolvido na Inglaterra mostrado na Figura 05. Esses danos podem ser percebidos em diversas situações como desavenças, violência doméstica e acidentes no trânsito (OBID 2013). Segundo Costa (2009), apesar da lei brasileira proibir o consumo de álcool para indivíduos na faixa etária abaixo dos 18 anos, a falta de fiscalização e a permissividade dos pais, facilita o intenso consumo entre os jovens e adolescentes. Figura 1. Opinião sobre a legalização da maconha no Brasil A maioria dos discentes entrevistados, disse que não usava drogas, como mostra a Figura 02, essa informação reflete um tabu, e percebeu-se uma certa resistência em falar sobre o assunto. Porém, quando perguntada se já tinha presenciado o uso de drogas na escola a maioria apontou que sim como destaca a Figura 03. Como mostrou a pesquisa, o consumo de drogas nesta escola não é atenuado, já que mais da metade dos entrevistados já tinha observado algum discente consumindo droga. Figura 4. Tipos de drogas usadas Os discentes consultados estão entre a adolescência e a juventude, isso faz com que busquem a inserção em algum grupo de jovens para serem aceitos. Desta forma, verifica-se que a metade dos alunos acha que o uso de drogas ocorre pela influência dos amigos, como mostra a Figura 06. Em seguida, a curiosidade seria o segundo fator que leva os jovens a experimentar drogas, especialmente no espaço da escola onde os discentes passam boa parte de seu tempo. Figura 2. Sobre o uso de drogas pelos alunos. ISSN: / VOL. 3 (1) 2015: XXX-XXX. ALCÂNTARA et al. 55

4 Por outro lado, no momento em que aumenta o controle social, aumenta o uso das drogas e diminui, por exemplo, o consumo de cigarros, devido a algumas restrições como as propagandas de cigarros. Outro exemplo citado pelo autor é a Suécia, onde o combate às drogas é bastante rígido. Neste país, o consumo de drogas é o menor no mundo. Não só medidas mais rígidas diminuem o consumo de drogas, como aponta Laranjeira (2010), como também os próprios discentes concordam com medidas proibitivas como se verifica na Figura 10, onde a maioria concorda que as propagandas de bebidas alcoólicas deveriam ser proibidas. Figura 05. Estudo sobre drogas desenvolvido na Inglaterra, segundo OBID (2013). Figura 7. Conversa com pais sobre drogas. Figura 6. Motivos para o uso de drogas. Mais da metade dos entrevistados disseram que conversam com seus pais sobre o uso de substâncias alucinógenas, conforme Figura 07. Entretanto, quase metade não discute essa temática em sua família. Nas escolas públicas e particulares, a temática ainda recebe a devida atenção, pois existem projetos voltados para a prevenção ao uso de drogas. Como destaca Neves (2014) a educação é um instrumento essencial para o exercício da cidadania e permite ao indivíduo pensar e refletir sobre suas ações. Desta forma, tanto a família como a escola, têm um papel essencial na prevenção ao uso das substâncias psicoativas. O aumento da violência está diretamente ligado ao aumento do uso de drogas. Conforme os discentes pesquisados, a maioria afirmou que as drogas contribuem com o aumento da violência na sociedade, como mostra a Figura 08. A violência ligada às drogas aparece de diversas formas, como a violência no trânsito, assaltos, homicídios, violência doméstica e o tráfico de drogas que chegam a vitimar vários jovens envolvidos. A maioria dos entrevistados opinou que o consumo de drogas aumentaria se houvesse a legalização no Brasil como mostra a Figura 09. Segundo Laranjeira (2010) quanto maior a permissividade das drogas, maior o seu consumo. Figura 08. Drogas e o aumento da violência. Figura 09. Legalização das drogas. 56 ISSN: / VOL. 3 (1) 2015: XXX-XXX. ALCÂNTARA et al.

5 Figura 10. Proibição na mídia de álcool. Quanto aos jovens que convivem com usuários de drogas, especialmente o álcool, cerca de mais da metade deles afirmou que convive com algum tipo de usuário, conforme Figura 11. Isto de certa forma, acaba contribuindo para que o adolescente e o jovem também se tornem consumidores de substancias psicoativas. Portanto, existe uma relação entre os discentes e o uso de drogas, não só dentro da escola, mas também no próprio contexto social do aluno. Porém, o uso de drogas não é apenas um problema escolar, mas sim, um problema social que afeta as diversas escolas brasileiras. O contato que os jovens têm com essa temática no Brasil, é insuficiente, pois dificilmente se dá qualquer importância a esse tema, especialmente nas escolas. Os jovens absorvem mais informações distorcidas sobre drogas através de colegas, filmes, e outros meios de comunicação do que informações corretas fundamentadas em bases científicas que poderiam ser discutidas nas escolas. Além da família, a escola precisa ser um espaço de extrema relevância para discutir sobre as drogas e seus efeitos na vida individual e na sociedade na qual os jovens estão inseridos. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Fundação de Amparo à Pesquisa no Amazonas FAPEAM pelo financiamento, assim como toda equipe do Programa Ciência na Escola PCE pela oportunidade de aprendizado. REFERÊNCIAS Cebrid, Questões sobre drogas ( Acesso em 02/05/2014. CFM, Uso do canabidiol Resolução CFM Nº 2.113/2014 ( Acesso em 05/07/2014. Figura 11. Convivência com usuários de drogas. O consumo de drogas entre os pais dos alunos é pequeno, como mostra a Figura 12. Entretanto, foi percebido que, o próprio termo droga entendido pelos discentes está associado mais às drogas ilegais, como maconha, cocaína e outras e não associado às drogas legais como o álcool. Isso pode explicar o resultado mostrado na Figura 12. Costa, M.S Consumo de drogas e dependência química: qual dos dois é o verdadeiro vilão da sociedade ( ufrn.br/humanidades2009/anais/12). Acesso em 25/05/2014. Fiocruz Consumo de crack no Brasil (portal.fiocruz.br/ptbr/content/maior-pesquisa-sobre-crack-já-feita-no-mundo). Acesso em 07/05/2014. Laranjeira, R Legalização das drogas e saúde pública. In: Ciência e saúde pública, vol. 15 nº03. Rio de Janeiro, p Neves, E.A.S Drogas licitas e ilícitas: uma temática contemporânea (catolicaonline.com.br/revistacatolica2/ artigosn4v2134-pos-grad-pdf). Acesso em 25/05/2014. Obid Informações sobre drogas ( gov.br/portais/obid). Acesso em 02/04/2014. Tiba, I Juventude e drogas: anjos caídos. Editora Integrare, São Paulo. Figura 12. Pais que usam drogas Recebido em Aceito em ISSN: / VOL. 3 (1) 2015: XXX-XXX. ALCÂNTARA et al. 57