III LEVANTAMENTO QUALI-QUANTITATIVO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: ANÁLISE DE ASPECTOS DE APLICABILIDADE
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1 III LEVANTAMENTO QUALI-QUANTITATIVO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: ANÁLISE DE ASPECTOS DE APLICABILIDADE Ilka Soares Cintra (1) Engenheira Civil. Mestre em Saneamento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Minas Gerais. Doutoranda em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela FOTO UFMG. Professora Assistente do Departamento de Cartografia do Instituto de Geociências NÃO da UFMG. Coordenadora do Programa de Administração e Gerenciamento dos Resíduos Sólidos da UFMG. DISPONIVEL Francisco de Assis Batista Licenciado e Bacharel em Matemática pela Universidade Federal de Minas Gerais. Especialista e Mestre em Estatística pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor de Matemática Aplicada e Bioestatística com lotação na Universidade Federal de Minas Gerais. Fabrício Eduardo Amador dos Santos Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Minas Gerais. Técnico em Patologia Clínica pelo Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais. Bolsista PROEX / UFMG. Eliane Pawlowski de Oliveira Araujo Analista de Sistemas. Sub-coordenadora do Programa de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos da UFMG. Membro da Comissão Técnica de Resíduos da UFMG. Endereço (1) : Rua Deputado Bernardino Sena Figueiredo, 218 Apto. 302 Cidade Nova Belo Horizonte MG CEP Brasil Tel.: : ilkasc@dedalus.lcc.ufmg.br PALAVRAS-CHAVE: Levantamento de Resíduos Sólidos, Avaliação Estatísticas, Instituição de Ensino Superior. RESUMO Este trabalho teve por objetivo conhecer a situação referente aos resíduos sólidos gerados numa Instituição de Ensino Superior. A consulta a essa realidade na Universidade Federal de Minas Gerais se deu através de um questionário proposto para servir de instrumento de levantamento quali-quantitativo do lixo universitário. Apesar de complexo e de eficiência discutível, este questionário mostrou resultados interessantes que possibilitaram formatar um banco de dados através do cadastro das informações nele incluídas, ao mesmo tempo que permitiu mapear a caracterização da realidade da produção e descarte do lixo para utilização em futuros projetos relacionados com a destinação adequada dos resíduos da UFMG. INTRODUÇÃO Quando se propõe a disciplinar o tratamento e a disposição final de resíduos sólidos de Instituições de Ensino Superior emergem problemas como a falta de planejamento integrado e articulado entre os diversos agentes envolvidos e a dificuldade de encontro da melhor estratégia de trabalho para levantamento dos resíduos produzidos por esta comunidade. A conseqüência imediata deste horizonte retrata-se na destinação dos resíduos feita quase sempre de forma inadequada em Instituições cujos objetivos principais são o Ensino, a Pesquisa e a Extensão. Neste contexto, o trabalho desenvolvido pela Comissão Técnica de Resíduos, recurso humano instituído para desenvolvimento do Programa de Administração e Gerenciamento de Resíduos Sólidos, pretendeu criar estratégias que pudessem nortear as ações da Instituição no tocante ao seu lixo gerado. Um representante de cada tipo de resíduo (biológico ou infectante, químico, radioativo e comum) com experiência cotidiana no descarte, por vezes impróprio, deste resíduo, além de um representante de projetos de sensibilização e educação ambiental da Instituição se reuniram com objetivos de formatação, aplicação, tabulação e análise estatística dos dados que subsidiassem tais ações. O instrumento eleito e utilizado como primeiro ponto do diagnóstico necessário ao desenvolvimento dos trabalhos foi o levantamento quali-quantitativo dos resíduos sólidos que foi efetivado através de questionários ABES-Trabalhos Técnicos 1
2 específicos para cada tipo de resíduo e o local escolhido para o início dos trabalhos foi o ICB / UFMG - Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais. O presente trabalho pretende, além da apresentação dos dados técnicos, viabilizar uma discussão sobre diversos aspectos da aplicabilidade do instrumento utilizado na pesquisa que facilitem as demais metas do programa e outros trabalhos similares em instituições de ensino superior. MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização do levantamento quali-quantitativo foram inicialmente coletadas informações básicas da Instituição quanto aos aspectos de contingente populacional, setores de geração, tipologia, estocagem, acondicionamento e coleta de resíduos. A partir daí formatou-se um questionário de identificação para cada tipo de resíduo gerado na instituição visando o apontamento de questões relevantes à geração, quali-quantificação, tratamento e destinação final dos mesmos. Na elaboração das diretrizes básicas do questionário, foram utilizadas normas da ABNT relacionadas a resíduos, a Resolução do CONAMA n o 5 (1993) e publicações de trabalhos relativos ao tema dos seguintes autores: CINTRA, I. S.; TÔRRES, A. M. C.; GELMINI, E. L. (1997); DIAS, S. M. F. (1998); KUHNEN, A.; CASTILHOS, A. B. JR. E SOARES, S. R. (1997); LOPES, R. L.; AMARAL, E. S.; BISPO, F. B. E OLÍMPIO, J. M. (1999); PEDROZO, M. F. M. E PHILIPPI JR., A. 1999; TEIXEIRA, B. A. N. E ZANIN, M. C. (1995). As estatísticas descritivas dos dados coletados foram estimadas através do "software" S-plus, bem como alguns aspectos qualitativos latentes nos mesmos pela Análise Multivariada. APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS Depois de feito o levantamento dos ambientes geradores dos vários tipos de resíduos no ICB / UFMG, constituídos de laboratórios em geral, salas de aula e salas administrativas, os questionários foram respondidos pelo responsável de cada ambiente visitado. Durante a aplicação dos questionários, ficou evidenciada a necessidade de um programa educativo para um maior êxito na aplicabilidade e qualidade dos dados, tornando o processo de coleta de informações mais autônomo e os resultados mais precisos. Vislumbrou-se ainda a possibilidade da implantação de uma coleta de informações através de correio eletrônico na tentativa de acelerar o processamento dos dados, economia de tempo e material. De posse desses questionários, passou-se à tabulação dos mesmos gerando o banco de dados que constituiu a base para a análise estatística das informações visando os aspectos quantitativos e qualitativos da realidade da geração de resíduos na unidade. No procedimento da tabulação, foi notado que campos importantes, relativos a aspectos qualitativos e quantitativos como Quantidade média semanal e Tratamento? Qual?, não estavam devidamente interpretados e preenchidos, gerando uma base de dados incompleta e consequentemente comprometendo a precisão dos resultados. As estatísticas descritivas estimadas constituem-se em percentuais dos ambientes geradores de resíduos segundo a tipologia adotada nos questionários e os aspectos qualitativos inferidos constituem-se de resultados obtidos através da matriz de correlação de análise multivariada das variáveis consideradas. RESULTADOS Pelo fato de ter sido considerado um grande número de variáveis no estudo em questão, um relatório completo de todos os resultados torna-se-ia muito extenso. Deste modo, de acordo com objetivos de interesse da equipe de trabalho, foram, inicialmente, selecionados somente os aspectos considerados mais relevantes. A seguir, tais aspectos serão apresentados em gráficos e comentados. 2 ABES-Trabalhos Técnicos
3 Gráfico 1 - Aspectos Quali-quantitativos de Resíduos Biológicos ou Infectantes Gerados nos Ambientes do ICB / UFMG - Fevereiro 2000 Dentre as várias categorias do Resíduo biológico ou infectante, apresentadas no gráfico 1, destaca-se a categoria dos Perfurantes e cortantes como o resíduo mais comum nos ambientes visitados. Coincidentemente, nesta categoria foi observado o menor percentual de ambientes que registraram a Quantidade média semanal produzida. Nota-se grandes percentuais de ambientes que não registraram a produção na maioria das categorias desse resíduo, quando o esperado era que todas as categorias atingissem a marca de 100%. Gráfico 2 - Aspectos Quali-quantitativos de Resíduos Químicos ou Perigosos Gerados nos Ambientes do ICB / UFMG - Fevereiro Observamos através do gráfico 2 que dentre as várias categorias do Resíduo químico ou perigoso, a categoria dos Solventes orgânicos é o resíduo produzido por maior número de ambientes geradores de resíduos. Observa-se ainda que os Pesticidas, herbicidas, insetcidas constituem a categoria com menor percentual de ABES-Trabalhos Técnicos 3
4 ambientes que lançaram os dados da produção de resíduos no campo Quantidade média semanal. Também nesse tipo de resíduo nota-se grandes percentuais de ambientes que não registraram a produção na maioria de suas categorias. Gráfico 3 - Aspectos quali-quantitativos de resíduos radioativos gerados nos ambientes do ICB / UFMG - Fevereiro Através do gráfico de barras 3, fica evidenciado que o resíduo radioativo no estado líquido é produzido pelo maior número de ambientes e que tais resíduos no estado gasoso não é manipulado naquela unidade. De acordo com o gráfico de setores 3 (superior), do total de ambientes que armazenam resíduo radioativo, predominam aqueles armazenadores de resíduos com meia vida menor que sessenta dias. Analisado, agora, o gráfico de setores 3 (inferior), conclui-se que do total de ambientes descartadores desse lixo, o maior percentual deles lida com resíduos cuja meia vida é menor que sessenta dias. A disparidade entre os percentuais apresentados nos gráficos de setores se dá, possivelmente, devido à ausência de registros nos campos do questionário ou a condições de armazenamento específicas que não permitem o descarte dos mesmos. 4 ABES-Trabalhos Técnicos
5 Gráfico 4 - Aspectos Quali-quantitativos de Resíduos Comuns Gerados nos Ambientes do ICB / UFMG - Fevereiro Deduz-se através do gráfico 4 que dentre as várias categorias do Resíduo comum, a categoria Papel é o resíduo produzido por quase todos os ambientes. A interpretação gráfica, a respeito da categoria Lâmpadas, é a de que não há ambientes descartando-as em lixo comum, fato contrário ao registrado pela fotografia 2. A grande variabilidade de percentuais de ambientes que utilizam Lixeiras comuns se deve ao fato de que além dessa forma de descarte, existem outras: Lixeira separada, Doação e Outros. CONCLUSÕES O levantamento qualiquantitativo dos resíduos da UFMG, através de questionários, permitiu o encontro de referências estratégicas como ponto de partida para a elaboração de diretrizes capazes de orientar a organização das ações necessárias ao manejo diferenciado dos resíduos da Instituição, apesar da trabalhosa tabulação de seus dados. Ademais, a participação de alunos da graduação na aplicação dos questionários, propiciou uma discussão do papel de cada segmento da comunidade universitária no gerenciamento de resíduos de uma Instituição de Ensino Superior, haja visto o engajamento destes alunos expresso em frases como: "Com certeza, serei um médico diferente a partir do meu trabalho, hoje, com o lixo!" É importante ressaltar que, além das informações técnicas obtidas, houve o apontamento de diversas questões relevantes relacionadas às práticas costumeiras do comportamento da comunidade quanto à geração e descarte do "lixo". Dentre esses aspectos, a demonstração da falta de conhecimento dos responsáveis pela geração do resíduo na instituição constitui numa falha da mesma tanto em termos técnicos quanto educacionais. Isto leva à necessidade de redirecionar trabalhos de orientação e sensibilização de toda a comunidade. Não basta colocar equipamentos à disposição dos usuários, pois sua utilização pode demonstrar na realidade uma despreocupação com o resíduo gerado por estes produtores, conforme apontado nos questionários e registrado nas fotos 1 e 2. ABES-Trabalhos Técnicos 5
6 Foto 1 - Práticas educativas quanto ao descarte seletivo Foto 2 - Descartes irregulares no corredor do prédio 6 ABES-Trabalhos Técnicos
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CINTRA, I. S.; TÔRRES, A. M. C.; GELMINI, E. L. Implantação do programa de administração e gerenciamento de resíduos sólidos da UFMG. In Anais do 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Foz do Iguaçu (PR): Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, pp , DIAS, S. M. F. Coleta seletiva e reaproveitamento do lixo gerado no Campus da UEFS. Revista Ação Ambiental. São Paulo (SP), pp.30, KUHNEN, A.; CASTILHOS, A. B. JR. E SOARES, S. R. Gestão de resíduos sólidos em estabelecimentos universitários no Brasil o caso do Campus da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. In Anais do 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Foz do Iguaçu (PR): Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, pp , LOPES, R. L.; AMARAL, E. S.; BISPO, F. B. E OLÍMPIO, J. M. Gerenciamento de resíduos em estabelecimento de ensino - Do pensar ao fazer. In Anais do 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro (RJ): Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental pp , PEDROZO, M. F. M. E PHILIPPI JR., A. Disposição de resíduos de laboratório Estudo de caso. In Anais do 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro (RJ): Associação 6. Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, pp , TEIXEIRA, B. A. N. E ZANIN, M. C. A implantação da coleta seletiva de resíduos sólidos na Universidade Federal de São Carlos - SP: Aspectos relevantes do projeto e avaliação preliminar. In Anais do 18 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Salvador (BA): Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, pp , ABES-Trabalhos Técnicos 7
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