AVALIAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS DISPOSTOS COM RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.
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1 AVALIAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS DISPOSTOS COM RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS. LIMA, Virgínia Helena Bomfim Graduada em Química Industrial pela Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE.Mestrado na área de Meio Ambiente e Sustentabilidade pelo Centro Educacional de Caratinga UNEC. Atualmente Professora das disciplinas de Química Geral e Orgânica e Química Ambiental na Universidade Vale do Rio Doce-UNIVALE. R-José do Patrocínio, 1339/aptº 201. B. Esplanadinha / cep Governador Valadares. Eu, Virgínia Helena Bomfim e Lima, declaro para os devidos fins que li as regra gerais para a XI Exposição de Experiências Municipais em Saneamento e estou ciente das normas estabelecidas por este regulamento. JÚNIOR, Meubles Borges Graduação em Química Industrial pela Universidade Federal do Maranhão Mestrado e Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas pela UF V Atualmente Professor de Ecotoxicologia do Mestrado em Meio Ambiente e Sustentabilidade e Química Analítica IV e Geoquímica de Ambientes Superficiais do Centro Educacional de Caratinga UNEC. Palavras-chave: resíduos sólidos, metais pesados, poluição ambiental.
2 AVALIAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS DISPOSTOS COM RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS. Introdução A conservação e recuperação ambiental são questões que se fazem sentir sobre atual sociedade. O crescimento da demanda por alimentos e bens diversos tem-se refletido no aumento das atividades humanas, como a industrialização, obtenção e consumo de energia, agricultura e urbanização. Paralelamente a esse desenvolvimento, são geradas quantidades crescentes de resíduos que, não recebendo tratamento e destino final adequados, vêm acarretando impacto negativo nos diferentes ecossistemas. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1987) resíduos ou rejeito, é todo material resultante de atividades industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição, cujas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas podem apresentar riscos à saúde pública e ao meio ambiente. A geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) depende de fatores culturais, nível e hábito de consumo, renda e padrões de vida das populações. Considerando que esta capacidade de produzir resíduo é sistêmica em relação ao tempo, pode-se inferir que existe uma relação direta entre a atividade diária do homem e a produção de resíduos. Uma das grandes preocupações da humanidade é a crescente geração de RSU que necessita de um destino sustentável, técnico e ambientalmente adequado, além de economicamente viável. É prática comum da maioria das administrações municipais disporem esses RSU em lixões a céu aberto ou em aterros sem nenhum controle, resultando em perdas ambientais, sociais e econômicas, provocando assim problemas de saúde para a população, degradação da água, do solo e do ar, e ainda, a desvalorização imobiliária dessa região. O acúmulo de RSU no solo caracteriza-se como uma das principais fontes de contaminação, uma vez que, materiais como produtos de limpeza, cosméticos, plásticos, papel, metal, embalagens de produtos químicos entre outros, contém compostos de difícil degradação, sendo na maioria dos casos difíceis de serem incorporados no ambiente (GROSSI, 1993).
3 Ressalta-se que os compostos dos RSU podem ser fontes de metais pesados (como por exemplo, pilhas e baterias), quando depositados de forma incorreta, elevando os teores desses metais no solo. Os metais pesados apresentam elevada toxicidade ao ambiente, quando em altas concentrações, podendo, assim em alguns casos, serem disseminados via cadeia alimentar comprometendo a saúde humana (MAIZ et. al., 1997). A contaminação por metais pesados é considerada uma das formas nocivas de poluição ambiental à cadeia alimentar, uma vez que esses elementos não são degradáveis e tendem a acumular-se nos organismos vivos causando intoxicação, envenenamento e até mesmo a dizimação da biota. O solo, em geral, possui uma grande capacidade de retenção de metais pesados, porém, se essa capacidade for ultrapassada, os metais em disponibilidade no meio podem ser lixiviados ou entrar na cadeia alimentar dos organismos vivos, colocando em risco a qualidade da água e do solo. Dentro desse cenário insere-se o problema ambiental do município de Engenheiro Caldas, onde a área de uma lagoa foi drenada, através de ações antrópicas, observandose um elevado grau de degradação, já que parte de sua área é ocupada com um estoque de lixo, sendo seu volume estimado em aproximadamente 11 mil toneladas. Diante do exposto, objetivou-se avaliar a contaminação da lagoa do município de Engenheiro Caldas por metais pesados provenientes do lixão. Para tanto, determinou-se os teores de Cd, Cr, Cu, Ni e Zn, no solo da área citada, comparando-o com uma área local considerada como referência e com os valores de referência da CETESB. Para avaliar melhor a contaminação, a área da antiga lagoa foi divida em três áreas (A 1 - dentro da área do lixão; A 2 próximo ao curso d água na época de seca e A 3 área próxima à BR 116), além da área de referência local (A 4 ), sem influência do lixo. Buscouse determinar o ph, CTC e teor de argila no solo, a fim de avaliar a mobilidade de metais no solo. Metodologia Foram coletadas 30 amostras compostas, de 0 a 20 cm de profundidade, sendo 27 amostras distribuídas na área da Lagoa e três em área onde não ocorre disposição de resíduos sólidos para o referencial de background local. Cada amostra composta foi
4 obtida a partir de 10 amostras simples. A figura abaixo apresenta um esquema demonstrativo dos pontos coletados. Uma vez que a lagoa foi drenada, na época de seca, fica somente com o curso principal de água, ficando o restante da lagoa com livre acesso. Assim sendo, a escolha dos pontos amostrados obedeceu a seguinte sistemática: As amostras 1, 2, 3 e 4 (A, B e C) foram coletadas dentro da área do lixão propriamente dito, a 50, 75, 100, e 125 metros da borda do depósito de lixo, respectivamente. As amostras 5, 6 e 7 (A, B e C), mais próximas do curso d água, foram coletadas a 175, 225 e 325 metros do lixão. No mesmo alinhamento da amostra 7, ou seja a 325 metros do lixão, foi coletada a amostra 8 (A, B, C) e a 425 m a amostra 9 (A, B e C), sendo que estes dois pontos estão na outra margem do curso d água e próximo à BR-116. A amostra 10 (A, B e C), na figura indicada pelas siglas BG, se encontra em área de mesma formação geológica que os demais pontos, mas que não sofre inundação no
5 período de chuva e que não recebeu descarga de resíduos do município, foi coletada como referencial comparativo, denominada área de referência. As amostras foram secas ao ar destorroadas e passadas em peneira de 2 mm, caracterizadas granulometricamente e determinados o ph e a CTC segundo EMBRAPA (1999). Foram realizadas análises do teor total de metais Cd, Cr, Cu, Zn e Ni por meio de ataque triácido (HClO 4, HF e H 2 SO 4 ), segundo EMBRAPA (1999). A determinação foi realizada em espectrofotômetro de emissão óptica com plasma acoplado por indução (EEO-ICP). Resultados e Conclusões De acordo com observações de campo, a cor do horizonte A escuro e do horizonte C cinza, e com a característica química (ph), físico-química (CTC) e física (% argila) da amostra de solo, o mesmo enquadra-se na Classe Gleissolos Melânicos (na classificação anterior Glei Húmico) (EMBRAPA, 1999). Com base nas observações de campo, verifica-se que o solo quando seco apresenta rachadura e quando úmido é bastante plástico, indicando assim que apresenta argila de atividade alta (argila 2:1). Segundo OLIVEIRA (1995), solos de várzea, vinculados a inundações, tanto podem ser solos de argila de atividade alta como baixa. Vale ressaltar que a mesma área foi utilizada por um longo período para extração de argila em atividades ceramistas dessa região. Através das análises de solo observou-se que as áreas A 2 e A 3 apresentaram maior teor de argila, ph e CTC em relação às áreas A 1 e A 4, facilitando assim uma maior adsorção de metais nas mesmas. O Cd apresentou teores mais elevados na área mais distante do depósito de lixo (A 3 ), indicando maior mobilidade em relação aos demais metais. O Cr e o Ni apresentaram comportamento semelhante, concentrando-se, porém, na área próximo ao curso d água (A 2 ), essa área apresentou maior teor de argila. O Cu e o Zn apresentaram maiores teores na área de depósito de lixo, mostrando-se como os elementos menos móveis. Por meio de contrastes, observou-se para todos os metais em estudo, que houve diferença significativa a nível de 1% entre os teores médios destes nas áreas localizadas na lagoa (A 1, A 2 e A 3 ) em relação à área de referência local (A 4 ).
6 Ao se comparar os valores da área em estudo com o VRQ (valor de referência de qualidade da CETESB), a exceção do Cu e do Zn para todos os demais elementos em estudo, o contraste apresentou valores positivos significativos ao nível de 1% de significância em todas as áreas. Em relação ao VA (valor de alerta da CETESB), apenas para o Cd houve contraste significativo positivo ao nível de 1%, em todas as áreas. Já o Cr apresentou diferença significativa positiva apenas na área A 1. Para o Ni não houve diferença estatística na área A 2, entretanto nas demais áreas esses valores foram significativos negativos e para o Cu e o Zn o contraste apresentou valor significativo negativo em todas as áreas. Através dos resultados conclui-se que: A área da lagoa está contaminada com metais pesados; a contaminação varia com o tipo de metal, local de amostragem e distância da fonte de contaminação (lixão); a necessidade de monitoramento dos metais varia com o tipo de metal pesado e com o local de amostragem; há necessidade imediata de monitoramento do Cd em todas as áreas, Cr nas áreas A 1 e A 2, Ni necessita de monitoramento na área A 2 quando comparados aos padrões de qualidade da CETESB. Já o Cu e o Zn estão dentro dos padrões de qualidade da CETESB. Os valores orientadores da CETESB foram adequados para separar os metais pesados e as áreas com necessidade imediata de monitoramento. Referências Bibliográficas ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILERA DE NORMAS TÉCNICAS NBR Resíduos sólidos: classificação, Brasília, ABNT, EMBRAPA. Manual de Métodos de Análise de Solo. 2ªed. 1999, 370p. GROSSI, M.G.L. Avaliação da qualidade dos produtos obtidos de usinas de compostagem brasileiras de lixo urbano através de determinação de metais pesados e substâncias orgânicas tóxicas. 1993, 157p. Tese (Doutorado em Ciências) Universidade de São Paulo, São Paulo. MAIZ, I.; ESNOLA, V.; MILLAN, E. Evaluation of heavy metal availability in contaminated soil by a short sequential extraction procedure. The Sci. of the Total Envirom., v. 206, p OLIVEIRA, F. C. Metais pesados e formas nitrogenadas em solos tratados com lodo de esgoto. 1995, 185 p. Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 1995.
2 Riscos de contaminação do solo por metais pesados associados ao lodo de esgoto
14 2 Riscos de contaminação do solo por metais pesados associados ao lodo de esgoto O lodo de esgoto, geralmente, se apresenta na forma semi-sólida com cerca de 20% de água ou líquida, com 0,25 a 12% de
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