Direito Aeronáutico. Regime Jurídico Aplicável ao Direito Aeronáutico. Marcelo Alvares Vicente Nov/2011

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1 Direito Aeronáutico Regime Jurídico Aplicável ao Direito Aeronáutico Marcelo Alvares Vicente Nov/2011

2 Transporte aéreo doméstico x internacional Quando o transporte aeronáutico será considerado internacional e quando será considerado doméstico? Serviço de transporte aéreo doméstico No Brasil Lei n de 19/12/86 (Código Brasileiro de Aeronáutica CBA) Portaria 676/GC-5, de 13/11/2000

3 Transporte aéreo doméstico x internacional Serviço de transporte aéreo internacional Sistema Varsóvia-Haia Convenção de Varsóvia de 1929 Decreto de 24/11/1931 Protocolo Adicional de Haia de 1955 Decreto de 15/07/1965 Protocolos Adicionais de Montreal nos. 1, 2 3 e 4 de 1975 Decreto Legislativo 22 de 28/05/1979 Convenção Internacional de Guadalajara Decreto de 07/ 1967 Convenção para a Unificação de Certas Regras Relativas ao Transporte Aéreo Internacional, celebrada em Montreal, em 28/05/ Decreto 5.910, de 27/09/2006 O transporte aéreo internacional é definido ainda pelos arts. 1 o caput e pp. 1 º, 14, 204, 214 e 215 do CBA; combinados com arts. 1 o e incisos, principalmente o II; 2 o ; 31; e 34 da Convenção de Varsóvia; bem como os artigos 1 o ; 2 º ; e 18 do Protocolo Adicional de Haia; e ainda o 3 o do Protocolo Adicional de Montreal

4 Liberdades do Ar Convenção de Chicago (1944) consagrou o princípio da soberania estatal sobre o espaço aéreo, definida através de acordos multilaterais ou bilaterais entre os Estados interessados em estabelecer acordos sobre serviços regulares internacionais de navegação aérea Este princípio prevaleceu sobre a posição que defendia a completa liberdade, regulamentando-se o mercado autonomamente pelas regras da livre concorrência estabelecidas as Liberdades do ar, inicialmente cinco, hoje nove Fonte: ICAO - / Manual on the Regulation of International Air Transport (Doc 9626, Part 4)

5 Liberdades do Ar 5 Liberdades iniciais Fundamentais direito de sobrevôo ou de passagem inofensiva ou de trânsito inocente direito de pouso técnico para reabastecimento e reparação de pane verificada na aeronave Mercantis privilégio de desembarcar passageiros, mala postal e carga no território de uma Alta Parte Contratante em aeronave de nacionalidade do Estado de origem do vôo privilégio de embarcar passageiros, mala postal e carga com destino ao território de nacionalidade da aeronave privilégio de transporte de passageiros, mala postal e carga comercial de/para dois Estados por aeronave de nacionalidade de um terceiro Estado

6 Liberdades do Ar Novas 3 Liberdades Mercantis possibilidade de embarcar ou desembarcar passageiros, mala postal e carga comercial destinados ou procedentes de um Estado situado aquém ou além do Estado de nacionalidade da aeronave, com escala intermediária neste último (3ª e 4ª) privilégio de embarcar ou desembarcar passageiros, mala postal ou carga comercial destinados ou procedentes a um Estado, em aeronave de bandeira de um terceiro Estado e operada por transportador aéreo de mesma nacionalidade da aeronave sem escala neste último Estado privilégio de exploração do serviço de navegação aérea de cabotagem ou doméstica por aeronave de bandeira estrangeira e operada por empresa de transporte aéreo de mesma nacionalidade da aeronave Liberdade raramente concedida (9ª liberdade) direito de transportar passageiros e carga entre dois pontos no território do outro Estado contratante, sem continuar o serviço aéreo para o território do Estado de nacionalidade da aeronave. Trata-se de direitos de cabotagem pura, raramente concedidos.

7 Regime Jurídico Aplicável Segundo a Legislação Aeronáutica O Código Brasileiro de Aeronáutica estabelece a regra geral quanto à determinação do transporte ser nacional ou internacional em seu artigo 215 : Art. 215 Considera-se doméstico e é regido por este código, todo transporte em que os pontos de partida, intermediários e de destino estejam situados em território nacional. Aplicação, pela legislação brasileira, da 2ª Liberdade: Art. 215 Parágrafo Único O transporte não perderá esse caráter se, por motivo de força maior, a aeronave fizer escala em território estrangeiro, estando, porém, em território brasileiro os seus pontos de partida e destino. "

8 Regime Jurídico Aplicável Segundo a Legislação Aeronáutica Divergências O artigo parece ter condicionado à força maior a exclusão da aplicação do regime do Sistema Varsóvia Haia no lugar do Código Brasileiro de Aeronáutica só seria considerada a aplicação da Lei brasileira no lugar do Sistema Varsóvia-Haia quando a escala em território estrangeiro caracterizar-se por ser pouso técnico por motivo imprevisível e inevitável ligado, em regra, a algum fenômeno da natureza, desvinculado de qualquer ação ou omissão do transportador ou de seus prepostos se não atendida a condição prevista expressamente no preceito normativo, será aplicável o Sistema Varsóvia-Haia com base inclusive em jurisprudência internacional (EUA/1949 sobre julgamento da KLM Royal Dutch Airline ) - Art. 8 o da Convenção de Varsóvia

9 Regime Jurídico Aplicável Segundo a Legislação Aeronáutica Art. 8 o da Convenção de Varsóvia : " Art. 8 o O conhecimento aéreo deverá mencionar : C - As paradas previstas, ressalvada ao transportador a faculdade de estipular que as poderá alterar, em caso de necessidade, sem que essa alteração retire ao transporte o caráter de internacional. O transportador aéreo tem conhecimentos técnicos profissionais específicos que garantem conhecer de antemão o regime jurídico aplicável se realizar escala em território estrangeiro (Primera Jornada del Derecho del Transporte Aereo ; 10 de junho de 1999; Montevideo - Uruguai), prosperando tal entendimento mesmo que se trate de pouso técnico, quando não tiver como causa direta a força maior

10 Regime Jurídico Aplicável Segundo a Legislação Aeronáutica Convenção de Montreal (1999) 2. Para os fins da presente Convenção, a expressão transporte internacional significa todo transporte em que, conforme o estipulado pelas partes, o ponto de partida e o ponto de destino, haja ou não interrupção no transporte, ou transbordo, estão situados, seja no território de dois Estados Partes, seja no território de um só Estado Parte, havendo escala prevista no território de qualquer outro Estado, ainda que este não seja um Estado Parte. O transporte entre dois pontos dentro do território de um só Estado Parte, sem uma escala acordada no território de outro Estado, não se considerará transporte internacional, para os fins da presente Convenção.

11 Regime Jurídico Aplicável Segundo a Legislação Aeronáutica Conclui-se que: quando tratar-se de vôo cujos pontos de origem, destino ou intermediário estejam situados no Brasil este será considerado um vôo nacional aplicando-se o regime do Código Brasileiro de Aeronáutica quando um vôo tiver por destino pontos de origem, destino ou intermediário fora do território nacional este será para todos os efeitos um vôo internacional, impondose sob ele as regras da Convenção de Montreal na hipótese de escala internacional extraordinária não prevista em vôo doméstico em outro país fora do território nacional, não há alteração de sua natureza de acordo tanto com o CBA, quanto com a Convenção de Montreal

12 Regime Jurídico Aplicável Segundo a Legislação Aeronáutica Divergência entre a aplicação do CBA e das Convenções internacionais e do CDC Em 11/09/1990 passou a vigorar no Brasil o Código de Defesa do Consumidor (Lei Nº. 8078/90 - CDC), definindo em seu artigo 2º. como consumidor toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final Os tribunais passaram a aplicar o CDC nas relações jurídicas envolvendo o transporte aéreo, mais propriamente àquelas atinentes às responsabilidades da transportadora no caso de: morte ou lesão de passageiros; dano ou perda de bagagem; atraso e cancelamento de vôos, overbooking Teoria da norma posterior revoga norma anterior (referente aos limites indenizatórios trazidos pelo Código Brasileiro de Aeronáutica CBA e os tratados internacionais então vigentes - Convenções de Varsóvia e de Chicago) Promulgação posterior da Convenção de Montreal, no Brasil, em 2006 A Convenção de Montreal, quando promulgada no Brasil com força de lei infraconstitucional, deve prevalecer sobre o CDC nos dias atuais Divergência de decisões de nossos tribunais Repercussão Geral da matéria no julgamento do Agravo de Instrumento Nº /RJ

13 Regime Jurídico Aplicável Segundo a Legislação Aeronáutica Agravo de Instrumento Nº /RJ EMENTA: Recurso Extraordinário. Extravio de bagagem. Limitação de danos materiais e morais. Convenção de Varsóvia. Código de Defesa do Consumidor. Princípio Constitucional da indenizabilidade irrestrita. Norma prevalecente. Relevância da questão. Repercussão geral reconhecida. Apresenta repercussão geral o recurso extraordinário que verse sobre a possibilidade de limitação, com fundamento na Convenção de Varsórvia, das indenizações de danos morais e materiais, decorrente do extravio de bagagem. (Repercussão Geral no Agravo de Instrumento Nº /RJ, Relator Ministro Cezar Peluzo, publicado em 18/12/2009) Dado provimento para o recebimento do Recurso Extraordinário RE Conclusos ao Relator desde 30/09/2011

14 Bibliografia Regime Jurídico Aplicado ao Direito Aeronáutico. Jorge Neves. Paulo Soto. Apud Pacheco, José da Silva, Comentários ao Código Brasileiro de Aeronáutica. Rio de Janeiro, Editora Forense. Escalada, Frederico N. Videla, Manual de Derecho Aeronautico. Buenos Aires, Editora Zavalia. Jurado, Rodriguez, Teoría y Práctica Del Derecho Aeronáutico. Buenos Aires, Editora Depalma. Disponível em Responsabilidade Civil no transporte aéreo nacional e internacional e a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Fábio Ferraz de Arruda Leme. Apud ALMEIDA, José Gabriel Assis de. A Convenção de Montreal de 1999 e o transporte aéreo internacional no Brasil. PACHECO, José da Silva. Da Nova Convenção sobre o Transporte Aéreo Internacional de 28 de Maio de Disponível em _responsabilidade_civil_no_transporte_aereo_nacional_e_internacional_e_a_ aplicacao_do_codigo_de_defesa_do_consumidor.php

15 Regime Jurídico Aplicável ao Direito Aeronáutico Elaborado por Marcelo Alvares Vicente Advogado Mestre em Direito Tributário pela PUC/SP Professor Universitário graduação e pós-graduação Despachante Aduaneiro credenciado pela 8ª RF/RFB Responsável pelo portal Tributario.pro Disponível em Faça parte das redes sociais: