ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADORA MARIA MADALENA TELESCA Órgão Julgador: 3ª Turma

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1 RO Fl. 1 DESEMBARGADORA MARIA MADALENA TELESCA Órgão Julgador: 3ª Turma Recorrente: Recorrente: Recorrido: Origem: Prolator da Sentença: NASCIMENTO CEZAR FREITAS - Adv. Vanessa Martinazzo CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL - CNA - Adv. Décio Gianelli Rodrigues Martins OS MESMOS Vara do Trabalho de Frederico Westphalen JUIZ ÁTILA DA ROLD ROESLER E M E N T A RECURSOS ORDINÁRIOS DAS PARTES. NÃO CONHECIMENTO. VALOR DE ALÇADA. Tratando-se de processo de alçada exclusiva da Vara, inviável o conhecimento dos recursos interpostos pelas partes, nos termos do disposto no art. 2º, 3º e 4º, da Lei 5.584/70, sobretudo por não versarem diretamente sobre matéria constitucional. Recursos não conhecidos, por incabíveis. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. ACORDAM os Magistrados integrantes da 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: preliminarmente, por unanimidade, não conhecer dos recursos ordinários interpostos pelas partes, por incabíveis. Intime-se.

2 RO Fl. 2 Porto Alegre, 10 de novembro de 2015 (terça-feira). R E L A T Ó R I O Não conformadas com a decisão proferida pelo Juiz Átila da Rold Roesler, que julga parcialmente procedentes os pedidos (fls. 108/110), as partes interpõem recursos ordinários, a reclamada nas fls. 114/118, e o reclamante nas fls. 121/131. A reclamada argui prefacial de cerceamento de defesa e, no mérito, busca a reforma da sentença quanto à contribuição sindical rural (exigibilidade, natureza jurídica, comprovação, modalidade do lançamento e ônus da prova), e repetição de indébito. O reclamante busca a reforma do julgado quanto à multa pelo envio de futuras cobranças indevidas, repetição de indébito, dano moral e majoração dos honorários advocatícios. Apresentadas contrarrazões apenas pela reclamada (fls. 136/142), sobem os autos a este Tribunal para julgamento. É o relatório. V O T O DESEMBARGADORA MARIA MADALENA TELESCA (RELATORA): PRELIMINARMENTE. NÃO CONHECIMENTO DOS RECURSOS DAS PARTES. VALOR DE ALÇADA.

3 RO Fl. 3 A presente demanda trata-se de ação declaratória de inexistência de débito e inexigibilidade de contribuição sindical rural, multa pelo envio de futuras cobranças indevidas, repetição do indébito e dano moral, movida pelo autor em face da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA. O autor atribuiu à causa o "valor de alçada". A ação foi processada pelo rito ordinário e julgada procedente em parte, para: a) declarar a inexistência de débito referente à contribuição rural sindical cobrada, devendo a ré proceder à exclusão do autor do cadastro de devedores; b) condenar a ré ao pagamento de honorários advocatícios no valor de R$ 200,00 (duzentos reais) à parte autora, considerando o art. 20, 4º, do CPC (fl. 110v.). Rejeitou os demais pedidos. Dessa decisão recorrem as partes, nas partes que restaram sucumbentes, não versando diretamente sobre matéria constitucional. Nos termos do entendimento cristalizado na Súmula 71 do TST, A alçada é fixada pelo valor dado à causa na data de seu ajuizamento, desde que não impugnado, sendo inalterável no curso do processo. Assim, fixado o valor da causa pela parte autora como sendo de alçada, que não foi objeto de impugnação na instância de origem, incide o disposto nos parágrafos 3º e 4º, do art. 2º, da Lei nº 5.584/1970: 3º Quando o valor fixado para a causa, na forma deste artigo,não exceder de 2 (duas) vezes o salário-mínimo vigente na sede do Juízo, será dispensável o resumo dos depoimentos, devendo constar da Ata a conclusão da Junta quanto à matéria de fato. 4º - Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum

4 RO Fl. 4 recurso caberá das sentenças proferidas nos dissídios da alçada que se refere o parágrafo anterior, considerado, para esse fim, o valor do salário mínimo à data do ajuizamento da ação. Infere-se, por conseguinte, que a presente demanda é de exclusiva alçada da Vara do Trabalho, uma vez que não modificado o valor dado à causa no curso ação, e que não trata de matéria constitucional. Nesse sentido já decidiu esta Turma, em processo também movido pela CNA, em caso de agravo de instrumento: AGRAVO DE INSTRUMENTO. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO. VALOR DE ALÇADA. Atribuído à causa principal valor de alçada e não tratando o apelo de matéria constitucional, não há como conhecer do recurso ordinário interposto, pois se trata de alçada exclusiva da Vara do Trabalho, conforme artigo 2º, 4º, da Lei 5.584/70. Agravo de instrumento não provido. (TRT da 04ª Região, 3a. Turma, AIRO, em 22/07/2014, Desembargador Gilberto Souza dos Santos - Relator. Participaram do julgamento: Desembargador Ricardo Carvalho Fraga, Desembargadora Maria Madalena Telesca) Por derradeiro, não obstante haja referência à dispositivos constitucionais pelas partes em seus recursos, pela reclamada os artigos 5º, inciso II, XXXV, LIV e LV, e 8º, inciso IV, da Constituição Federal (fl. 118), e pelo autor o artigo 5º, inciso V, da Constituição Federal (fl. 126), a matéria objeto dos apelos restringe-se à natureza infraconstitucional, não se justificando o conhecimento dos recursos pela sua mera referência.

5 RO Fl. 5 Diante desse contexto, não se conhece dos recursos ordinários interpostos pelas partes, por incabíveis, na medida em que são de alçada exclusiva da Vara do Trabalho. PARTICIPARAM DO JULGAMENTO: DESEMBARGADORA MARIA MADALENA TELESCA (RELATORA) DESEMBARGADOR RICARDO CARVALHO FRAGA DESEMBARGADOR CLÁUDIO ANTÔNIO CASSOU BARBOSA