Taxonomia. Taeniidae ase, Cisticercose e Hidatiose Hospedeiros. Morfologia - Adulto. Morfologia Adulto
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- Maria das Neves de Miranda Fragoso
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1 Taxonomia Família Taeniidae ase, Cisticercose e Hidatiose Hospedeiros Filo Plathyhelminthes Classe Cestoda Família Taeniidae Gênero Taenia Taenia saginata Taenia solium Gênero Echinococcus Echinococcus granulosus Classe Cestoda Animais de corpo em forma de fita (geralmente), segmentado e provido, na porção anterior de um órgão de fixação (escólex), com estruturas adesivas. Todos são parasitas obrigatórios, ausência de tubo digestivo e presença de órgãos reprodutores bem desenvolvidos. São hermafroditas e larvas possuem 6 A teníase é uma doença parasitária causada pela presença das formas adultas de Taenia saginata e Taenia solium, popularmente conhecidas como solitária. Homem é o único hospedeiro definitivo: a teníase é um sério problema de saúde pública e é responsável também por perdas econômicas na atividade agropecuária. T.saginata 77 milhões de pessoas no mundo, T. solium 2,5 milhões de pessoas no mundo. Morfologia - Adulto Corpo alongado e constituído de segmentos, dividido em: Escólex (cabeça) Colo (pescoço) Estróbilo (corpo) Parasitas: T. saginata e T. solium homem é único hospedeiro definitivo. Cor branca, superfície lisa e brilhante.t. saginata: 4 a 12m, T. solium: 1,5 a 4m Morfologia Adulto Escólex: órgão de fixação na mucosa do intestino delgado. 4 ventosas: musculares, arredondadas e proeminentes, aspiram a parede intestinal permitem forte adesão. Presença de rostro (rostelo), provido ou não de espinhos, permitindo penetração mais profunda na mucosa intestinal. 1
2 Morfologia Adulto Morfologia Adulto Colo: zona de crescimento, células do parênquima encontram-se em intensa atividade multiplicadora. Permite que o corpo se alongue continuamente para, mais tarde, sofrer diferenciação. Estróbilo (corpo): formado por segmentos (anel ou proglote) contendo equipamento completo para a reprodução masculino e feminino. Genitais masculinos se desenvolvem primeiro, favorecendo fecundação cruzada entre proglotes diferentes ou entre indivíduos diferentes. Estrobilização é progresiva. Morfologia Adulto Proglotes recém formadas jovem Proglote madura: possui órgãos de reprodução desenvolvidos. Proglote grávida: possui o tubo uterino cheio de ovos. Os anéis costuma desprender-se espontaneamente do estróbilo (apólise). Morfologia Ovos: esféricos, 30μm camadaprotetora(embrióforo), embrião(oncosfera): duplamembranae3paresde. Embriãoqueabandonaoovo esfera provida de (oncosfera ou embrião hexacanto). *** Não é possível diferenciar os ovos das duas tênias. embrióforo oncosfera Morfologia - Ovos Taenia saginata Formas larvárias: produzem 1 ou mais escólex ( cabeças dos futuros indivíduos). Cisticerco: vesícula bem desenvolvida, somente um escólex invaginado no interior, presença de rostelo (T. solium) ou não (T. saginata). Escólex Proglotes Grávidas Cysticercus Quadrangular, sem rostro ou Muitas ramificações, tipo dicotômico C. bovis, escólex invaginado, sem rostro ou, longevidade curta, não causa cisticercose humana Hidátide ou cisto hidático: escólex se forma no interior de vesículas prolígeras (E. granulosus) correio.ff.ul.pt 2
3 Ciclo ingestão de cisticercos na carne crua ou malcozida Ciclo T. saginata eliminação de proglotes grávidas ovos liberados no solo ingestão de ovo embrionado, eclosão, migração para tecido, Ł cisticercos proglotes saem ativamente no intervalo das defecações proglote grávida verme adulto liberação no estômago maturação e aderência ao intestino delgado adulto: escólex com 4 ventosas Bovino ingere ovos eclosão e ativação do embrião por meio dos sucos gástricos e bile. Ł oncosfera livre penetra na parede do intestino - 4 dias Ł oncosferas entram na corrente circulatória Ł transporte para tecido conjuntivo nos músculos esqueléticos e cardíacos. Ł 10 semanas: cisticerco ingestão de carne crua ou mal cozida estômago suco gástrico cisticerco livre fixação do cisticerco no intestino delgado pelo escólex Ł Adulto Ł meses eliminação de proglote grávida até 80 mil ovos Ciclo T. saginata Transmissão Eliminação de proglotes Número de proglotes liberadas Longevidade no homem Com as fezes ou pela passagem anal (ativa). 8 a 9 proglotes Até 30 anos crescimento é mantido pelo colo produção contínua de novas proglotes. Gado Homem: ingestão de carne bovina crua ou mal cozida infectada com cisticerco (C. bovis). Homem Gado: contaminação do solo com fezes contendo ovos, ovos apresentam resistência ao ambiente externo. - Epidemiologia Tênias distribuição mundial, principalmente, em regiões onde há consumo de carne de porco ou boi, crua ou mal cozida. T. saginata: 40 milhões de portadores no mundo. T. solium: 2,5 milhões de portadores no mundo. Brasil: ampla distribuição da teníase Condições precárias de higiene e método de criação extensiva de animais maior chance de contato entre porco e dejetos. Deficiência nos serviços de inspeção de carnes: animais são abatidos, sem critério para descarte das carcaças contaminadas com cisticercos. Sintomas é freqüentemente assintomática: Infecção com T. saginata: sintomas dor, náusea, fraqueza, perda de peso (acelerado crescimento do verme: competição nutricional com o hospedeiro) maior freqüência: alterações na motricidade e secreção digestiva eosinofilia Ocasionalmente: penetração de proglote no apêndice apendicite obstrução intestinal pela massa do estróbilo 3
4 Taenia solium Ciclo Escólex Proglotes Grávidas Cisticercosa humana Globoso, com rostro e dupla fileira de Poucas ramificações, tipo dendrítico Sim C. cellulosae, escólex invaginado, com rostro e, alta longevidade, causa cisticercose humana ingestão de ovo embrionado, eclosão, migração para tecido, Ł cisticercos ingestão de cisticercos na carne crua ou malcozida liberação no estômago proglotes liberadas nas fezes maturação e aderência no Intestino delgado verme adulto proglote grávida adulto: escólex com 4 ventosas e rostro cisticercose research.amnh.org Ciclo T. solium Ciclo - T. solium eliminação de proglotes grávidas ovos liberados no solo Suíno ingere ovos eclosão e ativação do embrião por meio dos sucos gástricos e bile. Ł oncosfera livre penetra na parede do intestino - 4 dias Ł oncosferas entram na corrente circulatória Ł transporte para tecido conjuntivo nos músculos esqueléticos e cardíacos. Ł 10 semanas: cisticerco ingestão de carne crua ou mal cozida estômago suco gástrico cisticerco livre fixação do cisticerco no intestino delgado pelo escólex Ł Adulto Ł 2 meses eliminação de proglote grávida até 50 mil ovos Eliminação de proglotes Número de proglotes liberadas Longevidade no homem Passivamente, misturadas com as fezes 3 a 6 proglotes (cordão) Até 25 anos- crescimento é mantido pelo colo produção contínua de novas proglotes. Transmissão Sintomas Suíno Homem: ingestão de carne crua ou mal cozida. Homem Suíno: contaminação do solo com fezes contendo ovos, suínos têm hábitos coprófagos e entram em contato direto com os ovos (50 mil ovos/dia). menos evidente, verme e proglotes são menores, misturam-se com as fezes e são eliminadas. Verme adulto: não ocorrem complicações (apendicite ou obstruções) Gravidade: cisticercose 4
5 Cisticercose Humana Cisticercose Doença causada pela presença de cisticercos de T. solium em tecidos humanos. ingestão de ovos embrionados Manifestações clínicas dependem da localização e número de parasitos e seu estágio de desenvolvimento. proglote grávida ovos eclosão no intestino Doença crônica grave: localização no SNC ou globo ocular pelas manifestações, seqüelas ou mortalidade. cisticercos no olho cisticercos no músculo PATOLOGIA cisticercose oncosferas entram na corrente sangüínea e penetram nos tecidos Maior incidência: África, Ásia e Américas. cisticercos no cérebro Cisticerco embrióforo Hospedeiro perda dos, aumento de tamanho. oncosfera Vacuolização do centro, vesicula cheia de líquido, Invaginação para o centro, futuro escólex. Vias e Modos de Infecção Cisticercose: ingestão de ovos viáveis de T. solium: Heteroinfecção: via mais comum; ovos disseminados com fezes são veiculados pela água, alimentos contaminados ou mãos sujas do mesmo paciente. Auto-infecção externa: ingestão de ovos pelo próprio portador da teníase hábitos higiênicos inadequados. Auto-infecção interna: movimentos antiperistálticos ou vômitos proglotes grávidas chegam no estômago e, por ação dos sucos digestivos eclosão das larvas. Patogenia Penetração do cisticerco apresenta manifestações clínicas. Fixação do cisticerco aos tecidos: início do processo patogênico. Compressão mecânica e deslocamento do tecido pelo crescimento e localização do cisticerco Ł obstrução do fluxo de líquidos orgânicos. Processo inflamatório ao redor do cisticerco Ł patologia e clínica dependem do tamanho, fase de desenvolvimento e resposta imune. Neurocisticercose Reação local: processo inflamatório. Após a morte e degeneração do parasito, a liberação de Ag resposta imune - com formação de granuloma. Absorção do cisticerco e calcificação. Reações Gerais: cefaléia, ataques epileptiformes, desordem mental, hipertensão intracraniana. 5
6 Cisticercose ocular Cisticercose muscular Cisticerco alcança globo ocular e instala-se na retina. Crescimento: deslocamento da retina ou perfuração. cisticerco flutuando no olho Provoca poucas alterações. Cisticercos desenvolvem reação local, é envolvido por matriz fibrosa e tende a calcificar-se após a morte. Reação inflamatória: evolução natural é opacificação dos meios, desorganização intra-ocular, perda da visão. cisticerco próximo ao nervo óptico Em grande quantidade, podem provocar dor, especialmente na musculatura esquelética. cisticercos calcificados na perna Cisticercose - Diagnóstico Clínico: Localização no SNC/musculatura esquelética: Raio X - necessidade de calcificação para melhor visualização. Tomografia Laboratorial: Detecção de Ac anti-cisticercos no soro, líquido cefalorraquidiano, humor aquoso. Reação de fixação de complemento Hemaglutinação indireta ELISA Cisticercose - Tratamento Praziquantel: atua com eficiência sobre o cisticerco, causando sua morte eliminação de antígenos e formação de intensa reação inflamatória tratamento deve ser feito em ambiente hospitalar Remoção cirúrgica: quando número de cisticercos é pequeno e localização é favorável para intervenção. Reação cruzada com outras helmintíases é freqüente - Diagnóstico Clínico : freqüentemente assintomática infecção identificada pela explusão de proglotes ocorre 2 meses após a infecção. T. saginata: proglotes saem isoladamente, conseguem sair ativamente, forçando a passagem pelo orifício anal. - Diagnóstico Laboratorial Pesquisa de proglotes nas fezes: Tamisação: bolo fecal deve ser desmanchado em água e peneirado em malha fina para a retenção das proglotes. Diagnóstico de espécie: observação das ramificações uterinas nas proglotes grávidas: T. saginata T. solium T. solium: proglotes expulsas passivamente, como fragmentos do estróbilo. 6
7 - Diagnóstico Laboratorial Pesquisa de ovos na região perianal. Expulsão de proglotes pelo ânus compressão e liberação do conteúdo uterino - ovos aderem à pele. A aplicação de fita adesiva nesta região permite a obtenção dos ovos, que podem ser observados ao microscópio. Boa capacidade de detecção: > para T. saginata. Imunodiagnóstico: Hemaglutinação indireta e RIFI pouca sensibilidade. - Tratamento Niclosamida: atua no sistema nervoso da tênia, imobilização e eliminação com as fezes. Praziquantel Praziquantel: atua sobre cisticerco, seu uso não é recomendado quando há suspeita de cisticercose concomitante. Profilaxia Impedir o acesso do suíno e bovino às fezes humanas: educação sanitária, saneamento básico, Alerta da população para o consumo de carne crua ou mal cozida. Tratamento em massa dos casos humanos positivos. Inspeção sanitária na criação de animais e seleção de carnes para o consumo humano (Critérios OMS). 1 a 5 cisticercos- consumo após congelamento por 45 horas 6 a 20 cisticercos- enlatados e cozimento a 120 o C por 1h > 20 cisticercos: descarte Hidatidose Doença parasitária causada por cistos de Echinococcus. 3 espécies podem parasitar o homem: Espécie E. multilocularis E. vogeli E. granulosus Distribuição Ártico América do Sul Cosmopolita Hospedeiros definitivo Raposas e roedores Cães e pacas Canídeos e herbívoros Hidatiose Alveolar larva difusa, caráter infiltrante Policística- Cistos disseminados, Cística cisto unilocular Morfologia Adulto: Intestino delgado de cães (hospedeiro definitivo) escólex globoso, 4 ventosas, rostro com Colo curto, corpo formado por 3 a 4 proglotes Ovo: Subesférico, embrióforo espesso (casca) contendo embrião (oncosfera). proglótide madura escólex com ventosas e proglótide grávida Morfologia Cisto hidático: fígado e pulmões de ovinos, bovinos, suínos, caprinos, homem, etc. (hospedeiros intermediários). Ovo com embrióforo e oncosfera Cisto hidático presença de membrana anista membrana germinativa, preenchido por líquido Brotamento = vesículas prolígeras contendo protoescólex protoescólex livre formação de cisto hidático livre 7
8 Ciclo Transmissão Cão ingestão de vísceras de hospedeiros intermediários contendo o cisto hidático. Hospedeiro intermediário ingestão de ovos eliminados pelos cães infectados (pêlos cheios de ovos grande incidência em crianças) 2 ingestão de ovos 3 - liberação das oncosferas 4 formação de cistos Epidemiologia Epidemiologia E. granulosus: espécie mais importante: ampla distribuição geográfica. importância econômica devido perda de vísceras contaminadas de animais Parasito bem adaptado a animais domésticos (cães e ovinos, bovinos, suínos, etc). ciclo rural e urbano cão é principal fonte de infecção alimentação com as vísceras de animais contaminados. focos de hidatidose humana: criação de ovinos Neves, Parasitologia Humana, 10 a ed Patogenia Desenvolvimento silencioso, patogenia está relacionada com o número e localização dos cistos. Ação Mecânica: presença do cisto - compressão e função diminuída do órgão. Rompimento dos cistos: Liberação de grande quantidade de antígeno e elevada produção de IgE. Liberação de vesículas ou escóceles podendo originar novos cistos. Diagnóstico Clínico: Cães: não é utilizado vermes adultos não causam alterações sensíveis. Homem: difícil, falta de sintomas característicos. Laboratorial: Cães: aplicação de tenífugo e procura de vermes adultos nas fezes. Homem: Presença de anticorpos depende da localização e integridade do cisto. Para a detecção: ELISA ou hemaglutinação indireta seguida por confirmação com Imunoblot ou Imunodifusão. 8
9 Tratamento Equinococose: cães parasitados: praziquantel - acelerada eliminação dos vermes. Hidatidose humana: Cirurgia: retirada integral do cisto, cistos maiores do que 10cm e de fácil acesso. Albendazol Punção do líquido hidátido. Profilaxia Interrupção do ciclo evolutivo do parasito: Condições de criação de ovinos: abolir o uso de cães pastores. Proibir a alimentação dos cães com vísceras cruas de hospedeiros intermediários. Inspeção sanitária nas criações de ovinos incineração de vísceras de animais contaminados. Líquido hidátido: presença de numerosos protoescólices Tratamento em massa de cães em áreas endêmicas. Perspectivas Perspectivas J Parasitol Dec;89(6): Maravilla P et al. Detection of genetic variation in Taenia solium. J Clin Microbiol Feb;42(2): Yamasaki H et al. DNA differential diagnosis of taeniasis and cysticercosis by multiplex PCR. McManus et al., 2004 Genomas: melhor entendimento da relação parasito-homem novas estratégias de intervenção: identificação de novos alvos para drogas, genes de resistência a drogas, novos antígenos (proteômica e microarranjos permitem determinar expressão diferencial). Parasitol Res Mar;92(4): Stefanic S et al.. Polymerase chain reaction for detection of patent infections of Echinococcus granulosus ("sheep strain") in naturally infected dogs. Am J Trop Med Hyg Sep;69(3): Abbasi I et al. Copro-diagnosis of Echinococcus granulosus infection in dogs by amplification of a newly identified repeated DNA sequence. Resumo Cestoda Taenia saginata homem e boi teníase Taenia solium homem e porco teníase Homem pode ser hospedeiro intermediário cisticercose Echinococcus granulosus cão e ovelha hidatidose 9
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