ÍNDICE. Pré-Diagnóstico concelhio do Concelho de Ribeira de Pena
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- Guilherme Sales Sabala
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1 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 1/130 ÍNDICE Pré-Diagnóstico concelhio do Concelho de PARTE I - Enquadramento Geral 1. Introdução 7 2. Pobreza e Exclusão Social em torno de uma definição 8 3. As autarquias como palcos privilegiados para a resolução destes problemas Rede Social Contextualização Metodologia a adoptar 17 PARTE II Caracterização Geo-demográfica 1. História de Breve Caracterização do concelho de Demografia População Densidade Populacional Evolução Populacional Evolução da População por Sexos Evolução da População Por Grupos Etários Natalidade e Mortalidade Níveis de Instrução da População Taxa de Analfabetismo Taxa de Abandono Escolar 57
2 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 2/ Emigração/Imigração 61 PARTE III Caracterização Habitacional do Concelho 1 Família e Habitação 65 2 Alojamentos 68 3 Edifícios 71 PARTE IV Caracterização Sócio-económica do Concelho 1 Actividade Económica 75 2 Taxa de Desemprego 81 PARTE V Caracterização Socio-cultural do Concelho 1 Qualidade de vida 88 2 Protecção Social 91 3 Serviços Públicos e de Segurança 95 4 Transporte e Comunicação 96 5 Desporto 96 6 Turismo 97 7 Cultura Festas e Romarias no Concelho 103 PARTE VI Considerações Finais 1 - Algumas Questões para reflectir Identificação dos Principais Problemas Análise SWOT Conclusão Bibliografia 129
3 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 3/130 Índice dos Quadros Quadro nº1 - Caracterização Genérica da Sub-região do Tâmega Quadro nº2 - Caracterização Genérica do Concelho de Quadro nº3 - Distribuição da população por freguesias Quadro nº4 Evolução da População residente no concelho de (1996/2002) Quadro nº5 População residente entre 1991 e 2001 por freguesias Quadro nº6 - População residente e população presente entre 1991 e 2001 por freguesias Quadro nº7 - Evolução da população residente e presente no Norte e no Tâmega Quadro nº8 - Evolução da população residente por sexo Quadro nº9 - Evolução da população residente por sexo Na Região Norte e na Subregião do Tâmega Quadro nº10 - Evolução da população residente por grupo etário Na Região Norte e na Sub-região do Tâmega e Quadro nº11 - Número de nados vivos e de óbitos por freguesia Quadro nº12 Nível de Instrução da População por sexo no concelho de, do Tâmega e da Região Norte em 2001 Quadro nº13 - Estabelecimentos de Ensino, segundo o Ensino Ministrado em 2002/2003 Quadro nº14 - Estabelecimentos de Ensino Pré-escolar 2003/2004 Quadro nº15 - Estabelecimentos de Ensino do 1º Ciclo 2003/2004 Quadro nº16 - Alunos Matriculados, segundo o Ensino Ministrado, em 2002/2003 Quadro nº17 - Alunos Matriculados, segundo o Ensino Ministrado, em 2003/2004 Quadro nº18 - Pessoal Docente, segundo o ensino Ministrado, em Quadro nº19 - População Residente Segundo as Migrações (relativamente a 31/12/99), por Concelho de Residência Habitual (2001) Quadro nº20 - População Residente Segundo Zonas de Proveniência (relativamente a 31/12/99), por Concelho de Residência Habitual em 12/02/2001 no Tâmega Quadro nº21 - População Residente em 1991 e Quadro nº22 - População Residente, Famílias Clássicas, Famílias Institucionais e Núcleos Familiares Na Região Norte, Tâmega e Quadro nº23 - N.º de Famílias e Dimensão Média das Famílias Quadro nº24 - Número de Famílias Clássicas Residentes e Famílias Institucionais por freguesias do concelho em 2001
4 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 4/130 Quadro nº 25 - Número de Alojamentos Quadro nº26 - Alojamentos Colectivos/ Alojamentos Clássicos em 1991/2001 por Zona Geográfica Quadro nº27 Alojamentos Familiares/colectivos por freguesias em 2001 Quadro nº28 - Edifícios em 1991 e 2001 Por zona Geográfica Quadro nº29 - Nº Médio de Alojamentos por edifícios Quadro nº30 - População economicamente activa/população economicamente activa e empregada por Região e Sexo Quadro nº 31 - Códigos de Actividade Quadro nº32 - Sectores de actividades Quadro nº33 - População activa e emprega por CAE e por região Quadro nº34 - População activa empregada por sector de actividade Quadro nº35 - Comparação da Taxa de Desemprego em 1991 e 2001 por região Quadro nº36 - População desempregada por Sexo e Região Quadro nº37- População desempregada em 1991 por Sexo e Região Quadro nº38 - Indicadores de Qualidade de vida por Região Quadro nº39 - Indicadores de Qualidade de vida por Região Quadro nº40 N.º de Pensionistas por região demográfica em 2001 Quadro nº41 - Estabelecimentos da Segurança Social por Região Quadro nº42 - Indicadores de Saúde Pública por Região Quadro nº43 - Estabelecimentos de serviços Públicos e Comércio em Quadro nº44 - Transportes e Comunicações em Quadro nº45 - Infra-estruturas ao nível do desporto em Quadro nº46 - Alojamentos Turístico em Quadro nº47 - Infra-estruturas de Cultura e Lazer Quadro nº48 - Festas e Romarias realizadas no Concelho de Quadro nº49 - Feiras realizadas no Concelho de
5 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 5/130 Índice dos Gráficos Gráfico nº1 - Distribuição de áreas em km2 por freguesias no concelho de. Gráfico nº2 - Distribuição da População por Freguesias em Percentagem em 2001 Gráfico nº3 - Densidade Populacional por Hab/km2 Gráfico nº4 - População residente segundo grupos etários Concelho de Gráfico nº5 - Índice de Dependência dos idosos Concelho de Gráfico nº6 - Evolução entre 1991 e 2001 Por zona Geográfica Gráfico nº7 - Taxa de Natalidade e Mortalidade e Nupcialidade por zona Geográfica Gráfico nº8 - Índice de Envelhecimento/Taxa de Crescimento Natural Gráfico nº9 - Número de óbitos por sexo e por região Gráfico nº10 - Número de nados vivos por sexo e por região Gráfico nº11 - Indicadores demográficos por Região Gráfico nº12 - Taxa de Analfabetismo em 1991 e 2001 Gráfico nº13 - População Residente Analfabeta com 10 anos ou mais Gráfico nº14 Abandono Escolar por anos escolares Gráfico nº15 Percentagem de alunos face ao Sucesso/Insucesso 1º Ciclo Gráfico nº16 Percentagem de alunos face ao Sucesso/Insucesso 2º Ciclo Gráfico nº17 Percentagem de alunos face ao Sucesso/Insucesso 3º Ciclo Gráfico nº18 Percentagem de alunos face ao Sucesso/Insucesso Secundário Gráfico nº19- Profissões dos Pais/Encarregados de Educação Gráfico nº20 - Núcleo Familiares residentes nas Freguesias do concelho de Gráfico nº21- Número de alojamentos Colectivos em por Zona Geográfica Gráfico nº22 - Número de Alojamentos Clássicos em por Zona Geográfica Gráfico nº23 Nº de Edifícios por Freguesias Gráfico nº24 População Economicamente Activa por Sexo e Região Gráfico n.º 25 - Distribuição da população activa pelos sectores de actividade em Ribeira de Pena Gráfico nº26 - Distribuição da população activa pelos sectores de actividade no Tâmega Gráfico nº27 - Distribuição da população activa pelos sectores de actividade no Norte Gráfico nº 28 - Distribuição da População desempregada por sexo e por região Gráfico nº29 - População Desempregada à procura de novo emprego por Sexo e Região Gráfico nº30- População Desempregada à procura do 1º Emprego por Sexo e Região
6 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 6/130 PARTE I ENQUADRAMENTO GERAL Um bom diagnóstico é o garante da adequabilidade das respostas às necessidades locais, bem como da eficácia de qualquer projecto de intervenção. In Guerra, Isabel; Amorim Alexandra, Construção de um Projecto, U.M 47, PROFISS/ISSS, p. 6.2
7 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 7/ INTRODUÇÃO Este relatório inicial pretende dar a conhecer da situação territorial e sócio-económica do concelho de no âmbito do programa Rede Social. O programa Rede Social foi criado pela Resolução do Conselho de Ministros nº 197/97, de 18 de Novembro, tendo como objectivo central combater a Pobreza e a Exclusão Social numa perspectiva de promoção do desenvolvimento social. Posto isto, a Rede social surge como uma ferramenta de trabalho fundamental para a realização de um plano estratégico integrado e sistemático que visa a articulação de esforços e de recursos dos vários agentes locais do concelho, canalizando a sua intervenção para o desenvolvimento local, pondo de parte as perspectivas sectoriais de acção. Nesta medida a Rede pretende ser um palco de intervenção social entre os vários parceiros de forma a desenvolverem projectos de acção articulados de maneira a poder evitar acções isoladas e por vezes sobrepostas. O processo de implementação da rede pressupõe a adopção de uma metodologia de planeamento integrado transversal a todas as etapas de trabalho: no pré-diagnóstico, no Diagnóstico Social concelhio, no Plano de Desenvolvimento Social (PDS) e no Plano de Acção. A Rede Social do concelho de neste momento encontra-se na primeira fase do programa, no Pré-diagnóstico. Este pretende ser um documento de preparação à etapa que se segue, através deste pretende-se realizar os levantamentos de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças do concelho de de modo a permitir delinear estratégias e possíveis intervenções concertadas. No fundo trata-se de uma recolha e sistematização de informação relativa ao concelho em causa tendo por base uma análise mais quantitativa. Para a recolha dos dados recorreu-se a variadas fontes nomeadamente a Câmara Municipal de, Instituto Nacional de Estatística (INE), Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), Segurança Social. Cabe ainda acrescentar, que esta primeira fase está sujeita a constantes correcções e aperfeiçoamentos conduzindo deste modo ao Diagnóstico Social Concelhio
8 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 8/ POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL EM TORNO DE UMA DEFINIÇÃO. Morrer de fome é característico e algumas pessoas que não têm alimentos suficientes para comer. Não é característico de não haver alimentos suficientes para comer. Amartya Sem, Pobreza e Fomes, Lisboa Terramar, 1999, p. 11. A pobreza e a exclusão social embora não sendo fenómenos recentes, têm vindo a surgir nas nossas vidas a um ritmo acelerado. Não se pode esconder a pobreza e muito menos ignorá-la. Actualmente, ela é sentida como uma ferida no coração de cada sociedade. O conceito de Exclusão Social é mais recente entre nós e tende a ser associado sempre ao conceito de pobreza. Apesar de estes dois conceitos estarem intrinsecamente ligados e até serem complementares entre si, tratam-se de conceitos perfeitamente distintos. Quando estás a decidir seja o que for, põe diante dos teus olhos o mais pobre dos pobres que encontraste e pergunta a ti mesmo e essa decisão vai ajudá-lo. Se a resposta for afirmativa, então toma sem hesitar essa decisão. (Pintassilgo:1997:54). Neste medida o conceito de pobreza assenta em pressupostos de cariz excessivamente economicista e monetarista das condições de vida dos indivíduos ou do grupo onde se encontram inseridos. O conceito prende-se com a privação de recursos materiais que afectam as populações mais vulneráveis como sendo desempregados ou mal remunerados, entre outros, tendo como pano de fundo um processo de pauperização dos indivíduos ou dos grupos. Como o sociólogo Eduardo Rodrigues defende, A pobreza será a forma mais extremada da desigualdade social, facilitando o alargamento do fosso entre os grupos socais, ou seja, promovendo o aumento da polarização social. Por seu lado a Exclusão Social associase a um processo de cariz mais estrutural onde ocorre uma quebra dos laços sociais o que se traduz por sua vez numa forte dependência do assitencialismo do Estado. Assim sendo a exclusão social resume-se a um processo de ruptura com a sociedade civil. Este processo pode conter dois momentos distintos. Num primeiro momento, marcado pela ausência de recursos básicos (Recursos económicos, culturais, sociais e simbólico) que influenciam as
9 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 9/130 camadas da população mais marginalizadas, nomeadamente os toxicodependentes, os semabrigo, os desempregados de longa duração, imigrantes, entre outros, num segundo momento esta quebra é encarada como consequência de processos de estigmação/marginalização que afectam grupos sociais específico, como as minorais étnicas. Os excluídos são os indivíduos ou familiares que acumulam um conjunto de riscos, de dificuldades ou handicaps que os conduzem à pobreza económica, ao enfraquecimento dos laços familiares e sociais, ao descrédito social e mesmo à perda de laços identitários. (Townsend:1997:34-35). Tendo plena consciência que não existe uma receita milagrosa para o flagelo da pobreza e da exclusão social, contudo existem métodos e formas que quando accionados podem minorar este flagelo. Não sendo a pobreza uma realidade estática decorre em larga medida de um processo de caracter social, económico e político. O caminho para combater este fenómeno tem várias etapas, e confronta-se com alguns constrangimentos necessitando para tal de respostas diversificadas. Estes fenómenos ultrapassam o caracter meramente económico da noção de pobreza e tendem a incluir para além deste, as manifestações sociais e psicológicas das exclusões, manifestadas em vários tipos de privações nomeadamente a ausência de educação, degradação das condições de habitação, deteoriração das condições de saúde, perda de apoio familiar, o não envolvimento na vida social, a falta de oportunidades de trabalho, ausência de qualificação profissional carência de hábitos de higiene, situações de deficiência, focos de violência e marginalidade, tráfico de drogas, e formas diversas de mendicidade entre outras. Estes são resultado de uma alteração no processo de socialização, que tende a desqualificar socialmente grupos particularmente desfavorecidos, e igualmente um processo cumulativo de vulnerabilidades nas mais variadas áreas, nomeadamente na saúde, na habitação, no emprego, na educação, e na formação, daqui resulta portanto que este fenómeno seja encarado como um fenómeno multidimensional. Sendo a pobreza um fenómeno multidimensional que exige sempre uma resposta também multidimensional. Estes fenómenos sociais como já foi dito anteriormente tendem a afectar particularmente aqueles que estão mais expostos, isto é: os jovens com baixas qualificações, reformados com
10 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 10/130 baixas pensões, famílias com baixos rendimentos, desempregados, imigrantes, toxicodependentes, sem-abrigo, entre outros. Tendo plena consciência que estes fenómenos sociais podem resultar de vários factores e que tocam diferentes sectores da sociedade como o económico, o social, o cultural, o ambiental torna-se cada vez mais premente articular e compatibilizar todas as políticas sectoriais de nível local, regional e nacional de forma combatê-los eficiente e eficazmente. Torna-se cada vez mais impossível olhar com indiferença para o facto de uma grande maioria da população humana de manter afastada dos resultados do progresso e do desenvolvimento económico. A realidade e a grande conclusão a que podemos chegar, é que o crescimento económico por si só não diminui mas antes pelo contrário, aumenta o número de pobres. Acreditar hoje que as respostas crescimentistas serão uma possível resposta a problemas de pobreza e exclusão social entra em verdadeiro colapso. Tal como defende Elza Chambel, Comissária Regional do Sul da Luta Contra A Pobreza, Um pobre não tem apenas carências de bens materiais, está razoavelmente fora de jogo, sentese inútil e sem referências e como tal é excluído e exclui-se socialmente, não faz uso dos direitos sociais e não exerce, inúmeras vezes o direito de cidadania. (Chambel:1997:47). Podemos concluir dizendo que, não obstante a todos os esforços feitos no sentido de minorar este problema, a pobreza, esta continua a dizimar a vida de milhões de pessoas. Entrar no ciclo da pobreza é como uma espiral que vai danificando a possibilidade de a superar. Assim esta assume-se como cumulativa na medida que o pobre, para além de não ter rendimento para viver não tem habitação, emprego, acesso a saúde ou a banca de crédito. É um processo hereditário porque as crianças que nascem no meio da pobreza carregam consigo um estigma que as rotula para uma pobreza ainda maior. E por último, figura-se como autodestruidora/humilhadora ao permitir que a pessoa pobre fique apreensiva em relação aos serviços públicos, sente receio da humilhação, e caba por perder a auto-estima e a sua dignidade enquanto pessoa. Enfim, por tudo isto, temos plena consciência que o fenómeno da pobreza e da Exclusão Social é um processo complexo e multidimensional que afecta grupos sociais que vivem situações de desarticulação relativamente ao funcionamento da sociedade. A existência de bolsas de pobreza e de situações sociais graves, conduz a implementação de acções socais
11 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 11/130 importantes por parte de alguns actores sociais de desenvolvimento social, no sentido de vitalizar determinados territórios, onde estes fenómenos são cada vez mais prementes e cada vez mais encarados como verdadeiras epidemias. A consciencialização para a necessidade de agir e lutar contra estas epidemias que atingem de diferentes maneiras cada um de nós, desencadeou um especial interesse por parte do Ministério da Segurança Social e do Trabalho e em particular do Instituto de Solidariedade e Segurança Social, para a criação de um projecto que permitisse atenuar estes problemas sociais, assim como apelar para a activação de agentes de resposta e solução na concretização destes problemas. E neste contexto que surge o programa Rede Social. Este programa assume-se essencialmente como meio de racionalizar formas de intervenção social e de articulação das diferentes instituições (podendo ser elas públicas ou privadas) e parcerias locais dentro de uma perspectiva territorializada. Este programa nacional caracteriza-se por ter uma componente territorial de intervenção, pois é a nível local que os problemas surgem, e é como base neles que deverão ser encontrados as soluções para os resolver, de forma integrada e ajustada às reais necessidades e problemas dos indivíduos e/ou famílias envolvendo para tal todas as entidades que actuam em determinada comunidade e as sinergias locais existentes. 3 - AS AUTARQUIAS COMO PALCOS PRIVILEGIADOS PARA A RESOLUÇÃO DESTES PROBLEMAS Tal como já foi referido anteriormente, a Exclusão Social é um fenómeno social complexo, não se limitando apenas a questões de rendimentos insuficientes, as suas causas são múltiplas e manifestam-se nas mais variadas áreas como: a habitação, acesso a serviços básicos, educação, cultura entre outros. Tendo cada vez mais plena consciência de todas as alterações da sociedade moderna, e porque se pretende que este século XXI seja mais justo e solidário, torna-se premente desenvolver políticas e estratégias de intervenção social que tenham por base o princípio da complementaridade, e na conjugação de esforços e parcerias que permitam um combate eficaz a este flagelo da pobreza.
12 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 12/130 O concelho de tem vindo a desenvolver algumas experiências de trabalho em parceria, nomeadamente através da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, do Rendimento Mínimo Garantido e do Projecto Vento Solidário - Projecto de Luta contra a Pobreza, (que tem como objectivo a atribuição de apoios a recuperação de habitação para os agregados familiares mais carenciados do concelho de ). Tem-se verificado através destas experiências, a partilha de iniciativas, bem como a rentabilização de esforços como formas adequadas para a consciencialização dos problemas e por consequente para a resolução dos mesmos. Sendo as autarquias o poder mais próximo das comunidades locais, este vem-se afirmando progressivamente e assumindo papel de relevo na resolução dos problemas concretos das populações, na medida em que, as autarquias locais se caracterizam-se como espaços privilegiados de expressão das necessidades e aspirações dos cidadãos, sendo por este motivo quem melhor poderá controlar os recursos endógenos, as carências e as próprias especificidades de cada comunidade. As tarefas das autarquias de hoje são muito mais exigentes do que outrora, no sentido de promover a qualidade de vida das populações tornando-se premente o incentivo da participação democrática no processo de desenvolvimento. O poder local é cada vez mais chamado a intervir nos mais diversos domínios. Desde à cultura, ao desporto, ao ambiente, são áreas que giram à volta das actividades autárquicas. As Autarquias, dada a sua estreita ligação que mantém com as populações que as situam quer a um nível institucional e territorial, não podem voltar as costas aos problemas que mais afectam as comunidades locais. Conforme é reconhecido publicamente pelas próprias populações e pelas diferentes forças políticas e sociais, apesar dos seus recursos financeiros limitados e da sua imposta autonomia administrativa, as autarquias locais estão conscientes dos seus diferentes consagrados na própria constituição e na legislação ordinária e sabem muito bem da resolução dos problemas do país. (Ribeiro, 1992:41) A vontade e a necessidade de responder de uma forma mais imediata e mais eficaz às necessidades locais, conduzem ao estabelecimento de grandes diálogos com associações existentes e as comunidades locais.
13 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 13/130 Mas, não podemos deixar de fazer referência ao poder do Estado como coordenador no desenvolvimento local do país, que surge da necessidade de colmatar as desigualdades territoriais e as assimetrias regionais desencadeadas ao longo da história. Torna-se necessário dotar o Poder Local com meios técnicos e recursos humanos capazes de dar resposta aos verdadeiros problemas locais. Hoje em dia, é cada vez maior a importância atribuída ao Poder Local. O Poder Local tem sido um forte impulsionador dos processos de desenvolvimento nas comunidades locais. Torna-se cada vez mais patente o esforço e o empenhamento desempenhado pelas Câmaras Municipais em dotar os municípios de infra-estruturas básicas necessários à promoção da qualidade de vida das pessoas. Grande parte das responsabilidades dos destinos das regiões está dependente dos seus agentes (que podem ser públicos, privados, associativos ou voluntários) aos quais, em conjunto, cabe a responsabilidade de prever o futuro da região onde se inscrevem. As Autarquias neste processo tem um papel primordial, cada vez mais estas, reivindicam maior autonomia face ao poder central. Novos desafios são colocados às Autarquias que não passam apenas pela criação da rede de água ou de esgotos, mas antes desafios que exigem resoluções mais eficazes. Estes novos desafios requerem melhores planeamentos, desenvolvimento de projectos com metodologias mais participativas que não se limitem apenas às esferas materiais mas também às esferas imateriais. Estes novos desafios desencadeiam também uma maior solicitação da intervenção autárquica ao mesmo tempo que exigem ao Poder Local formas inovadoras de organização e de adequação aos problemas das próprias comunidades locais. Surge assim, nas Câmaras e nas Juntas de Freguesia uma necessidade de reorganização, procurando no seu interior os recursos, os meios e as pessoas que mais serão capazes de dar resposta aos novos desafios que enfrentam. Enquanto tal, o desenvolvimento local não passa só pelas melhorias das infra-estruturas e dos equipamentos, com o auxílio do Diagnóstico Social, desenvolver as potencialidades existentes na região de maneira a proporcionar uma melhoria do bem-estar da comunidade local em questão.
14 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 14/ REDE SOCIAL CONTEXTUALIZAÇÃO O concelho de, não fugindo muito ao cenário nacional, é pautado por alguma complexidade geográfica e sócio-demográfica. Caracteriza-se pela existência de alguns estrangulamentos e fraquezas de cariz territorial e social nem sempre com uma resolução simples, dificultado por vezes pelo trabalho isolado que vai sendo desempenhado pelos vários agentes socais do concelho. Foi atendendo a esta problemática, que surgiu o programa Rede Social, de âmbito nacional, de maneira a promover estratégias integradas e sustentadas de forma a minorar os problemas ao nível concelhio. Este programa nacional caracteriza-se por ter uma componente territorial de intervenção, pois é a nível local que os problemas surgem, e é com base nele que deverão ser encontradas as soluções para os resolver, de forma integrada e ajustada às necessidades e problemas dos indivíduos e/ou famílias envolvendo para tal toas as entidades que actuam no concelho. A Resolução do Conselho de Ministros (RCM) n.º 197 de 18 de Novembro de 1997 define a Rede Social como Fórum de articulação e congregação de esforços entre as diferentes entidades públicas ou privadas que livremente aderiram tornado-se parceiras com objectivo de combater a pobreza e a exclusão social tendo em vista a promoção do desenvolvimento social. Assim sendo, a Rede Social deverá ser vista como um espaço de afirmação de parcerias que levarão ao surgimento de um plano estratégico bem estruturado e realizado onde serão identificados e elencados os recursos existentes no concelho, quer públicos quer privados. Neste sentido torna-se premente promover a territorialização da intervenção social, nomeadamente através da criação de redes de parcerias e da partilha de responsabilidades a fim de permitir mobilizar os recursos e as competências existentes, e contribuir para a promoção de projectos de acção colectivos. Deste modo, quando se fala em Rede Social fala-se de uma nova maneira de trabalhar onde se faz um apelo à participação de todos os intervenientes locais e à congregação dos recursos de todos, onde todos possam estar informados sobre o que se está a fazer e que caminhos tomar para a resolução de problemas concretos locais.
15 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 15/130 A participação apela a um compromisso entre todos os intervenientes de um processo e muito especialmente a quem se destina. (Guerra:1999:4.3). A consciêncialização pessoal e colectiva para os problemas sociais torna-se premente, visto que estes devem ser encarados como um problema de todos e para todos. Remetendo-nos para a Resolução de Ministros n.º 197/97 de 18 de Novembro, Acção Social tal é defino no ponto 6, deve incidir a sua acção no apoio a grupos sociais mais vulnerais, a situações de pobreza e exclusão social nomeadamente a famílias carências sendo que a realidade do nosso concelho, é que muitas destas famílias para além de possuírem más condições de habitabilidade possuírem também um conjunto de handicaps económicos, sociais e culturais que se revém em problemas como a falta de emprego, famílias monoparentais problemas de alcoolismo, violência doméstica, entre outros. Por todos estes motivos, estas famílias usufruem do Rendimento Social de Inserção (RSI) anteriormente denominado de Rendimento Mínimo Garantido (RMG). Posto isto, o grande desafio que se coloca à Rede Social em será colmatar um conjunto de problemas: Pobreza e exclusão social; Existência de problemas sociais não identificados; Inexistência de uma articulação entre os parceiros com intervenção no mesmo território; Duplicação de esforços e recursos por parte dos parceiros com os trabalhos individualizados. Tendo presente todos estes problemas a Rede Social, definiu como objectivos estratégicos os seguintes: Implementação de uma nova cultura de parceria efectiva e dinâmica (e não sectorializada); Desenvolvimento de dinâmicas de planeamento estratégico (através nomeadamente dos Diagnósticos, Plano de Desenvolvimento Social e do Plano de Acção); Garantia de uma maior eficácia e rapidez no conjunto de respostas aos problemas locais;
16 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 16/130 O programa assenta em vários princípios de acção que deverão, e poderão, ser aplicados no concelho. Falamos no Princípio de Subsidiariedade que se materializa através da procura de respostas próximas das populações racionalizando sempre que possível os recursos locais agir localmente ; O Princípio da Integração na medida de encontrar intervenções integradas para os problemas multidimensionais apelando à participação dos vários sectores e agentes sociais; O princípio da Articulação desenvolve-se através da promoção de acções concertadas entre as várias entidades, de projectos e medidas impedindo lacunas e sobreposições de acções; Cabe ainda acrescentar que a viabilidade destes princípios depende em boa medida da efectiva participação e implicação de todas as entidades e populações locais, é nesta medida que assenta o Princípio da Participação;. Por último, o Princípio da Inovação traduz-se na adopção de metodologias de trabalho flexíveis descentralizadas e desburocratizadas que motivem a participação das comunidades locais.
17 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 17/ MEDOLOLOGIA A ADOPTAR A metodologia é um instrumento que nos vai permitir fazer a selecção dos métodos e técnicas a ter em conta mediante o nosso objecto de estudo, de maneira a atingir os objectivos inicialmente propostos. A grande questão que se coloca será: Num estudo tão generalista, como poderemos definir o principal objectivo deste trabalho? A resposta vem de encontro aos objectivos traçados pelo Pré-diagnóstico. Isto é, neste primeiro estudo exploratório pretende-se fazer uma primeira aproximação e compreensão da realidade do concelho de, assim como dos seus reais problemas, necessidades e recursos disponíveis. No fundo, tem em vista travar um primeiro contacto com o espaço alvo de modo a captar indicadores que permitam caracterizar esse espaço. A metodologia adoptada permitiu-nos conhecer com maior detalhe as variadas áreas e problemáticas sentidas no concelho, mediante a observação e análise de indicadores quer qualitativos quer quantitativos. Assim num primeiro momento, recorremos à pesquisa indirecta, isto é, à análise documental e a informações já existentes sobre o concelho. Uma das fontes utilizadas para o efeito foram algumas publicações do Instituto Nacional de Estatística referentes aos Censos de 1991 e 2001 para podermos proceder a uma análise comparativa. Através da sua análise permitiu-nos construir instrumentos de síntese, nomeadamente gráficos e tabela referentes à caracterização sócio-demográficos e residencial do concelho, que foram sendo interpretados e analisadas à medida que iam sendo introduzidas à medida que se construía o Prédiagnóstico. Deste modo, foram tratados indicadores desde a densidade populacional, evolução da população desde 1981 até aos últimos censos (2001); assim como a sua caracterização ao nível do sexo, o grupo etário, nível de instrução, educação, a tipologia familiar, alojamentos e edifícios, cultura e condições sociais; e indicadores como a saúde, economia e turismo. Paralelamente, foram também analisados dados sobre as condições de vida da população residente perante a actividade económica, passando pela visualização da distribuição da população economicamente activa e empregada por grupo de actividades económicas.
18 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 18/130 Cabe ainda acrescentar, a que esta base de dados foram acrescentados alguns conceitos que na nossa opinião se mostraram pertinentes permitindo desta forma contextualizar melhor os nossos leitores, com o recurso a visualização de quadros e gráficos onde se interligam várias variáveis com os totais por cada área geográfica. Os áreas tratadas para este primeiro diagnóstico foram as seguintes: o concelho de, o Tâmega e a Zona Norte a fim de podermos realizar uma análise comparativa. Posto isto, cabe ainda salientar que a caracterização socio-demografica feita ao nível do concelho nos permitiu realizar a primeira impressão relativamente aos recursos, fragilidades e prioridades de intervenção no concelho. Para tal utilizamos a chamada análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats) que em português se designada por Análise F.0.F.A. (Forças, Oportunidades, Fraquezas, Ameaças). Com esta análise pretende-se aportar vários problemas detectados no concelho quer na sua vertente mais positiva quer na negativa, sendo este o principal objectivo pretendido com este Pré-diagnóstico Social e, posteriormente, para a realização do Diagnóstico Social e dos Planos Estratégicos de Acção. Até ao momento esta recolha de informação descrita em cima foi da responsabilidade do Núcleo Executivo. A realização deste Pré-diagnóstico Social Concelhio decorreu entre Novembro de 2004 e Fevereiro de 2005.
19 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 19/130 Tabela 1 Discriminação da população Alvo Grupos População Alvo Discriminação Total Parceiros constituintes da CLAS de Ribeira de Pena Entidades do Concelho de Município de Presidente Dr. Agostinho Pinto; Santa Casa da Misericórdia de Provedor João Pereira; Irmandade Nossa Senhora Misericórdia de Cerva Provedor Joaquim Albertino da Costa; Centro Distrital de Solidariedade e segurança Social de Vila Real (Dra. Armandina Cruz) Centro de Saúde de Ribeira de Pena (Dr. Paulino Rodrigues) Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco de (Prof. João Leite) Instituto de Emprego e Formação Profissional de Basto (Dr. Joaquim Carvalho Oliveira) Agrupamento Vertical das Escolas de (Prof. Ana Paula da Costa) Agrupamento Vertical das Escolas de Cerva (Prof. Carlos Neto); Guarda Nacional Republicana de ; Guarda Nacional Republicana de Cerva. 410 Entidades
20 Pré-Diagnóstico Social Concelhio 20/130 Grupos População Alvo Discriminação Total Parceiros constituintes da CLAS de Ribeira de Pena Juntas de Freguesias Junta de freguesia de Alvadia; Junta de Freguesia de Salvador; Junta de Freguesia de Limões; Junta de Freguesia de Canedo; Junta de Freguesia de Cerva; Junta de Freguesia de Santo Aleixo; Junta de Freguesia de Santa Marinha 47 Freguesias Grupos População Alvo Discriminação Total Parceiros constituintes da CLAS de Ribeira de Pena Párocos do Concelho de Reverendo Pároco da freguesia de Alvadia; Reverendo Pároco da freguesia de Limões; Reverendo Pároco da freguesia de Cerva; Reverendo Pároco da freguesia de Salvador; 44 Párocos Grupos População Alvo Discriminação Total Parceiros constituintes da CLAS de Ribeira de Pena Entidades associações Concelho e de Associação Portuguesa de Apoio à Vitima APAV de Vila Real (Dra. Elisa Brites) Centro Social Paroquial de Limões (Pároco Joaquim Costa) Grupo Desportivo de Ribeira de Pena (Manuel Costa) Associação de pais e encarregados de Educação) Grupo de tecelagem de Limões (Maria Ester) Associação Pisão Louredo (Daniel Cardoso); Agrupamento 689 da CNE (Escuteiros) 413 Entidades
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