O Advogado-Geral Adjunto do Estado, Dr. Roney Luiz Torres Alves da Silva, proferiu no Parecer abaixo o seguinte Despacho: Aprovo.
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- Lavínia Azambuja Salgado
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1 O Advogado-Geral Adjunto do Estado, Dr. Roney Luiz Torres Alves da Silva, proferiu no Parecer abaixo o seguinte Despacho: Aprovo. Em 25/08/2010 Procedência: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais (IO-MG) Interessado: Álvaro Godoy Penido Parecer n.: Data: 25 de agosto de 2010 Ementa: AUDITOR SECCIONAL LOTADO NA IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS (IOMG) PLEITO PARA CONCESSÃO DE BOLSA PELA IOMG PARA REALIZAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO MBA EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DECRETO ESTADUAL N /2006 PERTINÊNCIA ENTRE O CONTEÚDO DO CURSO E AS ATRIBUIÇÕES DO CARGO NÃO DEMONSTRADA INVIABILIDADE DE CONCESSÃO DA BOLSA NECESSIDADE DE MANIFESTAÇÃO DA AUDITORIA GERAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS (AUGE), POR FORÇA DA SUBORDINAÇÃO TÉCNICA. RELATÓRIO Trata-se de consulta encaminhada a esta Consultoria Jurídica da Advocacia Geral do Estado (CJ-AGE) pela Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais (IOMG), visando a obter orientação acerca da possibilidade de custear curso de pós-graduação para servidor público. No encaminhamento da consulta, feito pelo Diretor Geral da IOMG destacou-se que a IOMG é um órgão atípico dentro do contexto governamental, o que justificaria o custeio da pós-graduação para o servidor, considerando-se essencial para o desenvolvimento do exercício de cada atividade fim, pois a especialização desponta como essencial para sua existência e sobrevivência, visto a rapidez com que avança a tecnologia, sobrepondo-se a cada momento ao que acreditava-se como o que de mais avançado havia.
2 Acompanha a consulta o processo de inexigibilidade n. 03/2010 da IOMG, relativo ao curso. Neste processo há o pedido de contratação do serviço referente ao curso pretendido Pós graduação em Gerenciamento de Projetos com ênfase em Tecnologia da Informação, com o custo estimado para o Poder Público de R$9.434,00, referente a 50% do valor do curso. Tal pedido contou com aprovação de setores competentes da IOMG, conforme documento de fl. 01. O servidor, por sua vez, preencheu requerimento para participação em curso (fl. 02), justificando sua pretensão: aprimoramento e capacitação profissional na área de projetos de TI, com o objetivo de desenvolver e implementar no âmbito da IOMG, a Auditoria de TI, como ferramenta de gestão para reduzir custos: contribuir para a conscientização dos gestores públicos na governança de TI e da segurança da informação, além de assessorar a diretoria nas decisões envolvendo TI e dar suporte no planejamento e alinhamento estratégico do órgão nas suas atividades relacionadas a TI e contratações de bens e serviços nessa área. Neste requerimento foi aposta manifestação favorável ao seu deferimento pela Gerência de Recursos Humanos. O servidor interessado na realização do curso firmou termo de compromisso à fl. 03, posteriormente, manifestou-se às fls. 30/31, trazendo mais informações sobre o curso pretendido e afirmando que, por optar pela realização de um módulo internacional, o percentual a ser pago pelo Estado seria de apenas 39,10% do total. À fl. 40, manifestou-se a Gerência de Compras. Foi o processo de inexigibilidade analisado na Procuradoria Jurídica da IOMG, tendo sido exarado o Parecer n. 399/2010, no qual asseverouse, em suma: a situação em questão, concessão de bolsa de estudos ao servidor, enquadra-se na hipótese do art. 25 da Lei n /93, ou seja, trata-se de inexigibilidade de licitação, visto que não há a possibilidade de o servidor ser matriculado em curso diverso do pretendido;
3 verifica-se que o serviço educacional somente pode ser prestado pela instituição na qual o servidor fora aprovado no processo de seleção. O que evidencia a exclusividade do serviço; a matéria é disciplinada pelo Decreto n /2006, que institui a política de desenvolvimento dos servidores públicos civis da Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo estadual, e pela Resolução SEPLAG n. 027/2007; segundo esta disciplina, a concessão da bolsa está diretamente vinculada ao benefício que o conhecimento obtido trará ao servidor e aos serviços prestados à IOMG; a concessão da bolsa visa a capacitar o servidor em temas alinhados aos objetivos e metas dos órgãos e entidades; o servidor interessado é servidor da Auditoria Geral do Estado e encontrase em exercício na IOMG, atuando como auditor; essa Procuradoria entende ser incompatível a atividade que vem sendo exercida pelo servidor com o conteúdo do curso que se busca a concessão da bolsa de estudos, qual seja, gerenciamento de projetos com ênfase em tecnologia da informação; o que culmina no não atendimento dos dispositivos legais anteriormente transcritos; ainda em referência ao conteúdo do Decreto n //2006 frisa-se que a concessão de bolsa de estudo deverá estar prevista no Plano Anual de Desenvolvimento dos Servidores PADES, o qual deverá contemplar as ações de desenvolvimento a serem implementadas, contudo, tais informações não foram anexadas ao processo em voga, o que deverá ser solicitado perante o setor competente; o gasto estaria vedado pela Resolução Conjunta SEGOV-AGE n. 002/2010; analisados os aspectos jurídicos do presente instrumento, conclui-se que em atendimento aos dispositivos legais ora mencionados, há óbice legal à concessão da bolsa requerida.
4 encaminhou a indagação à CJ. Em face deste Parecer, o Diretor-geral da IOMG PARECER Observa-se que a questão a ser respondida refere-se à viabilidade jurídica de concessão de bolsa de estudos a servidor público estadual, não se confundindo com a forma da contratação da instituição de ensino que oferece o curso pretendido. Consoante salientado nos documentos que vieram com a consulta o servidor Álvaro Godoy Penido encontra-se prestando serviços junto à IOMG, sendo servidor efetivo da Auditoria Geral do Estado (AUGE), detentor do cargo de Auditor Seccional. Por sua vez, o curso pretendido é uma Pós- Graduação em Gerenciamento de Projetos com ênfase em Tecnologia da Informação, ministrado pela Função Getúlio Vargas. Segundo informam órgãos da IOMG, com exceção da Procuradoria Jurídica, estariam preenchidos os requisitos para a concessão da bolsa. À fl. 02 verso, a Gerência de Compras informa que o pedido atende aos requisitos legais. No mesmo documento, a Gerência de Recursos Humanos opina favoravelmente ao pedido e assevera que o curso do servido enquadra-se na política de elevação da escolaridade dos servidores da IOMG, com previsão orçamentária e financeira. Segundo estas informações, têm-se como preenchidas, pelos setores de compras e de recursos humanos, as exigências para a concessão da bolsa. Por outro lado, a análise jurídica apontou a carência de fundamento legal para esta concessão, em primeiro lugar pela seguinte razão: essa Procuradoria entende ser incompatível a atividade que vem sendo exercida pelo servidor com o conteúdo do curso que se busca a concessão da bolsa de
5 estudos, qual seja, gerenciamento de projetos com ênfase em tecnologia da informação; o que culmina no não atendimento dos dispositivos legais anteriormente transcritos. De fato, não se encontra nos autos a demonstração da articulação necessária entre as atribuições, atividades e responsabilidades do cargo ocupado pelo servidor interessado e o conteúdo do curso, ou seja, não resta inequívoco como e por que o curso é importante e útil para a formação do servidor e para o melhor desempenho das tarefas que cumpre junto ao Estado. Neste ponto, cabível a citação de alguns dispositivos do Decreto estadual n /2006, que disciplina a matéria: Art. 4º São finalidades da Política de Desenvolvimento dos Servidores Públicos Civis: I - capacitar o servidor em temas alinhados aos objetivos e metas dos órgãos e entidades; II - valorizar o servidor por meio de sua capacitação permanente; III - aprimorar as competências do servidor; IV - adequar o quadro de servidores aos novos perfis profissionais requeridos pelo setor público; e V - racionalizar e tornar mais efetivo o investimento em ações de desenvolvimento do servidor. (destaques acrescidos) Devem ser aliadas a estas previsões a disciplina veiculada pela Resolução SEPLAG-MG n. 027/2007, que assim dispõe: Art. 1.º. ( )
6 3º A concessão de bolsa e a participação nos cursos a que se refere este artigo condicionam-se à vinculação do curso e de sua área de concentração com: I a atividade exercida pelo servidor; II a atribuição do cargo ou função que o servidor exerce; III a atribuição ou competência do órgão de exercício do servidor. (destaques acrescidos) Observa-se, destarte, que o curso para o qual se pretende a concessão de bolsa, ou seja, que se pretende realizar com dispêndio de dinheiro público, tem que guardar estreita relação com as atribuições do cargo, com a atividade exercida pelo servidor, com as suas atribuições. E não poderia ser de outra forma, pois, como dito, trata-se de investir dinheiro público na qualificação dos servidores proporcionando-lhes benefícios pessoais, mas, principalmente, proporcionando ao Estado e aos seus cidadãos servidores mais bem preparados para o desempenho de suas tarefas. Com esta moldura normativa, é de notar, como registrado no bem fundamentado Parecer n. 399/2010 exarado no âmbito do IOMG, que não há demonstração clara e inequívoca neste sentido. Ou seja, falta, para que eventualmente possa ser concedida bolsa, que se mostre a correlação entre as atribuições do cargo ocupado pelo servidor e o conteúdo do curso. Somente diante de uma tal correção clara e inequívoca se pode cogitar do dispêndio de recurso público para custear a bolsa pretendida. Neste ponto, importante lembrar que o cargo efetivo ocupado pelo servidor, qual seja, Auditor Seccional, faz parte da estrutura organizacional da Auditoria Geral do Estado. A Lei Delegada n. 133/2007, tratando das Auditorias Seccionais, prevê:
7 Art. 6º O Sistema Central de Auditoria Interna tem a seguinte composição: I - Auditoria-Geral do Estado: órgão central; II - Auditoria Setorial: unidade de auditoria de órgão da Administração direta; III - Auditoria Seccional: unidade de auditoria de entidade da Administração autárquica e fundacional; IV - unidades de auditoria das Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista. 1º As Auditorias Setoriais e Seccionais atuam nas três áreas definidas no art. 5º desta Lei Delegada. 2º Os órgãos ou entidades que tiverem unidade de correição administrativa independente executarão os trabalhos dessa função em articulação com a Auditoria Setorial ou Seccional e sujeitam-se à coordenação e às diretrizes técnicas da AUGE. (destaques acrescidos) Observa-se que, mesmo considerando que as Auditorias Seccionais consistem em unidades integradas nas entidades da Administração Indireta do Estado de Minas Gerais, seja autarquias, seja fundações, fazem parte do sistema central de auditoria interna e têm, no âmbito em que se situam, tarefas similares às da AUGE. O art. 5.º para o qual o art. 6.º da lei citada remete torna esta observação irrefutável, pois as Auditorias Seccionais atuam nas áreas definidas para a AUGE: Art. 5º A Auditoria-Geral do Estado é o órgão central do Sistema Central de Auditoria Interna e tem as seguintes áreas de atuação: I - Auditoria Operacional, com a finalidade de acompanhar e avaliar a conformidade da execução orçamentária,
8 financeira e patrimonial da despesa e da receita, assim como a consistência dos mecanismos de controle interno adotados no âmbito do Poder Executivo estadual; II - Auditoria de Gestão, com a finalidade de acompanhar e avaliar a efetividade da gestão pública e dos programas governamentais; III - Correição Administrativa, com a finalidade de prevenir a ocorrência de ilícito administrativo e aplicar o regime disciplinar ao servidor público estadual. Além de se verificar, com base nestas normas, o tipo de atividade a ser exercido pelo auditor seccional, cargo ocupado pelo servidor interessado, deve verificar-se a vinculação entre as Auditorais Seccionais e a AUGE, prevista na mesma lei delegada: Art. 7º As Auditorias Setoriais e Auditoria Seccionais integrantes das estruturas orgânicas das Secretarias de Estado, dos órgãos autônomos, das fundações e das autarquias são unidades de execução da Auditoria-Geral do Estado, à qual se subordinam tecnicamente. Art. 8º Às Auditorias Setoriais e Seccionais compete cumprir e fazer cumprir, no âmbito dos órgãos a que se subordinam administrativamente, as orientações do Auditor-Geral do Estado, no tocante a: I - observância das diretrizes estabelecidas pela AUGE em cada área de competência; II - observância das normas e técnicas de auditoria, estabelecidas pelos órgãos normativos para a função de auditoria interna;
9 III - elaboração e execução dos planos anuais de auditoria, com orientação e aprovação da Superintendência Central de Auditoria Operacional; IV - utilização dos planos e roteiros de auditoria disponibilizados pela Superintendência Central de Auditoria Operacional, bem como das informações, dos padrões e dos parâmetros técnicos para subsídio dos trabalhos de auditoria; V - observância dos padrões de desempenho e de elaboração dos relatórios de auditoria definidos pela Superintendência Central de Auditoria Operacional; VI - monitoramento da efetividade das ações de auditoria. (destaques acrescidos) A leitura dos dispositivos mencionados traz a lume alguns pontos essenciais para o deslinde da questão: a atividade de auditoria seccional é uma atividade fundamentalmente de controle, consistente no acompanhamento e avaliação da conformidade da execução orçamentária, financeira e patrimonial da despesa e da receita, assim como a consistência dos mecanismos de controle interno adotados; no acompanhamento e avaliação da efetividade da gestão pública e dos programas governamentais; na prevenção da ocorrência de ilícito administrativo e na aplicação do regime disciplinar ao servidor público estadual; as Auditorias Seccionais, no Estado de Minas Gerais, subordinam-se tecnicamente à AUGE; as Auditorias Seccionais, no Estado de Minas Gerais, subordinam-se administrativamente aos órgãos em cuja estrutura se encartam.
10 Diante destes pontos, extraídos da interpretação das normas aplicáveis, é possível avançar alguns esclarecimentos para o deslinde da questão sob análise. Em primeiro lugar, há indício, como registrado no Parecer n. 399/2010 da Procuradoria da IOMG, no sentido de que o conteúdo do curso pretendido não se coaduna com as atribuições do cargo. Veja-se que se trata de um curso de MBA. No folder do curso, seu objetivo é definido como desenvolver nos participantes o conhecimento, a capacidade e a habilidade para atuarem como gerentes de projetos de qualquer natureza, porte ou complexidade, liderando equipes multidisciplinares, gerenciando recursos, tempo, orçamentos e riscos e implementado-os com sucesso. Como dito, a atividade de auditoria seccional refere-se essencialmente a incumbências de controle, não parecendo se alinhar com a gerência de projetos e a sua implementação, atividade essencialmente de execução. Em segundo lugar, é de anotar que a vinculação do servidor auditor seccional com a IOMG, segundo a legislação de regência, é apenas administrativa. Sua vinculação técnica se dá com a AUGE. Sendo assim, somente a AUGE pode se manifestar sobre a conveniência da realização do curso com a concessão da bolsa pretendida. Somente a AUGE pode verificar e opinar de maneira concludente sobre a importância do curso e sua concatenação, em termos de conteúdo, com as atividades desenvolvidas em auditoria seccional, inclusive, se for o caso, afastando a primeira impressão acima apontada. Considerando a legislação de regência anteriormente citada e a argumentação explicitada, tem-se como imprescindível a manifestação da AUGE para a verificação do preenchimento dos requisitos legais para fins de concessão da bolsa pleiteada. Havendo manifestação da AUGE favorável à concessão, os demais requisitos deverão ser analisados. Sem esta manifestação, com o que dos autos consta, forçoso perfilar o entendimento explicitado pela Procuradoria Jurídica da IOMG no sentido da não concessão da bolsa.
11 CONCLUSÃO Diante de todo o exposto e considerando as razões expostas no Parecer n. 399/2010, da Procuradora Jurídica da IOMG, conclui-se pela inviabilidade jurídica de concessão da bolsa pleiteada em face dos elementos dos autos, devendo a situação ser submetida a análise por parte da Auditoria Geral do Estado de Minas Gerais. É o que me parece, salvo melhor juízo. Belo Horizonte, 24 de Agosto de Luísa Cristina Pinto e Netto Procuradora do Estado OAB/MG MASP APROVADO EM: 24/08/10 SÉRGIO PESSOA DE PAULA CASTRO Procurador Chefe da Consultoria Jurídica Masp OAB/MG
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