CARTA INVA CAPITAL 13 de janeiro de 2012 Raphael Cordeiro, CNPI EDIÇÃO EXTRA

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1 CARTA INVA CAPITAL 13 de janeiro de 2012 Raphael Cordeiro, CNPI EDIÇÃO EXTRA A EUROPA É UM 747 QUE FARÁ POUSO FORÇADO Mensalmente nos reunimos para discutir o cenário econômico, o famoso Comitê de Investimentos (o nome ainda está em debate). Nele nossos 3 economistas (Lucas, Luciano e Oreiro), gestor (Luiz) e eu (analista) traçamos o cenário econômico e de investimentos. Posso dizer que esse último encontro (em 10/01) não foi dos mais fáceis e desde então tenho pensado em o que fazer para proteger o patrimônio dos nossos clientes. Isso por que a situação na Europa é extremamente delicada e fica muito difícil saber qual será o resultado de qualquer acontecimento por lá. Um dos gráficos apresentados durante a reunião foi publicado em nosso último informativo (Informativo Inva Capital 12) e o reproduzo abaixo: Dívidas Soberanas a vencer (bilhões US$) /12 02/12 03/12 04/12 05/12 06/12 07/12 08/12 09/12 10/12 11/12 12/12 Alemanha França Itália Espanha Grécia Portugal Irlanda Basicamente, ele mostra que grande parte das dívidas dos países vence nos quatro primeiros meses de Ou seja, eles terão que captar dinheiro para conseguir rolar a dívida. Uma das principais conclusões que tivemos durante o Comitê foi de que algo acontecerá logo - ou eles se resolvem por lá ou a coisa afunda de vez. Assim traçamos dois possíveis cenários para os próximos meses: 1

2 Cenário 1 (62,5% de chance de ocorrer) A economia brasileira crescendo moderadamente, com inflação controlada, inferior aos 6,5% de 2011, e os lucros das empresas permanecem estáveis. Neste cenário os problemas europeus seriam resolvidos (sem colapso do euro), com o BCE imprimindo moeda. Cenário 2 (37,5% de chance de ocorrer) O euro entraria em colapso. A Itália pagando juros acima de 7%, a Espanha pagando juros próximos a 6%, a Grécia já esta insolvente e Portugal seguindo pelo mesmo caminho. Se a situação continuar como está, esses países, ou pelo menos alguns, terão que sair do euro e fazer um ajuste na sua dívida - um calote branco. Mas o fato é que isso ocorreria se o BCE não agir ou se não houver uma reforma trabalhista (diminuir os salários dos países com problemas). A primeira, e mais rápida, opção encontra forte resistência dos alemães. Já a segunda é totalmente impopular e enfrentaria resistência política. Agora vamos aos impactos desse cenário: O mais rápido seria no mercado de ações. Haveria uma fuga para investimentos conservadores, os títulos públicos norte-americanos - mesmo com o problema de endividamento, juros em quase zero e perda do AAA, os EUA ainda são considerados um porto seguro. Além disso, o mercado interbancário congelaria. As coisas já estão lentas na Europa com os bancos de lá mandando dinheiro para os depósitos do banco central europeu em vez de emprestar para outros bancos, empresas e pessoas - mesmo levando prejuízo nessa operação! Teríamos uma recessão severa nos países desenvolvidos, com queda nos preços das commodities. Esse congelamento do crédito contagiaria o Brasil e o mercado imobiliário nacional teria consequências ruins já que muitos prédios vendidos nas plantas serão entregues e boa parte dos compradores pretenderão financiá-los. Não sabemos quais dos 2 cenários irá se concretizar. Mas consideramos que as chances de acontecer algo ruim são grandes e como o Ibovespa está em torno 60 mil pontos - nível bom para se vender ações nas condições atuais - seria talvez um momento interessante para reduzir a exposição. Na Carta Inva Capital desse mês já havíamos recomendado que houvesse uma alteração na composição da carteira de ações para empresas com ações que apresentam menor exposição a variáveis exógenas. Com essa informação em mente, cheguei a conclusão que nosso portfólio deveria sofrer algumas alterações. 2

3 RECOMENDAÇÕES PORTFÓLIO Peso Mudanças Novo Peso Renda Fixa 35% 27% 62% Imóveis 32% -12% 20% Renda Variável 33% -15% 18% Acreditamos que uma redução de 15 pontos percentuais em ações e 12 pontos percentuais em Imóveis seja uma estratégia adequada para o momento atual. Essa alteração dará chance para que os investimentos de nossos clientes fiquem um pouco mais protegidos e para que sejam aproveitadas as oportunidades que aparecerão caso o mercado recue rapidamente. Set/11 Out/11 Nov/11 Dez/11 Ano Portfólio Inva Capital Benchmark 0,47% 4,45% 0,01% 0,16% 4,95% 1,10% 1,10% 1,10% 1,10% 4,47% 3

4 RENDA FIXA Título Peso Mudanças Novo Peso LTN 01/01/14 25% -10% 15,0% CDB AAA 25% 10% 35,0% LFT 22,5% 15% 37,5% CDB AA 10% -5% 5,0% NTN-B 15/08/20 17,5% -10% 7,5% Alteramos a composição da carteira de renda fixa, pois acreditamos que os recursos que sairão de ações e de imóveis devem ser direcionados prioritariamente para LFTs e CDBs de bancos classificados como AAA. Set/11 Out/11 Nov/11 Dez/11 Ano Carteira de Renda Fixa CDI % do CDI 0,99% 1,12% 1,59% 0,51% 4,27% 0,94% 0,88% 0,86% 0,90% 3,63% 105,32% 127,55% 184,58% 56,37% 117,64% NÃO RECOMENDAMOS ALTERAÇÕES PARA A COMPOSIÇÃO DAS CARTEIRAS DE IMÓVEIS E DE AÇÕES. 4

5 A Inva Capital é uma boutique de investimentos que oferece os mais sofisticados instrumentos e técnicas em gestão de recursos, finanças corporativas, planejamento financeiro, análise econômica e de investimentos. Este relatório não pode ser reproduzido, distribuído ou repassado a terceiros. Não nos responsabilizamos por quaisquer decisões que sejam tomadas com base nas informações apresentadas e afirmamos que todos os dados contidos são baseados em variáveis incertas. Disclaimer - Instrução CVM 483/10: O(s) analista(s) de investimento, envolvido(s) na elaboração deste relatório, declara(m) que as recomendações contidas neste refletem exclusivamente suas opiniões pessoais sobre a companhia e seus valores mobiliários e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação à Inva Capital. O(s) analista(s) de investimentos, seus cônjuges ou companheiros, detêm, direta ou indiretamente, em nome próprio ou de terceiros, ações e/ou outros valores mobiliários de emissão das companhias objeto de sua análise. 5