UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA ARQUITETURA E ESTÉTICA DO PROJETO

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1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA ARQUITETURA E ESTÉTICA DO PROJETO Prof. Dr. Renato Cymbalista DISCIPLINA: AUH-240 História do Urbanismo Contemporâneo 2º semestre de 2015 NATUREZA...Obrigatória CARGA HORÁRIA...60 horas/aula NÚMERO DE CRÉDITOS...04 (quatro) REQUISITOS...AUH-236 e AUH-238 HORÁRIO...4as. feiras das 08h00 às 12h00 OBJETIVOS DO CURSO O curso aborda o pensamento e a prática do urbanismo que emergiu no processo de transformação e consolidação dos territórios urbanos (cidades e metrópoles) ao longo do século XX e des seus desdobramentos contemporâneos. Constrói-se sobre a ideia de que o urbanismo é uma disciplina cuja identidade e contornos está em permanente redefinição, de forma que problematizar a história do urbanismo significa problematizar as distintas e recorrentes redefinições do campo. Isso pressupõe também um conhecimento sobre os diferentes referenciais teóricos que orientaram as propostas do urbanismo, as potencialidades e também os limites de cada um deles. Tal exercício deve ser feito ao problematizarmos o passado, e também a contemporaneidade. O curso testará a hipótese de que nos últimos anos o urbanismo vem passando por uma redefinição radical de seus contornos, com a emergência das redes sociais e da fusão entre as categorias fazer a cidade e usar a cidade, muito presente na forma como alguns grupos sociais vêm relacionando-se com os espaços públicos. DESENVOLVIMENTO DO CURSO O curso divide-se em quatro blocos temáticos, compreendendo uma periodização geral: ; , e o pós Dentro dessa periodização, serão tratadas questões específicas do urbanismo pertinentes a cada um dos períodos. A cidade será usada como suporte pedagógico para uma série de atividades, à medida que oferece insumos para além do conhecimento dos espaços e das propostas em questão desde a década de 1930: oferece possibilidades de vivência dos espaços e de conhecimento das diferentes apostas do urbanismo dos séculos XX-XXI em toda a sua complexidade. METODOLOGIA E AVALIAÇÃO Do ponto de vista metodológico, parte-se da hipótese de que os estudantes não serão simples receptores um corpo de conhecimento, mas participarão de um processo de mobilização e construção de conhecimento, produzindo as reflexões e hipóteses necessárias para a realização do percurso proposto pela disciplina. Cada bloco terá um exercício, a ser realizado prioritariamente durante o período das aulas, em que serão recuperadas as apostas do urbanismo nos diferentes períodos do século XX e início do XXI, testando sua pertinência e seu legado para a contemporaneidade. RECUPERAÇÃO De acordo as regras atuais o aluno que não obtiver nota final suficiente para aprovação, mas assegurar a presença mínima estabelecida e a nota final não inferior a três, deve fazer uma prova de recuperação. O tema da prova versará sobre toda a temática apresentada nas aulas e nos textos que foram discutidos ao longo do semestre. 1

2 CALENDÁRIO AULA 01 5/08 Apresentação do curso, metodologia de trabalho e formas de avaliação Bloco I Grandes Planos Urbanísticos e o Plano de Avenidas de Prestes Maia Local das aulas: Instituto Pólis Rua Araujo 124, Metrô República AULA 02 12/08 8:00 10:00 O debate internacional na década de 1930: Verticalização, desadensamento de áreas centrais, siedlungen, o urbanismo dos governos autoritários. 10:00 12:00 - Prestes Maia e o Plano de Avenidas: os grandes planos urbanos chegam a São Paulo Texto de apoio: Maria Lucia B. Pinheiro, Arquitetura residencial verticalizada em São Paulo nas décadas de 1930 e Anais do Museu Paulista vol. 16 n. 1 (2008). AULA 03 19/08 Visita a Campo: problematizando o Perímetro de Irradiação de Prestes Maia AULA 04 Exercício 1: usos mistos, ruas-corredor e adensamento urbano: a pertinência do 26/08 Plano de Avenidas para a cidade contemporânea Bloco II A arquitetura modernista desenha a cidade Local das aulas: FAU Maranhão: Rua Maranhão 88, Metrô Santa Cecília/Consolação (a confirmar) AULA 05 2/09 Espaços comerciais e institucionais 8:00 a 10:00 Visitas a campo em Grupos: Praça da Bandeira; Copan; Centro Comercial Bom Retiro; Galerias no Centro Novo; Conjunto Metrópole 10:00 12:00 São Paulo, anos 50-60: a dimensão urbana da arquitetura Professora convidada: Sabrina Fontenele (CPC-USP) AULA 06 09/09 Aula 07 16/09 AULA 08 23/09 AULA 09 30/09 Semana da Pátria 08:00 10:00 O zênite do movimento moderno no pós-segunda guerra mundial: planos de redesenvolvimento e reconstrução das cidades europeias. 10:00 12:00 Urbanismo e modernismo no Brasil nas décadas de 1940 a 1960:, O Relatório Moses, o surgimento do urbanismo progressista, SAGMACS e Padre Lebret. Texto de apoio: Denise Antonucci, SAGMACS, o estudo que fez escola. In: Nádia Somekh e Candido Malta Campos (eds), A cidade que não pode parar: planos urbanísticos para São Paulo. São Paulo: Mackpesquisa, 2002, pp Visita a campo: o bairro de Higienópolis e a arquitetura residencial modernista produzida pelo mercado imobiliário Exercício 2: revisitando espacialidades da arquitetura modernista Bloco III Décadas de : a grande infra-estrutura e a cidade Local das aulas expositivas: FAU-USP AULA 10 7/10 O debate urbanístico nas décadas de Megaestruturas e a crítica ao movimento moderno: Jane Jacobs, Townscape e a volta do tecido urbano tradicional 2

3 AULA 11 14/10 Texto de apoio: Alexis Sparberg Alexiou, Urban Blight, In: Jane Jacobs urban visionary. Toronto: Harper Perennial, 2006, pp Os anos 1970 em São Paulo: o projeto CURA, Planos de desenvolvimento Integrado, Planejamento metropolitano Texto de apoio: Renato Anelli: Urbanização em rede: os corredores de atividades múltiplas do PUB e os projetos de reurbanização da EMURB em São Paulo ( ). Anais do X Seminário de História do Urbanismo e da Cidade, Recife, Aula 12 21/10 Exercício 3: os projetos urbanos do Metrô de São Paulo Bloco IV o pós-1980: os novos contornos da disciplina do Urbanismo Local das aulas expositivas: FAU-USP AULA 13 4/11 AULA 14 11/11 AULA 15 18/11 O debate urbanístico após a crise do Petróleo: grandes projetos urbanos e o urbanismo promovido pelo capital imobiliário. A década de 1990 e uma busca pela atualização da agenda urbanística. Texto de apoio: Marco Antonio Ramos de Almeida, Associação Viva o Centro. Exacta (UNINOVE), vol. 2 (2004). A redemocratização no Brasil: o retorno do desenho urbano, o movimento pela Reforma Urbana, regularização fundiária, urbanização de Favelas. Texto de apoio: Renato Cymbalista, A trajetória recente do planejamento urbano no Brasil: Apostas e pontos a observar. Revista Paranaense de Desenvolvimento 111 (2006). Desafios do urbanismo para a contemporaneidade: patrimônio histórico, sustentabilidade, urbanismo tático e intervenções efêmeras. Texto de apoio: Mike Lydon, A. Garcia, Tactical Urbanism. Island Press,

4 Exercício 1 A cidade de Prestes Maia em perspectiva - 26/08 Local: Centro Novo (Av. Ipiranga) Prestes Maia é recorrentemente associado aos processos de rodoviarização e impermeabilização de fundos de vale em São Paulo, e apontado com um urbanista com pouca sensibilidade para as questões sociais. Ainda que o urbanismo praticado por Prestes Maia tenha um marcado viés liberal, do ponto de vista da forma urbana, o Plano de Avenidas de Prestes Maia (1930) assim como o código de Obras Arthur Saboya e as intervenções realizadas no centro de São Paulo entre 1934 e o início da decada de 1950 vêm despertando um crescente interesse. Tais instrumentos apontam para um centro urbano verticalizado, de alta densidade, com usos mistos, ruas-corredor e intenso uso das calçadas, elementos que estão na ordem do dia do urbanismo contemporâneo. O exercício consistirá na análise dos resultados urbanísticos obtidos por um dos territories priorizados por Prestes Maia e pelo urbanismo paulistano entre o final da década de 1930 e o início da de 1950: a Avenida Ipiranga. Cada grupo analisará uma face de quadra da Avenida, identificando a maneira como Arquitetura e Urbanismo articularam-se para produzir um espaço urbano específico, e buscando responder a uma questão: em que medida o modelo de cidade proposto por Prestes Maia deve ser substituído? Em que medida é ainda pertinente, devendo servir como base para proposições contemporâneas? Exercício 2 O Mercado imobiliário constrói o espaço público? 23/09 Local: Bairro de Higienópolis Entre o final da década de 1940 e o final da de 1960, existiu em larga medida um casamento entre as expectativas dos arquitetos e urbanistas, do Mercado imobiliário e dos consumidores finais de apartamentos em torno do ideario modernista. O bairro onde esse ideario se efetivou com maior intensidade foi Higienópolis, resultando em um significativo acervo de edifícios residenciais de perfil modernista concentrado em uma pequena porção de território. Via de regra, a arquitetura modernista produzida pelo Mercado imobiliário propunha espaços abertos no nível térreo, permitindo a interpenetração entre a rua e os condomínios, em uma efetivação de princípios do movimento moderno. Em quase todos os casos, a partir da década de 1980 os espaços abertos foram cercados e gradeados sob o argumento da segurança, produzindo uma territorialidade que em alguns aspectos é o oposto do projeto original. O exercício, a ser realizado em duplas, buscará propor a devolução da espacialidade original dos edifícios, preservando-se o desejo de segurança dos condomínios. Exercício 3 O Metrô construiu cidade? 21/10 Local: estações de metro Sé, São Bento, Vergueiro, Paraíso, Anhangabaú, Conceição A década de 1970 foi de uma importante defasagem do urbanismo praticado no Brasil e os questionamentos da disciplina no Hemisfério Norte, em parte devido ao regime autoritário, que deu sobrevida a proposições de cidade vinculadas ao alto modernismo e retardou a chegada ao Brasil do debate que criticava o modernismo e propunha a volta ao tecido urbano tradicional. Em São Paulo, uma das principais apostasy do urbanismo no periodo relacionava-se às transformações urbanas vinculadas à implementação da rede de metrô. As duas primeiras linhas (norte-sul e lesteoeste) propuseram grandes projetos de reurbanização no entorno das linhas e das estações, envolvendo demolições, abertura de espaços livres e de ajardinamento urbano. Tais projetos foram duramente questionados a partir da década de 1990, como intervenções autoritárias, que desrespeitaram preexistências e destruíram tecidos urbanos tradicionais. O exercício propõe uma visita aos projetos urbanos do Metrô, buscando construir uma abordagem que é ao mesmo tempo histórica que buscará identificar e qualificar as apostas do urbanismo e do paisagismo de então e focada na contemporaneidade, qualificando a convivência urbana que ocorre hoje nesses espaços, os desafios de sua ocupação, gestão e manutenção. 4

5 Exercício 4 Microurbanismos na contemporaneidade É possível pleitear a hipótese de que a última década vem significando uma significativa reconstrução da disciplina do urbanismo. O surgimento das redes sociais foi um dos grandes motivadores da última rodada de transformações nos usos e na produção das cidades. À medida que as redes sociais funcionam como plataformas de interação de grupos em tempo real, oferecem novas possibilidades de interação de grupos, com profundo impacto nas formas de ocupação do espaço público: uma grande redução na escala das intervenções; a introdução de intervenções efêmeras e performativas; a fusão entre as categorias fazer a cidade e usar a cidade, conforme colocado pela X Bienal de Arquitetura. Tais intervenções vêm sendo chamadas de urbanismo tático ou urbanismo de guerrilha, e ainda que estejam na ordem do dia do debate sobre as cidades, ainda não integram os compêndios e livros sobre a história do urbanismo. Neste exercício, os alunos farão um fichamento de uma intervenção contemporânea no campo do microurbanismo, buscando responder à questão essencial: tais intervenções podem ser consideradas como o mais novo capítulo da história do urbanismo contemporâneo? A proposta é iniciar a construção de uma publicação coletiva com a sistematização dessas experiências, e se o exercício revelar potencialidades, pleitear uma efetiva edição do material no futuro. Datas importantes: 25/08 entrega do tema 13/10 entrega primeira versão do texto (cerca de 3000 caracteres) 10/11 entrega segunda versão do texto (cerca de 3000 caracteres, revisto) 5