HIERARQUIZAÇÃO DO ESPAÇO SOCIAL E OS CONCEITOS DE CAMPOS SOCIAIS E HABITUS EM PIERRE BOURDIEU

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1 HIERARQUIZAÇÃO DO ESPAÇO SOCIAL E OS CONCEITOS DE CAMPOS SOCIAIS E HABITUS EM PIERRE BOURDIEU Andrea Del Larovere; Teina Nascimento Lopes Eixo 3 - História, Filosofia, Sociologia dos Movimentos Sociais Resumo: Esse estudo é uma revisão bibliográfica e se baseia principalmente na obra Pierre Bourdieu e tem a perspectiva de investigar alguns dos principais conceitos abordados pela sociologia bourdiesiana. Nesse estudo, especificamente, pensamos a questão da hierarquização do espaço social a partir do conceito de campos sociais e habitus. Tratar desses conceitos à luz da sociologia bourdieusiana se faz necessário para compreender de que modo as classes sociais se mantêm e como o habitus as mantêm e se reproduz. Pensamos também a questão da hierarquia social proposta pelo autor através das variáveis do capital segmentadas e compreendidas por ele em: econômico, cultural e social, no intuito de explicitar os campos sociais e suas facetas e o habitus inerentes às classes e às diversas formas de capital que as classes detêm e reproduzem na perspectiva de manter a hierarquia social vigente. Palavras-Chave: Campo social. Habitus. Pierre Bourdieu. Introdução A descrição da sociedade em termos de espaço social permite enfatizar a dimensão relacional das posições sociais. Observando os pressupostos da metodologia sociológica, que parte do princípio de que um fato social é construído a partir de critérios de classificação que tentam explicar a estrutura social. Esses pressupostos se ancoram nos estudos de Pierre Bourdieu, explorados por Patrice Bonnewitz (2003), no intuito de compreender a sociedade estratificada por este autor. Nesta ciência o Espaço social rompe com as hierarquias sociais tradicionais, conhecida pelo modelo de pirâmide. Esse modelo omite que uma classe social não pode definir-se isoladamente, mas somente em relação com as outras classes. (BONNEWITZ, 2003, p. 52). Assim, os agentes se distribuem nele, na primeira dimensão, segundo o volume global do capital que possuem e, na segunda, segundo a composição do seu capital isto é, segundo o peso relativo das diferentes espécies no conjunto de suas possessões. (BOURDIEU apud BONNEWITZ, 2003, p. 53). A sociologia busca então apontar indícios de um mundo organizado sob vários espaços sociais, tendo como base os princípios de diferenciação ou de distribuição. Já os agentes ocupam posições nestes campos, portanto, o espaço ocupado pelos indivíduos define-se pela lógica dos valores e variáveis pertencentes a esses agentes. Portanto, os espaços sociais organizam-se a partir das mais diferentes formas, podemos iniciar a princípio com a ideia de capital automaticamente articulada a uma concepção econômica. Página 582

2 A medida que são mobilizados instrumentos de reprodução das estruturas sociais à disposição dos agentes, estes vão se transformando juntamente com a evolução da sociedade. Desse modo o autor afirma que na sociedade capitalista da contemporaneidade, o capital econômico e cultural substitui o poder direto sobre os sujeitos, nesse sentido, a estrutura escolar possui uma predominância incontestável no que tange ao direito de acesso dos indivíduos, esta tem legitimado a ascensão dos sujeitos para as honras burocráticas do Estado. Costumeiramente a instituição de dirigentes se dava pela indicação familiar, atualmente se baseia especialmente em títulos acadêmicos, daí a urgência em investir na formação acadêmica dos agentes da família, pois por meio do acesso à educação há o empoderamento do capital cultural por parte destes sujeitos. Outra concepção bourdiesiana tratada aqui se refere ao habitus, que é um conceito central na sociologia de Bourdieu, é ele que garante a coerência entre a concepção da sociedade e do agente social individual, ou seja, a incorporação dos habitus de classe, produz a filiação de classe dos indivíduos, reproduzindo ao mesmo tempo a classe enquanto grupo que compartilha o mesmo habitus. Esse conceito está na base da reprodução da ordem social. (BONNEWITZ, 2003, p. 75). E pode tornar-se um princípio de conservação ou de mudança. Portanto, este é produto da relação dialética na perspectiva das relações e processos. A hierarquização da sociedade à luz de Pierre Bourdieu No Antigo Regime a sociedade era hierarquizada por prestígio: clero, nobreza e terceiro estado, já nas sociedades industriais a hierarquia social se definiu juridicamente, nesta vislumbramos a ausência desta hierarquia. Nesse sentido, a concepção sociológica pontua duas distinções que analisam a sociedade. A primeira ancorada nos pressupostos de Marx, propõe que a sociedade se divide no critério econômico, gerando classes antagônicas; a segunda, se pauta em Weber, que pondera que a sociedade se constitui em estratos classificados pelo poder, prestígio e riqueza. Bordieu propõe superar essas duas análises, sintetizando-as. Propõe: uma abordagem em termos se espaço social e de campos sociais é dotar-se de conceitos e instrumentos que permitem não apenas analisar a posição dos grupos e suas relações, mas também compreender a tendência à reprodução social (BONNEWITZ, 2003, p ). Para Bourdieu, o espaço social é hierarquizado pela desigual distribuição dos capitais, ele explicita que a descrição da sociedade em termos de espaço social permite enfatizar a dimensão relacional das posições sociais. Observando os pressupostos da metodologia sociológica, que parte do princípio de que um fato social é construído a partir de critérios de classificação que tentam explicar a estrutura social. Página 583

3 Assim, os agentes se distribuem nele, na primeira dimensão, segundo o volume global do capital que possuem e, na segunda, segundo a composição do seu capital isto é, segundo o peso relativo das diferentes espécies no conjunto de suas possessões. (BOURDIEU apud BONNEWITZ, 2003, p. 53). Nesse sentido a sociologia busca então apontar indícios de um mundo organizado sob vários espaços sociais, tendo como base os princípios de diferenciação ou de distribuição. Já os agentes ocupam posições nestes campos, portanto, o espaço ocupado pelos indivíduos define-se pela lógica dos valores e variáveis pertencentes a esses agentes. Portanto, os espaços sociais organizam-se a partir das mais diferentes formas, podemos iniciar a princípio com a ideia de capital automaticamente articulada a uma concepção econômica. Para o autor o capital se acumula por meio de operações de investimento, transmite-se pela herança, permite extrair lucros segundo a oportunidade que o seu detentor tiver de operar as aplicações mais rentáveis. (BONNEWITZ, 2003, p. 53). No entanto, Bourdieu propõe quatro tipos de capital: 1) capital econômico: constituído pelos diferentes fatores de produção (terras, fábricas, trabalho) e pelo conjunto dos bens econômicos: renda, patrimônio, bens materiais ; 2) capital cultural: conjunto das qualificações intelectuais produzidas pelo sistema escolar ou transmitidas pela família. Este capital pode existir sob três formas: em estado incorporado, como disposição duradoura do corpo (por exemplo, a facilidade de expressão em público); em estado objetivo, como bem cultural (a posse de quadros, de obras); e, estado institucionalizado, isto é, socialmente sancionado por instituições (como os títulos acadêmicos). 3) capital social: conjunto das relações sociais de que dispõe um indivíduo ou grupo. A detenção deste capital implica um trabalho de instauração e manutenção das relações, isto é, um trabalho de sociabilidade: convites recíprocos, lazer em comum, etc. 4) capital simbólico: conjunto dos rituais (como as boas maneiras ou o protocolo) ligados à honra e ao reconhecimento. Afinal, apenas o crédito e a autoridade conferem a um agente o reconhecimento e a posse das três outras formas de capital. Ele permite compreender que as múltiplas manifestações do código de honra e das regras de boa conduta não são apenas exigências do controle social, mas são constitutivas de vantagens sociais com consequências efetivas. (BONNEWITZ, 2003, p ) Considerando as quatro dimensões do capital mencionado acima, de acordo com o autor que é o capital econômico e cultural que fornecem os critérios para construir o espaço social nas sociedades desenvolvidas. É mister no texto a compreensão de que os agentes sociais estão organizados a partir de duas premissas: primeiramente considera-se o volume de capital que dispõe, ela situa os patrões, os membros das profissões liberais e os professores universitários no topo da hierarquia, enquanto os mais desprovidos de capital econômico e cultural, os operários e Página 584

4 assalariados agrícolas ficam no ponto mais baixo da escala social. (BONNEWITZ, 2003, p. 55); em segundo plano e não menos importante está a distinção segundo a estrutura do capital. [...] Sob este ângulo, os patrões da indústria e do comércio se opõem aos professores: os primeiros são mais fortemente dotados do capital econômico relativamente ao capital cultural, ao passo que os segundos são mais fortemente dotados de capital cultural comparativamente ao capital econômico. (BONNEWITZ, 2003, p. 55). As especificidades das classes sociais Bourdieu entremeia o espaço social em três classes distintas, a partir das especificidades vivenciadas em cada uma delas, vejamos: a classe dominante que detêm elevado capital e seus membros acumulam os diferentes tipos de capitais. Essa classe afirma uma identidade própria e a impõe a todos, legitimando-a. Ainda dentro dessa estrutura há duas frações que se opõem a dominante e a dominada: a primeira diferencia-se da burguesia antiga constituída pelos patrões das grandes empresas do comércio e indústria, já a burguesia nova, define-se pelos grandes executivos do setor privado, dominado pela grande burguesia. A fração dominada da classe dominante é dotada de maior capital cultural do que econômico fazem parte desta fração os engenheiros, os professores, as profissões intelectuais. Na pequena burguesia estes ocupam uma posição média nos espaços sociais, são eles os assalariados, trabalhadores independentes ou empregadores. Se fortalecem pelo desejo de ascensão social é desprovida de autonomia para a constituição do capital cultural, acaba por imitar a cultura da classe dominante. No interior desta classe há três frações, a pequena burguesia em declínio composta de ofícios antigos como artesãos e comerciantes; a pequena burguesia de execução composta pelos funcionários, executivos médios de empresas privadas, técnicos e professores primários, ocupam posição central na estrutura do capital e a pequena burguesia nova estabelecida pelos pequenos burgueses com forte arcabouço cultural e frágil capital social são sujeitos da burguesia que não garantiram o respaldo da instituição escolar para manter-se na classe dominante. Está composto pelas profissões artísticas, intelectuais, de assessoria, animadores de rádio e TV de fraca notoriedade, recepcionistas, guias turísticos, jovens enfermeira e técnicos. Por fim, as classes populares compostas por um grupo excluído, pois são privados da garantia de seus direitos, definidos pela rara presença de capital de qualquer modo, a caraterística fundante do grupo é a força física, porém aceitação da dominação intelectual da classe dominante. Formada pelos operários, pequenos agricultores e assalariados. Página 585

5 Conforme o sociólogo, a sociedade se caracteriza por um conjunto de campos sociais, mais ou menos autônomos, atravessadas por lutas entre classes e nessa constituição dos campos, vale conceber que, o mundo social é o lugar de um processo de diferenciação progressiva. (BONNEWITZ, 2003, p. 59). Ou seja, a evolução da sociedade faz com que apareçam novas possibilidades desde os campos e vocábulos oriundos da divisão social do trabalho que engloba toda vida social, distinguindo as funções religiosas, econômicas, políticas, jurídicas, etc. Para Bourdieu um campo pode ser definido como uma rede ou uma configuração de relações objetivas entre posições (BONNEWITZ, 2003, p.60). Portanto, um campo pode ser reconhecido como um mercado e por sujeitos que produzem e consomem bens. Aqueles que produzem são dotados de capitais e estão sempre em situações de enfrentamentos, estando explicita as relações de força entre os agentes, o campo se consolida em um espaço de forças opostas. Bourdieu propõe uma analogia pelo jogo para explicar as relações estabelecidas entre os campos: Podemos comparar o campo a um jogo [...]. Temos assim móveis de disputa que são, no essencial, produto da competição entre os jogadores; os jogadores se deixam levar pelo jogo, eles se opõem apenas, às vezes ferozmente, porque têm em comum dedicar ao jogo, e ao que está em jogo, uma crença (doxa), um reconhecimento que escapa ao questionamento [...]. Eles dispõem de trunfos, isto é, de cartas-mestra cuja força varia segundo o jogo: assim como a força relativa das cartas muda conforme os jogos, assim também a hierarquia das diferentes espécies de capital (econômico, cultural, social, simbólico) varia nos diferentes campos. (BOURDIEU apud BONNEWITZ, 2003, p. 64) Sobre a cena acima vemos que os sujeitos em condição de dominação façam opções pela conservação e acumulação do máximo de capital possível segundo as regras estabelecidas. Há também a intimidação, os sujeitos dominantes buscam desacreditar as crenças e valores de seus adversários no intuito de fragilizá-los. Nesse contexto vale ressaltar que os campos são dotados de autonomia e que se relacionam entre si. Há uma concordância entre os campos sociais e a estrutura social, nesse sentido a posição social dos sujeitos em determinado campo depende da posição que eles exercem em determinado campo. Bourdieu estudou o campo dos dirigentes de grandes empresas e observou que a estrutura do público/privado condensa posições diversas no espaço social e global. Estes dirigentes devem a posição conquistada ao capital social e ao capital escolar construído em boas escolas, portanto, seu capital cultural é mais forte. Estes fazem oposição aos patrões privados e herdeiros da burguesia, constituídos por meio de carreiras no setor privado e estudos aparentemente curtos, tendo seu capital predominantemente econômico. O campo econômico se sustenta sob a lógica que se opõe às sociedades tradicionais, considerando que nestas sociedades a produção e a troca de bens são essenciais, essas trocas objetivam a manutenção dos laços sociais, não se baseiam no proveito individual. Página 586

6 Foi a ascensão de um grupo social, a burguesia, que movimentou os fundamentos da ordem capitalista, o desejo pelo luxo e riquezas movimentam essa nova possibilidade ao mercado. Nasce então a filosofia liberal com foco na maximização dos lucros e minimização dos custos. O campo econômico sofre influência de organizações, instituições do Estado, este por sua vez age como regulador por meio das decisões nas políticas econômicas e social, determinando as regras para este campo. A reprodução social Segundo estudos realizados as mudanças sociais têm promovido a reprodução social entre categorias ou classes sociais. Para compreendermos esta afirmação é importante conceituarmos aqui a mobilidade intrageracional ou profissional que corresponde à transição dos indivíduos de uma categoria para outra. Já a mobilidade intergeracional incide na circulação de um indivíduo de um grupo social para outro. Os estudos acerca da mobilidade social apontam quadros estatísticos a partir da leitura diagonal que trata das indicações sobre a reprodução social, fica claro que quanto mais elevado for os dados da diagonal mais o grupo social é considerado rígido, ou seja há uma predominância do status dos pais em seus filhos. Assim pela análise dita teremos uma hereditariedade social, reproduzida pela expressão tal pai, tal filho. De outro lado quanto mais frágil for os dados da diagonal, mais a mobilidade social se fortalece, a sociedade torna-se fluída. É importante ressaltar ainda que a mobilidade social foi importante às classes médias, no entanto, a rigidez permanece nas categorias populares e na classe dominante. Para Bourdieu os agentes sociais buscam a manutenção ou ampliação do montante de seu capital e consequentemente ampliar sua posição social. Portanto, os mecanismos de conservação da ordem social têm predominado em função das estratégias de reprodução. Podemos então estabelecer aqui os tipos dessas estratégias. As estratégias de investimento biológico, organizadas entre fecundas e profiláticas, sendo que a primeira objetiva controlar o número de descendentes, com o intuito de promover a transmissão de capitais. A segunda busca a manutenção do patrimônio biológico, ou seja, fundamenta-se em práticas que possibilitam a manutenção da saúde, suas condições de trabalho possibilita-lhes um pensar diferente sobre o corpo, contrariando os princípios do outro grupo. As estratégias de sucessão objetivam garantir a transmissão do patrimônio material entre as gerações, tendo como premissa o mínimo de perda possível, sua importância aumenta à medida que seu capital for crescente. As estratégias educativas buscam contribuir com a formação de sujeitos Página 587

7 capazes de receber e transmitir a novos grupos sua herança, essa possibilidade se dá articulada às estratégias pensadas pela família e efetivadas pela escola. As estratégias de investimento econômico orientam-se pelo aumento e acúmulo do capital e de sua perpetuação, promovem a instituição de relações sociais duradouras, especialmente pela relação de troca de dinheiro, trabalho e tempo. Um exemplo de estratégia de investimento econômico é o casamento. As estratégias de investimento simbólico pretendem conservar e ampliar o capital de reconhecimento, tem por objetivo a reprodução de esquemas que possibilitem a favoreçam a produção de ações capazes de serem apreciadas. A medida que são mobilizados instrumentos de reprodução das estruturas sociais à disposição dos agentes, estes vão se transformando juntamente com a evolução da sociedade. Desse modo o autor afirma que na sociedade capitalista da contemporaneidade, o capital econômico e cultural substitui o poder direto sobre os sujeitos. A estrutura escolar possui uma predominância incontestável no que tange ao direito de acesso dos indivíduos, esta tem legitimado a ascensão dos sujeitos para as honras burocráticas do Estado. Costumeiramente a instituição de dirigentes se dava pela indicação familiar, atualmente se baseia especialmente em títulos acadêmicos, daí a urgência em investir na formação acadêmica dos agentes da família, pois por meio do acesso à educação há o empoderamento do capital cultural por parte destes sujeitos. A evolução da sociedade veio reorganizando e modificando diferentes classe sociais, singularmente no setor produtivo que propôs nova estrutura ao setor de empregos. Essas transformações inserem a dinâmica de mudanças no contexto social, assim as estratégias de reprodução afetam determinantemente os grupos. Para exemplo disso tomamos os operários, que segundo o autor teve modificações na transmissão de seu status social, visto que a identidade sobre a qual seus pais estavam ancorados passam por uma profunda crise, assim como os agricultores que vivem a mesma crise social, uma vez que seus filhos não buscam mudar de status social. A abordagem da sociedade contextualizada aqui por Bourdieu ancora-se em dois aspectos fundamentais, de um lado a sociedade global, que é hierarquizada em classes com posições sociais articuladas à desigualdade dos capitais e mobilizando estratégias para a reprodução dos diferentes agentes. De outro lado vimos que a sociedade não se constitui em um campo unificado, mas por diferentes campos, cujas estruturas apresentam algumas semelhanças como foco aos interesses dos participantes. Portanto, o contexto conceitual proposto por Bourdieu de uma sociologia que visa superar as falsas possibilidades, especialmente aquela que motiva a oposição entre o indivíduo e a sociedade. Página 588

8 O conceito de habitus em Bourdieu O habitus é um conceito central na sociologia de Bourdieu, conforme o autor, conceito de habitus permite compreender de que maneira o homem se torna um ser social; é ele que garante a coerência entre a concepção da sociedade e do agente social individual, ou seja, a incorporação dos habitus de classe, produz a filiação de classe dos indivíduos, reproduzindo ao mesmo tempo a classe enquanto grupo que compartilha o mesmo habitus. Esse conceito está na base da reprodução da ordem social. (BONNEWITZ, 2003, p. 75). E pode tornar-se um princípio de conservação ou de mudança. Portanto, este é produto da relação dialética na perspectiva das relações e processos. A vida em sociedade supõe que o indivíduo seja socializado. A socialização se dá na aprendizagem do homem nas relações sociais, quando este assimila as normas e valores de uma sociedade ou coletividade. As normas se referem ao conjunto de práticas sociais, como a linguagem, regras, comportamentos, adotados por um grupo específico. Os valores são coisas ou maneiras desejáveis em um grupo social, como a justiça, o patriotismo, a honra, etc. Os valores e as normas são adquiridos de modo primário, na infância e adaptados, no modo secundário pelo indivíduo durante sua vida. No entanto, essas concepções não são pertinentes à teoria bourdiesiana. O que Bourdieu considera é a formação do habitus, conceito definido pelos condicionamentos associados a uma classe particular, organizada pelos princípios geradores e organizadores de práticas e representações adaptadas e reguladas, coletivamente orquestrada, sem que se tenha consciência do produto gerado pelo habitus. Portanto, O habitus é um sistema de suposições duradouras adquirido pelo indivíduo durante o processo de socialização [...] são atitudes, inclinações para perceber, sentir, fazer, e pensar, interiorizadas pelos indivíduos em razão de suas condições objetivas de existência, e que funcionam então como princípios inconscientes de ação, percepção e reflexão. (BONNEWITZ, 2003, p. 77). Nas palavras de Bourdieu (1983b, p. 65) habitus é: um sistema de disposições duráveis e transponíveis que, integrando todas as experiências passadas, funciona a cada momento como uma matriz de percepções, de apreciações e de ações e torna possível a realização de tarefas infinitamente diferenciadas, graças às transferências analógicas de esquemas. Nesse sentido, a interiorização ocorre na medida em que os comportamentos e valores são considerados naturais, sem que seja necessário lembrá-las para agir. Os esquemas são as percepções e a interiorizações realizadas pelo indivíduo se distinguem em: ethos, que são os esquemas inconscientes que se opõe à ética (que é consciente) e a hexis, que são as posturas adotadas pelo corpo inconscientemente pelo indivíduo ao longo de sua vida, como o modo de andar, por exemplo. Página 589

9 Em síntese, o habitus está na base do que define a personalidade do indivíduo como os gostos particulares, como gostar mais de cerveja do que de vinho. A filiação social estrutura as aquisições e produz um habitus de classe. Interiorizamos as propriedades desempenhadas por nossos pais no espaço social, logo, o grupo familiar é essencial no habitus primário e Entre todas as ações pedagógicas que sofremos, as mais decisivas são as mais precoces, as que sofremos durante a infância. (BONNEWITZ, 2003, p. 78). Sobre o habitus, as aquisições mais antigas condicionam as mais recentes, cada aquisição nova se integra ao conjunto, num só habitus, que não para de adaptar-se, ajustar-se em função das necessidades inerentes às situações novas e inesperadas. (BONNEWITZ, 2003, p. 79). Ele é uma estrutura interna sempre em reestruturação conforme as experiências passado e presente, o que implica que as práticas e as representações não são totalmente determinadas (o indivíduo faz escolhas) ou totalmente livres (escolhas orientadas). Cada indivíduo é apenas uma variante de um habitus de classe. É importante considerar que as diferenças de personalidade individual são apenas uma variante de uma personalidade social, sendo esta apenas o produto do habitus de classe. Há duas teorias da socialização: a holística, que considera o indivíduo como um receptáculo de normas e valores impostos e o individualismo metodológico, que considera que o indivíduo tem sempre uma margem de liberdade em seus papeis sociais. No entanto, Bourdieu considera essa oposição artificial e o habitus se interpõe como uma mediação entre as relações objetivas e os comportamentos individuais (BONNEWITZ, 2003, p. 81). Superando a relação objetivismos/subjetivismo, ou seja, as práticas sociais se traduzem no sentido prático adquirido através do habitus delimitado pela posição social ocupada e que funcionam através de automatismos. É nesse sentido que: A ação individual se explica então em termos de estratégias racionais: o indivíduo faz escolhas para maximizar um resultado; a lógica de suas práticas é a do homo economicus. (BONNEWITZ, 2003, p. 81). Bourdieu também considera o indivíduo como um agente social, que não busca apenas o interesse econômico, mas que economiza suas práticas nos habitus determinados exteriormente. A homogeneidade dos habitus no seio de um mesmo grupo está na base das diferenças de estilos de vida no seio da sociedade. Segundo o autor, um estilo de vida é o conjunto de gostos, crenças e práticas característicos de uma classe, ou de uma fração de classe, ele compreende as opiniões políticas, as crenças filosóficas, as convicções morais, as preferências estéticas e também as práticas sexuais, alimentares, indumentárias, culturais, etc. (BONNEWITZ, 2003, p. 82). No entanto, um nível de vida idêntico pode corresponder a estilos de vida diferente, o que Bourdieu chama de habitus distintos. Página 590

10 Na classe dominante da sociedade francesa contemporânea, os detentores de capital econômico demonstram sua riqueza nos signos culturais legítimos, como viagens, posse de obras de arte, carros de luxo, já os detentores do capital cultural se distinguem pelo amor à música clássica, às leituras e ao teatro, assim os gostos de luxo mesmo pertencentes a um mesmo grupo, são divergentes. Bourdieu ainda observa que a nova burguesia é fortemente dotada de capital cultural e adere ao consumo exacerbado, baseados no crédito, nas despesas e no gozo. A pequena burguesia ascendente se caracteriza pela sua vontade de ascensão social e se assemelha à nova burguesia, pois se baseia no dever de prazer pautada na hexis do corpo, no relaxamento, na alimentação saudável e equilibrada, já a burguesia em declínio cultiva suas preferências tradicionais em relação ao trabalho, a ordem, rigor e minúcia. As classes populares são marcadas pela necessidade de adaptação por conta das necessidades enfrentadas, preferem casas arrumadas, roupas limpas, alimentos fortes, diretamente relacionados à força física e a virilidade que, por conseguinte se relacionam à sua força de trabalho. Cada campo é marcado por agentes dotados de um habitus idêntico, este toma corpo por meio da relação estabelecida entre os campos sociais, que por sua vez são estruturados marcando posições sociais, apesar de serem demarcados, são autônomos e articulam-se entre si. Na teoria de Bourdieu o habitus é fator preponderante na/para a reprodução social. Este se incorpora nas práticas do indivíduo marcando os princípios geradores que o homem carrega consigo, é individual, porém se constitui na/pelas relações sociais e práticas interativas. As escolhas são realizadas a partir de um aparente gosto pessoal, sem saber que milhares de outros indivíduos fazem as mesmas escolhas havendo uma orquestração das práticas em decorrência do habitus. O habitus de classe tem assim como consequência o fato de que os agentes se comportam de tal maneira que as relações objetivas entre classes se perpetuam. (BONNEWITZ, 2003, p. 88). Bourdieu (1983a, p.106), reitera que o habitus é dado pela historicidade do indivíduo e não pelo seu destino, como no dicurso reproduzido pelas classes dominantes, quando destaca que, o habitus não é por isto uma espécie de essência a-histórica, cuja existência seria o seu desenvolvimento, enfim destino definido uma vez por todas. Os ajustamentos que são incessantemente impostos pelas necessidades de adaptação às situações novas e imprevistas podem determinar transformações duráveis do habitus, mas dentro de certos limites: entre outras razões porque o habitus define a percepção da situação que o determina. Nessa perspectiva, a tentativa de explicar o hiato que há entre as gerações de pais e filhos, reconhecida por alguns autores como, o abismo entre gerações, Bonnewitz observa que, O descompasso entre o habitus dos pais e o dos filhos, estruturado por instâncias de socialização múltiplas como a escola, a mídia ou ainda os grupos de pares pode fazer nascer um sentimento de incompreensão. (BONNEWITZ, 2003, p. 89). Reconhecido por alguns autores como sendo o Página 591

11 conflito de gerações, ou hysteresis, quando uns não compartilham mais os esquemas de percepção e de ação dos outros. Considerações finais Compreender a hierarquização social e o habitus em Bourdieu se faz necessário, pois, o espaço ocupado pelos indivíduos na hierarquização social se define pela lógica dos valores inerentes ao capital econômico e cultural pertencentes a esses agentes, nesse sentido, o habitus para Bourdieu não é destino, mas sim, um sistema de disposição aberto, que está continuamente diante das novas experiências e, logo seguidamente afetado por elas. É longevo, mas não imutável. Portanto, a maioria das pessoas está destinada a encontrar ambientes afinados com aqueles que se amolda originariamente o seu habitus e, por resultado disso, acaba por ter experiências que virão reforçar as suas disposições, ou seja, É possível pensar o indivíduo portador de uma experiência que o predispõe a construir sua própria identidade, a fazer suas próprias escolhas sem obedecer cega e unicamente a uma memória incorporada e inconsciente. Ou seja, trata-se de uma experiência incorporada, mas também em construção contínua na forma de um habitus que habilita o indivíduo a construir-se processual e relacionalmente com base em lógicas práticas de ação ora conscientes, ora inconscientes. Na falta de um eixo estruturador único (família, escola e/ou cultura de massa) e pela circularidade das referências, o indivíduo contemporâneo estaria mantendo novas relações com o mundo exterior. (SETTON, 2002, p. 68) Bourdieu então propõe um conceito de habitus, que perpassa o campo da sociologia e aponta especialmente que o homem é sujeito social e que seu comportamento é uma condição constituída e determinada pela/na classe à qual pertence. Referências BONNEWITZ, Patrice. Primeiras lições sobre a sociologia de P. Bourdieu. Tradução de Lucy Magalhães. Petrópolis - RJ: Vozes, BOURDIEU. Pierre. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983a.. Sociologia. Renato Ortiz (Org.). São Paulo: Ática, 1983b. SETTON, Maria da Graça Jacintho. A teoria do habitus em Pierre Bourdieu: uma interpretação contemporânea. Revista Brasileira de Educação. Anped Associação Nacional de Pós- Graduação e Pesquisa em Educação, jan./abr., p Página 592

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