SELEÇÃO DE ACESSOS DE TOMATEIRO RESISTENTES À PINTA-PRETA
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- Nelson Figueiroa
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1 KUBOTA MM; GRIGOLLI JFJ; ALVES Seleção DP; SILVA de acessos DJH; MIZUBUTI de tomateiro ESG. resistentes Seleção de à pinta-preta acessos de tomateiro resistentes à pinta-preta. Horticultura Brasileira 26: S6238-S6242. SELEÇÃO DE ACESSOS DE TOMATEIRO RESISTENTES À PINTA-PRETA Mirian Maristela Kubota 1/ ; José Fernando Jurca Grigolli 1/ ; Daniel Pedrosa Alves 1/ ; Derly José Henriques da Silva 2/ ; Eduardo Seiti Gomide Mizubuti 3/ 1/ UFV, Deptº de Fitotecnia, Viçosa, MG , alunos de graduação, mi_kubota@hotmail.com; 2/ UFV, orientador (bolsista produtividade do CNPq); 3/ UFV, conselheiro (bolsista produtividade do CNPq) RESUMO O Banco de Germoplasma de Hortaliças da UFV pode ser uma importante fonte de genes para futuros programas de melhoramento. Dessa forma, a caracterização, tanto agronômica quanto fitopatológica é de fundamental importância. O objetivo deste trabalho foi caracterizar 50 acessos de tomateiro do Banco de Germoplasma de Hortaliças da UFV (BGH-UFV) à Pinta Preta do Tomateiro (Alternaria solani). Utilizaram-se 50 acessos de tomateiro do BGH-UFV, além das testemunhas Débora, Fanny e Santa Clara. O delineamento utilizado foi em blocos casualizados, com duas repetições e cinco plantas por parcela, sendo três plantas úteis. A inoculação foi realizada com uma mistura de cinco isolados do patógeno. Avaliou-se a severidade da doença nas plantas e, posteriormente, calculou-se a Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD). Foram realizadas cinco avaliações, sendo a primeira 48 horas após a inoculação e as outras a cada três dias. Houve diferença significativa entre os tratamentos, havendo assim, variabilidade entre eles. Os dados foram submetidos à análise de variância, seguidos pelo teste de Scott-Knott, à 5% de significância. Os genótipos com as menores médias para AACPD foram BGH-700, BGH- 2008, BGH-2018, BGH-2032, BGH-2034, BGH-2035, BGH-2054, BGH-2057, BGH e BGH O nível de resistência dos cultivares existentes no mercado é aquém do necessário para admiti-los como um método de controle da pinta-preta. Assim, esses acessos podem ser utilizados como possíveis fontes de genes para futuros programas de melhoramento. PALAVRAS-CHAVE: Solanum lycopersicum, pinta-preta do tomateiro, banco de germoplasma, melhoramento genético de plantas. ABSTRACT Selection of tomato hits resistant to late blight The Vegetables Germoplasm Bank of UFV (BGH-UFV) can be an important source of genes for future improvement programmes. Thus, the characterization, both agronomic and phytopatological is very important. The objective of this work was characterizes 50 hits of tomato from BGH-UFV to tomato late blight (Alternaria solani). It was used 50 tomatoes access from the BGH-UFV, and the cultures Débora, Fanny and Santa Clara. The approach was used in randomized blocks, with two repetitions, five plants per plot and three of them were analyzed. The inoculation was performance with a mixture of five isolates of the pathogen. It was analyzed the severity of the disease in the plants and then calculated the Area Under the Curve Progress on the Disease (AUCPD). We performed five Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago S6238
2 evaluations, the first was 48 hours after the inoculation and the others were every three days. There were significant differences between the treatments, therefore variability between them. Data were submitted to the variance analysis, followed by Scott-Knott test, with 5% of significance. The genotypes which obtained the lowest average for AUCPD were BGH-700, BGH-2008, BGH-2018, BGH-2032, BGH-2034, BGH-2035, BGH-2054, BGH- 2057, BGH-2065 and BGH The resistance level on the commercial cultivars is lower than the necessary to admit them as a method of control to the late blight. Thus, these accesses can be used as potential sources of genes for future breeding programs. KEYWORDS: Solanum lycopersicum, Tomato Late Blight, germoplasm bank, vegetable breeding. INTRODUÇÃO Em regiões tropicais e subtropicais, o tomateiro é afetado por expressivas reduções na produção e qualidade de fruto devido a estresses abióticos, pragas e doenças. Isso pode ser explicado pelo pequeno número de genitores utilizados nos programas de melhoramento para obtenção de novos cultivares (Melo, 1989). O pequeno número de genitores pode estreitar a base genética da progênie e como resultado têm-se cultivares geneticamente semelhantes (Hallauer e Miranda Filho, 1988). Os bancos de germoplasma são importantes ferramentas, pois são fontes de genes para programas de melhoramento. A Universidade Federal de Viçosa possui o segundo mais antigo banco de germoplasma de hortaliças do Brasil, o BGH-UFV (Silva et al., 2001). O fungo Alternaria solani pertence ao grupo de doenças das manchas foliares e de frutos e é agente causador da Pinta-Preta do tomateiro, ocorrendo em todos os lugares onde o mesmo é cultivado. Sua formação ocorre pela disseminação de conídios, que são facilmente disseminados pelo vento, respingos de chuva e água de irrigação. Sua maior incidência é constatada em condições de alta umidade e temperaturas entre 25 e 30ºC. No entanto, pode ocorrer também em clima semi-árido, onde é verificado orvalho com freqüência. Quando não controlada adequadamente pode causar severa destruição foliar, o que pode acarretar queima dos frutos pelo sol, redução do número, tamanho e qualidade dos mesmos (Barreto e Scaloppi, 1999). O fungo ataca as folhas, hastes e frutos, resultando em desfolhamento das plantas, redução do rendimento e da qualidade dos frutos (Castro et al., 2000; Foolad et al., 2002). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Horta de Pesquisas da UFV, tendo início em Fevereiro de 2007 e término em Maio do mesmo ano. Utilizaram-se 50 acessos de tomateiro do BGH- UFV, além dos cultivares Débora, Fanny e Santa Clara como testemunhas. Os acessos utilizados foram BGH-700, BGH-2000, BGH-2002, BGH-2003, BGH-2004, BGH-2006, BGH- 2008, BGH-2013, BGH-2014, BGH-2016, BGH-2017, BGH-2018, BGH-2019, BGH-2020, BGH- 2021, BGH-2026, BGH-2027, BGH-2029, BGH-2032, BGH-2033, BGH-2034, BGH-2035, BGH- 2038, BGH-2039 Amarelo, BGH-2039 Vermelho, BGH-2041, BGH-2046, BGH-2052, BGH- 2054, BGH-2055, BGH-2057, BGH-2060, BGH-2062, BGH-2064, BGH-2065, BGH-2068, BGH- Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago S6239
3 2069, BGH-2071, BGH-2072, BGH-2073, BGH-2074, BGH-2075, BGH-2076, BGH-2077, BGH- 2078, BGH-2080, BGH-2081, BGH-2082, BGH-2083 e BGH O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com duas repetições e cinco plantas por parcela, sendo três as plantas úteis. O experimento foi semeado em bandejas de 128 células contendo substrato comercial e o transplantio foi realizado quando as plantas possuíam quatro folhas definitivas. O solo foi arado, gradeado e corrigido de acordo com a recomendação de adubação para o Estado de Minas Gerais (Ribeiro et al., 1999). Utilizou-se tutoramento vertical com fitilho e as plantas foram conduzidas com uma haste e o espaçamento de 1,00 x 0,60 m. Para a obtenção do inóculo, utilizaram-se cinco isolados do patógeno obtidos no Departamento de Fitopatologia da UFV (DFP/UFV), os quais foram cultivados separadamente em placas de Petri contendo BDA, a 25 ± 2 C, sob fotoperíodo de 12 horas. No sétimo dia de incubação, foram realizados ferimentos no micélio, isto é, adicionou-se água destilada a cada placa e, com um pincel, retirou-se o micélio. As placas foram mantidas sem tampa a 25 ± 2 C, sob fotoperíodo de 12 horas de luz negra por 60 horas. Após esse tempo, os conídios foram removidos com adição de 10 ml de água destilada em cada placa e raspagem superficial com escova de dentes de cerda macias. A seguir, procedeu-se a suspensão foi filtrada em dupla camada de gaze esterilizada. As plantas foram inoculadas 45 dias após o transplantio, com auxílio de um pulverizador costal manual de 5 L, com suspensão de 10 4 conídios/ml, com mistura dos já referidos isolados. Não foi utilizado nenhum fungicida após a inoculação. Foram realizadas cinco avaliações, sendo a primeira, realizada 48 horas após a inoculação e as outras a cada três dias. Nas avaliações, utilizou-se a área foliar lesionada (severidade) de todas as folhas da planta e posterior cálculo da Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD). Os dados foram submetidos à análise de variância, avaliados com o auxílio do programa GENES (CRUZ, 1997) e utilizou-se o teste de Scott-Knott, a 5% de significância. O período de condução deste ensaio foi caracterizado por condições de altas temperaturas e umidades. Relatos feitos na literatura sobre o efeito das condições climáticas no desenvolvimento da pinta-preta do tomateiro sugerem que epidemias severas ocorrem com maior freqüência sob condições de temperaturas maiores que 25ºC, associadas à alta umidade (Maffia et al., 1980; Rotem, 1994). Segundo (Scherf e Macnab,1986), a umidade favorece a esporulação de A.solani que aumenta à medida que a temperatura aumenta para 27ºC durante o período de molhamento foliar. A melhor representação de uma epidemia é a curva de progresso da doença, geralmente expressa plotando-se a proporção de doença contra o tempo (Paula e Oliveira, 2003). Esta opção também pode auxiliar na avaliação de estratégias de controle, previsão de níveis futuros de doença e verificação de simuladores (Bergamim Filho et al., 1995). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi observada variabilidade quanto a AACPD, de Alternaria solani nos acessos de tomateiro do BGH-UFV avaliados (Tabela 1). Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago S6240
4 Observou-se também que o grupo de acessos BGH-2081, BGH-2034, BGH-700, BGH- 2057, BGH-2035, BGH-2054, BGH-2018, BGH-2065, BGH-2008 e BGH-2032 ficaram em um grupo mais resistente à pinta-preta do que as testemunhas Débora Fanny e Santa Clara. O nível de resistência dos cultivares existentes no mercado é aquém do necessário para admiti-los como um método de controle da pinta-preta. Portanto, conclui-se que os acessos BGH-700, BGH-2008, BGH-2018, BGH-2032, BGH-2034, BGH-1035, BGH-2054, BGH2057, BGH-2065 e BGH-2081 são mais resistentes do que as testemunhas Débora, Fanny e Santa Clara e podem ser utilizados como possíveis fontes de genes em futuros programas de melhoramento. AGRADECIMENTOS Ao CNPq e a FAPEMIG pelo auxílio financeiro e concessão de bolsas. LITERATURA CITADA BARRETO, M.; SCALOPPI, E.A.G. Doenças do Tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.). Boletim técnico, BERGAMIM FILHO, A.; LOPES, D.B.; AMORIM, L.; GODOY, C.V.; BERGER, R.D. Avaliação de danos causados por doenças de plantas. Revisão Anual de Patologia de Plantas, p CASTRO, M.E.A.; ZAMBOLIM, L.; CHAVES, G.M.; CRUZ, C.D.; MATSUOKA, K. Variabilidade patogênica de Alternaria solani, agente causal da pinta-preta do tomateiro. Summa Phytopatologica 8: CRUZ, C.D. Programa Genes - Aplicativo computacional em genética e estatística Viçosa: Editora UFV, v p. FOOLAD, M.R.; ZHANG, M.; KHAN, A.A.; NIÑO-LIU, D.; LIN, G. Identification of QTLs for early blight (Alternaria solani) resistence in tomato using backcross populations of a Lycopersicon esculentum x L. hirsutum cross. Theoretical and applied genetics, v.104, n HALLAUER, A.R.; MIRANDA FILHO, J.B. Ouantitative genetics in maize breeding. Ames: Iowa State University Press, 468p MAFFIA, L.A., MARTINS, M.C. del P. & MATSUOKA, K. Doenças do tomateiro. Informe Agropecuário 6: MELO, P.C.T. Melhoramento genético do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.). Campinas: Asgrow do Brasil sementes Ltda., 1989, 55p. PAULA, R.S; OLIVEIRA, W.R. Resistência de tomateiro (Lycopersicon esculentum) ao patógeno Alternaria solani. Pesquisa Agropecuária Tropical, 33: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V. H. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª Aproximação. Viçosa, 359p Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago S6241
5 ROTEM, J. The Genus Alternaria. Biology, Epidemiology, and Pathogenicity. St. Paul. APS Press SHERF, A.F.; MACNAB, A.A. Tomato. In: SHERF, A.F.; MACNAB,A.A. (Eds.) Vegetable Diseases and Their Control. New York. John Wiley & Sons. p SILVA, D.J.H. MOURA, M. C.; CASALI, V.W.D. Banco de germoplama de Hortaliças UFV: histórico e conteúdo. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 2, p , Tabela 1. Médias obtidas de AACPD para 50 acessos de tomateiro do Banco de Germoplasma de Hortaliças da UFV, avaliados quanto a resistência a Alternaria solani. Viçosa-MG, Acesso AACPD Acesso AACPD ,4667 A ,0088 D ,1558 A Santa Clara 22,5325 D ,8233 A ,2300 D ,2625 B ,1008 D ,0050 B ,9692 D ,1875 B ,6992 D ,9858 B ,5567 D ,5425 B ,2442 D ,5608 C ,8950 D ,8950 C ,7050 D ,8283 C ,5558 D ,4742 C ,3308 D ,2300 C ,0533 D 2039-Vermelho 27,3250 C ,6583 D ,2825 C ,3800 D ,8358 C ,6067 D ,8042 C ,2925 E 2039-Amarelo 26,7617 C ,1867 E Fanny 26,0317 C ,8633 E Debora 25,8250 C ,2550 E ,6558 C ,5325 E ,5867 C ,0667 E ,4733 C ,4950 E ,0608 C ,2075 E ,0042 C ,4775 E ,8242 C ,5667 E ,7367 C - - Grupos de médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si à 5% de significância, pelo teste de Scott- Knott. Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago S6242
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