Produção e renda bruta da cenoura Brasília e do almeirão Folhas Amarelas, em cultivo solteiro e consorciado
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1 Produção e renda bruta da cenoura Brasília e do almeirão Folhas Amarelas, em cultivo solteiro e consorciado Néstor Antonio Heredia Zárate 1 ; Maria do Carmo Vieira 1 ; Débora Valério 2 ; Fagner Paula Souza 2 ; Quézia Moura da Silva ; Vanessa Marchi Maioral UFMS-DCA, C. Postal, Dourados-MS. 1 Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. 2 Estudante do Curso de Ciências Biológicas, do Campus de Dourados/UFMS. Bolsista de Iniciação Científica Júnior da FUNDECT/CNPq RESUMO O trabalho foi desenvolvido em Dourados-MS, com o objetivo de avaliar a capacidade produtiva e a renda bruta da cenoura Brasília e do almeirão Folhas Amarelas, sob cultivo solteiro e consorciado. A cenoura e o almeirão foram cultivados com três e quatro linhas de plantas no canteiro, tanto no cultivo solteiro como no consorciado (C A 4 e C 4 A ). O almeirão foi colhido aos 6 dias e a rebrota aos 10 dias após a semeadura e a cenoura, aos 10 dias. Os menores números de folhas do almeirão foram das plantas sob três linhas, no cultivo solteiro (1,8 milhão ha -1 ), na primeira colheita, e nos cultivos consorciados da primeira (2,04 milhão ha -1 ) e segunda colheitas (1,92 milhão ha -1 ). As maiores produções de total de raízes de cenoura (29,0 t ha -1 ) e de raízes comerciais grandes (24,20 t ha -1 ) foram maiores das plantas solteiras e cultivadas com quatro linhas de plantas. As RAEs dos consórcios superaram em 8% (C A 4 ) e 40% (C 4 A ) aos solteiros. Para o produtor de cenoura, os dois consórcios foram economicamente viáveis, e o C A 4 (41.98,00 ha -1 ) poderia ter induzido ganho de R$ 20.18,0 ha -1. Para o produtor de almeirão, os dois consórcios foram economicamente inviáveis. Palavras-chave: Daucus carota, Cichorium intybus, associação de hortaliças, lucro ABSTRACT Yield and gross income of Brasília carrot and of Folhas amarelas chicory in monocrop and intercrop system The work was carried out in Dourados-MS with the objective of evaluating yield capacity and gross income of Brasília carrot and Folhas amarelas chicory under monocrop and intercrop system. Carrot and chicory were cultivated with three and four rows of plants per plot, as under monocrop as under intercrop system (C A 4 and C 4 A ). The six treatments were arranged in randomized block experimental design with six replications. Chicory was harvested on 6 days and re-sprout on 10 days after sowing and carrot, on 10 days. The smallest numbers of chicory leaves were from plants under three rows, in monocrop
2 2 system (1.8 millions ha -1 ), in the fist harvest, and in intercrop system in the first (2.04 millions ha -1 ) and the second (1.92 millions ha -1 ) harvests. The highest total yields of carrot roots (29.0 t ha -1 ) and of big commercial roots (24.20 t ha -1 ) were of plants under monocrop system and which were cultivated with four rows of plants. The LERs consortia were superior in 8% (C A 4 ) and in 40% (C 4 A ) to monocrop system. For carrot producers, both two consortia were economic viable, and C A 4 (41,98.00 ha -1 ) can have induced a profit of R$ 20,18.0 ha -1. For chicory producer, both two consortia were economic unviable. Keywords: Daucus carota, CIchorium intybus, vegetable association, profit. As vantagens da prática da consorciação de culturas podem ser muito bem aproveitadas no cultivo de hortaliças, setor agrícola caracterizado por intenso manejo e exposição do solo, dificuldade no controle de plantas daninhas, uso intensivo de defensivos agrícolas, fertilizantes e irrigação, entre outras práticas culturais e manejo da cultura, que proporcionam consideráveis impactos ambientais (Cecílio & Taveira, 2001). A eficiência dessa prática depende diretamente do sistema e das culturas envolvidas, havendo a necessidade da complementação entre ambas para que o consórcio seja apontado como uma prática mais vantajosa do que o monocultivo (Bezerra et al., 200). Na literatura consultada, não foram encontrados relatos científicos sobre o consórcio da cenoura com o almeirão. Por isso, o objetivo do trabalho foi o de avaliar a capacidade produtiva e a renda bruta da cenoura Brasília e do almeirão Folhas Amarelas, sob cultivo solteiro, com três e quatro linhas de plantas no canteiro, e cultivo consorciado. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido entre 17 de março e 0 de junho de 2004, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS, em Dourados-MS, em solo do tipo Latossolo Vermelho distroférrico, de textura argilosa. A cenoura Brasília e o almeirão Folhas Amarelas foram estudados em cultivos solteiros e consorciados, com três ou quatro linhas por canteiro, totalizando seis tratamentos, arranjados no delineamento experimental de blocos casualizados, com seis repetições. O almeirão e a cenoura foram semeados diretamente no local definitivo. A colheita principal do almeirão foi aos 6 dias após a semeadura, e a da rebrota aos 10 dias, cortando-se rente ao solo as touceiras de todas as plantas contidas dentro de cada parcela. A colheita da cenoura efetuou-se aos 10 dias após a semeadura. O consórcio foi avaliado utilizando a expressão da Razão de Área
3 Equivalente. A validação do consórcio foi realizada pela determinação da renda bruta. RESULTADOS E DISCUSSÃO O número de folhas das plantas de almeirão, em cada época de colheita, foi influenciado significativamente pela interação linhas no canteiro e tipo de cultivo (Tabela 1). Os menores números corresponderam às plantas sob três linhas, no cultivo solteiro na primeira colheita (1,8 milhão de folhas ha -1 ) e nos cultivos consorciados da primeira (2,04 milhão de folhas ha -1 ) e segunda (1,92 milhão de folhas ha -1 ) colheitas. Em relação à produção total, as maiores produções foram no cultivo com quatro linhas (,2 milhão de folhas ha -1 ) e no cultivo solteiro (,0 milhão de folhas ha -1 ). As produções referentes à primeira colheita e à total (primeira + segunda colheitas) de massa fresca das folhas das plantas de almeirão foram influenciadas significativamente pelo número de linhas no canteiro e pela forma de cultivo, isoladamente. Na segunda colheita, foram influenciadas pela interação número de linhas no canteiro e forma de cultivo. Na cenoura, a interação número de linhas no canteiro e forma de cultivo influenciou significativamente as produções de total de raízes e de raízes comerciais grandes (Tabela 2). Em forma isolada, influenciaram as produções de massa fresca de folhas e de raízes comerciais pequenas e o tipo de cultivo influenciou a produção de raízes não comerciais. As razões de área equivalente (RAE) para os consórcios cenoura e almeirão foram maiores que 1,0, indicando a superioridade dos consórcios em 8% (C A 4 ) e 40% (C 4 A ) em relação aos cultivos solteiros (Tabela ). Para o produtor de cenoura foram economicamente viáveis os dois consórcios, mas o C A 4 poderia ter induzido o maior ganho por hectare (R$ 20.18,0), em relação ao melhor arranjo de plantas dentro do cultivo solteiro, no caso com quatro linhas (R$ ,). Por outro lado, para o produtor de almeirão, os dois consórcios foram inviáveis e o consórcio C 4 A foi o pior, já que, apesar de a RAE ter sido superior a 1,00, induziria perda monetária por hectare de R$.79,20, em relação ao cultivo solteiro, com quatro linhas de plantas no canteiro (R$ ,). AGRADECIMENTOS Ao CNPq, pelas bolsas concedidas e à FUNDECT-MS, pelo apoio financeiro. LITERATURA CITADA BEZERRA NETO, F.; ANDRADE, F. V.; NEGREIROS, M. Z.; SANTOS JÚNIOR, J. S. Desempenho agroeconômico do consórcio cenoura x alface lisa em dois sistemas de cultivo em faixa. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 21, n. 4, p , 200. CECÍLIO FILHO, A. B.; TAVEIRA, M. C. G. S. Produtividade da cultura da beterraba em função da época de estabelecimento do consórcio com rúcula. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 2, Suplemento. CD-ROM.
4 Tabela 1. Número de folhas (milhão ha -1 ) das plantas de almeirão, na primeira e segunda colheita, em função da interação número de linhas por canteiro e forma de cultivo. Dourados, UFMS, Linhas no canteiro Forma de cultivo Consórcio Primeira colheita (C.V. = 9,06%) 1,8 b 2,04 b 4 2,40 a 2,41 a Segunda colheita (C.V. = 10,4%) 2,8 a 1,92 b 4 2,99 a 2,72 a Médias seguidas por letras diferentes, nas colunas, dentro de cada colheita, diferem pelo teste F, a % de probabilidade 4 Tabela 2. Massa fresca de raízes comerciais grandes e total de raízes comerciais (t ha -1 ) das plantas de cenoura, em função da interação número de linhas por canteiro e forma de cultivo. Dourados, UFMS, Linhas no canteiro Forma de cultivo Consórcio Raízes comerciais grandes (C.V. = 7,8) 22,9a 10,89 b 4 24,20a 1,1a Total de raízes comerciais (C.V. = 6,) 26,04 b 1,06 b 4 29,0a 20,44a Médias seguidas por letras diferentes minúsculas, nas colunas, para cada variável, diferem pelo teste F, a % de probabilidade Tabela. Renda bruta da cenoura e do almeirão, em cultivo solteiro e consorciado, sob três ou quatro linhas. Dourados, UFMS, Forma de cultivo Espécie Cenoura Almeirão Número de linhas Massa fresca (t ha-1) 1 Número Renda bruta (R$) 4 maços 2 RAE Cultivo Total 26, ,0 19.0, , , , 21, , 2.884, , 8 4 2, , , , Consórcio Cenoura 1,06 - C A 4 Almeirão 4 20, ,7 1, ,0 0.66, , 0
5 Consórcio Cenoura 4 20,44 - C 4 A Almeirão 1, ,2 1,40 1.0, , 8.08, 1 Raiz comercial de cenoura e folhas de almeirão 2 O maço de almeirão = média de 20,0 gramas Razão de Área Equivalente (Caetano et al., 1999). 4 Preço pago ao produtor: R$ 0,7 kg de cenoura e R$ 0, por maço de almeirão. Fonte: Vendedores de hortaliças no varejo, em
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