PROGRESSO GENÉTICO NO MELHORAMENTO DO ALGODOEIRO NOS ÚLTIMOS QUATORZE ANOS EM MINAS GERAIS (*)
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1 PROGRESSO GENÉTICO NO MELHORAMENTO DO ALGODOEIRO NOS ÚLTIMOS QUATORZE ANOS EM MINAS GERAIS (*) Jane Rodrigues de Assis Machado (UFU / jmachado@prove.ufu.br), Julio Cesar Viglioni Penna (UFU), Marcelo Abreu Lanza (Epamig), Dercílio Marcelo Fernandes (UFU). RESUMO - Este trabalho objetivou estimar o ganho genético obtido pelo programa de melhoramento da Epamig em Minas Gerais nos últimos quatorze anos, a partir dos dados de ensaios regionais de linhagens e cultivares, no período de 1990 a 2004, os ensaios foram realizados em delineamento de blocos casualizados com cinco repetições onde cada parcela foi constituída de 4 linhas de 5 m e área útil as duas centrais. Em cada ano uns números variáveis de genótipos e locais foram testados. A metodologia utilizada para estimar o ganho genético foi a de Fernandes (1988), que obtém o progresso genético pela diferença entre a média dos genótipos não comuns de um ano e a do imediatamente inferior, retirando-se o efeito do ano. As análises foram realizadas com o auxílio do programa Genes. O ganho genético para porcentagem de fibra foi de 0,18% ao ano representando cerca de 1,98 % nos últimos quatorze anos e para produtividade de foi de 40,87 Kgha -1 (1,62%) ao ano e nos últimos quatorze anos houve um acréscimo de 450 Kgha -1 nos materiais melhorados, indicando que programa de melhoramento do algodoeiro em Minas gerais tem gerado variabilidade suficiente para obtenção de ganho positivo e, portanto eficiente. Palavras-chave: Gossypium hirsutum L., ganho genético, programa de melhoramento GENETIC PROGRESS IN COTTON BREEDING IN THE LAST 14 YEARS IN THE STATE OF MINAS GERAIS, BRAZIL ABSTRACT - This research aimed at the estimation of genetic gains obtained for two important traits (yield and picked lint percent) in the cotton-breeding program of Minas Gerais State, Brazil, in the last 14 years, using data of regional trials during the period 1990 to The experiments were carried out as complete randomized-block designs with five replications and plots comprised of four rows 5 m long. A variable number of genotypes and locations was used for each year. The method utilized for the estimation of genetic gains was the one developed by Fernandes in 1988 which obtains the genetic progress by the difference between the means of genotypes not in common in two consecutive years, subtracting the year effect. The analyses were conducted using the software Genes (UFV). The genetic gain for picked lint percent was 0,18% per year, which represents 1,98% over all fourteen years. For seedcotton yield the estimated genetic gain was 40,87 Kgha -1 (1,62%) per year for the same period. Considering the fourteen years, there was a total increase of 450 Kgha -1 in the improved genotypes. It is concluded therefore that the cotton breeding program in Minas Gerais has generated enough variability Ito obtain positive and efficient results. Key words: Gossypium hirsutum L., genetic gain, cotton improvement.
2 INTRODUÇÃO O algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L.) é uma cultura de relevante importância no Brasil, movimentando elevados valores entre insumos, maquinas, mão-de-obra, processamento e tecelagem, fazendo-se necessário à adequação e melhoria de novas cultivares que buscam atender o mercado cada dia mais exigente. No início dos programas de melhoramento das espécies cultivadas, notava-se claramente o progresso obtido com as seleções, no entanto o estreitamento de sua base genética, tem dificultado tais avanços. Várias instituições públicas e privadas têm se esforçado para obter cultivares mais produtivas e com as características desejáveis à indústria têxtil, porém a média do ganho obtido é na maioria das vezes pequeno (MACHADO et al., 2003). Nas fases finais do programa de melhoramento do algodoeiro são realizados ensaios regionais onde os locais de plantio comercial são representados por diferentes ambientes e vários anos. As seleções são realizadas de forma geral por meio de médias e variâncias, no entanto há dificuldade na determinação do progresso genético dos novos materiais. Algumas metodologias foram desenvolvidas para estimar o ganho genético em um determinado período, dentre as quais cita-se: Vencovsky et al. (1986), Rodrigues (1990), Soares (1992), Breseghello (1995) e Fernandes (1988). A metodologia proposta por Vencovsky et al. (1986) e modificada por Fernandes (1988) permite o acompanhamento do ganho obtido durante os vários anos que compõe um programam de melhoramento, fornecendo subsídios para condução e planejamento adequados das atividades do programa (ALLIPRANDINI, 1993). Em Minas Gerais o melhoramento do algodoeiro é realizado de forma sistemática pela EPAMIG, desde 1974, tendo sido lançadas cultivares importantes para o estado tais como: Minas Dona Beja, Epamig4-Redenção e Epamig 5 Precoce 1 (PENNA, 1999). Mantendo-se atualizado e dinâmico. A cada ano são introduzidos novos genótipos e retirados os outros de pior desempenho fazendo-se necessário estimar o ganho genético na substituição desses matérias para melhor condução do programam de melhoramento. O presente trabalho tem por objetivo quantificar o progresso genético alcançado, para produtividade e porcentagem de fibra, pelo programa de melhoramento de algodoeiro em Minas Gerais no período de 1990/91 a 2003/04. MATERIAL E MÉTODOS Os dados utilizados são do programa de melhoramento do algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L.) da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) durante o período de 1990/91 a 2003/04. Os experimentos foram, todos, conduzidos em delineamento de blocos casualizados com cinco repetições sendo a parcela constituída de 4 linhas de 5 m, com sete plantas por metro linear onde se considerou área útil as duas centrais. A cada ano foram realizados ensaios no mínimo dois locais com características semelhantes às das regiões produtoras do estado. As variáveis analisadas foram produtividade de algodão em caroço (Kgha -1 ) e porcentagem de fibra (%), ambas representando fatores importantes e de grande interesse para o produtor. Para calcular o ganho genético utilizou-se a metodologia de Fernandes (1988) onde o progresso genético é obtido pela diferença entre a média dos genótipos não comuns de um ano e a do
3 imediatamente inferior, retirando-se o efeito do ano (ATROCH, 2000). As análises foram realizadas com o auxílio do programa GENES. Para anos consecutivos em que houve repetição dos mesmos genótipos utilizou-se a média dos dois ambientes (91/93; 93/95 e 95/97). Resultados e Discussão A Tabela 1 apresenta os ambientes em que foram avaliados os genótipos. Tabela 1. Anos e locais onde foram realizados os ensaios regionais de linhagens e cultivares pela Epamig no período de 1990 a Anos Locais 90/91 Janaúba e Capinópolis 91/92 Janaúba e Capinópolis 92/93 Janaúba e Capinópolis 93/94 Janaúba e Capinópolis 94/95 Janaúba e Capinópolis 95/96 Janaúba Irrigado, Janaúba Sequeiro e Capinópolis 96/97 Janaúba e Capinópolis 97/98 Janaúba Irrigado, Janaúba sequeiro, Uberaba, Jaíba Sequeiro e Capinópolis 98/99 Janúba Sequeiro, Uberaba, Jaíba e Cachoeira Dourada 99/00 Uberlândia, Capinópolis, Janaúba Sequeiro, Janaúba Irrigado e Uberaba 00/01 Capinóplis e Uberaba 01/02 Uberaba, Capinópolis, Janaúba Irrigado 02/03 Uberaba, Capinópolis, Janaúba Sequeiro, Monte azul, Catuti, Mato verde, Jaíba Sequeiro e Espinosa 03/04 Uberaba, Capinópolis, Janaúba Sequeiro, Monte azul, Catuti, Mato verde, Jaíba Sequeiro, Espinosa, Uberlândia, Mocambinho Sequeiro, Mocambinho Irrigado e Presidente Olegário A análise obtida, para porcentagem de fibra (%) detalha a dinâmica do programa de melhoramento desenvolvido pela EPAMIG em Minas Gerais (Tab. 2), onde houve introdução de novos genótipos de um ano para outro e exclusão de alguns materiais. O ganho genético total obtido foi de 0,17% ao ano representando cerca de 1,98 % nos últimos quatorze anos (Tabela 3), indicando ganho significativo para esta característica que nos últimos anos tem recebido atenção especial, visto que a comercialização do algodão é feita, na grande maioria das vezes, em pluma fazendo-se necessário um melhor rendimento da mesma durante o beneficiamento.
4 Tabela 2. Balanço detalhado da dinâmica do programa de melhoramento genético do algodoeiro em Minas Gerais para porcentagem de fibra (%) e produtividade de algodão em caroço Kg.ha -1. ANO I M E T MI MM ME MT % Fibra Prod. % Fibra Prod. % Fibra Prod. % Fibra Prod , ,88 36, ,74 36, , , ,43 37, ,08 37, ,63 37, , , ,08 37, ,78 37, ,01 37, , , ,33 38, ,35 37, ,72 37, , , ,82 38, ,13 37, ,00 37, , , ,62 39, ,59 38, ,07 39, , , ,72 39, ,53 38, ,90 39, , , ,55 35, ,79 39, ,96 38, , , ,10 41, ,57 40, ,25 41, , , ,03 41, ,91 40, ,31 40, , , ,89 38, , , ,95 I : número de genótipos novos em relação ao ano anterior;m : número de genótipos mantidos para avaliação no ano posterior; E : número de genótipos excluídos da avaliação no ano posterior; T : número de genótipos avaliados no ano; MI : média dos genótipos novos (renovados) em relação ao ano anterior; MM : média dos genótipos mantidos para avaliação no ano posterior; ME : média dos genótipos excluídos da avaliação no ano posterior; MT : média dos genótipos avaliados no ano. Para produtividade de algodão em caroço (Kgha -1 ) as substituições, exclusões e inclusões seguiram os mesmos padrões anteriormente descritos para porcentagem de fibra. O ganho genético obtido nesses quatorze anos de melhoramento foi de 40,87 Kgha -1 (1,62%) ao ano e nos últimos quatorze anos houve um acréscimo de 450 Kgha -1 nos materiais melhorados (Tab. 3), indicando que mesmo não sendo a única variável de importância a ser selecionada ela ainda é fator de referência para as seleções durante o desenvolvimento dos programas de melhoramento. Mostrou ainda que mesmo com a reduzida base genética dos materiais atuais houve variabilidade suficiente para obter um ganho positivo, valores semelhantes foram obtidos por Carvalho et al., 1997 ao avaliar o progresso genético do algodoeiro herbáceo no nordeste (1,03% de ganho médio) e Machado et al., 2003 para algodoeiro herbáceo em Minas Gerais (3,75% de ganho médio).
5 Tabela 3. Balanço do ganho genético do programa de melhoramento de algodoeiro herbáceo em Minas Gerais nos últimos quatorze anos, para produtividade de algodão em caroço (Kgha -1 ) e porcentagem de fibra (%) Anos DB EA DG % fibra Prod % fibra Prod % fibra Prod 2 e 1 0,56 174,13 0,49 58,18 0,11 115,95 3 e 2 0,16-84,31-0,24-99,49 0,40 15,18 4 e 3 0,16-406,06 0,06-381,26 0,09-24,79 5 e 4-0,20-433,80 -, ,71 0,52-42,09 6 e 5 1,57 48,86 1,16-111,32 0,40 160,19 7 e 6-0,07 303,37-0,26 303,18 0,18 0,187 8 e 7-1,08-43,24-1,83-164,09 0,74 120,85 9 e 8 3,49-178,35 5,37 244,86-1,88-423,21 10 e 9-0,75 498,87-1,18 501,71 0,42-2,83 11 e 10-1,87 589,08-1,57 615,68-0,30-26,59 Ganhos Média (%) Proporção (%) Média (Kgha -1 ) Proporção (%) Genético 0,17-35,33 40,87-10,36 Ambiental -0,68 135,33-435,10 110,36 Total -0,50 100, -394,22 100, DB: diferença bruta; EA: efeito ambiental; DG: diferença genética (ganho genético) CONCLUSÃO O programa de melhoramento de algodoeiro herbáceo em Minas Gerais tem sido eficiente para o melhoramento das características analisadas. (*) Apoio Financeiro: CNPq; FAPEMIG e FUNDAP/UFU
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLIPRANDINI, L. F.; TOLEDO, J. F. F de.; FONSECA JUNIOR, N. S.; KIIHL, R.A. de S.; ALMEIDA, L.A. de.; Ganho genético em soja do estado do Paraná, via melhoramento, no período de 1985/86 a 1989/ Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 28, n. 4, p ATROCH, A. L.; NUNES, G. H. Progresso genético em arroz de várzea úmida no estado do Amapá Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília. v. 35, n. 4, p CARVALHO, L. P. de.; BARBOSA, M. H. P.; COSTA, J. N. da.; FARIAS, F. J. C.; SANTANA, J. C. F. de.; ANDRADE, F. P. de. Progresso genético do algodoeiro herbáceo no Nordeste Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.32, n.3, p: MACHADO, J. R. de A.; SANTOS, P. G.; PENNA, J. C. V.; FALLIERI, J.; LANZA, M. A. Progresso genético do programa de melhoramento do algodoeiro herbáceo em Minas Gerais. In: COMGRESSO NACIOANAL DE MELHORAMENTO DE PLANTAS, 2., 2003, Porto Seguro. Anais... Viçosa: Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas. PENNA, J. C. V. Melhoramento do algodão. In: BORÉM, A. (Ed.) Melhoramento de espécies cultivadas. Viçosa: UFV, Cap.1, p
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