E faço isso para enfatizar a ideia de sistema de Justiça e de identidade como integrante desse mesmo sistema.

Transcrição

1 Senhoras e Senhores, Tive a oportunidade de, RECENTEMENTE, ser um dos primeiros a ler o último informativo da APESP, por ocasião de participação em entrevista no programa ARGUMENTO, em São Paulo, capitaneado, competentemente, pela Presidente Márcia Semer, com veiculação da TV JUSTIÇA e canais universitários. Excelente iniciativa, presidente, que deve servir de exemplo para a Anape. Mas, ALI, pude, como em num Dèja vu, ver-me, no contexto de concretização de sonhos; de antecipação do momento vivido ontem, já aqui, na sede da Anape, por ocasião da inauguração da nossa Galeria de Presidentes. Estavam presentes Paulo Pires, Amilcar Navarro, Omar Coelho, Diogo de Figueiredo Moreira Neto, Ronald Bicca e a viúva do saudoso colega Odacir França. Ainda em São Paulo, antevi o momento, em que todos os nossos antecessores relataram alguns dos acontecimentos históricos que marcaram a própria existência da nossa carreira. Na noite passada, uma porção de colegas e convidados tiveram contato direto com alguns dos atores dos fundamentos institucionais e científicos da nossa carreira. Neste ponto, ficou a marca indelével, permitam-me vênia de citá-lo destacadamente, do professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto. Homem de elevado conceito científico, PROCURADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO cuja obra revela imensa dedicação à estruturação das bases científicas da nossa Advocacia Pública. Suas palavras calmas, mas contundentes, afirmaram ser impossível consolidar o Estado Democrático de Direito, sem assegurar a boa atuação dos agentes responsáveis por sua preservação e defesa. Na parte que nos compete, incluo não apenas os membros do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública, mas também da Advocacia Pública e todos os profissionais da advocacia. E faço isso para enfatizar a ideia de sistema de Justiça e de identidade como integrante desse mesmo sistema. O Sistema de Justiça, muito bem delineado no Título IV, Capítulos I e II, da Constituição Federal. Com o Poder Judiciário e as Funções que lhe são essenciais, sem as quais desaba a Democracia, o equilíbrio funcional do Poder e a ordem e a segurança jurídicas. Sobre a identidade, nas incursões sobre a Advocacia Pública que fiz em importantes eventos realizados nos últimos dias por nossas associações estaduais, com destaque para as de Sergipe e de Roraima, dedicamos boa parte das nossas explanações a nossa atuação, como profissional e como carreira.

2 Essa abordagem vem na esteira de um juízo de estruturação ética que nos distingue. Não pelo compromisso com a realização do interesse público, inato e inerente a todo o sistema, mas pela vocação, pelo perfil profissional. SOMOS ADVOGADOS E ADVOGADAS! ADVOGADOS E ADVOGADAS PÚBLICOS. Não queiram desnaturar o nosso papel. Porquanto, como advogados somos tão indispensáveis, invioláveis, independentes, como qualquer outra carreira jurídica, para a realização da importante função social que o ordenamento jurídico nos confere, (EAOAB, art 2º, ), para promover, com exclusividade, como operadores do direito, ADVOGADOS DO ESTADO, (i) a orientação jurídica dos gestores públicos, que previne e confere continuidade e segurança na esfera das relações com a Administração Pública; (ii) a defesa do patrimônio público, em juízo ou fora dele; ou, como proclamava Pontes de Miranda, a personalização do próprio Estado, adstrito à legalidade que conduz seus atos, na repressão e def esa processuais. Nossa luta, como representantes de classe, é mais do que uma batalha diária em defesa de interesses meramente corporativos. Lutamos por uma causa maior que é vital para a ordem jurídica e para a garantia dos direitos fundamentais dos brasileiros e estrangeiros presentes neste território que se chama Brasil. Daí porque parafraseio nosso ex-presidente Paulo Pires, que ontem pregava a imprescindível vigilância na preservação das garantias fundamentais, pois, disse ele, citando, se não me engano Pontes de Mirando, QUANDO DEIXAMOS PERDER UMA GARANTIA, ARRUINAM-SE OS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA. Nossa luta, portanto, como qualquer advogado, é pela Democracia e pela República. Pelos direitos fundamentais. Pela boa condução da Administração Pública, como contendores da corrupção e norteadores dos atos e negócios públicos, para assegurar, na perspectiva de quem defende o ESTADO, no contraponto, mesmo, dos demais integrantes do que denominamos sistema jurídico brasileiro. Lembrem: nem sempre Ministério Público e indivíduos ou organizações em confronto com Estado estão correta. É preciso um Procurador do Estado, para, num embate legítimo, porque jurídico, defender o patrimônio público. Por isso, assumimos essa grande responsabilidade de gerir os rumos da nossa representação nacional de classe, tendo como prioridades, para essa nova gestão da ANAPE que se inicia organizar e distribuir funções, planejar, buscar e medir resultados, para que tenhamos melhores condições de assumir papel decisivo, de protagonista no cenário de luta pela valorização e fortalecimento da carreira de Procuradores dos Estados e do Distrito Federal. Sempre de forma transparente e democrática, só assim teremos condições de participar efetivamente da elaboração de propostas que tenham a cara da Advocacia Pública, integrada por carreiras cujas importâncias se revelam pelo fato de integrarem o sistema de justiça com o propósito não apenas de prestar consultoria e tornar presente as

3 respectivas unidades federadas em juízo, mas também de dar coerência e agilidade ao funcionamento de cada uma. Nosso sistema de gestão compartilhada contribuirá e muito! Isso corresponde a identificação de todo o plano de ações da Anape através da sua equipe de trabalho. Os integrantes dos órgãos de direção e conselhos legitimamente eleitos terão condições de executar o respectivo papel. Faremos isso paulatinamente e de forma planejada, sem esquecer de que a comunicação terá papel fundamental na tarefa de conscientizar os procuradores e procuradoras da relevância do trabalho coordenado de representação nacional e, com isso, condições de custear razoavelmente nossa estrutura de serviços e benefícios. O potencial de alcançar todos os nossos associados existe. Se não me engano, são mais de ativos e inativos em todo o Brasil, integrando nossas carreiras que, por suas próprias características, são todas autosustentáveis, seja no aspecto preventivo, defensivo ou repressivo (execuções fiscais, ações de reparação civil, ações de improbidade, etc.). Desses, estão filiados à Anape. Nosso primeiro processo eleitoral, em quase 30 anos, já cuidou de parte dos objetivos desse projeto, ao aproximar o associado da entidade. Agora, é trabalhar um bom programa de comunicação, sobretudo para afirmar a identidade profissional e funcional do Procurador do Estado também perante a sociedade, que é maior beneficiária dos nossos serviços. E, enfim, todos teremos o ambiente propício para, como ADVOGADOS, integrantes de um sistema judicial - que deve ser equilibrado - defender nossas prerrogativas. Algumas tão ou tanto quanto desejáveis e já consolidadas, outras com um enorme campo de batalha para a sua construção. Classificamos e relacionamos algumas delas: PRERROGATIVAS FUNCIONAIS: (i) imunidade; (ii) independência técnica; (iii) regime jurídico próprio; (iv) prerrogativa de foro, como já consolidado em Goiás, inclusive com o amparo do Supremo Tribunal Federal; PRERROGATIVAS PROCESSUAIS: (i) prazos; (ii) reexame necessário; (iii) intimações pessoais; (iv) responsabilização por dolo ou fraude, conforme os mesmos critérios dos demais integrantes do sistema de Justiça; (v) honorários; PRERROGATIVAS INSTITUCIONAIS: (i) organização em carreira; (ii) unidade; (iii) autonomia administrativa; (iv) autonomia financeira; (v) tratamento remuneratórios adequado; (vi) vinculação funcional ao sistema, sem subordinação hierárquica. Isso posto, e aqui parto para o final, retomo a viagem metafísica inicial, que antecipou os momentos de emoção que marcaram a cerimônia de inauguração da galeria dos nossos ex-presidentes, que foi a matéria veiculada no Informativo da co-irmã

4 paulista sobre a inauguração também das fotos dos ex-presidentes da Apesp, momento no qual o decano dos ex-presidentes daquela entidade, Raimundo Farias de Oliveira, brindou a todos com este poema - Das Utopias -, de Mario Quintana: Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!. Nossa autonomia está presente e a sua distância diminui na mesma proporção da evolução da sociedade, das instituições democráticas e da nossa carreira. Nosso primeiro embate democrático é a maior prova disso. Demonstra a maturidade da carreira, segura da sua identidade e do seu papel constitucional. E recebe o resultado eleitoral, com muita maturidade e sentimento de unidade. Vejam: Todos os Estados estavam representados hoje na primeira reunião do Conselho Deliberativo, por seus membros natos e eleitos. Espetáculo da democracia! Enfim, não posso concluir, sem antes agradecer: Ao nosso anfitrião, o Presidente Ophir Cavalcante, pela pronta disposição de nos acolher e defender. Ao Presidente Henrique Tibúrcio, da Seccional de Goiás, pelo espaço no qual surfei e amadureci como representante da advocacia pública no nosso Estado, depois de presidir a minha associação estadual, a Apeg, por dois mandados. Aos colegas de Goiás, que nos honram e enchem de orgulho ao se deslocarem maciçamente para nos prestigiar em Brasília, fazendo-o na pessoa da amiga e hoje presidente da Apeg, Valentina Jungmman. Aos amigos fiéis. Poetizou John Done: Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti. Nunca estive sozinho. Estive ao lado dos que acreditaram na vitória da proposta de um trabalho coletivo. Na qualidade de parte do todo, agradeço aos integrantes da nova Diretoria Executiva, Diretorias e Conselhos Deliberativo e Consultivo da Anape. E o faço nas pessoas de Telmo Lemos, Jaime Vilela, Santuzza Costa Pereira, Bruno Hazan, Luiz Henrique Souza de Carvalho, Hélder Barros e Marcelo Mendes, pela necessidade de ser breve. Este projeto tem a cara de um grupo! E aos meus familiares. Minha mãe. Meu irmão. Meu sogro e minha sogra. Meus cunhados. Ao meu núcleo mais intenso de amor, minha esposa, Aline, minhas lindas filhas, Gabriela e Maria Alice, a quem mais uma vez peço desculpas, por mais esta vez cederem espaço a uma causa grandiosa... Porque não podemos deixar os símbolos dobrarem pela Justiça Brasileira, que não é uma ilha isolada na forma monolítica de consolidação de um único Poder, porque a morte ou o padecimento de uma parcela que lhe é essencial, significa a sua própria

5 morte, a morte da Democracia, a morte da República, o padecimento dos direitos que nos são fundamentais. (...) Muito obrigado!