FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A DOCÊNCIA ONLINE: UMA PESQUISA- FORMAÇÃO NA CIBERCULTURA 1. Alexsandra Barbosa da Silva 2

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1 FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A DOCÊNCIA ONLINE: UMA PESQUISA- FORMAÇÃO NA CIBERCULTURA 1 Alexsandra Barbosa da Silva 2 Resumo Expandido O presente trabalho faz referência à pesquisa que está em desenvolvimento no curso de Mestrado em Educação (Proped/UERJ) e que vem sendo realizada no Grupo de Pesquisa Docência e Cibercultura (GPDOC), da linha de pesquisa Cotidianos, Redes Educativas e Processos Culturais, tendo como objeto de estudo a formação de professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) para a docência online. Sua base teórica está ancorada na pesquisa nos/dos/com os cotidianos (ALVES, CERTEAU), com abordagem multirreferencial (ARDOINO), tendo como método a pesquisa-formação no contexto da cibercultura (SANTOS) com teorias de formação docente (NÓVOA) e interatividade (SILVA). Diante das mudanças que surgem com o constante desenvolvimento do digital em rede é de suma importância o investimento na formação de professores para atuarem no contexto sociotécnico que vivemos, portanto a formação dos professores para docência presencial ou online precisará, então, contemplar a cibercultura (SILVA, 2010). Para SANTOS (2014) é preciso continuar investindo em formação inicial e continuada de professores para que seu exercício docente seja mais sintonizado com as novas demandas sociais, culturais, pedagógicas e políticas da cibercultura (p.13). Deste modo, o objeto de estudo do presente resumo é a formação de professores para a docência online, dada a sua importância na cibercultura, entendendo esta como a cultura contemporânea mediada pelo digital em rede (SANTOS, 2014). A justificativa e relevância para tal pesquisa se dá pelo ainda pouco investimento em formação de professores para atuarem com a docência online, a universidade precisa ofertar essa formação continuada aos seus docentes. O interesse em pesquisar esse tema teve início a 1 Artigo apresentado ao Eixo Temático 11 Educação a distância / Educação online / Métodos e processos pedagógicos do IX Simpósio Nacional da ABCiber. 2 Pedagoga da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestranda em Educação (Proped/UERJ) e participa do Grupo de Pesquisa Docência e Cibercultura (GPDOC/UERJ). b.s.alexsandra@gmail.com

2 partir dos meus dilemas 3 oriundos de minha prática enquanto pedagoga do Laboratório de Tecnologias de Informação e Comunicação (LaTIC/UERJ) atuando na formação de professores para uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) utilizado para a graduação presencial da UERJ aliada a percepção de que mesmo vivendo atualmente a segunda fase da cibercultura, a Web 2.0, que tem como um dos destaques a emergência da educação online, mediada pelos ambiente online de aprendizagem, o AVA ainda é subutilizado, suas interfaces de comunicação são pouco utilizadas e na maioria das disciplinas presenciais ocorre apenas a disponibilização de materiais de estudo. Pensando nessa subutilização e refletindo sobre a minha prática por meio dos meus dilemas, surgem algumas questões: Porque os professores da UERJ ainda utilizam o AVA como repositório de materiais? Será que ainda está faltando uma formação melhor para o exercício da docência online? Será que lhes falta tempo na carga horária docente para elaborar um desenho educacional para sua disciplina? Será que seus alunos ainda têm dificuldade de acesso à internet e por isso a maioria das atividades são desenvolvidas presencialmente, restando ao ambiente virtual apenas a manutenção do material didático? Será que não conseguem lidar com os dispositivos e por isso acabam usando pouco as interfaces de comunicação e de conteúdo? Como têm realizado e como pretendem realizar as suas atividades com os estudantes e como são feitas as comunicações, por , por facebook, redes sociais, whatsapp, aplicativos para comunicação ou só presencialmente? Tendo como objetivo principal compreender como os docentes da UERJ pensam a cibercultura, como fazem ou pretendem fazer em sala de aula presencial com o uso do digital em rede, por meio do AVA. Diante de todos essas questões que são relevantes para que conheçamos os motivos e assim possamos investir em ações que melhore o uso do AVA nas disciplinas presenciais da universidade, surge o interesse em realizer essa pesquisa e ofertar através do LaTIC um curso de extensão para formação dos professores da Uerj que usem ou queiram usar o Ambiente Virtual de Aprendizagem nas suas disciplinas da graduação presencial ou do Colégio de Aplicação da UERJ (CAp UERJ), pois é fundamental que os formadores em educação online conheçam o funcionamento das interfaces e do AVA como um todo (SANTOS, 2005, p. 260). 3 Entendo dilemas como as situações problemáticas que emergem no decorrer da atividade profissional do professor ou do pesquisador-aprendente (SANTOS, 2005, p. 216)

3 A metodologia da pesquisa é a pesquisa-formação, que tem como concepção uma pesquisa baseada na implicação do pesquisador com o campo de pesquisa, construindo juntamente com os sujeitos envolvidos o conhecimento e o próprio método (SANTOS, 2014, p. 84). Sendo assim o dispositivo de pesquisa acionado será um curso de formação de professores da UERJ para a docência online por meio da plataforma MOODLE. Ardoino conceitua dispositivo como uma organização de meios materiais e/ou intelectuais, fazendo parte de uma estratégia de conhecimento de um objeto. (ARDOINO, 2003, p. 80), é através do dispositivo de pesquisa que ocorre a produção de dados com os praticantes culturais 4, é o dispositivo de pesquisa que faz emergir os dados por meio de narrativas e imagens registradas no AVA, a partir do dispositivo todos os envolvidos no processo de pesquisa-formação compartilham, trocando seus saberes. O campo de pesquisa utilizado na pesquisa será o Ambiente Virtual de Aprendizagem, por meio do software de gerenciamento de cursos online, o MOODLE. Como praticantes da pesquisa teremos uma turma de 30 professores de diversos cursos presenciais da universidade. A pesquisa encontra-se em sua fase inicial, o dispositivo está sendo, em princípio, acionado em uma turma da graduação em pedagogia da UERJ da disciplina de Tecnologias em Educação, a turma tem em média 35 estudantes do 1º período. O desenho educacional do campo de pesquisa já foi iniciado, abaixo imagem do ambiente virtual que está sendo acionado. Figura 1: Ambiente Virtual de Aprendizagem da disciplina Tecnologias e Educação. O desenho educacional 5 da disciplina faz uma bricolagem com várias interfaces que possibilitam a autoria, criação, hipertextualidade e interatividade entre os participantes. Com 4 Termo usado por Certeau (1994) para aquele que vive as práticas/táticas cotidianas.

4 espaços coletivos para conversas tanto no AVA quanto em redes sociais, possibilitando a todos experimentarem a mediação em ambientes online. O desenho educacional conta com textos, vídeos e imagens que são utilizados nas discussões presenciais e estendidos para as conversas online. A atividade final será feita em grupo com uma proposta de aula no ambiente virtual, na qual os estudantes terão que usar o AVA pensando numa proposta curricular que seja capaz de agregar várias mídias, pois os ambientes virtuais agregam uma das características fundantes da internet, a convergência de mídias, ou seja, a capacidade de hibridizar e permutar em um mesmo ambiente várias mídias (SANTOS, 2014, p, 55). O desafio da pesquisa é problematizar a formação de docentes universitários para atuarem na educação online. A formação continuada desses professores precisa ser ofertada também pela universidade. Um dos objetivos é propor aos professores articularem a teoria a prática pedagógica, indo além do ambiente virtual de aprendizagem, mobilizando outros fenômenos da cultura contemporânea mediada pelo digital em rede. O uso das mídias digitais revela uma maneira de manifestação política que está crescendo cada vez mais tendo o ciberespaço e a cidade juntos o tempo todo, filosofias, discussões e políticas se iniciam nas redes sociais e vão ocupando inicialmente o digital em rede e posteriormente habitando outras redes, as ruas, tessendo outros diálogos e se expandindo nacional e até mundialmente. A crise no Estado do Rio de Janeiro ocasionou uma série se ocupações de escolas estaduais, movimento realizado pelos alunos em busca de melhorias das condições mínimas e dignas de funcionamento das escolas. A Universidade do Estado do Rio de Janeiro iniciou um processo de greve em dezembro de 2015, por bolsas de alunos atrasadas, falta de pessoal para realização de segurança e limpeza, materiais básicos de funcionamento e manutenção da universidade, dentre outras precariedades sofridas pela universidade. Várias atividades foram realizadas pelos alunos e professores da Uerj no movimento chamado Uerj Resiste, como rodas de leituras, palestras etc, foi também criado um grupo no Facebook chamado Cineclub Uerj resiste para exibição de filmes e discussão coletiva sobre eles. Esses são alguns exemplos que demonstram as tramas que vão se formando e se interligando nas redes de conhecimento como atos políticos e filosóficos, todo esse cenário constitui diversas ambiências formativas. Ciência, pesquisa, formação, política estão todos em rede. A 5 Neste trabalho, optamos pela expressão desenho educacional por entendermos que um projeto de educação não pode se reduzir ao conceito de instrução (SANTOS, 2005, p.175)

5 formação de professores precisa contemplar esses fenônemos que emergem contantemente na cibercultura, formando e se formando para a docência online. Palavras-chave: Pesquisa-formação; Docência Online; MOODLE; Ambiente Virtual de Aprendizagem; Formação de Professores. Referências bibliográficas ARDOINO, J. Para uma pedagogia socialista. Brasília, DF: Plano, CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis, RJ: Vozes, LEMOS, André, LEVY, Pierre. O futuro da internet: em direção a uma ciberdemocracia. São Paulo: Paulus, MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, NÓVOA, António, coord. Formação de professores e profissão docente. Os professores e a sua formação. Lisboa : Dom Quixote, p OLIVEIRA, Inês Barbosa, ALVES, Nilda, (Orgs.). Pesquisa nos/dos/com os cotidianos das escolas. 3ª ed. Petrópolis: DP&A, SANTOS, Edméa O. Pesquisa-formação na cibercultura. 1 ed. Santo Tirso: Whitebooks, Educação Online: cibercultura e pesquisa-formação na prática docente. Tese de doutorado. Salvador: FACEB-UFBA, <orientador Prof. Dr. Roberto Sidney Macedo> SILVA, Marco. (org). Formação de professores para docência online. São Paulo: Ed. Loyola, SILVA, Marco. Educar na cibercultura. Revista Digital de Tecnologias Cognitivas Disponível em <Acesso em 20/03/2016>