Painel 1: Tributação do Consumo. Reforma Tributária e Federação

Transcrição

1 Reforma Tributária no Brasil e as perspectivas para o avanço da questão em 2017 Painel 1: Tributação do Consumo Reforma Tributária e Federação Professor: Leonardo de Andrade Costa

2 Algumas indagações (...) 1) Quais as perspectivas para o avanço de uma Reforma Tributária ampla no Brasil em 2017? 2) No que se refere especificamente à Tributação do Consumo em face do nosso Federalismo Fiscal, quais são as perspectivas da Reforma Constitucional Tributária no Brasil para 2017? a) Quais os principais fatores de natureza jurídica que permitiram a atual situação de desequilíbrio do Federalismo Fiscal Brasileiro? b) Como desatar esse nó górdio do Sistema Tributário Nacional?

3 Construção utópica? 1) Quais as perspectivas para o avanço de uma Reforma Tributária ampla no Brasil em 2017? A natureza multidimensional do tema eleva exponencialmente a dificuldade do necessário consenso político simultâneo (em relação aos diversos dilemas que constituem os inevitáveis conflitos entre os agentes possivelmente impactados por uma Reforma ampla), destacando-se entre eles as escolhas quanto à: a) carga tributária total (intervencionismo estatal vs. mercado), diante da péssima percepção social no que se refere à utilização dos recursos arrecadados b) preponderância/ênfase entre as bases econômicas de incidência: renda, patrimônio e consumo (valores individuais vs. valores coletivos) c) distribuição da carga tributária na sociedade (conflito distributivo e redistributivo)

4 Trade-offs Adequação Administrativa Praticabilidade... mais complexidade nas escolhas com a internet na era digital... Sustentabilidade Multidimensional Orçamentária Ambiente natural Intergeracional Concorrencial Legalidade Segurança Jurídica Igualdade Formal Estímulo ao risco Base Consumo Justiça Fiscal Igualdade material Patrimônio e Renda Formas de Estado Federalismo financeiro de integração?? Aspectos Internacionais do Sistema Tributário Nacional

5 Algumas indagações (...) 1) Quais as perspectivas para o avanço de uma Reforma Tributária ampla no Brasil em 2017? 2) No que se refere especificamente à Tributação do Consumo em face do nosso Federalismo Fiscal, quais são as perspectivas da Reforma Constitucional Tributária no Brasil para 2017? a) Quais os principais fatores de natureza jurídica que permitiram a atual situação de desequilíbrio do Federalismo Fiscal Brasileiro? b) Como desatar esse nó górdio do Sistema Tributário Nacional?

6 O nó górdio! A Tributação do Consumo em face do nosso Federalismo Fiscal consubstancia o aspecto mais controvertido, que eleva sobremaneira o grau de complexidade (dimensões conflituosas), tendo em vista agregar, aos inevitáveis conflitos tradicionais já destacados, difíceis escolhas quanto: a) ao modelo de distribuição do exercício do Poder de Tributar entre entes Políticos: (Competência vs Capacidade Tributária Ativa/maior centralização vs descentralização) b) Sistema de partilha de receitas entre os entes políticos e vinculações de receitas (grau de liberdade ao gestor) c) Interface do modelo federativo nacional no contexto da economia globalizada crescentemente digital com o protagonismo da internet (superado o modelo de distinção entre obrigação de dar e fazer e entre mercadoria vs. serviços) d) Modelo de tributação sobre o Consumo (Monofásico, Plurifásico, Cumulativo ou não, Local da exigência e titularidade da receita na federação ou país em processo de integração [Origem ou Destino], tratamento dos bens de capital [isenções ou crédito]

7 Proposta Hauly de Reforma Tributária Três modificações estruturais na Constituição Tributária: 1. Unifica dois tributos que já são de competência federal (CSLL e IR) em um único Imposto de Renda (IR ampliado); 2. Arrecadação dos impostos sobre o patrimônio (exceto ITR) aos municípios e 3. Extingue IPI, PIS, COFINS, ICMS e ISS, desdobrando-os em dois impostos sobre o consumo: 1. um monofásico (Seletivo) Federal; e outro 2. sobre valor adicionado (Novo IVA) de competência da União e administrado por Estados e DF ( fiscalizado por um órgão de caráter nacional, chamado de superfisco ). Redução está concentrada nos tributos incidentes sobre a folha de pagamento (extinção de PIS-folha de pagamento, PASEP e Salário Educação) e sobre bens e serviços (com a extinção de ICMS, IPI, PIS, COFINS, CSLL- Lucro Presumido, ISS e CIDE-Combustíveis e criação do IBS e IS). Ver números

8 Proposta Hauly de Reforma Tributária União TRIBUTO Estados e DF TRIBUTO? IR Incorpora a CSLL IPI Será extinto IOF Será extinto ITR Continua como está COFINS Será extinto PIS Será extinto CSLL Incorpora-se ao Imposto de Renda CIDE Será extinta II e IE Serão mantidos Contribuição previdenciária Continua como está IS (Imposto Seletivo) Será criado ITCMD Passa para competência da União e terá arrecadação destinada aos municípios IBS (Imposto sobre bens e serviços) Será criado por Lei Complementar editada pelo CN: arrecadação e administração dos Estados ICMS Será extinto IPVA Terá arrecadação destinada aos municípios ITCMD Vai para a competência da União *Capacidade Tributária Ativa sobre o IBS Municípios ISS IPTU ITBI TRIBUTO Será extinto Continua como está Continua como está

9 Tributação e Federação Quais são os limites para uma reforma do Sistema Tributário Federado? ADI 2024: A "forma federativa de Estado" - elevado a princípio intangível por todas as Constituições da República - não pode ser conceituada a partir de um modelo ideal e apriorístico de Federação, mas, sim, daquele que o constituinte originário concretamente adotou e, como o adotou, erigiu em limite material imposto às futuras emendas à Constituição; de resto as limitações materiais ao poder constituinte de reforma, que o art. 60, 4º, da Lei Fundamental enumera, não significam a intangibilidade literal da respectiva disciplina na Constituição originária, mas apenas a proteção do núcleo essencial dos princípios e institutos cuja preservação nelas se protege.

10 A tributação sobre o Consumo 5º do art. 150 da CR-88: lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços 3º do Artigo 155 da CR-88 3 À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro tributo poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País. (EC nº 3, de 1993) 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País. (EC nº 33, de 2001)

11 A tributação sobre o Consumo 5º do art. 150 da Constituição Federal: lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços Lei /2012: valor aproximado totalidade dos tributos MP Nº 649, Ajuste SINIEF nº. 07/2013 Qual a diferença entre tributos e impostos? Qual a razão do constituinte originário somente mencionar os impostos? Federalismo Fiscal e o 3º do Artigo 155 da CR-88 Súmula 659 do STF

12 Aumento das Receitas da União não partilhadas Fonte: SRFB

13 Repartição da Receita Tributária na Federação, Ano Federal Estadual Municipal Total Arrecadação Direta Em % do Total ,8 31,6 4, ,1 22,0 2, ,5 26,6 2, ,9 26,6 4, ,8 26,2 6,0 100 Receita Disponível (*) Após as transferências constitucionais. Da parcela da União, 2% do PIB ou 5,6% do total pertencem ao FGTS e sistema S ,4 34,0 6, ,2 22,2 8, ,3 26,9 10, ,7 26,5 16, ,0 24,7 18,3 100 Fonte: Khair, Almir; Amorim, Erika; Afonso, José Almir. Carga Tributária. Mensuração e impacto sobre o crescimento até : Receita Federal do Brasil. 2010: Afonso, José Almir e Castro, Cleber. ( em Fernando Bezerra Coelho 2014)

14 Reforma Tributária e Federação Premissa: Intangibilidade do núcleo essencial dos princípios e institutos do federalismo fiscal brasileiro (ADI 2024) Constatações sobre a evolução e dinâmica do pacto federativo fixado em 1988: Deficiência do modelo de controle de constitucionalidade brasileiro (preventivo e repressivo) para proteção da Federação, o que permitiu o avanço desproporcional do poder fiscal e arrecadatório nas mãos da União Necessidade de introduzir o conceito de Inconstitucionalidade por Agregação no Direito brasileiro COSTA, Leonardo Andrade. Inconstitucionalidade por Agregação: requisito de coerência e cientificidade do Direito - texto no prelo.

15 a) Como desatar esse nó górdio do Sistema Tributário Nacional? Fim!