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1 editorial. O Congresso de Convergencia a acontecer em Porto Alegre em junho, se aproxima. Convocado pelo movimento Convergencia Movimento Lacaniano para a Psicanálise Freudiana, que conta com cerca de quarenta instituições de psicanalistas lacanianos de diferentes países, reunidos pela psicanálise como a conhecemos com a proposta de promover avanços no tratar de questões cruciais à psicanálise. Na Appoa, temos trabalhado o tema do ato desde 2010 e seguiremos trabalhando até a realização do Congresso, que vamos construindo. Os textos desta edição do Correio são efeito das leituras do seminário O ato analítico de Jaques Lacan, que percorremos ao longo destes meses de trabalho. A importância do tema carece de explicação o ato analítico é o fazer do psicanalista. Nesse sentido, vale lembrar que um ato não é equivalente a uma ação, já escrevia Freud na Psicopatologia da Vida Cotidiana um ato precisa da incidência significante para que possamos lê-lo. Ainda, para ter incidência significante, todo ato implica num movimento de retorno, e é o efeito de retroação que faz significante e diferencia um caminho que poderia ser não mais que uma ação. maio 2012 l correio APPOA.1

2 editorial. Penso, reflito, me recordo no pensamento daquela criança saudável que eu era 1. A imagem topológica da operação do ato analítico um corte é a dupla volta do oito interior, imagem cujo movimento descrito por Lacan ganha potência descritiva a acentuar. No próprio movimento do oito interior é possível ver o que Lacan antes dizia: O caráter intrínseco e repetitivo do ato nos permite defini-lo, mas o que nos interessa é a mudança de superfície dele resultante, não tanto na determinação, como nas mutações do sujeito, cuja divisão permanece apesar da transformação. Finalmente, ao revirarmos a última frase: o que nos interessa é a mudança de superfície resultante do ato (nas mutações do sujeito), apesar de seu caráter intrínseco e repetitivo, abrimos esta edição com o convite ao reviramento das leituras que nos tocaram significativamente no estudo durante o Cartelão. 1 Lacan, J. Seminário 14:A lógica do fantasma , p correio APPOA l maio 2012

3 notícias. Divã e a Tela comenta PINA, de Wim Wenders No próximo dia primeiro de junho, o seminário O Divã e a Tela prossegue seu ciclo deste ano exibindo e comentando o filme PINA, dirigido por Wim Wenders. Mescla de homenagem e experimentação (foi filmado originalmente em 3D), Wenders busca relembrar Pina Bausch através de seu trabalho e da transmissão feita aos seus bailarinos. Oportunidade para discutir temas como o corpo em cena, a coreografia, a dança e as múltiplas relações entre corpo e inconsciente. As reuniões acontecem sempre às sextas-feiras, a partir das 19 horas, na sede da APPOA. Coordenação: Enéas de Souza e Robson Pereira. Programação: 01/junho PINA, de Wim Wenders 13/julho Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade 17/agosto De olhos bem fechados, de Stanley Kubrick maio 2012 l correio APPOA.3

4 notícias. 31/agosto Os deuses malditos, de Lucchino Visconti 14/setembro - Meia noite em Paris, de Woody Allen 26/outubro História(s) do cinema, de JL Godard,seguido de Viagem à Lua, de Georges Méliès. 09/novembro Um método perigoso, de David Cronenberg. LETRAVIVA A Biblioteca APPOA convida para a próxima atividade LETRAVIVA que ocorrerá no dia 02 de junho, sábado, às 10horas, na sede da APPOA, juntamente com o Núcleo de Psicanálise de Crianças e Adolescentes. Nesta ocasião, vamos contar com a participação da colega Carmen Backes, e sua obra O que consome o adolescente?. Trata-se de trabalho de pesquisa de doutoramento concluído em 2011, no qual a autora investiga as relações dos jovens com o consumo, analisando o lugar que no social se recorta para o adolescente e sua relação particular com os objetos de consumo. Parte da equivocidade da expressão o que consome o adolescente e centra a discussão naquilo que o consome. V Congresso Internacional de Convergencia O ato psicanalítico e suas incidências clínicas, políticas e sociais 22, 23 e 24 de junho de 2012 Porto Alegre/RS Brasil A Psicanálise é uma prática discursiva cujos efeitos podem ser observados na clínica e também na vida cotidiana há mais de um século. Suas posições inovadoras, mesmo subversivas, sempre foram objeto de discussão dentro e fora das instituições psicanalíticas. As incidências do trabalho 4. correio APPOA l maio 2012

5 Leituras do Seminário O ato analítico. com o inconsciente mostram que a escuta do sintoma é possível considerando que este é sinal do sujeito e não manifestação de doença. Ora, nestes tempos de exigência de gozo imediato e de discursos fundamentalistas, face ao inevitável mal-estar na cultura, um tratamento que não ofereça cura milagrosa ou consolo permanente coloca-se como referência ética de que os atos de palavra são transformadores. As associações e os psicanalistas reunidos em Convergencia movimento lacaniano para a psicanálise freudiana consideram que as articulações entre o sujeito e sua polis são indissociáveis; pois o psicanalista é permeável aos discursos e, para que a psicanálise possa avançar em sua prática e teoria, faz-se necessário um exame permanente das consequências de seus atos. No V Congresso Internacional de Convergencia que acontece em Porto Alegre, teremos oportunidade de renovar esta aposta. Um momento de encontro e debate sobre os efeitos do ato psicanalítico na clínica das neuroses, das psicoses e das perversões. Acontecimento onde os psicanalistas podem dar conta da sustentação de seu ato nos mais diversos âmbitos consultórios, ambulatórios, hospitais e outros cujo lugar de reunião é uma oportunidade para compartilhar a experiência. Além disto, temos espaço para verificar os efeitos do ato no social, a experiência do encontro do discurso psicanalítico com as políticas públicas, sejam elas educacionais, culturais, ou de saúde mental. Um significante lançado ao mundo não é mais individual, afirmava Jacques Lacan em diversos momentos ao retomar o legado de Freud. Cada analista tem responsabilidade com a psicanálise ao sustentar em sua escuta os desdobramentos do fantasma na atualidade. Ao mesmo tempo, interrogar a política dos enlaces no campo psicanalítico faz parte de sua formação. Além disto, a transmissão do discurso psicanalítico está aberta às incidências do ato criativo, fazendo eco à potência do discurso em seu esburacamento do real. maio 2012 l correio APPOA.5

6 notícias. Convidamos a participar deste evento, no qual psicanalistas de diferentes línguas, formações e transferências estão dispostos ao diálogo e a relançar o ato inaugural que nos faz sustentar o que é a psicanálise. Eixos de trabalho As formas do tratamento psicanalítico na atualidade o ato analítico. (Incidências Clínicas) A intervenção clínica da psicanálise nas políticas públicas; a política das instituições psicanalíticas; a política do desejo in-mundo. (Incidências Políticas) Como formular o mal-estar na cultura hoje? O ato analítico frente ao mal-estar contemporâneo. O laço social frente ao individualismo, gozo e sofrimento. (Incidências Sociais) O ato e a criação do novo na cultura. Instituições convocantes Apertura(Espanha), Après-Coup Psychoanalytic Association (EUA), Acte Psychanalytique (Bélgica), Analyse Freudienne (França), Associação Psicanalítica de Porto Alegre (Brasil), Círculo Psicoanalítico Freudiano (Argentina), Cartels Constituants de L Analyse Freudienne (França), Centre Psychanalytique de Chengdu (China), Colégio de Psicanálise de Bahia (Brasil), Corpo Freudiano do Rio de Janeiro Escola de Psicanálise (Brasil), Dimensions de la Psychanalyse (França), Escola Lacaniana de Psicanálise do Rio de Janeiro (Brasil), Escuela Freud-Lacan de La Plata (Argentina), Escuela de Psicoanálisis Lacaniano (Argentina), Escuela de Psicoanálisis de Tucumán (Argentina), Escuela de Psicoanálisis Sigmund Freud-Rosario (Argentina), Escuela Freudiana de Buenos Aires (Argentina), Escuela Freudiana de la Argentina (Argentina), Escuela Freudiana de Montevideo (Uruguai), Escuela Freudiana del Ecuador (Equador), Espace Analytique (França), Espaço Psicanálise (Brasil), Fédération Européenne de Psychana- 6. correio APPOA l maio 2012

7 Leituras do Seminário O ato analítico. lyse et École Psychanalytique de Strasbourg (França), Grupo de Psicoanálisis de Tucumán (Argentina), Insistance (França), Intersecção Psicanalítica do Brasil (Brasil), Laço Analítico Escola de Psicanálise (Brasil), Lazos Institución Psicoanalítica (Argentina), Le Cercle Freudien (França), Letra, Institución Psicoanalítica (Argentina), Maiêutica Florianópolis (Brasil), Mayeutica- Institución Psicoanalítica (Argentina), Nodi Freudiani Associazione Psicanalítica (Itália), Praxis Lacaniana Formação em Escola (Brasil), Psychanalyse Actuelle (França), Seminario Psicoanalítico (Argentina), Trieb Institución Psicoanalítica (Argentina), Triempo Institución Psicoanalítica (Argentina). Realização: Convergencia, Movimento Lacaniano para a Psicanálise Freudiana Informações e inscrições: Associação Psicanalítica de Porto Alegre APPOA ( Participantes Para participar do V Congresso Internacional de Convergencia deverá ser feita inscrição através do site preenchendo o formulário de acordo com a sua categoria, conforme o quadro abaixo. Lembramos que para inscrever trabalhos é necessário, antes, efetuar sua inscrição como participante. Prazo Profissionais (Brasil) Profissionais * (exterior) Até 3 anos de formação (Brasil) Até 3 anos de formação * (exterior) Estudante de Graduação (Brasil) Estudante de Graduação * (exterior) De 14 de Abril a 22 de Junho de 2012 R$ 380,00 U$220,00 R$ 250,00 U$140,00 R$ 180,00 U$90,00 Forma de pagamento: No momento, está disponível a inscrição por depósito ou transferência bancária. maio 2012 l correio APPOA.7

8 notícias. Morre o antropólogo Gilberto Velho (1945 / 2012) Gilberto Velho foi um dos pioneiros no estudo antropológico de sociedades complexas, ou seja, no estudo de nossa sociedade. Até poucas décadas atrás, a maioria dos antropólogos se dedicava a investigar sociedades simples ou tradicionais, distantes e diferentes da nossa. Vencendo forte resistência das velhas escolas, os estudos de antropologia urbana partiram do princípio de que a diferença não precisa ser buscada fora da sociedade do antropólogo, podendo ser encontrada também em seu interior. Várias foram as referências utilizadas por Gilberto Velho, mas duas delas se mostraram especialmente férteis: a Escola de Chicago, de onde surgiu o Interacionismo Simbólico (Erving Goffmann, Howard Becker, entre outros.); e os estudos sobre o individualismo, de Louis Dumont. Partindo destas reflexões, e tomando como universo de investigação o cotidiano das grandes cidades (especialmente o Rio de Janeiro), Velho desenvolveu interpretações inovadoras acerca das diferentes modalidades de relação existentes na articulação entre indivíduo e sociedade, ou subjetividade e cultura. 8. correio APPOA l maio 2012

9 temática. Seminário O ato psicanalítico 07/02/1968 Otávio Augusto Winck Nunes A proposta desse texto é apresentar algumas questões trabalhadas por Jacques Lacan na aula de 07/02/68, do seminário O ato psicanalítico. O intuito é de contribuir minimamente com o trabalho preparatório ao V Congresso de Convergência, que ocorrerá em junho, em POA, tendo como temática, um sugestivo desdobramento: O ato psicanalítico incidências clínicas, políticas e sociais. Encontramos nessa lição elementos que mostram que esses desdobramentos, propostos para o Congresso, andavam muito próximos a articulação de Lacan. Lacan inicia a aula do dia 07/02, fazendo referência a concomitância entre o que ele estava desenvolvendo no seu seminário anual e os textos relativos à formação psicanalítica e a vida institucional, exemplo maior é a Proposição de 09 de outubro Ou seja, Lacan apresentava a circunscrição conceitual do ato psicanalítico ao mesmo tempo em que propunha novas diretrizes para a instituição psicanalítica. Especificamente, o que tange maio 2012 l correio APPOA.9

10 temática. a formação do psicanalista, com a incidência do trabalho institucional na própria formação. Por isso, então, lança a pergunta: qual o estatuto do psicanalista? Ao longo da lição é essa a pergunta que Lacan tentará responder utilizando, como em outras aulas e seminários, o discurso filosófico para contrapô-la, estabelecendo um limite entre os dois campos e afirmando que se trata de outra coisa quando estamos no discurso psicanalítico. Para tanto, logo define, mais uma vez, o ato: define por seu corte o que diz respeito à passagem, onde se instaura o psicanalista (p.133), e aqui, a prova é relativa a uma dedução lógica (ligada à filosofia), mas isso não é o principal. Essa dedução lógica é feita pela própria produção discursiva, dada pelo estatuto do psicanalisante em contraponto a pergunta de onde parte: qual o estatuto do psicanalista, pois Lacan, nesse ponto, estabelece uma equivalência entre o psicanalisante e o lugar do sujeito (do inconsciente), aquele que fala. Assim, o sujeito está constituído pela própria regra analítica: fale o que passar pela sua cabeça! Então, como sujeito, ele é efeito da palavra. A tarefa do psicanalisante é falar, que terá como saldo, o sujeito. Mas, isso é um efeito a posteriori. O sujeito do inconsciente já está inicialmente suposto. Mas, pergunta Lacan, e do lado do psicanalista, o que pode ser dito como predicado de psicanalista? Lacan, para sistematizar a discussão, propõe um retorno à lógica aristotélica para dizer que, em Aristóteles o sujeito e o seu predicado, ou o seu atributo, andavam juntos. Diferentes caminhos foram trilhados pela lógica até chegar à lógica moderna, e Lacan situa na sua proposição um ponto de inflexão à lógica a partir da fórmula: o sujeito é o que um significante representa para outro significante. Assim, onde há sujeito do inconsciente não há predicado. A partir da fórmula do que é o sujeito, Lacan retoma o que havia trabalhado no seminário A identificação ( ). Ainda com Aristóteles, Lacan apresenta quatro elementos que se inter-relacionam: o universal, o 10. correio APPOA l maio 2012

11 Leituras do Seminário O ato analítico. particular, o afirmativo e o negativo. Quatro quadrantes não equivalentes: universal afirmativo, universal negativo, particular afirmativo, e particular negativo. Distinções preciosas que Lacan retoma para estabelecer uma série de articulações em diferentes momentos de sua obra. Aonde isso nos leva? Leva ao que Lacan trabalha no Seminário A Identificação, onde a proposição é: o significante é tomado como pura diferença, nunca representando o próprio significante. Na aula 8 desse seminário, dos anos 61-62, Lacan apresenta a sua formulação de sujeito a partir da leitura que Peirce fez da lógica aristotélica com o uso das proposições: universal e o particular, o afirmativo e o negativo. Peirce então faz um cruzamento da lógica tradicional com a lógica matemática, e Lacan enfatiza a distinção do universal e do particular e o laço do universal com o termo sujeito. E nesse sentido, me parece que a preocupação de Lacan nos dois seminários seria a gramática da lógica, ou seja, como falar/escrever essas relações. O universal sustenta-se no quadrante particular. No transcorrer da aula dirá Lacan, o universal encontra sua força no sujeito, na medida em que ele só pode ser representado seguindo sua definição: o sujeito é o que um significante representa para outro significante, como dito anteriormente. O predicado permanece, pois o que é negado é o quantificador, tal como Lacan desenvolve nos quadrantes. Esse entrecruzamento da lógica com a psicanálise serviu para situar a condição do sujeito relativa não a uma substância, uma ousia, uma substância como diria Aristóteles, mas sim marcado pela falta. Nesse sentido que Lacan equivale sujeito à psicanalisante, o predicado do sujeito é a falta. Nesse ponto que Lacan destaca o desejo cujo laço, por ser secreto, com a política. Podemos pensar aqui que Lacan se refere tanto a política da psicanálise pelas suas proposições, quanto a política, em geral, marcada pelo discurso da idealização. A partir das proposições lógicas, apresenta as posições distintas do psicanalisante e do psicanalista. Para interrogar qual vai ser o estatuto do maio 2012 l correio APPOA.11

12 temática. sujeito que se define por esse discurso, exemplificado pelo pedido feito ao psicanalisante que se entregue à deriva na linguagem, ou nessa bela frase de Lacan: um tal sujeito, um sujeito definido como efeito de discurso, a tal ponto que faz a experiência de perder-se nele para nele se reencontrar. Um tal sujeito que se coloca a prova de sua própria demissão, quando se aplica um predicado (p. 138). Ou seja, o predicado faz o sujeito desaparecer, e sem aviso prévio. Lacan recusa-se a resolver a questão de dizer se algo de universal pode ser dito com respeito ao psicanalisante, mesmo que o psicanalisante escolha o caminho da alienação quando se põe a falar. Se a universalidade é possível, é somente enquanto o psicanalisante é aquele que se põe à prova de ser submetido aos efeitos de linguagem. Assim, Lacan prepara o terreno para retornar a questão de como um psicanalisante pode passar a psicanalista. Difícil equacionamento, já que a qualificação psicanalista se apóia na tarefa acabada do psicanalisante. Então, propõe uma outra dimensão para a conjunção ato e tarefa. O que faria essa conjunção? Retoma, mais uma vez, de Aristóteles o termo para designálo. Chama de termo médio o que permitirá ligar o sujeito ao predicado. Termo médio seria aquele que fica entre o maior e o menor? Entre as extremidades? Aquele do propalado, e impossível, equilíbrio? Afinal o que é o termo médio? Termo médio, para Lacan, é a sua única invenção: o objeto a, objeto causa de desejo, o um mais um, da série decorrente do discurso do psicanalisante. O objeto a é produzido a partir da ligação do S1 e o S2, e assim sucessivamente, mas que inclui um corte, uma hiância cuja causa é o objeto a e cujo efeito é o sujeito barrado. Então, o termo médio, o objeto a, torna possível a passagem de psicanalisante a psicanalista, desde que o psicanalista suporte se fazer semblante de a, através da operação efetuada pelo psicanalisante, ou seja, associar livremente, possibilitando assim a produção do sujeito. Como entrada de análise, Lacan adianta uma formulação mínima: sujeito suposto saber, passando a semblante de a, até que no final do percur- 12. correio APPOA l maio 2012

13 Leituras do Seminário O ato analítico. so analítico, seja provocada pela operação psicanalisante a assunção da verdade. A condição dessa formulação é que o psicanalista seja a representação disso, ou seja, uma palavra no lugar de a, para que caia o objeto a. Lacan chama atenção para o fato de que o termo psicanalisante seja utilizado como atributo e como sujeito. Produto da alienação tal como os trabalhadores. Ou seja, o ato psicanalítico se apóia numa alienação, aquela que é impossível escolher, entre o ou não penso, ou não sou/estou? A tarefa psicanalisante produz o que? O objeto a. E no final da operação ela vai reaparecer no real, como rejeitado pelo psicanalisante. Ou seja, o psicanalista, semblante do a, será rejeitado. O psicanalista se define por ser produção do psicanalisante. É o psicanalista que instaura a tarefa, pelo seu ato, junto ao psicanalisante e durante toda a realização/sustentação dessa tarefa mantém-se no nível da álgebra lacaniana: $, o objeto a, até mesmo o Outro e o i(a) (Lacan, p. 142). Para Lacan trata-se de não entrar na dinâmica narcísica do amor. Extrair-se dessa posição é a possibilidade de se estar no ser que está na posição de a. Lembremos que no início da aula Lacan situa o psicanalisante no lugar do sujeito. O que acontece após ter transformado o objeto a em uma produção em cadeia? O ato psicanalítico é o psicanalista que o comete. Mas não é todo objeto a, ele opera como objeto a. O ato consiste em autorizar a tarefa psicanalisante, que tem como decorrência a profissão de fé no sujeito suposto saber (SSS). Quanto a isso duas observações, que Lacan indica em seu ensino: 1. O SSS é sobre isso que ele, o ensino, se apoiava. 2. A transferência é o SSS, essa suposição é útil para fazer a tarefa psicanalítica, mas o psicanalista sabe que trata justamente de poder riscar do mapa, ao cabo de uma análise, essa função do SSS. Essas questões recolhidas ao longo da aula indicam caminhos que são necessários percorrer. Não respondem a todas as indagações que temos, e maio 2012 l correio APPOA.13

14 temática. nem era essa a intenção de Lacan. Elas são indicações que devemos ter na sustentação singular do nosso trabalho. Pois sabemos bem, que na nossa prática, não se apresentam e nem se garantem, antecipadamente, sejam as perguntas ou as sonhadas respostas. Referências bibliográficas LACAN, Jacques. A Identificação: Seminário Recife: Centro de Estudos Freudianos, Circulação interna. LACAN, Jacques. O ato psicanalítico Seminário Publicação interna da Escola de Estudos Psicanalíticos. (s/d). 14. correio APPOA l maio 2012

15 temática. O que quer dizer existe um psicanalista Sonia Mara M. Ogiba Esta produção textual traz recortes de leitura da lição de 28 de fevereiro de 1968 do Seminário 15 Ato Psicanalítico, a partir de sua apresentação na nossa sede no dia 13 de outubro de 2011 por ocasião do Cartelão do Seminário O Ato Psicanalítico. A lição é mais um daqueles momentos de seminários fechados que ocorrem nos Seminários de Lacan. Desta vez o convidado é Jacques Nassif, que no ano anterior ao seminário do Ato Analítico havia feito o resumo do seminário A lógica do Fantasma para o Boletim da Escola Freudiana, extraindo dele, segundo palavras de Lacan nessa lição de 28 de fevereiro, a trama lógica, e, sobretudo, sua importância, sua significação, no que talvez esteja definido como a finalidade do meu discurso. Nessa lição do seminário do Ato Analítico Lacan quer colocar ênfase ainda mais forte na elaboração de uma lógica do ato, começando a apresentar os elementos importantes em termos de álgebra lógica e das figuras lite- maio 2012 l correio APPOA.15

16 temática. rais que a mesma pressupõe. Figuras essas com as quais, nos diz Lacan, é possível se progredir na questão de saber em termos de quantificação o que quer dizer existe um psicanalista. Questão que parece atravessar não somente a lição de 28 de fevereiro, mas o Seminário do Ato como um todo. Lacan busca, então, articular neste ano a questão própria da psicanálise o ato psicanalítico. Sobre esse ato não é possível fazer o menor avanço justamente por não haver o menor discurso sobre ele, visto ser um discurso que se institui no interior do ato. Ponto obscuro, eis o que Lacan conclui sobre o ato psicanalítico, mas o trabalho deste ano no Seminário será o de lançar alguma luz. Não sem antes se propor a interrogar o campo da ciência (a Lógica) que teria precisamente por fim excluir algo, no entanto, não apenas articulável, mas articulado, excluir como tal o sujeito suposto saber. E esse é o ponto, o verdadeiro único ponto vivo, a única dificuldade que ao mesmo tempo em que a psicanálise a distingue, a coloca profundamente em questão como ciência. Ou seja, que aquilo que o saber constrói, isso não é evidente, alguém o sabia antes. Questão jamais criticada, enfrentada como tal. A acolhida a esse discurso do ato não pode ser feita de forma alguma ao modo como se acolhem os discursos de filósofos e o dos professores... Esses não colocam em questão o sujeito suposto saber. Não questionam jamais se o que ele[s] diz[em] era verdadeiro antes. Esse é um pouco o tom da fala de Lacan ao introduzir a lição de 28 de fevereiro e a participação de Jacques Nassif ao Seminário. A seguir apresento alguns recortes, buscando percorrer, porém, a ordem de apresentação das questões propostas por Nassif: O tema da negação Com a Lógica do fantasma Lacan tenta produzir uma nova negação permitindo situar a fórmula de Freud: O inconsciente não conhece a contradição. Abalar esse termo contradição foi o objetivo de Lacan para que se pudesse entender aquilo que Freud acreditava estar articulando como algo a ser situado fora de toda articulação lógica, isto é, o inconsciente como 16. correio APPOA l maio 2012

17 Leituras do Seminário O ato analítico. uma cena aquém... Aquém de toda articulação lógica. Para nos fornecer um conceito do ato, Lacan chega a essa fórmula: Não há ato sexual, situação na qual foi preciso que ele se deparasse com a possibilidade de que uma nova negação fosse produzida, fosse confrontada com a repetição. O caminho de Lacan foi separar o domínio da gramática e o da lógica, a partir da consideração de que o termo contradição recobre diferentes negações, por entendê-los como domínios que se superpõem. Faz isto com a ajuda da lógica formal. Os desenvolvimentos que realiza sobre a negação que funciona no nível da gramática o levam a concluir que, pelo fato de aí se afirmar que há um universo do discurso portanto, excluindo a possibilidade de que o discurso não possa se sustentar sem a contradição essa negação é tão-somente uma negação complementar. É por esse fato também que nos concedemos uma metalinguagem, lugar justamente da operação que põe em funcionamento a negação como conceito e como intuição. Mas, não se trata disso, a linguagem não admite tal complementaridade, e o que nela se toma por uma negação, na verdade, se refere a um funcionamento no desconhecimento no qual, e a partir do qual, o sujeito está alienado no imaginário, o narcísico. Essa é, então, uma segunda negação a do desconhecimento, instauradora de uma lógica pervertida, na qual se tem o fantasma como estofo do desejo. E, ao mesmo tempo, é nessa tomada da negação como desconhecimento que temos a instauração do sujeito como referente da falta. Condição de possibilidade para a emergência do nível do simbólico e para que aí se opere a função lógica do sujeito em termos daquilo que representa um significante para um outro significante. A lógica e a escrita No entanto, para que o sujeito surja por meio da operação da função lógica, será preciso tematizar a escrita, esse campo de repetição de todas as marcas, porque justamente aquilo que está ocultado em todo o universo do discurso é traço, o traço unário, situação que resulta confundir o um contável e o um unificante. Então se trata da escrita do eu (je) da repetição. maio 2012 l correio APPOA.17

18 temática. Repetição daquilo que escapa, dessa marca primeira. A lógica aqui em questão é mais de princípio do que uma lógica fundadora de uma teoria dos conjuntos, por exemplo. Temos assim instaurada essa relação essencial entre lógica e escrita. Ao axiomatizar essa relação, Lacan faz intervir o seguinte axioma: nenhum significante pode se significar a si mesmo. Axioma no qual a negação intervém ao modo de um ou exclusivo, sendo, portanto, em torno das relações entre a disjunção e um certo conceito de negação que as coisas vão se enodar. Por isso que tematizar o ato no ano seguinte ao Seminário Lógica do fantasma se torna para Lacan indispensável. Lógica e verdade: o não sem Na continuidade do desdobramento dessa relação entre lógica e escrita Lacan põe em jogo a relação com a verdade. Isto por que o conceito de escrita como campo de repetição de todas as marcas vai produzir certa ambiguidade, ao mesmo tempo em que esse conceito a distingue do universo do discurso, será por meio da escrita que um tal universo poderá funcionar. Fará intervir, então, uma terceira negação e a chamará de não sem. Está em questão o problema de se saber se é lícito inscrever no significante um verdadeiro e um falso por meio de tabelas de verdade. Por meio da manipulação lógica. A resposta dada por Lacan será a fórmula: não há verdadeiro sem falso. Estamos diante do princípio da bivalência. É com essa terceira negação que se torna possível circunscrever o problema do ato, tal como expresso na simples frase: não há homem sem mulher. É nesse contexto que se pode dizer que a verdade faz parceria com a lógica, incluído aí o conceito de repetição. Modelo vazio da alienação: S(A/) A proposição do modelo vazio, Lacan irá forjá-la para que fique explicitada a operação, a verdadeira foraclusão a Verwerfung primordial com a qual o cogito cartesiano põe em marcha as condições para que a 18. correio APPOA l maio 2012

19 Leituras do Seminário O ato analítico. ciência seja vazia. A alienação aparece, então, como escolha impossível entre eu não penso e eu não sou, a partir do momento em que se opera com a negação mais fundamental designada na fórmula de Morgan: Não (a e b) equivale a não a ou não b. Fórmula que Lacan faz funcionar para que apareça a equivalência entre não (eu penso e eu sou) e: ou eu não penso, ou eu não sou. Será com essa rejeição do ser instaurada pelo cogito, com essa negação fundamental, que se vê surgir o Outro, na mesma medida do dizerse que o que é rejeitado do simbólico reaparece no real ; assim como, vemos se instaurar uma disjunção exclusiva entre a ordem da gramática e a ordem do sentido. Condição de suporte para o fantasma, ao mesmo tempo em que faz com que o sentido se torne efeito e representação de coisas. Ainda, podemos observar que essa operação de esvaziamento do conjunto do eu sou pelo do eu penso faz com que apareça um eu escrevo, o único capaz de fazer com que se efetue a progressiva evacuação de tudo o que está colocado ao alcance do sujeito em matéria de saber, justamente pelo fato de o sujeito ser aí uma posição, posição de sujeito determinado pelo próprio ato em questão. Não se encontrando, portanto, em posição de agente do eu penso. Vê-se, então, que a tentativa de Lacan é fazer surgir uma negação na reunião do eu penso e do eu sou, para que se possa escrever que não há Outro. S(A/) o significante da falta no Outro, remete a essa constatação de que não há nenhum lugar onde se assegure a verdade constituída pela fala. O Outro é então um campo marcado pela mesma finitude que marca o sujeito. E a reunião do eu penso e do eu sou, embora sendo necessária, deve ser negada por essa negação fundamental, em seu princípio. Forclusão e recusa [déni] O ato tomado na lógica da negação fundamental não resulta que se dê a ele uma positividade, portanto, só poderá ser inferido a partir de outra operação lógica que é a recusa. Forma de a sexualidade defender-se de dar maio 2012 l correio APPOA.19

20 temática. sequência a esta verdade de que não há Outro. Essa é a forma, para Lacan, em que a sexualidade é vivida e o modo que opera colocar entre parênteses a realidade e a gramática que nela se funda. Nesse sentido, é possível apresentar essa foraclusão da marca do grande Outro como uma rejeição motivada e retomada sem cessar do que constitui um ato. A gramática ou a lógica Ainda em relação ao modelo vazio, porém, agora tendo por referência a segunda parte da equivalência, isto é, o ou eu não sou. A implicação que resultará daí é a elucidação de uma teoria da negação do sujeito. De fato, a não reunião, no Outro, do eu penso e do eu sou se traduz como uma disjunção entre dois não sujeitos, ou seja, um eu não penso ou um eu não sou. Será preciso, então, que melhor se articule as disjunções entre gramática e lógica, e à gramática, dar o seu estatuto. A lógica é aí de suma importância, nos faz pensar que não temos escolha porque justamente quando o eu (je) é escolhido como instauração do ser, será na direção do eu não penso que se irá. É que o pensamento é constitutivo de uma interrogação sobre o não ser, mas é, então, justamente nisto que se coloca um término com a inauguração do eu (je) como sujeito do saber do cogito. A negação que se dá a pensar na alienação não é mais a que opera na rejeição da questão do ser. Ao incidir sobre o Outro que surge dela, incide sobre o eu (je) que se fortifica, surgindo algo cuja essência é a de um não ser eu (je). Em síntese, surge o Isso que pode ser definido por tudo o que, no discurso, não é eu (je). Fica assim elucidado algo do estatuto da gramática, ou seja, torna-se a gramática nada mais do que um ramo da alternativa em que esse sujeito é tomado quando ele passa ao ato, podendo ser definida, conseguintemente, como tudo aquilo que no discurso não é eu (je). Portanto, o sujeito é (seu) efeito. E, quanto ao fantasma, tem-se que não é mais do que uma montagem gramatical, na qual se ordena o destino da pulsão. Isto 20. correio APPOA l maio 2012

21 Leituras do Seminário O ato analítico. porque o modo de funcionar do eu (je) na sua relação com o mundo é fazendo-o passar por essa estrutura gramatical. Mas, como se vê no texto freudiano Bate-se numa criança, o sujeito, como eu (je), está excluído do fantasma. Sendo só na segunda fase que o sujeito aparece como sendo o sujeito espancado, momento da reconstrução significante da interpretação. Então, o sujeito que passa ao ato é basculado em sua essência de sujeito. E é nesse lugar onde eu não sou que a lógica está presente de modo completamente puro, isto é, como não-gramática, sendo que o sujeito se aliena outra vez em um pensa-coisa... E o estatuto que resta aos pensamentos do inconsciente é o de ser coisas. Da mesma forma, tem-se que aquilo que a lógica do fantasma supre é a inadequação do pensamento ao sexo ou a impossibilidade de uma subjetivação do sexo, sendo, essa, portanto, a verdade do eu não sou, lugar onde se manifesta o que diz respeito ao objeto a. Trata-se, então, de rebater a lógica sobre a gramática e articular, por meio da repetição, a possibilidade de um efeito de verdade, efeito de verdade no qual o fracasso da Bedeutung em articular o sexo faz aparecer o (menos) ϕ. A alienação e o ato O modelo vazio da alienação passa a ser incluído no elemento de uma temporalidade obtida pelo conceito de repetição, a Wiederholungszwang freudiana; conceito que justamente abre a possibilidade de se pensar o sujeito tanto como produto da gramática, como ausência referida pela lógica. Uma temporalidade que se elucida por meio das relações de repetição com o traço unário. Com isso se está no elemento de uma lógica em que temporalidade e traço se juntam com vistas a estruturar a falta. No campo do sujeito o traço unário se torna uma referência simbólica justamente por permitir que se identifiquem objetos tão excêntricos quanto possível, enumerando-os como elementos de um conjunto, e tornando até mesmo nula a sua diferença de natureza mais expressa. maio 2012 l correio APPOA.21

22 temática. No entanto, é preciso levar em conta que a verdade assim obtida aquela a que os matemáticos chamam de efetividade não tem apreensão sobre o real. Em compensação, temos o modelo da alienação o qual se poderia imajar sob a forma de um não é nem parecido, nem não parecido. O traço unário surge por essa terceira relação, passando do 1 ao 2, que constitui a repetição do 1, que retorna como não numerável, como um a mais ou um demais. Há, de fato, correspondência entre a alienação como escolha inelutável do eu não penso e a repetição como escolha inelutável da passagem ao ato. Da mesma forma, é impossível de escolher o acting out, correlato do eu não sou, por justamente o ato não poder ser definido senão por sua relação à dupla alça em que a repetição funda o sujeito, nesse momento, como efeito de corte. Em uma referência topológica podemos pensar que na fita de Moebius, tomada como a simbólica do sujeito, também uma dupla alça constitui seu pólo único. Mesmo que a divisão mediana dessa fita a suprime, acaba por engendrar uma superfície aplicada ao toro. Mas, o corte que engendra essa divisão segue o traçado da dupla alça. Por fim, podemos dizer que o ato é, em si mesmo, a dupla alça do significante. E, é esse efeito topológico que nos permite apontar que, no ato, o sujeito seja idêntico a seu significante. O último passo, aquele que nos faz ver que essa estruturação do ato preenche esse modelo vazio da alienação, remete-nos a Freud, em seu texto Além do principio do prazer, por ai ser localizada essa conjunção, básica para toda a lógica do fantasma, entre a repetição e a satisfação. Todavia, esse modelo freudiano da satisfação, não é seguramente um modelo orgânico, como a satisfação de uma necessidade como a de comer ou a de dormir em que a satisfação se define justamente como não transformada pela instância subjetiva, por que de fato lidamos é como o ponto onde a satisfação se revela como a mais dilacerante para o sujeito, a do ato sexual. É em relação a essa satisfação que todas as outras devem ser postas em dependência no 22. correio APPOA l maio 2012

23 Leituras do Seminário O ato analítico. cerne mesmo da própria estrutura. Por essa leitura tem-se, então, que a conjunção da satisfação sexual e da repetição também funciona como um axioma inexorável. Passa-se a lidar aqui com uma nova tradução do S(A/), retomando a disjunção entre o corpo e o gozo na forma de uma disjunção temporal entre satisfação obtida e repetição perseguida. Com relação à repetição, a passagem ao ato é, portanto, apenas uma Verleugnung confessada, e o acting out uma espécie de Verleugnung recusada. E a Verleugnung recusada é o correlato ao nível do sujeito de um redobrar do desconhecimento pelo qual a denegação freudiana foi definida. Mais uma vez essa alternativa da alienação deve ser situada precisamente em relação com o a que o sujeito do ato sexual necessariamente é, por aí entrar como produto. Só poderá, portanto, repetir a cena edipiana, isto é, a repetição de um ato impossível. Assim, a fórmula o inconsciente não conhece a contradição é rigorosamente idêntica àquela igualmente capciosa, mas mais adequada, segundo a qual não há ato sexual. Ainda nessa lição de 28 de fevereiro Lacan introduz de maneira breve a importância do termo dupla negação, fazendo referência à lógica de quantificadores, ainda que faça ressalva à palavra quantificadores e nela colocando aspas. Formula a seguinte questão para ser retomada nas próximas lições: Será que é a mesma coisa dizer que todo homem não é psicanalista princípio da instituição das sociedades que portam esse nome ou dizer que todo homem é não psicanalista? Mas adianta que de maneira alguma é a mesma coisa, e que a diferença está precisamente no não todos que mostra o fato de que colocamos em suspenso, repelimos o universal o que nesse caso, introduz a definição do particular. Outro ponto de destaque introduzido por Lacan nessa lição se refere à noção de nenhum sujeito, por alusão ao esquema peirciano, o qual disse ter colocado há muito tempo à frente de certas articulações suas. Pois bem, se trata de algo relativo à articulação de que todo traço é vertical, o que lhe maio 2012 l correio APPOA.23

24 temática. permitiu mostrar que é propriamente no fato de repousar sobre o nenhum traço que qualquer articulação da oposição do universal, do particular, do afirmativo e do negativo se baseava. Nenhum sujeito eliminação disso que constitui a ambiguidade da articulação do sujeito em Aristóteles. Ainda que ao se ler Aristóteles, enfatiza Lacan, não haja nenhuma espécie de dúvida que a mesma suspensão do sujeito lá já estivesse demarcada. Referências bibliográficas LACAN, J. O Ato Psicanalítico. Seminário XV. Escola de Estudos Psicanalíticos, correio APPOA l maio 2012

25 temática. Notas sobre a Lição 12 do Seminário de Lacan O Ato psicanalítico Grasiela Kraemer Márcia Zechin Neste texto abordaremos algumas questões trabalhadas por Lacan na lição 12, de 06 de março de 1968, do seminário do ato. Um texto árido, pois condensa muitas questões, não só da psicanálise, mas também da própria história da lógica. Lacan retoma aqui a referência ao estudo da lógica clássica como um fio condutor e por vezes parece não ficar claro onde quer nos levar, exigindo do leitor uma profundidade do exposto, pois sublinha Aristóteles de uma maneira que só quem transita em seu estudo pode sentir-se um pouco mais à vontade. Mas isso não é novidade em se tratando de Lacan. Lê-lo é algo que já sabemos ser matéria de algum esforço, pois ele próprio, em outro seminário, diz não facilitar muito as coisas para nós (uma profusão de referências maio 2012 l correio APPOA.25

26 temática. trazidas de outros campos do saber, alinhada com a dureza de suas reflexões). Como o presente texto partiu de um momento de fala nos encontros do Cartelão da APPOA, optamos por apresentá-lo de modo a contribuir em alguns pontos onde Lacan supõe já sabermos do que ele está falando. É esta também uma tarefa árdua, e não sabemos se alcançaremos uma parte de nosso intento. Esperamos que algumas questões trazidas aqui possam minimamente contribuir para a difícil mas importante tarefa que é a leitura da obra lacaniana. Para tanto, fizemos dialogar neste texto muito especialmente as lições doze e nove, por encontrar nelas uma ponte necessária, e buscamos em Aristóteles, no Órganon ou A Analítica (é possível encontrarmos as duas traduções) a fonte de onde Lacan partiu. É preciso lembrar que já em 1962, no Seminário da Identificação, também encontramos a lógica Aristotélica, e na continuidade, como resultado de alguns anos de reflexão, Lacan vai nos apresentar a tábua da sexuação, um escrito lógico matemático. Assim Lacan começa... Duas sentenças podem ser equivalentes. E numa proposição os termos da mesma também podem denotar equivalência. Mas às vezes, com a introdução de um novo termo, que a princípio também se apresenta em igualdade, pois sendo colocado no mesmo lugar na série termo a termo aparentemente conduzindo ao mesmo resultado, nos surpreende, produzindo um efeito de diferença, onde o sentido da sentença muda, ficando uma distante da outra, acarretando uma distinção significante. Dizer eu não conheço sobre a poesia, equivale a dizer eu ignoro sobre a poesia. Eu não conheço equivale então a eu ignoro. Mas se acrescentarmos o termo tudo, algo muda, pois não é o mesmo dizer eu não conheço tudo sobre a poesia e dizer, eu ignoro tudo sobre a poesia. Argumenta, nesta perspectiva, que a convenção nos absolve do escrúpulo acerca da etimologia do eu ignoro, pois este termo quer dizer exata- 26. correio APPOA l maio 2012

27 Leituras do Seminário O ato analítico. mente eu não sei, eu não conheço. Ele se pergunta o que está em questão neste mistério, pois temos como resultado duas proposições, uma particular e outra universal negativa. Então o tudo introduz uma distância entre as proposições, uma distinção significante, e Lacan vai perguntar o quanto ela pode ser determinada por procedimentos significantes entre uma proposição universal e uma proposição particular. Aqui, no Seminário do ato, alguns dos princípios formulados pelo filósofo e os resultados que podemos encontrar fazendo operar as reflexões sobre a linguagem, do ponto de vista aristotélico (as relações entre enunciados, nas proposições) 1, são revisitadas por Lacan, sem esquecermos que o problema, entendido tal como na lógica formal, seria sabermos o que se pode extrair, e até onde, de um enunciado, para obter-se um enunciado confiável, o mesmo ponto de onde Aristóteles partiu. Mas não o mesmo de onde Lacan o segue, e apesar de ter se inspirado num momento da lógica clássica, ele a utiliza com mudanças que diz serem incomuns. À parte as especificidades das línguas, onde algumas apresentam a necessidade da duplicidade de termos para garantir a negação, tal como a francesa, e outras onde a não separabilidade da negação se acha inclusa, tal como a inglesa, surgem consequências que não são satisfatórias, já que o sentido se realiza de modo inverso nas relações do universal e do particular. Aristóteles, designando algo, tratado como um signo, extraía da passagem (universal/particular) uma relação entre as proposições, aquilo que chamou operação de subalternação. Justo aí, apresentam-se dificuldades. Não é a mesma coisa dizer todo francês deve morrer pela pátria e algum francês deve morrer pela pátria. Isto está carregado de ontologia, é muito mais do que objetiva a lógica formal, vai nos dizer Lacan. 1 No Órganon, Aristóteles formula que a proposição é uma sentença que encerra verdade ou falsidade em si mesma. Ela necessita às vezes sujeito universal (p/ex: todo homem) ou sujeito particular (p/ex: algum homem). maio 2012 l correio APPOA.27

28 temática. E na ação, que nos coloca a definir o sujeito, que não é a mesma coisa que o homem, para fazer o equivalente da subalternação aristotélica, a dupla negação nem sempre pode ser tomada como modo de resolução de uma afirmação, mas para permitir a passagem do universal ao particular (seja retirando ou acrescentando a dupla negação). Na lógica dos quantificadores qual é a maneira radical de opor o universal ao particular? E porque ela vai se tornar tão importante para a psicanálise? Para fazer a equivalência da proposição universal afirmativa aristotélica em todo homem é sábio, introduz-se uma dupla negação, que garante o mesmo resultado, não existe homem que não seja sábio. Então todos são sábios. Se retirarmos apenas a primeira negação, se particulariza (na forma negativa). Temos então existe homem tal que não seja sábio. Em Aristóteles, a oposição todo homem é sábio (UA) a algum homem não é sábio (PN), não é mais de subalternação, mas de subalternação oposta diagonal, porque passa da afirmação à negação (ver o quadrado de oposição ao final do texto), inserindo aqui uma contradição. Na operação quantificadora, para fazer a equivalência aristotélica, retiramos apenas uma negação, a primeira, e obtemos existe homem tal que não seja sábio é o que Aristóteles chamaria algum homem não é sábio. Percebe-se aqui que nesta operação, introduzindo uma contradição, obtemos uma posição de exceção: existe tal que seja. Na forma afirmativa ou negativa, tanto faz. Lacan vai dizer ainda que não sem o emprego de um subjuntivo, esse seja. É ele que marca a dimensão desse deslizamento do que se passa entre esses dois não. Então, o que constitui o verdadeiro sujeito de toda universal é essencialmente o sujeito, à medida que ele é essencialmente esse nenhum sujeito ( não existe homem que não seja ou também, nenhum homem que não seja ). É ai onde se apresenta, segundo Lacan, essa presença do sujeito dividido e que entra em jogo a distância que subsiste sempre da enunciação ao enunciado. 28. correio APPOA l maio 2012

29 Leituras do Seminário O ato analítico. Aristóteles não oscilou entre as concepções de sujeito e forma para tratar a essência (ousia), aquilo que Lacan assinalou como tendo sido muito mal traduzido por substância. Ele aderiu à concepção de forma, e tratou de trabalhar tudo o que havia de relação entre forma e matéria (na constituição da essência sensível) com o objetivo de colocar a essência, em seu todo. Determinava uma unidade, inteligível e imediata, onde as partes eram concebidas uma a partir da outra. O que em Aristóteles se referia ao individual, mas que Lacan tratou de nos alertar que decorreu de um deslizamento abusivo da função do sujeito, não estava situada no sujeito, não era afirmada por ele, nem atribuída a ele. Para pensar e sustentar qual é o lugar do analista, seu estatuto mesmo, Lacan faz uma retomada destas questões lançadas pelos lógicos, nos situando na condução do que devemos nos ater em relação àquilo que é da natureza da análise. A fala, em livre associação, em que o inconsciente se apresenta, se mostra com uma lógica, no seu discurso, diferenciada daquela estabelecida pelas ciências, a ciência dos lógicos, e que não corresponde aos formalismos estabelecidos pelas mesmas, o que se chamou episteme. A que se organiza em torno do sujeito do inconsciente, enquanto dividido, aquele que mostra a enunciação e o enunciado separados por uma impossibilidade, a de efeito de significação. No seminário, Lacan gira em torno do que Aristóteles formulou em um de seus escritos, chamado A Analítica (ou Órganon), uma ferramenta das ciências que trata da lógica, com regras do pensamento correto e científico, que buscava o afastamento necessário do senso comum, para evitar ao máximo as objeções, pelo menos daquelas que se encadeassem no fora de sentido. maio 2012 l correio APPOA.29

30 temática. Um pouco de lógica aristotélica Para Aristóteles, a lógica é um instrumento de conhecimento que se baseia num raciocínio formalmente estruturado visando chegar a uma conclusão. É uma argumentação lógica perfeita que parte de uma afirmativa ou negativa universal e chega a uma afirmativa ou negativa no campo do particular. Na lógica clássica, Aristóteles trabalha com a distinção entre sujeito e predicado e entre universal e particular. A negação só deve recair sobre o predicado. Já na lógica formal contemporânea pode-se encontrar a negação sobre o sujeito. Tentando anexar à linguagem identidade ao pensamento, naquilo que poderiam estar acompanhados de verdade ou falsidade quando no caráter das proposições o filósofo articulou vários tipos de relações entre enunciados. Inicialmente contamos com os signos (os sons emitidos pela fala e os caracteres escritos que compõem as palavras), para depois, naquilo que Aristóteles denominou as paixões da alma, serem agregadas representações ou imagens que introduzem os símbolos. Relacionava as palavras escritas e os pensamentos, onde um era o símbolo do outro. Entre as coisas, haveria as universais e particulares, conforme predicassem um ou mais sujeitos. Aqui definiu as operações de contrariedade (ou oposição parcial) o par formado por uma proposição afirmativa A e uma negativa E, em oposição; a de subcontrariedade (oposição parcial invertida) o par formado pelas particulares I e O; a de opostos contraditórios (oposição perfeita) a uma afirmação e uma negação, quando uma indica universalmente A ou E, e a outra indica particularmente I ou O; e por último, a de subalternação (ausência de oposição) que implica numa certa condição: se a universal A for verdadeira, então a particular I será também verdadeira e o mesmo acontecendo entre as proposições E e O. A doutrina aristotélica da dedução lógica reinou durante dois milênios. Mas no interior do paradigma ocorreram progressos para uma maior transparência nas formulações e exposição da doutrina. Um deles surgiu a 30. correio APPOA l maio 2012

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