Perspectiva histórica do desenvolvimento
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- Luiz Eduardo Brás
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1 Perspectiva histórica do desenvolvimento Capital in the 21 st Century (Piketty) Aulas 2 e 3 - Desenvolvimento socioeconômico: teoria e aplicações Valéria Pero
2 Interpretações sobre evolução do capitalismo e da desigualdade Malthus: problema da superpopulação Young: agrônomo que pesquisou a França entre 1787/88 viu que pobreza poderia levar à revolta política Malthus argumentou que assistência social aos pobres deveria acabar para sucumbir a superpopulação --- predição exagerada pelo medo da elite europeia nos 1790
3 Interpretações sobre evolução do capitalismo e da desigualdade Marx: princípio da acumulação infinita tendência inexorável do capital a acumular e a se tornar concentrado em poucas mãos, sem um limite natural a esse processo Isso levaria ao fim do capitalismo: taxa de retorno do capital diminuiria (acabando com engrenagem da acumulação levando a conflitos entre capitalistas) ou a participação do capital na renda aumentaria indefinidamente (que levaria a revolta dos trabalhadores)
4 Interpretações sobre evolução do capitalismo e da desigualdade Análise relevante: Trata da questão da concentração de riqueza na revolução industrial, que foi sem precedentes na história. Insight para estudo do século XXI quando as taxas de crescimento da população e da produtividade forem relativamente baixas, a acumulação de riqueza assume considerável importância, sobretudo se atingir altas proporções, tornando-se socialmente desestabilizadoras. Assim, acumulação acaba, mas o nível é suficientemente alto para desestabilizar. (Alto nível de riqueza atingido nos anos 80/90 nos países ricos da Europa refletem essa lógica marxiana.)
5 Interpretações sobre evolução do capitalismo e da desigualdade Do Marx ao Kuznets, do apocalipse ao conto de fadas Publicaçao em 1953 primeiro trabalho com base de dados historicos (35 anos) sobre desigualdade Curva de Kuznets (bell curve) diminuição da desigualdade ao final é no período das guerra (fases do desenvolvimento econômico - decorrência do processo de mobilidade intersetorial?)
6 Principais resultados 1. A história da distribuição de riqueza tem sido sempre profundamente política e não pode ser reduzida somente a mecanismos econômicos 2. A dinâmica da distribuição de riqueza revela mecanismos poderosos levando à convergência e à divergência. Não há um processo natural e espontâneo para prevenir forças desestabilizadoras e que geram desigualdades
7 Retorno a uma sociedade baseada na riqueza? Riqueza = capital K = tudo que possuímos e que pode ser vendido no mercado (líquido de todas as dívidas e exclui K humano) Europa & Japão - grande retomada de β=k/y nas décadas recentes: β= % em s β= % em s i.e. riqueza média K em torno de 2-3 anos da média da renda Y em ; em torno de 5-6 anos em Com β 600%, se Y per capita, então K per capita (atualmente, K metade imóveis, metade ativos financeiros) Será que estamos voltando para o β = % observado nas sociedades baseadas em riqueza dos anos ?
8 Value of national capital (% national income) O capital na história 800% Figure 4.5. National capital in Europe, % 600% 500% Germany France United Kingdom 400% 300% 200% 100% National capital (sum of public and private capital) is worth between 2 and 3 years of national income in Europe in Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c
9 Capital nos países ricos
10 Value of national capital (% national income) Metamorfose do capital 800% 700% 600% 500% Figure 3.1. Capital in Britain, Net foreign capital Other domestic capital Housing Agricultural land 400% 300% 200% 100% 0% National capital is worth about 7 years of national income in Britain in 1700 (including 4 in agricultural land). Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c.
11 Value of national capital (% national income) Metamorfose do capital 800% Figure 3.2. Capital in France, % 600% 500% Net foreign capital Other domestic capital Housing Agricultural land 400% 300% 200% 100% 0% National capital is worth almost 7 years of national income in France in 1910 (including 1 invested abroad). Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c.
12 Retorno a uma sociedade baseada na riqueza? Pensar no longo prazo: β=s/g, sendo s = taxa de poupança, líquida de depreciação e g = taxa de crescimento econômico (população + produtividade) Com s=10%, g=3%, β 300%; mas se s=10%, g=1,5%, β 600% Em sociedades com baixa taxa de crescimento econômico, o estoque total de riqueza acumulada no passado torna-se naturalmente muito importante Aumento da importância do capital está de volta porque o crescimento a baixas taxas está de volta (taxa de crescimento populacional 0) Questão que pode se tornar relavante para o mundo inteiro
13 Retorno a uma sociedade baseada na riqueza? O crescimento da razão capital/renda β leva também ao aumento da participação do capital na renda nacional α? Se o estoque de capital β=6 anos da renda e a taxa média de retorno do capital é r=5% ao ano, então a participação do capital na renda nacional é α=r x β=30% Para que o aumento do β leve também ao aumento da participação do capital α = r β, depende da elasticidade substituição σ entre capital K e trabalho L na função de produção Y=F(K,L) σ mede a magnitude em que os trabalhadores podem ser substituídos por máquinas
14 Retorno a uma sociedade baseada na riqueza? Hipótese convencional: função de produção Cobb- Douglas (σ=1) = conforme aumenta o estoque β, o retorno r exatamente na mesma proporçao. Assim, α = r x β não varia = um mundo estável, onde a divisão entre capital e trabalho é inteiramente definido pela tecnologia Se σ>1, então retorno ao capital r menor que volume de capital β, de tal forma que o produto α = r x β Anos1970s-80s: tanto a razão β quanto a participação do capital α registraram crescimento
15 Desigualdade de riqueza
16 Desigualdade de riqueza
17 Retorno a uma sociedade baseada na riqueza? Com maior crescimento de β, pode-se obter grande aumento em α com uma função de produção F (K, L) com maior grau de substituição dos fatores (por exemplo, se σ = 1,5, em vez de 1) Talvez seja natural esperar σ sobre o curso da história: usos cada vez mais diversificadas para o capital (máquinas podem substituir os caixas, robôs que podem substituir trabalho dos homens etc), de modo que a participação do capital α continuamente; não há nenhum mecanismo de correção natural para este fenômeno Crescimento de β e α pode ser uma coisa boa (poderíamos dedicar mais tempo à cultura, educação, saúde..., em vez de para a nossa própria subsistência), Porém, quem são os proprietários das máquinas, robôs...?
18 Principais resultados Em todos os países europeus (Reino Unido, França...), a concentração de riqueza foi extremamente elevada nos séculos XVIII e XIX até 1 ª Guerra Mundial: 90% da riqueza agregada de 10% dos detentores de riqueza 60% da riqueza agregada para os detentores de riqueza superiores a 1% Sociedade patrimonial clássica (à base de riqueza): uma minoria vive de sua riqueza, enquanto o resto do população trabalha (Austen, Balzac) Hoje concentração de riqueza ainda é muito alto, porém menor: 60-70% para 10%; cerca de 20-30% para 1% 50% da parte inferior possui quase nada (<5%) 40% da parte média agora possui 20-30% da riqueza agregada Surgimento de uma classe média patrimonial
19 Principais resultados Principal conclusão: não houve queda na concentração de renda antes das Guerras Mundiais; foi apenas devido a choques? Além de choques, que forças determinam o nível de longo prazo da concentração de riqueza? Em estado estacionário, concentração de riqueza é uma função crescente de r g Com desaceleração do crescimento e aumento da concorrência fiscal para atrair capital, r - g pode aumentar no século XXI e voltar aos níveis do século XIX Valores futuros de r também dependem da tecnologia (σ> 1?) Com base em pressupostos plausíveis, a concentração de riqueza pode atingir ou superar níveis recordes do século XIX
20 Share of top decile in total (incomes or wages) Desigualdade de renda 50% 45% 40% Figure 8.1. Income inequality in France, Share of top income decile in total income Share of top wage decile in total wage bill 35% 30% 25% 20% Inequality of total income (labor and capital) has dropped in France during the 20th century, while wage inequality has remained the same. Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c.
21 Share of top decile in national income Desigualdade de renda 50% Figure I.1. Income inequality in the United States, % 40% 35% 30% 25% The top decile share in U.S. national income dropped from 45-50% in the 1910s-1920s to less than 35% in the 1950s (this is the fall documented by Kuznets); it then rose from less than 35% in the 1970s to 45-50% in the 2000s-2010s. Sources and series: see piketty.pse.ens.fr/capital21c.
22 Desigualdade de renda: Europa e EUA
23 Imposto sobre renda dos mais ricos
24 Imposto sobre grandes fortunas herdadas
25 Conclusões História da desigualdade de renda e riqueza é política, caótica e imprevisível; envolve identidades nacionais e não se pode prever as reversões do futuro Marx: com g = 0, β, r 0: revolução, guerra Conclusões menos apocalíptica: com g> 0, pelo menos, temos um estado de equilíbrio β = s / g Mas com g> 0 e pequeno, este estado de equilíbrio pode envolver alta razao de capital de β e da participação do capital α, bem como a concentração da riqueza extrema, devido à alta r g Isso não tem nada a ver com imperfeição de mercado: quanto mais perfeito o mercado de capitais, maior rg Solução ideal: imposto progressivo sobre a fortuna em escala global, com base no intercâmbio automático de informações bancárias Outras soluções envolvem controles autoritários políticos e de capital (China, Rússia..), ou manter crescimento populacional (norte-americanos), ou inflação, ou alguma mistura de tudo
26 Questões Pobreza relativa x pobreza absoluta 90 Percentual de pobres ($2 a day). Fonte: Banco Mundial Low income Lower middle income Upper middle income
27 Questões Pobreza relativa x pobreza absoluta 90 Percentual de pobres ($2 a day). Fonte: Banco Mundial Low income Lower middle income Upper middle income
28 Questões Pobreza relativa x absoluta 120 Diferencial de renda per capita OECD/UMI OECD/LMI OECD/LIN
29 Questões Pobreza relativa x absoluta ,00 2, , ,40 2, ,00 1,80 1,60 RPC CV ,40 1,20 0 1,00
30 Questões Análise convencional de produtividade marginal: aumento da desigualdade com base no aumentos da diferença entre o produto marginal do capital, o que determina a taxa de lucro (r), e da taxa de crescimento (g). Uma vez que a propriedade do capital é muito concentrada, uma taxa de lucro mais elevada ou taxa de crescimento mais lenta aumenta a desigualdade, pois a renda dos ricos cresce mais rápido do que a da economia como um todo. Novidade além de retomar a análise do capital?
31 Questões A acumulação de riqueza no capitalismo não se com base em critérios meritocráticos, principal justificativa para diferenças de renda e riqueza. Ao contrário, uma boa parte da riqueza acumulada é gerada na herança. Isso é muito importante, pois pouca gente tinha formulado. Boa parte de quem acumulou renda o fez porque herdou. Isso permite que eles poupem mais e, desse modo, acumulem mais riqueza financeira ou material. Porém, isso não dá dinamismo ao capitalismo, gera um efeito contrário, promove um certo apodrecimento, parasitismo para usar a expressão de Piketty. Estamos caminhando para um capitalismo parasitário?
32 Questões Desigualdade intra países está aumentando, porém entre países está diminuindo no período recente Estamos de volta à alta desigualdade de riqueza, porém muda a percepção da sociedade sobre a desigualdade? Solução de impostos progressivos sobre fortuna (renda e herança), mesmo se tecnicamente possível, é politicamente ingênua, dado que o capital cada vez mais controla o processo político. Como as instituições podem melhorar esse quadro?
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