Verydianna Frota Carneiro¹*(PG), Rithianne Frota Carneiro 2 (PG)
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1 XIII Encontro de Pós-Graduação e Pesquisa Universidade de Fortaleza 21 à 25 de Outubro de 2013 Revisão bibliográfica sobre aspectos éticos dos direitos dos pacientes Verydianna Frota Carneiro¹*(PG), Rithianne Frota Carneiro 2 (PG) 1 Mestrado em Ensino na Saúde, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza-CE 2 Mestrado em Saúde Coletiva, Universidade de Fortaleza, Fortaleza-CE verydianna_1@hotmail.com; Palavras-chave: Ética. Direito dos pacientes. Administração. Resumo O presente estudo tem por objetivo identificar e analisar o conhecimento bibliográfico da reflexão ética da gestão dos serviços de saúde no cotidiano das ações em relação à garantia da manifestação da vontade autônoma de pessoas quando assistidas nos serviços de saúde. Trata-se de um estudo descritivo de caráter descritivo-analítico e bibliográfico. Foram selecionados periódicos entre janeiro de 2008 a dezembro de 2012, na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde. As produções obedeciam aos seguintes critérios: acessibilidade (integral) por via eletrônica ou manual; publicações nos Bancos de Dados do SCIELO Scientific Eletronic Library Online; textos publicados em português; abordagem da temática de acordo com o descritor: direitos do paciente. Nos resultados, denota-se que o maior número das produções ainda se concentra no foco dos Direitos dos Pacientes Portadores de Síndrome e dos Direitos do Paciente no Ambiente Hospitalar no qual agregaram a maior quantidade de pesquisas desenvolvidas, com total de 05 produções cada. Em seguida, temos como temáticas: Direitos do paciente em Tratamentos Odontológicos e Direitos do Paciente em uma visão do Enfermeiro totalizaram 06 produções. Recomenda-se a continuidade de estudos que ampliem as fontes de coletas de dados, que permitam trabalhar outros elementos de análise. Apesar de suas limitações inerentes à pesquisa documental, o presente estudo contribui para o resgate e análise da produção do conhecimento na área de promoção em saúde, indicando caminhos e perspectivas para continuação e avanço do ensino e da pesquisa. Introdução A autonomia do paciente é um direito que pouco faz parte da história da ética médica, pois a ideia que norteava os médicos no início do século XIX, é a de que eles é quem decidiam o que devia ser feito. É só a partir do segundo terço do século XX que os códigos de deontologia médica e de enfermagem indicam a obrigação do profissional de conseguir o consentimento do doente e, portanto, de informá-lo previamente (OLIVEIRA; SÁ; SILVA, 2007). Torna-se necessário a reflexão do pressuposto que a avaliação da qualidade para a organização e o funcionamento dos serviços de saúde não deve estar restrita a variáveis tecnicistas e financeiras, mas deve também contemplar o respeito dos direitos do paciente, não apenas observado enquanto mero consumidor de produtos ou serviços, mas como cidadão, que em determinado(s) momento(s) de sua vida necessita da prestação de serviços de saúde. A verificação do direito de autonomia dos pacientes fora de possibilidades terapêuticas tem fundamental importância, pois o modelo assistencial moderno ainda perpetua um enfoque fisiopatológico na pessoa doente; e, dessa forma, o paciente é na maioria das vezes visualizado como um ser que integra a instituição hospitalar e dela dependem (OLIVEIRA; SÁ; SILVA, 2007). Em decorrência disso, o que se observa, é que na relação paciente-profissional da saúde existe o domínio do conhecimento de um sobre a necessidade e o desconhecimento do outro (CARMO, 2002). ISSN
2 Na bioética, a autonomia em relação ao paciente não significa recorrer tão somente a sua autodeterminação, mas ajudar essa pessoa ir ao limite de si mesma, ajudando-a a descobrir e a escolher o que está de acordo com o sentido do respeito da dignidade humana14. Conforme os princípios da bioética, o respeito à autonomia implica respeitar os atos de escolha do indivíduo, baseados em seus valores morais e crenças, sendo à vontade e o consentimento fatores preponderantes, porque afirmam sua dignidade humana (FABRIZ, 2003). O objetivo do presente estudo é aprofundar o conhecimento e a reflexão da produção bibliográfica referente aos aspectos éticos dos direitos do paciente nos serviços de saúde em relação à garantia da manifestação da vontade autônoma de pessoas quando assistida nos serviços de saúde. Metodologia Trata-se de um estudo descritivo de caráter descritivo-analítico e bibliográfico. Será descritivo, pois se caracteriza pela necessidade de explorar uma situação não conhecida, da qual se tem necessidade de maiores informações. Será documental e retrospectivo, uma vez que se vale de materiais que não receberam organização, tratamento analítico e publicação através de documentos e registros de eventos já acontecidos no passado. A avaliação desses documentos deve provar sua veracidade, assim como a validade de seu conteúdo (PIMENTEL, 2001). Para efetivação do estudo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias que coloca o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações. Foram selecionados periódicos entre janeiro de 2008 a dezembro de 2012, na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde. As produções foram selecionadas obedecendo aos seguintes critérios: acessibilidade (integral) por via eletrônica ou manual; publicações nos Bancos de Dados do SCIELO Scientific Eletronic Library Online; textos publicados em português; abordagem da temática de acordo com o descritor: direitos do paciente. Este descritor foi elencado com base na terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS-BIREME). O objetivo foi rastrear da melhor maneira possível às publicações produzidas e indexadas nos bancos de dados referidos. A análise dos dados foi feita de forma descritiva e houve categorização dos estudos, mediante a observação de consistências e contradições da literatura sobre o problema em questão, de modo a propor explicações para as inconsistências. A revisão mediou à construção de uma tabela para organização dos dados, a qual contemplou as seguintes informações: título do estudo, autores e objetivos, população estudada, tipo de estudo, metodologia e resultados. Foram efetuadas leituras minuciosas e fichamentos, possibilitando uma visão abrangente do conteúdo. A ficha de leitura constou de resumo, referência bibliográfica e transcrições de trechos significativos. Posteriormente, separamos a produção nacional com foco no descritor Direitos do Paciente : em publicações no período de 1998 a 2012, onde foram localizadas pelo levantamento bibliográfico realizado, utilizando os critérios de inclusão, 28 produções publicadas, abordando a temática. Foram elaborados quadros distintos; separando todas as produções pelos anos de publicações; posteriormente foi inserida outra tabela, discriminando a quantidade de produções publicadas no SCIELO Scientific Eletronic Library Online, levando em conta o foco da temática e o ano de publicação. Não foi ISSN
3 necessária a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos por se tratar de uma revisão bibliográfica. Resultados e Discussão No ano de 2009, foi agregado o maior número de publicações com total de 05 produções; posteriormente 04 produções no ano de 2005, em seguida o ano de 2012 com 03 produções, vale a pena ressaltar que nos anos de 2000 e 2003 não encontramos produções voltados para temática de Direitos do Paciente. Catalogamos e analisamos cada publicação em sua temática principal, no qual direitos dos pacientes portadores de síndrome e direitos do paciente no ambiente hospitalar agregaram a maior quantidade de pesquisas desenvolvidas, com total de 05 produções cada. Em seguida, as temáticas direitos do paciente em tratamentos odontológicos e direitos do paciente em uma visão do enfermeiro totalizaram 06 produções; e por fim mais 12 publicações que ficaram distribuídas no restante dos focos de temática. O avanço da tecnologia médica, principalmente a partir da segunda metade do século XX, fez com que, por muitas vezes o cuidado se torne a aplicação de um procedimento técnico, a fim de cumprir com um objetivo mecanicista, como puncionar um acesso venoso, aplicar uma medicação ou realizar determinado exame; a fragilização do ser humano na posição de "paciente" desfavorece o exercício da autonomia quando ocorre a visão paternalista de que a equipe de saúde detém o poder e o conhecimento, subestimando assim a capacidade do doente em fazer julgamentos com relação a si e a sua saúde (MIRANDA, 2002). Entender o ser humano como alguém que não se resume meramente a um ser com necessidades biológicas, mas como um agente biopsicossocial e espiritual, com direitos a serem respeitados, devendo ser garantida sua dignidade ética, é fundamental para começarmos a caminhar em direção à humanização dos cuidados de saúde. Segundo Anjos (2004), respeitar o outro na forma de ação inclui também considerar os princípios bioéticos da autonomia, justiça, beneficência e não-maleficência. Esses princípios são subsidiários à dignidade humana, tornando-se um componente essencial da qualidade do cuidado. O princípio bioético da autonomia é um dos aspectos fundamentais para que possamos agir com respeito junto ao cliente. Autonomia pode ser entendida como a "capacidade inerente ao homem de elaborar leis para si mesmo, de agir de acordo com sua própria vontade, a partir de escolhas ao alcance pessoal, diante de objetivos por ele estabelecidos, sem restrições internas ou externas" (CHILDRESS, 2002). O princípio da justiça, quando posto em prática, faz com que o respeito também seja praticado. Agir com justiça pressupõe a assistência equitativa a todos os pacientes, levando em consideração suas condições clínicas e sociais. Isso implica que, para ser justo, devem-se entender as necessidades de cada paciente e direcionar os cuidados tendo em mente essas necessidades. Assim, ser justo não é tratar igualmente todos os pacientes, já que cada um possui necessidades, condições clínicas e sociais diferentes (STEFANELLI, 1993). Os pacientes mostram-se pouco questionadores e passivos frente ao cuidado prestado, aparentemente, desconhecendo o seu direito, tanto às informações que deveriam receber durante sua ISSN
4 internação hospitalar, como, também, de participar das decisões sobre seu cuidado e tratamento (SOARES, 2000). Conclusão Entender o ser humano como alguém que não se resume meramente a um ser com necessidades biológicas, mas como um agente biopsicossocial e espiritual, com direitos a serem respeitados, devendo ser garantida sua dignidade ética, é fundamental para começarmos a caminhar na esperança de uma assistência mais humanizada, igualitária, onde realmente busca ver o paciente como um todo. Para que possamos agir com respeito junto ao cliente é necessário termos conhecimento dos princípios bioéticos da autonomia, pois este é um dos aspectos fundamentais. Autonomia pode ser entendida como a "capacidade inerente ao homem de elaborar leis para si mesmo, de agir de acordo com sua própria vontade, a partir de escolhas ao alcance pessoal, diante de objetivos por ele estabelecidos, sem restrições internas ou externas" (CHILDRESS, 2002). Respeitar o outro na forma de ação inclui também considerar os princípios bioéticos da autonomia, justiça, beneficência e não-maleficência. Esses princípios são subsidiários à dignidade humana, tornandose um componente essencial da qualidade do cuidado (ANJOS, 2004). Este estudo nos possibilitou identificar que para os profissionais de saúde respeitarem os direitos do paciente de serem informados acerca de seu processo de saúde-doença, tratamento e cuidados, de modo a poderem participar dos processos de decisão sobre si; os paciente necessitam contribuir ativamente para o esclarecimento do seu direito tanto à informação em si quanto ao consentimento informado e livre, prévio à realização de qualquer procedimento diagnóstico, terapêutico e de cuidado em si. Vale considerar como ponto de destaque: a ampliação da adoção de diferentes pensamentos pelos pesquisadores possibilitando verticalizar e ampliar o resgate e a análise de diferentes temas e objeto das investigações. Foram poucas as pesquisas que enfocaram outras vertentes dos direitos do paciente, pois muitas vezes acabamos correlacionando erroneamente às atividades profissionais e acabamos sem levar em considerações os direitos que regem os pacientes submetidos às ações de saúde, mostrando a necessidade do incentivo da pesquisa e do ensino nessa área, pelo grau da importância desta temática. O fato de ter sido adotado apenas dados nacionais, acabou por limitar a pesquisa desenvolvida. Desse modo, recomenda-se a continuidade de estudos que ampliem as fontes de coletas de dados, que permitam trabalhar outros elementos de análise. Apesar de suas limitações inerentes à pesquisa documental de revisão sistemática, o presente trabalho contribuiu para o resgate e a análise da produção do conhecimento na área de direitos do paciente, indicando caminhos e perspectivas para a continuação e o avanço do ensino e da pesquisa. Referências ANJOS, M. F.; Dignidade humana em debate. Bioética, v. 1, n. 12, p , CARMO, D. R. B.; Possibilidade de manifestação da autonomia do paciente internado em um hospital universitário (dissertação). São Paulo (SP): Escola de Enfermagem, USP; CHILDRESS, J. F.; BEAUCHAMP, T. L.; Princípios de Ética Biomédica. São Paulo: Loyola, DURAND, G.; Introdução Geral à Bioética: história, conceitos e instrumentos. São Paulo (SP): Centro Universitário São Camilo/Loyola; FABRIZ, D. C.; Bioética e direitos fundamentais: a bioconstituição como paradigma ao biodireito. Belo Horizonte: Mandamentos; ISSN
5 MIRANDA, J. M.; Tecnologia, autonomia e dignidade humana na área da saúde. In: Siqueira J. E., Prota L., Zancanaro L., organizadores. Bioética: estudos e reflexões. Londrina (PR): UEL; p , OLIVEIRA, A. C.; SÁ, L.; SILVA, M. J. P.; O posicionamento do enfermeiro frente a autonomia do paciente terminal/ The attitude of nurses face the autonomy of the terminal ill patient / El posicionamiento del enfermero frente a la autonomía de lo paciente terminal. Rev. bras. Enferm, v. 60, n.3, Brasília, May/June PIMENTEL, A.; O método de análise documental: seu uso numa pesquisa historiográfica. Cadernos de Pesquisa, v. 114, , SOARES, N. V.; A problematização dos direitos do cliente como desencadeadora da problematização dos direitos dos profissionais de enfermagem. 135 f.(mestrado) - Departamento de Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis (SC), STEFANELLI, M. C.; Comunicação com o paciente: teoria e ensino. São Paulo (SP): Robe Editora; Agradecimentos A Deus, acima de tudo! Aos nossos familiares que nos fortalecem nessa jornada e ao corpo discentes da 2ª turma do Mestrado em Ensino na Saúde (UECE) pela intensa troca de saberes. ISSN
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