ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM: ESTUDO BIBLIOMÉTRICO DOS RESUMOS APRESENTADOS NOS ANAIS DO 62º CBEN. Ricardo Quintão Vieira 1 Maria Cristina Sanna 2

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1 ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM: ESTUDO BIBLIOMÉTRICO DOS RESUMOS APRESENTADOS NOS ANAIS DO 62º CBEN Ricardo Quintão Vieira 1 Maria Cristina Sanna 2 Introdução: Existem diversas formas de comunicação formal de trabalhos científicos em eventos, dentre eles, os resumos de anais de eventos científicos, interessantes devido à sua acessibilidade e rapidez na divulgação, se comparados aos artigos de periódicos. Desse modo, eles podem traçar o estado-da-arte de áreas específicas, possibilitando análise de tendências e expectativas de produção científica, além do perfil dos pesquisadores (1). Dentre essas possibilidades, estão os anais do 62º Congresso Brasileiro de Enfermagem (2), de grande relevância nacional para Enfermagem, ocorrido em outubro de 2010, na cidade de Florianópolis, Santa Catarina. Na ocasião, diversos temas foram apresentados, da assistência ao gerenciamento e gestão, destacando-se a Administração da Enfermagem neste estudo, pois o enfermeiro necessita conhecer esse processo para melhor atuar. Objetivo: caracterizar a produção científica sobre Administração em Enfermagem apresentada no 62º CBEn. Método e instrumentos: estudo descritivo e bibliométrico, com uso de fontes documentais representados dos trabalhos disponibilizados no CD-ROM dos Anais do 62º Congresso Brasileiro de Enfermagem de Na busca em hipertexto, na seção de Assuntos, utilizaram-se os radicais: administ, gestão, organiz e gerencia. Com auxílio de planilha eletrônica, construiu-se um banco de dados com as seguintes variáveis de estudo: titularidade acadêmica e unidade da federação dos autores. Além disso, as palavras relacionadas ao tipo de pesquisa científica foram categorizadas conforme divisão proposta por Polit: finalidade e delineamento da pesquisa (3). Foram ainda coletadas informações sobre abrangência temporal do estudo, locais de coleta de dados e fontes de informação para a fundamentação dos resultados. Esses dados foram analisados por suas frequências absoluta e relativa. Realizou-se uma análise relativa a partir do quociente entre o número de trabalhos publicados e o número de cursos de graduação presencial em Enfermagem existentes nos estados e regiões dados disponíveis no INEP, capturados em maio de 2010 (4). As palavras atribuídas na seção de descritores foram divididas em dois grupos. O primeiro foi constituído apenas pelas palavras que empregaram os radicais administ, gestão, organiz e gerencia ; e o segundo, 1 Graduado em Biblioteconomia e Documentação pela USP. Graduando do quinto semestre de Enfermagem pela Universidade Nove de Julho UNINOVE. Membro do Grupo e Estudos e Pesquisa em Administração em Saúde e Gerenciamento em Enfermagem GEPAG, da UNIFESP. 2 Doutora em Enfermagem, com Pós-Doutorado em História da Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ. Pesquisadora Independente. Orientadora Credenciada junto à Pós-graduação senso estrito da UNIFESP. Pesquisadora do GEPAG. 2703

2 pelas demais palavras. Em seguida, utilizou-se o Tesauro do Ministério da Saúde (5) para indexação de termos, possibilitando o controle terminológico e análise quantitativa das abordagens temáticas. Por último, todos os termos controlados foram quantificados conforme a Estrutura do Conhecimento sobre Administração em Enfermagem proposta por Sanna (6), instrumento mais sensível à análise temática da área abordada. Resultados e Discussão: Foram produzidos resumos de diversas áreas do conhecimento, sendo 44 (1,8%) sobre Administração em Enfermagem e Serviços de Saúde, totalizando 152 autores, com média de quatro por trabalho. De acordo com a titularidade acadêmica, participaram 24 (16%) graduandos, 26 (17%) graduados, um (1%) especializando, 20 (13%) especialistas, sete (4%) mestrandos, 11 (7%) mestres, quatro (3%) doutorandos, 23 (15%) doutores, e 36 (24%) autores não apresentaram essa informação. Os doutores e graduandos representaram os autores que mais publicaram sobre o tema, sendo que 61,5% dos trabalhos dos estudantes foram orientados por doutores, comportamento maior que o encontrado em revistas científicas, quando a incidência foi de 46,2% (7). Segundo a unidade da federação, houve cinco (16%) trabalhos do Rio Grande do Sul e cinco (16%) de São Paulo, que lideraram a produção científica, seguidos por Ceará e Mato Grosso com quatro (11%) cada. Paraná e Rio de Janeiro apresentaram três (9%) cada. Alagoas e Minas Gerais, dois (6%) cada. Finalmente, Bahia, Distrito Federal, Goiás e Santa Catarina apresentaram um (3%) trabalho cada. Não foram identificados trabalhos da temática em foco de autoria residentes em outros estados da federação. O Sudeste produziu 11 (24%) trabalhos, nove (20%) foram produzidos na Região Sul, sete (16%) na Região Nordeste e seis (13%) da Região Centro-Oeste. Restaram ainda 12 (27%) sem indicação de unidade da federação ou região geográfica de procedência do autor. A análise quantitativa computou somente a produção absoluta por estado e região geográfica, que apontou destaque às regiões Sudeste e Sul. No entanto, ao se analisar o quociente entre o número de resumos identificados nos anais e número de cursos de graduação presencial de Enfermagem, percebeu-se que as regiões que relativamente mais publicaram sobre o assunto foram as regiões Nordeste e Centro-Oeste, com destaque em ordem decrescente para Alagoas, Ceará e Mato Grosso. Essa análise relativa apontou que a região Sudeste, onde há mais cursos, publicou um quarto de resumos em relação à Região Nordeste, demonstrando que, nesse congresso e no assunto focado, o número de cursos de uma unidade da federação e ou região geográfica não foi um fator de impacto para geração de publicação científica. A análise das palavras relacionadas ao método de pesquisa apresentou as seguintes características: na categoria finalidade, 10 menções para descritiva e 10 para exploratória. Quanto ao delineamento utilizado, 10 menções para pesquisa quantitativa e 10 para qualitativa. O foco temporal mais antigo datou de 1962 e representou apenas 1% dos estudos, seguidos dos anos (2%), (3%), 1994 (4%), 2000 e 2001 (5%, cada), 2704

3 2002, 2003 e 2004 (6%, cada), 2005 (7%), (8%, cada), 2008 (9%), 2009 e 2010 (15%, cada). Quanto aos locais de estudo, 16 (37%) trabalhos não apresentaram esta informação, 15 (34%) foram realizados em hospitais, cinco (12%) em escolas de Enfermagem, dois (5%) em Secretarias de Saúde, um (2%) em Conselho Regional de Enfermagem, um (2%) em unidade de pronto atendimento, um (2%) em empresa estatal, um (2%) em unidade de saúde da família, um (2%) na Associação Brasileira de Enfermagem, e, finalmente, um (2%) estudo foi realizado simultaneamente em dois locais, um hospital e um laboratório. 15 estudos realizados em hospitais demonstrou que seis (40%) eram públicos, cinco (33%); públicos universitários; um (7%), filantrópico e três (20%) não especificados. Quanto às fontes principais de dados para fundamentação dos resultados, 15 (34%) foram coletados de entrevistas ou questionários aplicados em pessoas, oito (18%) de documentos internos, seis (14%) de bases de dados acadêmicas, sendo o restante, 5 (12%), de outras fontes. Não foi possível identificar as fontes de dados em 10 (23%) dos trabalhos. O detalhamento da categoria bases de dados acadêmicas apresentou a freqüência de citação: quatro para BVS, três LILACs, um para Scielo e um BDENF. As palavras identificadas nos campos de descritores foram indexadas com o uso de tesauro. O primeiro grupo composto somente pelos termos da área da Administração, indicou a freqüência de 18 abordagens (40%) em Administração (em geral), 15 (33%) em Administração de Pessoal, oito (18%) em Gerência em Saúde, duas (5%) em Gestão da Informação, uma (2%) em Administração de Materiais e uma (2%) em Administração Hospitalar. O segundo grupo, formado pelos demais termos, resultou no total de 53 palavras controladas, sendo as mais frequentes Enfermagem (20% de menção); seguida de Absenteísmo, Aleitamento Materno, Cuidados de Enfermagem, Educação na Saúde, Meios de Comunicação, Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, Programa de Controle e Infecção Hospitalar, Programa Saúde da Família (com 3%, cada); Atenção Básica, Auditoria de Enfermagem, Cirurgia, Custos e Análises de Custos, Equipe de Enfermagem, Hemoterapia, Jornada de Trabalho, Políticas Públicas, Qualidade dos Serviços de Saúde, Recursos Humanos, Recursos Humanos de Enfermagem no Hospital, Serviços de Enfermagem (2%, cada). O restante dos 32 termos diferentes dos já apresentados equivaleram 32% dos trabalhos. Por último, a análise de todos os 107 termos controlados pelo instrumento de Estrutura do Conhecimento sobre Administração de Enfermagem, indicou as seguintes freqüências de menções: 35 (32%) a Prática de Administração de Recursos Humanos, 29 (27%) a Bases Ideológicas e Teóricas, 19 (18%) a Métodos de Intervenção, nove (8%) a Prática de Administração de Recursos Físicos, seis (6%) a Prática de Administração de Recursos de Informação, quatro (4%) a Prática de Administração de Recursos Políticos, três (3%) a Prática de Administração de Recursos Financeiros e dois (2%) a Prática de Administração de 2705

4 Recursos Materiais. Conclusão: Os resumos desse congresso apontaram para as seguintes características bibliométricas: o perfil do pesquisador foi preferencialmente titulado de doutor, graduado somente, ou ainda graduando em Enfermagem, morador das regiões Sudeste ou Sul. Houve equilíbrio da finalidade e delineamento da pesquisa, com recorte temporal contido entre 2009 e 2010, e cerca de um terço de suas preocupações é o ambiente hospitalar, principalmente o público. As principais fontes de pesquisas foram preferencialmente os documentos internos e bases de dados eletrônicas acadêmicas. Finalmente, as ferramentas de estruturação informacional apontaram a preferência dos autores pela Administração de Recursos Humanos. Descritores (Decs): Bibliometria, Enfermagem, Organização e Administração, Eventos Científicos e de Divulgação Referências 1- Campello BS. Encontros científicos. In: Cendon BV, Campello BS, Kremer JM. Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte: UFMG; p Associação Brasileira de Enfermagem [homepage]. Brasília, DF; [acessado em 19 dez. 2010]. [46 telas]. Disponível em: 3- Polit DF, Beck T, Hungler BP. Fundamentos da Pesquisa em Enfermagem: métodos, avaliação e utilização. Porto Alegre: Artmed; p.33, 166 e Brasil. Ministério da Educação. E-MEC. Brasília, DF: Ministério da Educação. [acesso 2 jan. 2011]. Disponível em: 5- Brasil. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Tesauro do Ministério da Saúde: versão preliminar, atualizada em 02/02/2009. Brasília, DF: Ministério da Saúde. [acesso 15 dez. 2010]. Disponível em: 6- Sanna MC. A estrutura do conhecimento sobre Administração em Enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem maio-jun.; 60(3):

5 7- Oliveira, TS, Haddad MCL, Bortoletto MSS. Produção científica de graduandos em enfermagem publicada de 1995 a Espaç. saúde (Online) jun.; 11(2):21-8. Área Temática: Gerenciamento dos Serviços de em Saúde e Enfermagem. 2707