A dimensão ética do tratamento
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- Nina Caldas Martinho
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1 SOCIEDADE PORTUGUESA DE CARDIOLOGIA A dimensão ética do tratamento filipe almeida
2 ÉTICA: Reflexão Agir humano
3 Agir humano: eu) Comigo mesmo (eu tu) Com os outros (tu universo) Com a biosfera (universo
4 Premissa fundamental que preside ao agir ético: O ser humano é Pessoa e, enquanto tal, tem dignidade e não preço, absolutamente valiosa e fim em si mesma
5 DIGNIDADE Atributo universalmente cometido ao homem e que o coloca num nível superior da existência, outorgando-lhe o direito a ser respeitado por todos os existentes. Kant: (...) tudo tem um preço ou uma dignidade. O que tem preço pode ser substituído por algo equivalente; ao contrário, o que se encontra acima de todo o preço, e portanto não admite nada equivalente, esse tem uma dignidade (...)
6 ...orienta, segundo valores, o desejo humano e as decisões que ele provoca (Daniel Serrão)
7 BIOÉTICA:... é o conjunto de princípios cujo objetivo é a promoção do bem comum, mediante o estudo da natureza biológica dos homens e da sua relação com o resto da biosfera Ponte para o futuro (Van Rensselaer Potter, 1971)
8 Protecção da vida: Vitalismo biologista A vida humana é um valor essencial, mas não é O bem supremo; ela está em função de outros valores, alcançáveis por sua mediação e capazes de lhe dar sentido Utilitarismo biologista
9 Ética principialista: I. Autonomia II. Não maleficência III. Beneficência IV. Justiça
10 Declaração de Barcelona autonomia dignidade integridade vulnerabilidade
11 TRATAMENTO relação terapêutica ferramenta (filantropia) (filotecnia)
12 TRATAMENTO (ferramenta) meio finalidade
13 TRATAMENTO (valoração ética) Meio ???? Finalidade útil / fútil
14 TRATAMENTO decisão terapêutica não iniciar iniciar limitar suspender Bfc /Jst Bfc NMfc Bfc
15 TRATAMENTO decisão terapêutica nada a fazer (!!!!!!!!) Mfc
16 TRATAMENTO Justiça distributiva / Equidade (responsabilidade individual e do poder )
17 Tratamento (autonomias) ADULTO - querer ser tratado - querer não ser tratado (.abandono terapêutico?) CRIANÇA - dever ser tratada exceção: futilidade!
18 Exceções ao dever de tratar (curativo): 1. Progressão irreversível da doença para uma morte iminente ou próxima 2. Tratamento claramente ineficaz ou mui prejudicial 3. Esperança de vida reduzida, mesmo com um tratamento, cuja abstenção propiciará menor sofrimento que a sua implementação 4. Terapia agressiva, condicionadora de um sofrimento superior ao inerente à própria doença (limite: a obstinação terapêutica)
19 Reanimação e Morte - Direito a viver - Doente terminal a obstinação terapêutica DNR - Direito a ter dignidade no tempo de morrer
20 Relação médico-doente uma relação igual uma relação desigual
21 Paternalismo Centrado no princípio da beneficência Direito à autonomia Centrado no reconhecimento aos doentes (ou representantes) do direito de decidir em função do próprio bem (ou dos filhos)
22 Relação médico-doente linear Relação médico-doente-pais triangular
23 CONFIDENCIALIDADE = SEGREDO!
24 Confidencialidade - o direito à confidencialidade respeita toda a informação clínica e elementos identificativos do doente - todos os elementos da equipa de saúde estão vinculados ao segredo profissional - os pais/tutores/legais representantes também se obrigam à confidencialidade
25 Informação ao doente - querer ser informado (tottus) - querer não ser informado - dever de informar (médico) obrigação ouvir informação (doente)
26 Informação ao doente - Querer não saber... não impede atividade assistencial - Querer não saber... impede participação em ensaio clínico
27 Informação ao doente - informar os pais ou representantes do doente - pais e criança (comunicar) - criança e pais (ouvir opinião) - criança (respeitar opinião)
28 A informação a partilhar deve ser balizada pelo superior interesse do doente, não por uma cega difusão de informação. Não informo porque possuo uma informação mas porque esta difusão da informação é eticamente útil ao doente. A partilha de uma informação deve responder positivamente à ponderação benefício-risco
29 Informação ao doente Direito à verdade possível (verdade homicida!)
30 Informação ao doente Informar o doente = informação + qualquer coisa
31 Consentimento Informado - O que é?... A anuência do doente à proposta terapêutica ou de investigação que o médico após adequada informação lhe faz - O que não é?... Um documento que desresponsabiliza o médico que o obtém
32 Consentimento Informado, Esclarecido - competência do doente / pais / tutores para decidir - informação adequada linguagem acessível ambiente propício sem pressas abarcar a totalidade do projeto terapêutico
33 Consentimento Informado, Esclarecido e Livre - dação do consentimento é inteiramente livre sim sim / não não
34 Consentimento Informado - pedido de consentimento apenas para ações que persigam finalidades boas, corretas e justas para o próprio ou para a comunidade dos homens - consentimento escrito / verbal - consentimento pela positiva
35 CONSENTIMENTO INFORMADO Consentimento Assentimento
36 consentimento e confidencialidade ou da autonomia, no tempo de decidir... à dignidade, no tempo de comunicar
37 A equipa de saúde, tal como a célula, tem: - uma componente nuclear (o doente, os seus pais e o médico) - uma componente citoplasmática (outros médicos, enfermeiros, terapêutas, educadores e outros técnicos, colaboradores e indispensáveis ao processo terapêutico)
38 É na componente nuclear que se estabelece o vínculo da relação doente-médico As consultas médicas são lugar e tempo de intimidade (the intouchable core) As equipas de saúde são espaço de operacionalidade
39 Ao ser humano é intrínseco um universal valor: a dignidade humana. Quaisquer tentativas da sua instrumentalização serão redutoras deste valor e, assim, atentatórias da dignidade da sua pessoa. O estado de saúde de uma pessoa configura, porventura, um dos aspectos mais íntimos da sua vida. O doente confia-se ao médico e partilha com ele a sua intimidade. É-lhe, assim, o médico devedor de total respeito pela informação que, sobre o seu doente, detém. Perturbar este compromisso pode desmoronar a confiança que o doente colocou na r elação única com o seu médico e pôr em causa um esteio fundamental do exercício da medicina.
40 Profissionais e instituições de saúde devem, na fundamentação do seu agir, ter sempre presente que, para além e para aquém dos interesses gerais da comunidade e da ciência, da espetacularidade ou do sensasionalismo da notícia, está uma pessoa, circunstancialmente doente e, por isso, credora de um olhar bondoso e responsável, desejosa de sentir que a solidariedade humana está presente mas inequivocamente orientada para a verdade da sua condição de pessoa doente, absolutamente necessitada de que o seu sofrimento não seja nem ignorado, nem exacerbado, nem vendável, antes compreendido e mitigado por todos.
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