1.A deficiente utilização dos computadores no sector secundarão da economia e as suas causas
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1 Resumo 1.A deficiente utilização dos computadores no sector secundarão da economia e as suas causas 2.Caracterização dos vários tipos Possíveis de utilização dos computadores no sector secundário da economia, com ênfase especial no controle de reaprovisionamento dos stocks e na planificação das operações fabris. 3.Discussão da exequibilidade e Vantagens da utilização dos computadores no sector secundário da economia. 4.Propostas. 1.INTRODUÇÃO Este trabalho trata da utilização da informática no sector secundário da economia em aplicações ligadas à produção, não considerando, portanto, as aplicações de carácter administrativo ou contabilistico. É dado desenvolvimento particular às técnicas de gestão de stocks e planeamento e controlo das operações fabris. Não são considerados os aspectos específicos das aplicações de controlo de processo, de programação de máquinas -ferramenta, nem das aplicações próprias da industria de transportes. 2.A DEFICIENTE UTILIZAÇÃO DA INFORMÁTICA NO SECTOR SECUNDÁRIO E AS SUAS CAUSAS É um facto que os computadores são utilizados predominantemente no sector terciário da economia (comércio e serviços) e fundamentalmente em aplicações de carácter administrativo e contabilistico. Concerteza que, para tal, concorreram factores como a facilidade de implementação destas aplicações, as prioridades de comercialização dos fornecedores de computadores e a necessidade de reduzir a expansão dos quadros de pessoal de escritório, tradicionalmente melhor remunerado, que as empres as sentiam. Viveu-se, durante décadas com taxas de juro relativamente baixas, o que não tornava critico o problema do dimensionamento dos stocks, por exemplo. Os salários na indústria, tradicionalmente baixos, especialmente no nosso país, não faziam pesar os custos de laboração nos custos finais da produção o que não exigia a optimização do planeamento das operações fabris.
2 Mas para além destas causas have rá, porventura, outras com caracter mais profundo. Numa economia de mercado, tem um relevo muito grande as questões de caracter comercial. Digamos que não basta produzir um bom produto por um preço razoável. É necessário garantir um mercado para ele, fundamentalmente através de técnicas de marketing. Isto explica o grande desenvolvimento da publicidade, dos estudos de mercado e de todo o sector de aplicações contabilísticas em que o cliente e o centro das atenções. Utilizar o planeamento e o controlo das operações fabris, com o fim de aumentar a produção não faz sentido se o excedente não tiver escoamento garantido no mercado. Também podem apontar-se causas de tipo tecnológico, pois até há relativamente pouco tempo, os preços dos computadores postos no mercado eram apenas acessíveis a grandes empresas que na maior parte dos casos eram as menos preocupadas com problemas de produção já que tinham os seus mercados garantidos através de legislação proteccionista ou através do seu próprio peso em relação aos concorrentes. Só recentemente, o incremento das relações económicas internacionais veio introduzir no nosso pais novas necessidades ao nível do cumprimento de prazos e do conhecimento rigoroso dos custos, por forma a conseguir ter êxito em concorrência com industrias estrangeiras com maior dimensão e organização. 3.CARACTERIZAÇÃO BREVE DAS APLICAÇÕES DE GESTÃO DE STOCKS E PLANEAMENTO DAS OPERAÇÕES FABRIS 3.1A Base de Dados de Produção Estas aplicações são normalmente construídas a partir de uma base de dados de produção (Fig.1) em que se relacionam, fundamentalmente, as informações sobre os artigos, a estrutura de componentes dos produtos finais, as gamas de fabrico, os centros de trabalho existentes na fábrica e as encomendas dos clientes, aos fornecedores e à fábrica. A existência da base de dados, que e partilhada pelas várias funções, além de facilitar a actualização das informações, garante a todos os utilizadores o acesso imediato As informações geradas em qualquer ponto da empresa. Por exemplo, a programação fabril tem acesso A informação introduzida no armazém, relativa aos movimentos de stocks, bem como as alterações tecnológicas desenvolvidas pelo gabinete de projectos.
3 Estas vantagens são reforçadas pelas possibilidades de inquiry através da disseminação de terminais em vários pontos das instalações. 3.2A gestão de stocks Os stocks da industria diferem dos stocks na distribuição, fundamentalmente, em que é necessário considerar não só os produtos acabados, mas também todo o tipo de componentes, matérias primas, etc. (Fig.2). A probabilidade de existência em stock dos com ponentes, em níveis sucessivos da estrutura do produto final, vai-se degradando por multiplicação, de forma a atingir-se valores francamente insatisfatórios a nível do produto final (Fig.3). Ha também que distinguir duas hipóteses, quanto ao momento em que é necessário desencadear o reaprovisionamento. Por um lado, nos casos de produção para stock, tende a utilizar-se a técnica de ponto de encomenda, que é também utilizada pelos stocks de distribuição. Parte -se do pressuposto de que se produz para stock e que se fornece os clientes a partir desse stock. Sempre que a existência de stock passa abaixo de um nível pré-determinado, desencadeia-se o reaprovisionamento (Fig.4). Nos casos es que, em vez de produzir para stock, se produz para satisfazer encomendas específicas. quando e só quando elas se verificas, então o gráfico de existências em stock tem uma configuração diversa (Fig.5). Por outro lado, o reaprovisionarnento de produtos finais, que é o objectivo da laboração fabril, tem que ser articulado em tempo e em quantidades com o reaprovisionamento dos componentes, quer sejam matérias primas e peças (compradas fora) quer sejam peças ou conjuntos, também produzidos internamente (Fig.6). As aplicações que estamos caracterizando, alem de permitirem a contabilização dos movimentos de armazém, realizam os cálculos necessários a determinação dos reaprovisionamentos em termos de tempo e de quantidade, de acordo com vários algoritmos possíveis. Paralelamente, é possível obter a valorização do stock e realizar o cálculo do custo médio ponderado das existências de cada artigo bem como periodizar a validação dos dados no computador, através do desencadeamento de contagens físicas no armazem. O circulo fecha-se com o lançamento e posterior controlo das encomendas aos fornecedores e à fábrica, que foram feitas de acordo com as sugestões de reaprovisionamento produzidas pelo computador.
4 As obras fabris são custeadas, em termos de materiais, através da afectação das saídas de armazém. 3.3Planeamento e Controlo das Operações Fabris O lançamento de uma encomenda à fábrica, ou seja, uma obra, de acordo com necessidades de reaprovisionamento determinadas pelo controlo dos stocks, pressupõe a produção de todos os documentos normalmente utilizados para seguir a obra ao longo dos postos de trabalho em que as respectivas operações elementares se realizam. A medida que as operações se vão realizando na fábrica, a respectiva informação deve ser comunicada ao sistema, a fim de permitir em cada momento analisar a situação e tomar decisões sobre eventuais atrasos. Paralelamente, é possível determinar com exactidão os custos de laboração imputáveis às obras que depois se adicionam aos custos em materiais determinados pelo controlo de stocks, como tínhamos visto. A sequência das operações em cada centro de trabalho, é regulamente planeada pelo sistema, de acordo com critérios de prioridade das obras. É possível analisar os níveis de rendimento de cada centro de trabalho e determinar eventuais estrangulamentos ao nível das instalações e da maquinaria. 4.EXEQUIBILIDADE E VANTAGENS DA IMPLEMENTAÇÃO DAS APLICAÇÕES 4.1Exequibilidade de Implementação Estas aplicações têm interesse variável conforme o tipo de indústria a que se pretendam aplicar. Por exemplo, as vantagens da base de dados no que toca a estrutura d e produto, são tanto maiores quanto mais complexa esta for na indústria em causa. Por outro lado, é óbvio que, numa linha de montagem, não faz muito sentido o feed-back das operações realizadas já que elas se realizam sempre de acordo com um esquema e um timing conhecido. Quando aplicáveis, estas aplicações, têm a vantagem de não exigir modificações tecnológicas da produção. Com o grande desenvolvimento de pequenos sistemas de culto moderado, tornou-se possível, a empresas de médio porte considerar a implementação das aplicações de controlo de stocks e planeamento das operações fabris. A acrescentar a tudo isto, é necessário acrescentar que juntamente com os pequenos sistemas estão a ser comercializados em Portugal, packages virados para a produção, o que torna desnecessários pesados investimentos iniciais e permite considerar estas soluções com um quadro de especialistas
5 informáticos, relativamente reduzido. 4.2Vantagens da implementação Ao nível dos stocks obtêm -se o nível de serviço desejado com o amimo investimento possível. A permanente actualização dos custos médios favorece a exactidão do cálculo dos custos das obras. A diminuição do número de rupturas do stock, não só melhora a imagem comercial, como torna menos prováveis as paragens das obras na fabrica, por falta de algum componente. Ao nível da laboração, a informação disponível permite cumprir os prazos estabelecidos. O custeio das obras e o planeamento das operações dá a possibilidade de responder com mais rigor e menos riscos em casos de competição comercial. A análise do rendimento doa centros de trabalho ajuda a concluir sobre a necessidade de redimensionar a estrutura produtiva ou desenvolver tecnologias alternativas. É possível responder, em qualquer momento, às perguntas sobre o estado de conclusão de qualquer abra, bem como prever a data da sua conclusão. Em termos gerais, pode dizer-se que, com o mesmo pessoal e as mesmas máquinas, é possível produzir mais através da garantia de disponibilidade dos componentes e do planeamento das operações, de acordo com critérios seguros de prioridades. 5. PROPOSTAS O fomento da utilização da informática no sector secundário da economia, que nos parece ter um interesse evidente, tem que ser equacionado, em primeira análise, numa avaliação global das áreas de aplicação às quais deve ser dada prioridade no nosso pais. É necessário, portanto, adoptar em relação aos investimentos do pais em equipamentos informáticos, uma atitude exigente na comparação dos custos e dos resultados, tanto mais que se trata e continuará a tratar, durante muito tempo, de materiais importados. Mesmo considerando que uma parte significativa dos utilizadores de informática se situam no domínio da iniciativa privada, o estado deveria encontrar formas de condicionamento da utilização doa computadores através, por exemplo, de medidas fiscais, subsídios ou de critérios selectivos na atribuição de créditos. Por outro lado, atendendo a que a deficiente divulgação das técnicas e aplicações, ligadas à produção, é certamente uma das causas da situação actual, deveriam ser consideradas m edidas como a inclusão
6 destas matérias nos programas escolares, nos estabelecimentos de ensino que formam engenheiros, economistas, gestores, etc.. Deveriam, também, ser promovidos, pelas instituições competentes, colóquios ou seminários de divulgação para gestores de empresas industriais, em muitos casos forma dos num período em que estas questões não se podiam colocar no domínio do realizável. Em todos estes esforços pode e deve colaborar a Associação Portuguesa de Informática, chamando os profissionais de informática a colaborar no desenvolvimento económico do nosso pais.
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