Estudo da variabilidade da frequência cardíaca durante o período de recuperação pós-exercício em pacientes hipertensos efeito do treinamento físico
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1 Universidade de São Paulo Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto 216 Estudo da variabilidade da frequência cardíaca durante o período de recuperação pós-exercício em pacientes hipertensos efeito do treinamento físico
2 Universidade de São Paulo Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor Programa de pós-graduação em Reabilitação e Desempenho Funcional Laboratório de Fisiologia e Fisioterapia Cardiovascular DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Estudo da variabilidade da frequência cardíaca durante o período de recuperação pós-exercício em pacientes hipertensos efeito do treinamento físico Aluno: Orientador: Prof. Dr. Hugo Celso Dutra de Souza Programa: Reabilitação e Desempenho Funcional da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Ribeirão Preto SP 216
3 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO PARA FINS DE ESTUDO DE PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. FICHA CATALOGRÁFICA Serviço de Documentação Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto de Almeida, Daniel Salvini Estudo da variabilidade da frequência cardíaca durante o período de recuperação pósexercício em pacientes hipertensos efeito do treinamento físico. Ribeirão Preto, 216. n folhas. 8. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Reabilitação e Desempenho Funcional, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de conhecimento: Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor. Orientador: Prof. Dr. Hugo Celso Dutra de Souza 1. Hipertensão arterial, 2. Treinamento físico, 3. Modulação autonômica, 4. adaptações metabólicas.
4 Folha de Aprovação Estudo da variabilidade da frequência cardíaca durante o período de recuperação pósexercício em pacientes hipertensos efeito do treinamento físico. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Reabilitação e Desempenho Funcional, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Ciências. Aprovado em: / / Banca Examinadora Prof. Dr.: Instituição: Assinatura: Prof. Dr.: Instituição: Assinatura: Prof. Dr.: Instituição: Assinatura: Prof. Dr.: Instituição: Assinatura: Prof. Dr.: Instituição: Assinatura:
5 DEDICATÓRIA
6 Dedico este trabalho à minha família (Decio, Sonia, Cláudia e Alexandre) por todo apoio em todos estes anos de estudo e à minha amada noiva Camila que com todo o seu amor, por incontáveis vezes me consolou, me acalmou e me fortaleceu para que eu pudesse continuar em frente e para que este trabalho fosse finalizado. Sem vocês este momento não se concretizaria.
7 AGRADECIMENTOS
8 Agradeço à minha família (Décio, Sônia, Cláudia e Alexandre) que há pouco mais de uma década, apoiaram um menino de apenas 18 anos de idade a seguir seus sonhos em uma cidade distante. Não foi fácil, muitas noites de solidão, angústia, medo e saudades. Saibam que me dediquei ao máximo e agradeço a cada um de vocês do fundo do meu coração, pois através desta experiência, pude utilizar todos os ensinamentos que me proporcionaram e aquele menino, nascido e crescido na Capital do Estado, se tornou um homem maduro, honesto, de bom caráter e trabalhador, apaixonado pelo interior paulista! Obrigado, obrigado e obrigado! Amo vocês! Impossível não agradecer à minha amada, companheira, amiga, parceira, namorada, noiva, mulher, Camila. Sem ela, NADA, absolutamente NADA deste trabalho teria sido possível! Muitas vezes tive vontade de desistir, jogar a toalha e abandonar o mestrado. Porém, mesmo no alto do seu 1 metro e 58 centímetros de altura, com uma força imensurável, Camila se transformava em um ser gigantesco, capaz de secar minhas lágrimas, fazer com que eu enxergasse o caminho e com que eu visse a importância deste projeto para minha vida. Grande parte deste trabalho tem o seu retoque, o seu jeitinho! NUNCA me esquecerei do que você fez e faz por mim e por nós! Agradeço a Deus todos os dias por ter você em minha vida! E como sempre dizemos, sabemos que este amor será ALÉM DE TODAS AS VIDAS. Amo você! Meu grande "PAPITO" (Vô Bruno) que sempre me incentivou a estudar e a seguir meus sonhos! PAPITO, você é o CARA!!!! Meus avós Alcides, Helena e Leontina que já não se encontram mais fisicamente entre nós mas tenho a certeza de que me protegeram todos estes anos. Saudades...
9 A minha nova família de Ribeirão (Jeremias, Iraci, Caio, Natali, Irene e Wilson) e a todos os novos primos e primas que esta família me proporcionou. Agradeço imensamente todo carinho, todo zelo e toda a preocupação que tem comigo diariamente. Joaquim, meu "filho de quatro patas", por fazer nossos momentos mais alegres. Ao meu orientador Prof. Dr. Hugo Celso Dutra de Souza pela oportunidade de desenvolver este trabalho em seu laboratório e por todo aprendizado adquirido. Deixo meus agradecimentos a todos meus colegas de laboratório (Sabrina, Ana Kaline, Tábata, Carol, Sueni, Ana Paula e Stela pela paciência e por toda ajuda e torcida para que este resultado fosse alcançado. Aos meu querido amigos Samuel Ribeiro Filipini, Guilherme Bertolino e Fábio Mariano por ouvirem meus desabafos e por me aconselhar sempre que precisei! Agradeço a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e a todos seus docentes e funcionários que dispuseram um pouco de seu tempo durante toda minha formação.
10 Pensamos demasiadamente e sentimos muito pouco. Necessitamos mais de humildade que de maquinas. Mais de bondade e ternura que de inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá. (Charles Chaplin)
11 RESUMO
12 De Almeida, DS. Estudo da variabilidade da frequência cardíaca durante o período de recuperação pós-exercício em pacientes hipertensos efeito do treinamento físico Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Sabe-se que a hipertensão arterial está intimamente ligada a prejuízos no controle autonômico cardiovascular, caracterizado pelo maior predomínio do componente autonômico simpático e redução no componente autonômico vagal. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o comportamento da variabilidade da frequência cardíaca durante o período de recuperação em homens e mulheres, bem como os efeitos promovidos pela prática do exercício físico nesses indivíduos hipertensos. Para tanto, foram utilizados dados de 21 voluntários hipertensos e sedentários com média de idade de 49 9,8 anos, divididos em 2 grupos distintos, homens (n=1) e mulheres (n=11). Todos os indivíduos foram submetidos a um protocolo de treinamento físico aeróbio em esteira, 3 vezes por semana, durante 12 semanas, com duração de 45 minutos, e intensidade fixada na frequência cardíaca obtida a 5% abaixo do limiar anaeróbio respiratório obtido no teste ergoespirométrico (Protocolo de Bruce Modificado). Ao final do treinamento de 12 semanas a capacidade aeróbia (VO 2pico ) foi novamente avaliada. O registro para análise espectral da VFC foi realizado entre 9hmin e 1hmin da manhã, obedecendo ao seguinte protocolo; após 2 minutos em repouso na posição supina em uma maca inclinável, os voluntários foram colocados passivamente na posição inclinada a 75 graus durante mais 2 minutos. O registro da FC na posição supina e durante o tilt test foi realizado por meio do eletrocardiograma, do qual foram obtidas as séries temporais oriundas da medida do tempo entre os intervalos das ondas R-R. Para a análise estatística foi utilizada a comparação entre dois grupos, ou no mesmo grupo, antes e após, foi utilizado o teste "t" de Student; Quando a distribuição não era normal foram utilizados testes não-paramétricos. Na comparação entre dois grupos foi utilizado o teste de Mann-Whitney. Foram consideradas estatisticamente significantes P era menor que 5%. Os resultados mostraram que o treinamento físico aeróbio no grupo Total-pós apresentou reduções significativas da pressão arterial sistólica (PAS) e da pressão arterial média (PAM). A associação entre os sexos mostrou aumento da FC basal. Já quando comparado os sexos separadamente, também foi observado diminuição da PAS no grupo Homem-pós em relação ao grupo Homem-pré, enquanto que nas mulheres essa redução ocorreu apenas na pressão arterial diastólica (PAD). Em relação aos valores antropométricos, houve diferença estatistica apenas no parâmetro altura entre os grupos Mulheres-pré e Homens-pré. Os resultados do 6º minuto da recuperação não apresentaram diferenças estatisticamente significantes quando comparado os grupos, Total, Homens e Mulheres. Entretanto, quando se faz a associação entre os grupos Mulheres-pós e Homens-pós, foi observado uma redução da banda de LF(ms 2 ). Apesar do HF(ms 2 ), também ter tendido a diminuir, não houve relação estatística. Em relação a avaliação por meio da análise simbólica, os resultados mostraram redução nos valores de 2LV no grupo Mulheres-pós. A análise dos resultados do 6º ao 12º min no grupo Total não mostraram diferenças significantes em nenhum parâmetro analisado. Da mesma forma, quando comparamos os sexos separadamente, também não observamos diferenças estatisticamente significantes entre eles. Já quando analisamos os valores da análise simbólica, também não observamos diferenças no grupo Total tanto pré quanto pós treinamento. Ao verificar os resultados obtidos no grupo Homens-pós houve aumento do V em relação ao grupo Homens-pré. Os resultados inter grupos também mostraram aumento dos parâmetros V e V/2V no grupo mulheres-pré quando comparado ao grupos Homens-pré. Diferentemente, os
13 valores de 1V, 2LV e 2V apresentaram reduções significativas também no grupo Mulheres-pré em relação ao grupo Homens-pré. Os resultados no 12º min do grupo Total pré e pós não apresentaram diferença na analise espectral entre eles. Entretanto, quando comparamos inter grupos, o grupo Mulheres-pós apresentou uma redeução da banda de LF (ms 2 ) quando comparado ao grupo Homem-pós, já os demais parâmetros não foram diferentes.para os valores da análise simbólica observamos apenas diminuição do parâmetro 2LV no grupos Mulheres-pós quando comparado ao grupo Homens-pós. Os demais resultados não apresentaram reduções significantes. Assim, concluimos que o treinamento físico aeróbio promoveu a redução dos parâmetros hemodinâmicos nos grupos analisados. Além disso, embora observamos que a FC de recuperação foi semelhante entre os grupos, a VFC na recuperação no 6 e no 12º minutos apresentou maior recuperação no grupo das mulheres Palavras-chaves: 1. Hipertensão Arterial. 2. Treinamento Físico. 3. Sistema Nervoso Autônomo.
14 ABSTRACT
15 De Almeida, DS. Study of heart rate variability during the recovery after exercise in hypertensive patients - effect of physical training Master's Dissertation - Faculty of Medicine of Ribeirão Preto, University of São Paulo. It is known that hypertension is closely linked to losses in cardiovascular autonomic control, characterized by the predominance of the sympathetic autonomic component and reduced vagal autonomic component. Thus, the aim of this study was to evaluate the behavior of heart rate variability during the recovery period in men and women, as well as the effects caused by physical exercise in these hypertensive individuals. For this, we used data of 21 hypertensive and sedentary volunteers with a mean age of 49 9,8 years, divided into two distinct groups, men (n = 1) and women (n = 11). All subjects underwent a physical training protocol on a treadmill three times a week for 12 weeks, with 45 minutes duration, and intensity fixed heart rate obtained 5% lower respiratory anaerobic threshold obtained in the cardiopulmonary exercise test (Bruce Amended Protocol). At the end of 12 weeks of training aerobic capacity (VO2 peak) was again evaluated. The record for spectral analysis of HRV was performed between 9: and 1: am, according to the following protocol; after 2 minutes of rest in supine position on a tilt stretcher, the volunteers were passively placed in position tilted at 75 degrees for 2 minutes. The HR record in the supine position and during the tilt test was performed by the electrocardiogram, which were obtained from the time series derived from the measurement of time intervals between the waves R-R. For statistical analysis was used to compare two groups, or in the same group before and after, we used the "t" test of Student; When the distribution was not normal non-parametric tests were used. Comparing two groups we used the Mann-Whitney test. statistically significant were considered P was less than 5%. The results showed that aerobic exercise training on Total-post group showed significant reductions in systolic blood pressure (SBP) and mean arterial pressure (MAP). The association between the sexes showed increased basal FC. But when comparing the sexes separately, it was also observed reduction in SBP in group-man post in relation to the group pre-man, while in women this reduction occurred only in diastolic blood pressure (DBP). Regarding the anthropometric values, there was statistical difference only in the height parameter between Women and Men-pre-pre groups. The results of the 6th minute of recovery showed no statistically significant differences when comparing the groups Total, Men and Women. However, when making the association between Women and Men-postpost groups, it was observed a reduction in band LF (ms2). Despite the HF (ms2), also have tended to decline, there was no statistical relationship. In relation to evaluation through the symbolic analysis, the results showed reduction in 2LV values in Womenpost group. The results of the 6th to the 12th min Total group showed no significant differences in any parameter analyzed. Similarly, when comparing the sexes separately, we did not observe statistically significant differences between them. But when we analyze the values of symbolic analysis showed no difference in the Total group both pre and post training. When checking the results of the Men-post group there was an increase of V compared to pre-men group. The results also showed increased inter groups of parameters V and V / 2V women in the group pre-men when compared to pre-groups. In contrast, the values of 1V, 2V and 2LV also showed significant reductions in pre-women group in relation to pre-men group. The results after 12 min Total pre and post group showed no difference in spectral analysis between them. However, when compared inter groups, the Women-post group showed a reduction band LF (ms2) compared to man-post group, since the other parameters were not different. For the values of symbolic analysis we observe only decrease parameter 2LV Women in post-groups when compared to men-after group. The other results showed no
16 significant reductions. Thus, we conclude that aerobic physical training promoted reduction of hemodynamic parameters in the analyzed groups. Moreover, although we note that the FC recovery was similar between groups, HRV recovery at 6 and after 12 minutes showed higher recovery in the women's group Keywords: 1. Hypertension. 2. Physical Training. 3. Autonomic Nervous System.
17 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
18 dl - decilitro FC - frequência cardíaca g - grama Kg - quilograma L - litro M - metro Mg - miligrama Min - minuto Ml - mililitro Mm - milímetro mmhg - milímetros de mercúrio Ms - milissegundo Vo 2 - volume de oxigênio PA - pressão arterial LF - bandas de baixa frequência HF - bandas de alta frequência LF/HF - balanço simpático vagal SNA - sistema nervoso autonômico VFC - variabilidade da frequência cardíaca
19 LISTA DE TABELAS
20 Tabela 1. Valores antropométricos e valores hemodinâmicos de toda amostra antes e após o treinamento aeróbio Tabela 2. Valores antropométricos e valores hemodinâmicos do grupo homens e do grupo mulheres antes e após o treinamento aeróbio Tabela 3. Valores da frequência cardíaca pico, no 1, 6 e 12 minuto de toda a amostra, antes e após o treinamento físico aeróbio... 5 Tabela 4. Valores da frequência cardíaca pico, no 1, 6 e 12 minuto do grupo homens e do grupo mulheres antes e após o treinamento físico aeróbio... 5 Tabela 5. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e análise simbólica durante os 6 primeiros minutos de recuperação de toda amostra, antes e após treinamento físico aeróbio Tabela 6. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e análise simbólica durante os 6 primeiros minutos de recuperação do grupo homens e do grupo mulheres, ante e após treinamento físico aeróbio Tabela 7. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e análise simbólica durante o 6 e o 12 minuto de recuperação de toda amostra, antes e após treinamento físico aeróbio... 6 Tabela 8. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e análise simbólica durante o 6 e o 12 minuto de recuperação do grupo homens e do grupo mulheres, antes e após treinamento físico aeróbio... 6 Tabela 9. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e análise simbólica durante os 12 minutos de recuperação de toda amostra, antes e após treinamento físico aeróbio... Tabela 1. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e análise simbólica durante os 12 minutos de recuperação do grupo homens e do grupo mulheres, antes e após treinamento físico aeróbio
21 LISTA DE FIGURAS
22 Figura 1: Imagem ilustrativa do teste ergoespirométrico realizado para a obtenção do limiar anaeróbio e prescrição do treinamento físico. (Fotografia: acervo pessoal) Figura 2: Imagem ilustrativa do treinamento físico monitorado, em esteira ergométrica. (Fotografia: acervo pessoal) Figura 3: Valores médios da pressão arterial sistólica, diastólica e média, bem como valores da frequência cardíaca basal, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. mmhg, milímetros de mercúrio; bpm, batimento por minuto. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós Figura 4: Valores médios da frequência cardíaca pico, no 1º, no 6º e no 12º minutos, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. min, minutos; bpm, batimento por minuto. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós Figura 5: Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca - 6º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. un, unidades normalizadas. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós Figura 6. Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca na análise simbólica - 6º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós... 54
23 Figura 7 Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca - 6º ao 12º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. nu unidades normalizadas. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós Figura 8: Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca, análise simbólica- 6º ao 12º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós Figura 9: Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca - 12º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. Un, unidades normalizadas. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós Figura 1: Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca, análise simbólica - 12º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. Un, unidades normalizadas. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós... 64
24 SUMÁRIO
25 1.INTRODUÇÃO OBJETIVOS 3. MATERIAIS E MÉTODOS Amostragem Protocolo de Treinamento Composição corporal Análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca Análise Estatística RESULTADOS Valores hemodinâmicos e antropométricos Valores da frequência cardíaca pico, 1º, 6º e 12º minuto Valores da Variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e análise simbólica 6º minuto da recuperação Valores da Variabilidade da ferequencia cardíaca no domínio da frequência e analise simbólica 6º a 12º minuto de recuperação Valores da Variabilidade da ferequencia cardíaca no domínio da frequência e analise simbólica 6º a 12º minuto de recuperação DISCUSSÃO Parâmetros Hemodinâmicos Controle Autonômico Cardiovascular na FC da recuperação Limitações do Estudo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 74
26 INTRODUÇÃO
27 Introdução INTRODUÇÃO A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica e multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados da pressão arterial sistólica (PAS) 14 mmhg e pressão arterial diastólica (PAD) 9 mmhg, sendo necessária no mínimo duas medidas, com intervalo de 1 a 2 minutos entre elas, para a confirmação do diagnóstico da hipertensão (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 21). Além de consequências devastadoras para a saúde pública, a HAS é uma síndrome relacionada a um vasto espectro de distúrbios metabólicos, como a obesidade, o aumento da resistência à insulina, diabetes mellitus e dislipidemias (BRANDÃO et al., 23). Da mesma forma, está frequentemente associada a alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos alvo, acarretando em um aumento do risco de desenvolvimento de eventos cardiovasculares, como por exemplo, a insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, insuficiência renal crônica e aneurisma da aorta. (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 21). Diante deste quadro, a literatura mostra que a HAS é a disfunção cardiovascular mais prevalente no mundo e com alto custo ao Estado, mesmo sendo considerada um fator de risco de doença cardiovascular prevenível (HEIDENREICH et al., 211, MOZAFFARIAN et al., 215), afetando aproximadamente cerca de 37,8% dos homens e 32,1% das mulheres (ROSÁRIO et al., 29), além disso, estudos apontaram que a HAS acomete mais de um quinto da população adulta brasileira (LEWINGTON et al., 22; BEAGLEHOLE et al., 212). Já, os dados americanos revelam que cerca de 4% da população adulta dos Estados Unidos irão ser portadores a HAS, consequentemente,
28 Introdução - 28 os custos relacionados à doença triplicarão, saltando de 13,7 bilhões de dólares para 389,9 bilhões (HEIDENREICH et al., 211). Apesar de todos os conhecimentos e evidências da importância do diagnóstico precoce do tratamento da HAS, o controle da doença ainda é um grande desafio para os profissionais da área da saúde. (GOULART, 211). Em geral, a HAS caracteriza-se por ser uma doença silenciosa, ou seja, assintomática, determinada por diversos fatores genéticos, bem como por fatores de riscos controláveis associados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993; VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 21). Desse modo, o controle da pressão arterial (PA) e desses fatores de risco associados é essencial para a redução da morbimortalidade decorrentes da evolução da doença, principalmente porque apresenta um crescimento populacional preocupante (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 21; KINLEY et al., 215) Esses distúrbios acima citados são frequentemente antecedidos de perturbações na homeostase corporal que se intensificam com o agravamento da função cardíaca. Nesse caso, alterações no controle autonômico cardiovascular apresentam-se como uma das mais importantes, consideradas como um preditor da evolução da doença nesses pacientes, inclusive, alguns estudos mostraram que essas alterações estão associadas a um gradiente mais elevado e variável da PAS ao longo de 24 horas (ZHANG et al., 211). Dentre às alterações autonômicas cardiovasculares decorrentes da HAS, pode-se citar, principalmente, o maior predomínio do tônus simpático cardíaco sobre o tônus vagal (PRAKASH et al., 25; DOGRU et al., 28), redução da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e aumento da variabilidade da pressão arterial (CELOVSKA et al., 21; IMAMURA, et al., 215). Desse modo, a investigação da função autonômica cardiovascular é de grande importância para a avaliação dessas condições,
29 Introdução - 29 não somente para caracterizar o estabelecimento de disfunções no sistema nervoso autonômico (SNA), mas também como um potencial diagnóstico e prognóstico para eventos cardiovasculares (JUNIOR CAMPOS, et al., 21; IRIGOYEN, et al., 21). A atuação adequada do SNA é fundamental, pois este modula a função cardíaca por meio da interação entre a atividade simpática e parassimpática, sendo a atividade simpática facilitadora ou estimuladora de todas as propriedades do coração, expressando-se por aumento da frequência cardíaca (FC), diminuição do tempo de condução átrio-ventricular, hiperexcitabilidade do tecido excito condutor e das fibras contráteis miocárdicas, além do aumento da contratilidade (GUYTON e HALL, 211, RADESPIEL et al, 23). Em contraste, a atividade parassimpática ou vagal, exerce efeitos inibidores ou depressores, traduzidos por bradicardia decorrente da inibição do nó sinusal, depressão da condução átrio-ventricular, depressão da excitabilidade das fibras condutoras especializadas e do miocárdio, e depressão do inotropismo. Estes efeitos conferem relativa estabilidade eletrofisiológica ao coração e constitui-se em fatores anti-arritmogênicos (RADESPIEL et al, 23; GUYTON e HALL, 211). Por sua vez, a prevalência de alterações autonômicas cardíacas em indivíduos hipertensos é alta, e afeta a homeostase cardiovascular, principalmente caracterizada pela redução da VFC, que é um reconhecido preditor de morbimortalidade, além de promover a diminuição da sensibilidade dos reflexos autonômicos, ou seja, todas essas alterações contribuem de certa forma para a redução da expectativa de vida nos portadores dessa doença (ANGELIS et al., 24). Sendo assim, a análise do SNA é de extrema importância, pois pode-se, através da intervenção precoce, prevenir futuras complicações decorrentes da HAS. Dentre as técnicas utilizadas para avaliação da integridade e atuação do SNA, a VFC destaca-se por ser uma ferramenta simples e tem como objetivo a análise das
30 Introdução - 3 flutuações dos intervalos R-R relacionados às influências do SNA sobre o nó sinusal (AKSELROD et al., 1991; MALLIANE et al., 1991; NIKOLOPOULOS et al., 23). A análise da VFC pode ser realizada utilizando-se diferentes métodos, tanto lineares quanto não lineares. Dentre os métodos lineares, a análise espectral, um método aplicado no domínio da frequência provê índices de regulação neural autonômica, particularmente do balanço entre a modulação autonômica simpática e parassimpática para a FC (MALIANI et al, 1991). A análise espectral, através da identificação de mecanismos fisiológicos modulatórios, delimitados em um eixo de frequência (Hz), visa analisar e discriminar a participação do sistema nervoso simpático e parassimpático na modulação cardíaca em diferentes situações fisiológicas e patológicas. Seus índices se dividem em bandas de frequência e a aplicabilidade dessa análise identifica e quantifica componentes oscilatórios responsáveis pelas variações presentes nos intervalos R-R e os discrimina de acordo com a frequência de ocorrência, sendo os principais: as oscilações de muito baixa frequência (VLF <,4 Hz), baixa frequência (LF=,4-,15Hz) e alta frequência (HF=,15-,5Hz) (MALIANI et al, 1991, TASK FORCE, 1996). Os componentes responsáveis pelas oscilações LF estão relacionados à modulação autonômica simpática e vagal para a FC, enquanto que as oscilações de HF estão associadas somente à modulação vagal para a frequência cardíaca. Já, as oscilações de VLF têm um papel fisiológico pouco definido na literatura (RUBINI et al., 1993; TASK FORCE, 1996, LOMBARDI, 1997). Adicionalmente, não há modulação autonômica de HF para os vasos sanguíneos. Esses prejuízos autonômicos, associados às demais alterações, endócrinas e inflamatórias, se não tratados adequadamente evoluem para a insuficiência cardíaca, reduzindo a qualidade e a expectativa de vida da população, bem como o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (PASSOS ET AL., 26). É importante
31 Introdução - 31 destacar que estudos realizados, tanto em humanos quanto em animais de experimentação, têm demonstrado que os níveis elevados de PA, maior variabilidade da pressão arterial e diminuição da VFC estão associados à maior lesão a órgão-alvo e eventos cardiovasculares (PARATI et al., 1997; MIAO et al., 26). Dessa forma, um dos maiores desafios no combate à hipertensão ainda se deve à não adesão ao tratamento (LEITE & VASCONCELLOS, 23), por isso da importância pela procura por novas terapias farmacológicas e não farmacológicas vêm sendo necessárias para que contemplem cada vez mais os efeitos benéficos sobre a HAS, assim como prevenir e/ou reverter a evolução e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (PERK & VERESS, 2). Esse benefício promovido pelo tratamento, pode ser verificado por uma redução da incidência de infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, doença renal, dentre outras complicações decorrentes da hipertensão (BALADY et al., 27). Já está bem estabelecido que o tratamento farmacológico é composto de diversas classes de anti-hipertensivos, como inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), bloqueadores β-adrenérgicos e α-adrenérgicos, e de receptores AT 1, bloqueadores de canais de cálcio Ca 2+ e diuréticos (RUBIRA, et al, 27) que apresentam relevantes benefícios para redução da PA, interferindo, inclusive, nos processos de remodelamento adverso cardíaco e reduzindo drasticamente a ocorrência de comorbidades, como os prejuízos na função renal, infarto agudo o miocárdio e acidente vascular encefálico (GOESSLER et al., 215). Entretanto, ainda se busca medidas mais eficientes e de menor impacto a saúde do indivíduo hipertenso, visando diminuir os efeitos deletérios causados pelo uso do tratamento medicamentoso contínuo. De tal modo, a mudança do estilo de vida é uma atitude que deve ser estimulada em todos os pacientes hipertensos, dentre elas podemos citar o exercício físico aeróbio, como tratamento não farmacológico, que é definido como uma atividade física
32 Introdução - 32 planejada, estruturada e repetitiva, que tem como objetivo aumentar ou manter a saúde e a aptidão física (MORAES et al., 27), promovendo importantes alterações benéficas cardiovasculares, metabólicas e autonômicas. Sendo assim, o exercício físico realizado regularmente provoca importantes adaptações que irão influenciar o sistema cardiovascular (WEISE et al., 1987) com o objetivo de manter a homeostasia celular diante do incremento das demandas metabólicas. Estudos mostram alguns desses efeitos gerados pelo exercício físico aeróbio como a diminuição dos parâmetros hemodinâmicos (NEGRÃO et al., 1993), o aumento da influência do componente autonômico vagal cardíaco e/ou redução da influência do componente autonômico simpático (IRIGOYEN et al., 25; HARTHMANN, 27), além da melhora o remodelamento cardíaco reduzindo a hipertrofia de cardiomiócitos (SOUZA et al., 27). Além disso, a diminuição da PA sugere alterações funcionais dos barorreceptores arteriais e cardiopulmonares, como o aumento na sua sensibilidade e modificação no seu ponto de ativação e do tempo de recuperação, que também podem contribuir para o efeito vasodilatador pós-exercício (PÁSSARO et al., 1996). Dentre os fatores hemodinâmicos que apresentam diminuição após o exercício físico, temos a chamada frequência cardíaca de recuperação, cuja redução nos primeiros 6 segundos, após a prática de atividade física é de extrema importância, pois evidencia o poder de reativação da atividade parassimpática, assim como uma redução da atividade simpática (IMAI et al., 1994). Nishime e col. 2, demonstraram que uma redução menor do que 12 batimentos, durante o primeiro minuto de recuperação, após um exercício físico intenso, é um importante preditor de aumento do risco de mortalidade. Sabe-se que a hipertensão arterial está intimamente ligada a prejuízos no controle autonômico cardiovascular, caracterizado pelo maior predomínio do componente autonômico simpático e redução no componente autonômico vagal.
33 Introdução - 33 (SCHLAICH et al. 24; NEUMANN et al., 27; COLLIER et al., 29; GRASSI, 29). Corroborando com a literatura, um estudo realizado por Lucini e colaboradores no ano de 22, verificou que indivíduos acometidos por graus maiores de hipertensão, apresentavam os maiores valores nas oscilações de LF e os menores valores nas oscilações de HF, quando comparados com indivíduos com menor grau de hipertensão. Diferentemente do observado no estudo conduzido por Cozza e col. 212, em nosso laboratório, que demonstrou que indivíduos hipertensos não tratados, apresentavam aumento na VFC, caracterizado pela elevada variância total dos irr em relação aos indivíduos normotensos ou hipertensos tratados com inibidores da enzima conversora da angiotensina, o que pode ser explicado pela elevada modulação autonômica simpática caracterizada pelo aumento nas oscilações de LF. Sabendo dos prejuízos acarretados pela HAS ao sistema autonômico e a influência da frequência cardíaca de recuperação como um importante preditor de mortalidade, nosso estudo buscou analisar o comportamento da VFC durante o período de recuperação em homens e mulheres, bem como os efeitos promovidos pela prática do exercício físico nesses indivíduos hipertensos.
34 OBJETIVOS
35 Objetivos OBJETIVOS Objetivo Geral Avaliar as adaptações autonômicas e hemodinâmicas durante a fase da recuperação de indivíduos hipertensos, antes e após o treinamento físico aeróbico. Objetivos Específicos - Pressão Arterial e Frequência Cardíaca - VO 2 max - Variabilidade da frequência cardíaca domínio da frequência e análise simbólica
36 MATERIAIS E MÉTODOS
37 Materiais e Métodos MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Amostragem Foram estudados 21 voluntários sedentários de ambos os gêneros com média de idade de 49 9,8 anos, não fumantes, sem qualquer alteração músculo-esquelética que impedisse a realização dos testes e treinamento físico, bem como qualquer alteração funcional cardiovascular que os impedisse de praticar exercícios físicos. Os voluntários foram divididos em dois grupos: Homens (N=1) e Mulheres (N=11) Todos receberam informações do estudo, da sua aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil (HCRP - n o 1544/27) Protocolo de Treinamento Todos os indivíduos foram submetidos a um protocolo de treinamento físico aeróbio supervisionado em esteira motorizada, três vezes por semana, durante doze semanas, com duração de 45 minutos, e intensidade fixada na frequência cardíaca obtida a 5% abaixo do limiar anaeróbio respiratório obtido no teste ergoespirométrico (Protocolo de Bruce Modificado). Ao final do treinamento de doze semanas a capacidade aeróbia (VO 2pico ) foi novamente avaliada.
38 Materiais e Métodos - 38 Figura 1. Teste ergoespirométrico realizado para obtenção do limiar anaeróbio e prescrição do treinamento físico. Figura 2. Treinamento físico monitorado, em esteira ergométrica.
39 Materiais e Métodos Composição corporal O índice de massa corporal foi calculado através da fórmula IMC = peso/altura 2, sendo a massa corporal expressa em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m). O peso corporal e a estatura foram obtidos por meio de uma balança analógica com altímetro (Welmy ) Análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca - Análise Espectral Os voluntários foram orientados a não ingerir bebidas alcoólicas e cafeína, não praticar atividade física, e manter a dieta habitual nas 48 horas que antecederam ao exame. O registro para análise espectral da VFC foi realizado entre 9hmin e 1hmin da manhã, obedecendo ao seguinte protocolo; após 2 minutos em repouso na posição supina em uma maca inclinável, os voluntários foram colocados passivamente na posição inclinada a 75 graus durante mais 2 minutos. O registro da FC na posição supina e durante o tilt test foi realizado por meio do eletrocardiograma (ADinstruments, Australian), do qual foram obtidas as séries temporais oriundas da medida do tempo entre os intervalos das ondas R-R adjacentes (irr). As séries temporais foram divididas em segmentos contínuos de 2 batimentos, e sobrepostas com os 1 batimentos da série anterior. Após o cálculo da média e da variância de cada segmento, estes foram submetidos ao modelo de análise espectral auto-regressivo já descrito anteriormente (MALLIANI et al., 1991; RUBINI et al., 1993; TASK FORCE, 1996). Os componentes oscilatórios presentes nos segmentos estacionários, batimento a batimento dos irr, foram calculados baseados nos recursos de Levinson-Durbin, de
40 Materiais e Métodos - 4 acordo com os critérios de Akaike s (MALLIANI et al., 1991). Esse procedimento permite uma quantificação automática da frequência central e da influência de cada componente oscilatório relevante presente nas series dos intervalos. Os componentes oscilatórios foram classificados como baixa frequência (LF), influenciado pelos componentes simpático e parassimpático, e alta frequência (HF), influenciado pelo componente parassimpático. Estes apresentam oscilações nas faixas de frequência de.4.15hz e.15.5hz respectivamente. A força dos componentes de LF e HF na variabilidade dos irr também foi expressa em unidades normalizadas, obtida pelo cálculo da porcentagem da variabilidade de LF e HF considerando-se a potência total, após a subtração do componente de muito baixa frequência (VLF <.4Hz). O procedimento de normalização minimiza o efeito da mudança na potência total nos valores absolutos na variabilidade dos componentes LF e HF (MALLIANI et al., 1991; RUBINI et al., 1993; TASK FORCE, 1996). Por fim, a razão LF/HF foi calculada com objetivo de estabelecer um índice de modulação autonômica Análise Estatística Para a análise estatística foram elaboradas planilhas eletrônicas, e as informações foram analisadas utilizando o programa eletrônico Sigma-Stat, versão 2.3. As variáveis normais, homocedásticas foram analisadas utilizando-se testes paramétricos. Na comparação entre dois grupos, ou no mesmo grupo, antes e após, foi utilizado o teste "t" de Student; Quando a distribuição não era normal foram utilizados testes não-paramétricos. Na comparação entre dois grupos foi utilizado o teste de Mann- Whitney. As proporções foram comparadas pelo teste do 2, acompanhado do teste
41 Materiais e Métodos - 41 exato de Fisher. Foram consideradas estatisticamente significantes as diferenças em que P era menor que 5% (P<,5).
42 RESULTADOS
43 Resultados RESULTADOS 4.1 Valores hemodiâmicos e antropométricos A Figura 3 e as Tabelas 1 e 2 mostram os valores de PA, FC, VO 2, idade, peso e altura em todos os grupos estudados. O treinamento físico aeróbio no grupo Total-pós apresentou reduções significativas da pressão arterial sistólica (PAS) e da pressão arterial média (PAM), quando comparado ao grupo Total-pré. Quando comparado os sexos separadamente, também foi observado diminuição da PAS no grupos Homem-pós em relação ao grupo Homem pré, enquanto que nas mulheres essa redução ocorreu apenas na pressão arterial diastólica (PAD), quando comparado o grupo Mulheres-pós ao grupo Mulheres-pré. A associação entre os sexos mostrou aumento da FC na comparação da FC apenas entre os grupos Mulheres-pós com Homens-pós. Já em relação aos valores antropométricos, houve diferença estatistica apenas no parâmetro altura entre os grupos Mulheres-pré e Homens-pré, isso já era esperado, visto que, geneticamente os homens são maiores do que as mulheres.
44 Resultados PRÉ PÓS 18 Pressão Arterial Sistólica (mmhg) 12 6 a b Frequência Cardíaca Basal (bpm) 12 6 d Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Pressão Arterial Diastólica (mmhg) 12 6 c Pressão Arterial Média (mmhg) 12 6 a Total Homens Mulheres Total Homem Mulher Figura 3. Valores médios da pressão arterial sistólica, diastólica e média, bem como valores da frequência cardíaca basal, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. mmhg, milímetros de mercúrio; bpm, batimento por minuto. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós.
45 Resultados - 45 Tabela 1. Caracterização da amostra representada pela idade, peso, altura, pressão arterial sistólica, diastólica e média, frequência cardíaca basal e volume máximo de oxigênio antes e após o treinamento físico aeróbio. Total Valores antropométricos Pré (n = 21) Pós (n =21) p Idade (anos) 49,1 ± 9, Peso (Kg) 84,8 ± 15 83,6 ± 14,9,56 Altura (cm) 164,6 ± 1, Valores hemodinâmicos PAS (mmhg) 134,3 ± 13,6 128,6 ± 12,8,3 PAD (mmhg) 88,6 ± 8,5 83,8 ± 8,6,8 PAM (mmhg) 13,8 ± 9,2 98,7 ± 9,3,8 FC basal (bpm) 76,6 ± 9,2 75,6 ± 1,73 VO2 pico (ml/kg.1) 26,2 ± 6,5 27,8 ± 7,8,71 Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; PAS, pressão arterial sistólica; PAD, pressão arterial diastólica; PAM, pressão arterial média; FC, frequência cardíaca; VO 2, volume máximo de oxigênio consumido corrigido pelo peso; bpm, batimentos por minuto; mmhg = milímetro de mercúrio. p<,5.
46 Resultados - 46 Tabela 2. Caracterização da amostra representada pela idade, peso, altura, pressão arterial sistólica, diastólica e média, frequência cardíaca basal e volume máximo de oxigênio antes e após o treinamento físico aeróbio. Homens (n=1) Mulheres (n=11) Pré Pós Pré Pós Valores antropométricos Idade (anos) 47,8 ± ,3 ± Peso (Kg) 9,3 ± 19,3 89,3 ± 19,2 79,9 ± 7,7 78,4 ± 6,9 Altura (cm) 171,6 ± 6, ,3 ± 9 a ---- Valores hemodinâmicos PAS (mmhg) 135 ± 17,8 127 ± 9,5 a 133,6 ± 9,2 13 ± 15,5 PAD (mmhg) 87 ± 9,5 84 ± 9,6 9,9 ± 7 83,6 ± 8,1 b PAM (mmhg) 13 ± 11,3 98,3 ± 9,1 15,2 ± 7,2 99,1 ± 1 FC basal (bpm) 73,2 ± 9,9 7,4 ± 8,3 79,6 ± 7,8 8,3 ± 9,2 c VO 2 pico (ml/kg.1) 28,9 ± 7 32,4 ± 8,1 22,8± 3,6 a 24,1 ± 5,8 c Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; PAS, pressão arterial sistólica; PAD, pressão arterial diastólica; PAM, pressão arterial média; FC, frequência cardíaca; VO 2, volume máximo de oxigênio consumido corrigido pelo peso; bpm, batimentos por minuto; mmhg, milímetro de mercúrio, cm, centímetro; kg, quilograma. a p<,5 versus homens pré; b p<.5 versus mulheres pré; c p<,5 versus homem pós.
47 Resultados Valores da frequência cardíaca pico, o 1º, 6º e 12º minuto. A Figura 4 e as tabelas 3 e 4 mostram os valores da FC pico, o 1º, o 6º e no 12º minuto do exercício. Os resultados não mostraram alterações significantes no grupo Total e no grupo Homens, pré e pós exercício físico em nenhuma FC analisada. Entretanto, no grupo da Mulheres-pós, foi observado uma diminuição na FC no 1º minuto e na FC no 6º minuto quando comparado ao grupos Mulheres-pré.
48 Resultados PRÉ PÓS 21 Frequência Cardíaca Pico (bpm) 14 7 Frequência Cardíaca 6 min 14 7 c Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Frequência Cardíaca 1 min (bpm) 14 7 c Frequência Cardíaca 12 min 14 7 Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Figura 4. Valores médios da frequência cardíaca pico, no 1º, no 6º e no 12º minutos, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. min, minutos; bpm, batimento por minuto. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós.
49 Resultados - 49 Tabela 3. Valores da frequência cardíaca pico, no 1, 6 e 12 minuto de toda a amostra, antes e após o treinamento físico aeróbio. Pré (n=21) Total Pós (n=21) p FC Pico (bpm) 146,1 ± 1,8 148,6 ± 8,45 FC 1 minuto (bpm) 125,9 ± 14,8 119,3 ± 9,5,14 FC 6 minuto (bpm) 14,6 ± 1 98,3 ± 8,8,7 FC 12 minuto (bpm) 88,6 ± 8 83,7 ± 9,9,13 Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; FC, frequência cardíaca; bpm, batimentos por minuto. p<.5.
50 Resultados - 5 Tabela 4. Valores da frequência cardíaca pico, no 1, 6 e 12 minuto de homens e mulheres antes e após o treinamento físico aeróbio. Homem (n=1) Mulher (n=11) Pré Pós Pré Pós FC Pico (bpm) 147,9 ± 14,1 152,1± 8,4 144,2 ± 6,6 145,1 ± 6,1 FC 1 minuto (bpm) 125,2 ± 2,2 121,2 ± 12,4 126,6 ± 7,9 117,4 ± 5,6 b FC 6 minuto (bpm) 12,7 ± 11,2 99 ± 1,3 16,5 ± 8,9 97,7 ± 7,7 b FC 12 minuto (bpm) 86,2 ± 7,4 84,4 ± 1,6 91 ± 8,3 83 ± 9,8 Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; FC, frequência cardíaca; bpm, batimentos por minuto. a p<,5 versus homens pré; b p<.5 versus mulheres pré; c p<,5 versus homem pós.
51 Resultados Valores da Variabilidade da Frequência cardíaca no domínio da frequência e análise simbólica 6º minuto da recuperação As Figuras e as Tabelas 5 e 6 mostram os valores da análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) por métodos lineares, realizados por meio do domínio da frequência (análise espectral), bem como a análise simbólica na recuperação. Os resultados do 6º minuto da recuperação não apresentaram diferenças estatisticamente significantes quando comparado os grupos, Total, Homens e Mulheres. Entretanto, quando se faz a associação entre os grupos Mulheres-pós e Homens-pós, foi observado uma redução da banda de LF(ms 2 ). Apesar do HF(ms 2 ), também ter tendido a diminuir, não houve relação estatística. Em relação a avaliação por meio da análise simbólica, os resultados mostraram redução nos valores de 2LV no grupo Mulheres-pós quando comparado apenas ao grupo Homens-pós. Já os demais resultados não apresentaram diferenças estatisticamente significantes.
52 Resultados PRÉ PÓS Variância 15 LF/HF 3 Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres LF (ms 2 ) d HF (ms 2 ) 2 2 Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres LF (nu) HF (nu) 4 4 Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Figura 5. Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca - 6º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. un, unidades normalizadas. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós.
53 Resultados PRÉ PÓS V V 2LV UV 2V V/2V 5 Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres d Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Figura 6. Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca na análise simbólica - 6º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós.
54 Resultados - 54 Tabela 5. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e análise simbólica durante os 6 primeiros minutos de recuperação de toda amostra, antes e após treinamento físico aeróbio. VFC Pré (n=21) Total Pós (n=21) Variância (ms 2 ) 1448,8 ± ,4 ± 764,9,88 LF (ms 2 ) 334,4 ± ,3 ± 156,6,65 HF (ms 2 ) 1,3 ± 11 77,1 ± 49,7,92 LF (un) 76,1 ± 9,3 75,8 ± 8,4,89 HF (un) 23,9 ± 9,3 24,2 ± 8,4,89 LF/HF 4,9 ± 2,3 5,1 ± 2,6,76 Análise Simbólica V% 69,1 ± 1 69,4 ± 7,2,91 1V% 25,9 ± 7,8 25,7 ± 5,4,91 2LV%,6 ±,9,3 ±,4,29 2UV% 4,3 ± 2,3 4,5 ±2,3,69 2V% 5 ± 2,9 4,9 ± 2,4,86 V/2V 18,7 ± 1,5 19,2 ± 12,3,92 Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; VFC, variabilidade da frequência cardíaca; LF, baixa frequência; HF, alta frequência, un, unidades normalizadas; ms 2, milissegundos ao quadrado; %, porcentagem; LF/HF, razão LF/HF. p<,5. p
55 Resultados - 55 Tabela 6. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência durante os 6 primeiros minutos de recuperação de homens e mulheres, ante e após treinamento físico aeróbio. VFC Homem (n=1) Mulher (n=11) Pré Pós Pré Pós Variância (ms 2 ) 1528,5 ± 714,8 1627,7 ± 644,5 1376,2 ± 761,1 122,5 ± 842,3 LF (ms 2 ) 332,7 ± 149,5 365 ± 156,9 336 ± 326,8 214,7 ± 122,7 d HF (ms 2 ) 14,5 ± 14,4 9,7 ± 51,1 96,5 ± 119,7 64,7 ± 47,4 LF (un) 75,8 ± 1,5 77,5 ± 6,1 76,5 ± 8,6 74,2 ± 1,1 HF (un) 24,2 ± 1,5 22,5 ± 6,1 23,5 ± 8,6 25,8 ± 1,1 LF HF 5 ± 2,7 5 ± 2,4 4,7 ± 2 5,1 ± 2,9 Análise Simbólica V% 67,5 ± 12,5 67,2 ± 6,9 7,6 ± 7,5 71,4 ± 6,8 1V% 27,2 ± 9,2 27,7 ± 5,3 24,7 ± 6,4 23,8 ± 4,7 2LV%,9 ± 1,2,6 ±,5,4 ±,4,1 ±,1 d 2UV% 4,3 ± 3 4,4 ± 2 4,3 ± 1,5 4,5 ± 2,5 2V% 5,2 ± 3,9 5 ± 2,3 4,7 ± 1,8 4,7± 2,4 V/2V 19,8 ± 12,5 17,9 ± 13,4 17,7 ± 8,8 2,3 ± 11,1 Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; VFC, variabilidade da frequência cardíaca; LF, baixa frequência; HF, alta frequência, un, unidades normalizadas; LF/HF, razão LF/HF. a p<,5 versus total pré; b p<.5 versus homens pré; c p<,5 versus mulher pré, d p<,5 versus homem pós.
56 Resultados Valores da Variabilidade da Frequência cardíaca no domínio da frequência e análise simbólica cardíaca 6º a 12º minuto de recuperação As Figura e as Tabelas 7 e 8 mostram os valores da análise da VFC no domínio da frequência (análise espectral) e da análise simbólica na recuperação do 6º ao 12º minuto. A análise dos resultados no grupo Total não mostraram diferenças significantes em nenhum parâmetro analisado. Da mesma forma, quando comparamos os sexos separadamente, também não observamos diferenças estatisticamente significantes entre eles. Já quando analisamos os valores da análise simbólica, também não observamos diferenças no grupo Total tanto pré quanto pós treinamento. Ao verificar os resultados obtidos no grupo Homens-pós houve aumento do V em relação ao grupo Homens-pré. Os resultados inter grupos também mostraram aumento dos parâmetros V e V/2V no grupo mulheres-pré quando comparado ao grupos Homens-pré. Diferentemente, os valores de 1V, 2LV e 2V apresentaram reduções significativas também no grupo Mulheres-pré em relação ao grupo Homens-pré.
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