Comercialização do óleo de Andiroba e da Farinha de mandioca na comunidade do Roque para a cidade de Carauari (AM)

Transcrição

1 Comercialização do óleo de Andiroba e da Farinha de mandioca na comunidade do Roque para a cidade de Carauari (AM) Sanae Ferreira de Souza Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia-INPA Laboratório de Estudo Sociais-LAES sanae.ferreiragen2@gmail.com Reinaldo Corrêa Costa INPA/LAES INPA- Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia rei@inpa.gov.br INTRODUÇÃO A comercialização do óleo de Andiroba e da farinha mandioca engloba processos de circulação desde a saída da unidade de produção familiar até sua chegada ao mercado, onde acontecem, as transferências, em troca de dinheiro. O tempo em que os produtos levam para chegar ao mercado, desde a sua localidade até a cidade de Carauari tem um custo. O lugar onde os serviços de farinha mandioca e do óleo de andiroba são trabalhados pela mão de obra camponesa é na Usina de Extração do óleo de Andiroba que a própria comunidade possui. Depois de todos os processos feitos, os produtos podem ser comercializados pelos próprios camponeses. O objetivo é analisar como os produtos são comercializados da comunidade do Roque até a cidade de Carauari-Am. No aspecto de comercialização de produtos que são extraídos permite unir a produção agrícola e o uso da biodiversidade, para fins de comércio, podemos encontrar uma variabilidade de recursos naturais que existem na Amazônia. É importante saber o conceito de comercialização principalmente quando se trata de produtos da biodiversidade, entretanto o principal agente que faz com que aconteça o processo de comercialização são os camponeses por meio de cooperativas e parcerias entre comunidades. Segundo CLAY apud MORSELLO, (2004) Com o tempo, no entanto, a comercialização passou a ocorrer por meio do estabelecimento de parcerias entre comunidades florestais e empresas.

2 A comunidade do Roque esta localizada na Resex do Médio Juruá, a 140 km da cidade de Carauari do estado do Amazonas. A comunidade foi criada em 1969, a parte da desativação de um antigo seringal e atualmente representa a maior e mais populosa comunidade da Resex. É constituída cerca 120 famílias, tendo como sua principal economia às roças de mandioca, para a produção de farinha e a coleta de andiroba para a produção do óleo de andiroba.em época de cheia, a comunidade tem acesso direto ao rio Juruá, já em época de seca o trajeto é feito por via terrestre, através de um caminho aberto pela floresta, o que dificulta o trabalho de quem leva os produtos para ser comercializados na cidade. Figura 1. Localização da área de estudo da comunidade do Roque na Resex do Médio Juruá, localizada na cidade de Carauari- AM. FONTE: Plano de Manejo da Resex, 2011 OBJETIVOGERAL

3 Analisar a espacialidade da comercialização dos produtos da comunidade do Roque na Resex do Médio Juruá para a cidade de Carauari, verificando como os sujeitos sociais contribuem parao desenvolvimento da comercialização dos produtos da biodiversidade. METODOLOGIA Realizou-se pesquisa de campo na comunidade do Roque, criada em 1969, esta a 140 km da cidade de Carauari. As informações para a realização desde trabalho foram obtidas com uso de entrevistas, feita por análise das respostas, com a interpretação do que foi respondido pelos camponeses e suas famílias, foram utilizados cadernos de campo e construções se tabelas para melhor compreensão das informações adquirida nas atividades de campo, o principal meio de coleta de dados foi através de um questionário, para auxiliar nas pesquisas, que demandavam do entrevistado uma resposta direta e compreensiva, foram feito levantamento de bibliografias também foi feitas perguntas a respeito do recebimento de renda ou trocas de produtos, a maioria das entrevistas eram feita sem suas residências, casas de farinha e nas propriedades dos camponeses. Foram utilizadas câmeras fotográficas mediante a autorização dos entrevistados para registrar os espaços onde está localizado o plantio de roça de mandioca e in loco onde o óleo de andiroba é produzido, para a identificação de sua funcionalidade, buscando conhecer como os agentes econômicos estão inseridos em um único espaço e sua especialidade. Com isso, a pesquisa se encontra em desenvolvimento. RESULTADOS PRELIMINARES O sistema de comercialização se estabelece a parte de relações de contatos com os centros urbanos, onde os camponeses levam seu produto para ser comercializado na cidade. O processo de circulação do produto da farinha mandioca ocorre nos espaços de feiras a beira dos rios e comércios diversos, sendo que são os primeiros a serem vendidos, de forma a terem dinheiro para comprar mercadorias não produzidas, mais necessariamente para o consumo próprio das famílias.de acordo com Oliveira(2007:42) Quando o camponês já está em situações privilegiada no mercado, ele pode acumular

4 dinheiro, como produto do trabalho familiar, e assim procurar garantir para os filhos a possibilidade de também reproduzirem-se como camponeses e com isso assegurar o processo de reprodução ampliada do campesinato. Visto que, na comunidade do Roque os camponeses negociam seus produtos com o consumidor para atender a demanda do mercado interno e externo. E um dos principais componente da comercialização é o trabalho, capital e a terra. Para Martins (1991:50) O capital só pode crescer, só pode se reproduzir, á custa do trabalho, por que só o trabalho é capaz de criar riqueza. O modo de vida no trabalho do campesinato na produção da farinha de mandioca engloba a participação de toda a família o trabalho é coletivo, sendo que há certa divisão especificada para cada individuo que é responsável por exercer funções que lhe são atribuídas, nesse sentido segundo Marx (1995:56), Cada uma dessas forças individuas de trabalho se equipara as demais, na medida em que possua o caráter de uma força média de trabalho social, e atue como essa força média, precisando portanto, apenas do tempo de trabalho em média necessário ou socialmente necessário para a produção de uma mercaria. A fabricação da farinha se resume nas casas de farinha, a força de trabalho conta com a participação feminina, são as mulheres que cuidam do descascamento da mandioca e da fabricação dos beijus.os homens ficamresponsáveispela torração e por colocar a farinha dentro dos sacos de fibra, o peso da saca de farinha é variável em media (50 kg), cada família consegue produzir em torno de 10 a 15 sacos de farinha. O óleo de andiroba e a farinha de mandioca são produtos da biodiversidade que são trabalhados pelos próprios camponeses para fins de comércio e obtenção de renda. Os roçados de mandioca possuem uma área que varia de 2 ha a meio hectare, o suficiente para as famílias fazerem o seu plantio, das 120 famílias 90% delas possuem roça de mandioca e 50% trabalham na Usina de Extração do óleo de Andiroba no qual trabalham pela Cooperativa de Desenvolvimento Agro- Extrativista e de Energia do Médio Juruá (CODAEMJ)criada no final do ano de 2003, pela própria comunidade, sendo que no de 2000 os membros da UFAM e do IBAMA deram inicio ao projeto dos

5 óleos vegetais com isso até no ano de 2003 a Associação dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc) era quem comercializava os óleos de andiroba para Manaus- Am, passando por refinamento que logo seria comercializada para empresa de cosmético natura, localizada em São Paulo e no final do mesmo ano a própria comunidade se incentiva de criar sua própria cooperativa que é responsável por produzir o óleo de andiroba. A usina e as demais atividades relacionadas ao óleo de andiroba estão centralizadas apenas na comunidade do Roque com exceção da coleta das sementes que é realizada pelos camponeses de diversas comunidades que vendem a semente para a Codaemj, a coleta de andiroba se inicia em janeiro e termina em março, a cooperativa possui duas chalanas que são responsáveis pelos transportes do óleo de andiroba, a Codaemj é a única instituição que tem um contrato com a natura e tem um compromisso certo de entrega. No ano de 2006 a Associação dos moradores da RDS Uacari (AMARU) entrou em parceria com a Codaemj no processo da produção do óleo de andiroba, comprando e transportando sementes das comunidades da RDS Uacari e até no ano de 2013 o óleo da andiroba vem sendo comercializado, para empresa brasileira da Natura, pois a mesma tem um contrato com acodaemj, o óleo é mandado para São Paulo, onde o mesmo é transformado em (sabonetes, perfumes, creme e xampu) que revende a mercadoria. Na comunidade a farinha de mandioca é o que mais representa uma fonte de renda para as famílias além do óleo de andiroba, constatou-se que os produtores utilizam apenas a mão de obra familiar e eventualmente fazem mutirão.a farinha mandioca é transportada para Carauari, e comercializada no mercado das feiras e pela Asproc que desde princípio ficou responsável pelo transporte, e a comercialização da farinha de mandioca e defender os interesses das comunidades juntamente com o Comércio Ribeirinho Solidário na forma de cantina que possui na comunidade e funciona como uma troca de produto, para garantir acesso ao consumo com mercadoria básica da Resex do Médio Juruá, portando a associação é composta por mais de 435 sócios. CONSIDERAÇÕES FINAIS

6 A comercialização do óleo de andiroba e da farinha de mandioca são os produtos que mais se destacam na comunidade do Roque. Podendo ser comercializados pelos camponeses das comunidades tradicionais e extrativistas da Resex do médio Juruá, que estabelece acordo entre cooperativas associações e empresas, atualmente a comunidade vem produzindo umaumento na produtividade. Os camponeses estão inseridos na cadeia produtiva, e no reconhecimento das suas especificidades dos diferentes papéis desempenhado por eles, o que comprova o engajamento em atividades comerciais com empresas e associações, consolidandorelações de trabalho e renda, com a Codaemj planejada pelos moradores da comunidade que vem se desenvolvendo trazendo benefícios para os camponeses, ainda existe dificuldades para dar continuidade na produção do óleo de andiroba, tais como, as máquinas que são bastante rudimentares que desde quando se iniciou o trabalho na usina do óleo de andiroba no final do ano de 2003, as mesmas ainda estão em funcionamento na usina. O que não impede a inserção do capital. O projeto de comercialização do óleo de andiroba traz alguma transformação social, dentro da estrutura social da comunidade do Roque, a partirdo momento que isso influencia na cooperativa dos camponeses, essas transformações podem ser consideradas uma determinada inserção do capital que pode comprometer a própria sobrevivência projeto. O acordo comercial entre a cooperativa da comunidade do Roque e a empresa Natura, vem beneficiando a própria empresa que relaciona suas marcas, isso por que o lucro obtido por essa empresa vem crescendo, enquanto os povos tradicionais que estão em envolvimento, são extremamente sensíveis as modificaçõesda produção em escala, assim torna-se de extrema importância a realização de estudos que identifiquem os comportamentos do acordo comercial entre a cooperativa e a empresa da natura para garantir um desenvolvimento para a comunidade envolvida.enquanto a produção da farinha de mandioca é o principal produto agrícola produzido pelos associados da Asproc, as técnicas de cultivos da mandioca ainda são muitos rudimentares, ou seja, bastante utilizada pelos camponeses devido as dificuldade de assistências. O processo de fabricação da farinha de mandioca é dividido em etapas:

7 colheita da mandioca, lavagem e descascamento das raízes, ralamento, prensagem, peneiramento e torração. A espacialidade da comercialização envolve empresas, o campesinato, produtos da biodiversidade, agricultura, modo de vida, o que faz que na comercialização sujeitos e processos diferentes se encontre em um espaço próprio. BIBLIOGRAFIA Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC).Disponível em: php.acessado em: 11/05/2014. Agronegócios e a Produção de Alimentos. Disponível em: Acessado em 03/05/2014. MARX, Karl. A Mercadoria: os fundamentos da produção da sociedade e do seu conhecimento.foracchi, Mariane M.; MARTINS, José de Souza (orgs.) sociologia e Sociedade (Leitura de Introdução à Sociologia). São Paulo. LTC MORSELLO, C.. Parcerias Comerciais entre Empresas e Comunidades Amazônicas: Oportunidades, Problemas e Desafios. In: II Encontro da Associação de Pesquisa e Pósgraduação em Meio Ambiente e Sociedade, 2004, Indaiatuba. II Encontro da Associação de Pesquisa e Pó-graduação em Meio Ambiente e Sociedade. Campinas: ANPPAS, MARTINS, J. S. Terra de negócios e terra de trabalho: Contribuição para o estudo da questão agraria no Brasil. In: Expropriações e Violência. A questão política no campo. São Paulo, OLIVEIRA, A. U. Modo de produção capitalista, Agricultura e Reforma Agrária. São Paulo: Labur Edições, 2007.