AGRICULTURA FAMILIAR E ESTRATÉGIAS DE REPRODUÇÃO SOCIAL
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- Emanuel Valente Lombardi
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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA CURSO DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA DISCIPLINA COMUNICAÇÃO E EXTENSÃO RURAL AGRICULTURA FAMILIAR E ESTRATÉGIAS DE REPRODUÇÃO SOCIAL Prof. Antonio Lázaro Sant Ana ILHA SOLTEIRA - SP SETEMBRO
2 IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR Os agricultores familiares*: representam 84,4% do total de estabelecimentos; ocupam 24,3% da área total; geram 34,0% do Valor Bruto da Produção; respondem por 59% da produção de suínos; 58% do leite; 50% das aves; 30% dos bovinos; 87% da mandioca; 70% do feijão; 38% do café e 34% do arroz. são responsáveis por 74,4% da mão-de-obra da agricultura (ocupam 15,3 pessoas cada 100ha, enquanto a agricultura não-familiar emprega 1,7 pessoas a cada 100ha); apresentaram valor bruto da produção por hectare em média 89% maior do que os agricultores não-familiares. * Dados do Censo Agropecuário de 2006, organizados por França et al. (2010), MDA.
3 A agricultura familiar, quando adere à modernização nas bases convencionais, convive com várias ameaças: as limitações e riscos da especialização produtiva; a dependência de energia e tecnologias (produtos, instalações e processos) externas ao estabelecimento para produzir; as relações de troca desiguais no mercado (grandes agroindústrias e redes de varejo); e os riscos inerentes ao endividamento crescente.
4 Uma outra opção para a reprodução social da agricultura familiar seria: (Re)orientar suas estratégias para as ações que lhe deram resiliência em mais um século de relações capitalistas monopolísticas; e buscar incorporar de outros aspectos, como a pluriatividade das famílias e a multifuncionalidade dos estabelecimentos, que possam adaptá-la para resistir aos embates contemporâneos e fortalecer sua autonomia.
5 Sem pretender esgotar a questão (que é complexa e exige soluções específicas em cada contexto), considero fundamentais as seguintes estratégias para a agricultura familiar: 1) Diversificação da produção orientada, na medida do possível, pelo desenvolvimento de atividades não vinculadas (apenas) às grandes cadeias agroindustriais que impõem unilateralmente as suas condições (preço, qualidade, escala e, frequentemente, itinerários técnicos).
6 2) A recuperação crítica dos métodos tradicionais de cultivo e de criação de animais: baseados na diversidade, na interação e complementariedade das atividades; na maximização dos recursos internos ao estabelecimento; na prevenção e controle alternativo de pragas, doenças e plantas espontâneas; na seleção própria e solidária de espécies e cultivares de sementes, mudas e raças de animais; na adubação orgânica e verde; na consorciação e rotação de múltiplos cultivos, e no respeito às épocas de plantio de cada espécie, etc.
7 3) A construção de mercados que retratem a diversidade dos hábitos e costumes alimentares locais e regionais: baseados em circuitos curtos e/ou na relação direta do produtor com o consumidor; e na luta pela manutenção e ampliação do mercado institucional (compras públicas). 4) A manutenção ou recuperação dos saberes relativos aos processos de produção e agregação de valor aos produtos, via processamento dos alimentos e revitalização da produção artesanal local/regional.
8 5) A busca por formas inovadoras de produção e organização que respeitem a dinâmica da unidade familiar, mas que possam contribuir para viabilizar: Menores custos de produção; A transformação dos alimentos de acordo com as exigências sanitárias e fiscais vigentes; Condições mais favoráveis de comercialização da produção, de acesso ao crédito, à extensão rural e outras políticas públicas; Melhor qualidade de vida no campo, com maior acesso ao lazer e à cultura.
9 6) Realizar um esforço para repensar as relações familiares: de modo a superar as tendências patriarcais ainda predominantes na agricultura familiar; e eliminar barreiras que tolhem o protagonismo e a autonomia das mulheres e dos jovens nas unidades familiares. 7) Combinar rendas agrícolas e não agrícolas: seja via transformação dos produtos (agroindústria familiar ou ligada a pequenos grupos de produtores); desenvolvimento de novas atividades no estabelecimento (como turismo rural e o artesanato); e/ou aproveitar condições favoráveis do mercado de trabalho da região.
10 Estes processos, pensados em seu conjunto, estão relacionados com o que se tem denominado de transição agroecológica, pois esta não se limita aos aspectos técnicos produtivos e ambientais, mas engloba o modo de vida do agricultor familiar e sua relação solidária com a sociedade e a natureza. As estratégias dos agricultores familiares terão maior possibilidade de serem concretizadas, de forma sustentável, se tiverem o apoio de políticas públicas (reforma agrária, crédito, pesquisa e extensão rural, dentre outras), inseridas em projetos de desenvolvimento territorial.
11 MUITO OBRIGADO!
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