DIREITO CONSTITUCIONAL

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Maria Júlia Batista Beppler
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1 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria Geral dos Direitos Fundamentais Parte 2 Profª. Liz Rodrigues

2 - Características: considerando a sua função de proteger a dignidade da pessoa humana, os direitos fundamentais possuem algumas características que os distinguem de outros direitos. - Historicidade: são direitos construídos ao longo do tempo e diretamente relacionados às questões e necessidades de determinados contextos históricos. Lutas em defesa de novas liberdades contra velhos poderes (Bobbio).

3 - Universalidade: sendo a dignidade é reconhecida a todos os seres humanos, há de ser-lhes assegurado um núcleo mínimo de proteção em quaisquer sociedades e circunstâncias. - Inalienabilidade: estes direitos não podem ser alienados pela vontade do titular, pois não têm conteúdo material. São intransferíveis, inegociáveis e indisponíveis (Novelino).

4 - Imprescritibilidade: a dignidade humana (e os direitos relativos à sua proteção) não são atingidos pela prescrição o que não impede que o direito de ação prescreva, conforme os termos legais. - Inexauribilidade: o conteúdo específico de proteção é infinito, pois a defesa da dignidade humana pode exigir a proteção de novos direitos logo, o rol de direitos está em constante ampliação.

5 - Vedação do retrocesso: o nível de proteção não pode ser diminuído. - Irrenunciabilidade: o titular do direito não pode renunciar a ele, mesmo que não o exerça (e uma eventual renúncia não convalida a violação do direito). Limitações voluntárias pontuais podem ser admitidas, se não atingirem o núcleo essencial do direito.

6 - Indivisibilidade, interdependência e inter-relacionariedade: a perfeita realização de um direito demanda a realização de outros direitos, de modo a assegurar a plena proteção da dignidade humana.

7 - Interpretação pro homine: a interpretação destes direitos deve sempre ser feita do modo mais favorável ao ser humano, protegendo-o contra a ação do Estado. Assim, normas que protegem direitos admitem uma interpretação ampliativa, mas as que os restringem devem ser interpretadas em termos estritos.

8 - Limitabilidade (ou relatividade): como regra geral, os direitos fundamentais não são absolutos, pois são ponderados por outros direitos e pelos deveres relativos à vida em sociedade. - Porém, muito cuidado com dois direitos, que são considerados por parte da doutrina e por documentos internacionais como de ponderação inadmissível: o direito de não ser torturado e o direito de não ser submetido à condição análoga à de escravo.

9 - Para Bobbio, são direitos fundamentais que não estão em concorrência [colisão] com outros direitos fundamentais e, por isso, podem ser considerados absolutos. - Tortura: a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes estabelece que em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias excepcionais [..] como justificação para a tortura (art. 2º, 2).

10 - Não ser escravizado: neste caso, trata-se do próprio reconhecimento do indivíduo como pessoa, titular de direitos; ao se tornar objeto de mercancia (ou ao ser submetido a uma situação análoga), este ser humano está tendo negada a sua dignidade e reduzido à condição de coisa (veja, por exemplo, o art. 4º da DUDH).

11 - Restrições (limites) a direitos fundamentais: Novelino explica que as restrições a direitos fundamentais são normas constitucionalmente fundamentadas que intervêm no âmbito de proteção dos princípios jusfundamentais; estas restrições podem ser classificadas como:

12 - Restrições diretamente constitucionais: são impostas por normas constitucionais, que podem conter cláusulas restritivas escritas (no mesmo dispositivo que consagra o direito ou em outro) e cláusulas não-escritas (fazem referência a princípios constitucionais). - Restrições indiretamente constitucionais: as restrições serão estabelecidas por diploma legal, nos termos autorizados pela Constituição.

13 - Cláusulas de reserva legal: podem ser simples (a CF indica uma competência para fazer restrições, sem maiores exigências quanto ao conteúdo ou finalidade da lei restritiva), qualificadas (nesse caso, o conteúdo da lei restritiva e a sua finalidade já são estabelecidos na CF) ou implícitas (art. 5º, II, permite a criação de outras leis restritivas).

14 - Limites dos limites : observe que, mesmo nas situações em que a restrição ao direito fundamental é admissível, há que se respeitar os limites necessários para que o direito protegido não seja esvaziado. - As limitações aos direitos fundamentais, para serem legítimas, devem atender a um conjunto de condições materiais e formais estabelecidas na Constituição, que são os limites dos limites dos direitos fundamentais (Betterman).

15 - Observância aos princípios da legalidade, da reserva legal, da segurança jurídica, da razoabilidade e da própria ideia de Estado Democrático de Direito. - Requisitos formais: as limitações só podem ser estabelecidas por normas criadas pelos órgãos que receberam as competências necessárias da própria Constituição.

16 - Requisitos materiais: garantem a compatibilidade substancial entre a norma restritiva e a Constituição. Respeito aos princípios da nãoretroatividade, proporcionalidade, razoabilidade, generalidade, abstração, igualdade e proteção do núcleo essencial (Novelino). - Núcleo essencial: teorias absoluta (há um núcleo de proteção de cada direito, com limites intransponíveis) e relativa (o objeto da proteção depende do caso concreto).

17 - STF: Partindo-se da premissa de que nem mesmo os direitos fundamentais seriam absolutos, a identificação do seu núcleo duro e intransponível poderia ser feita por meio da teoria germânica da restrição das restrições, ou seja, a limitação a um direito fundamental [...] deveria inserir-se no âmbito do que fosse proporcional. Deveria haver, assim, uma limitação razoável do alcance do preceito que provocasse a restrição ao direito fundamental. (MS n ).

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