1. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO A SUA EFICÁCIA. Traz a classificação das normas do direito norte-americano.

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1 1 DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL PONTO 1: Classificação das Normas Constitucionais quanto a sua eficácia PONTO 2: Interpretação da Constituição PONTO 3: Tipologia das Normas Constitucionais 1. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO A SUA EFICÁCIA 1.1 RUI BARBOSA Traz a classificação das normas do direito norte-americano. Divide as normas em duas espécies: a) AUTO-APLICÁVEIS OU AUTO-EXECUTÁVEIS: produzem eficácia plena, imediata. b) NÃO AUTO-APLICÁVEIS OU NÃO BASTANTES EM SI (Pontes de Miranda): necessitam de legislação complementar. Art. 37, VII da CF: dispositivo que exige lei regulamentadora - lei de greve. Diante da ausência da lei, o dispositivo não produz eficácia plena, assim é uma norma não auto-aplicável. Em 1950, na Itália, surge uma nova proposta classificatória. 1.2 JOSÉ AFONSO DA SILVA José Afonso da Silva, sob a influência italiana, publicou a obra Aplicabilidade das normas constitucionais. Divide as normas em três espécies: a) APLICABILIDADE PLENA Produzem a sua eficácia de forma direta, imediata e plena. São as denominadas auto-executáveis por Rui Barbosa, independem de qualquer norma regulamentar. Ex: art. 5º, XX, XXXVII, LII, LVI, LVII, LXV, da CF. b) APLICABILIDADE CONTIDA Eficácia direta, imediata e cuja eficácia pode ser reduzida (contida). Quem pode restringir a eficácia desta norma? A lei, princípio da reserva legal (somente a lei pode restringir esse direito fundamental). É a constituição quem admite essa restrição.

2 O dispositivo não espera a norma restritiva para produzir efeitos, produz eficácia imediata. Se não houver lei regulamentando a eficácia será plena. Ex1: art. 93, IX da CF (consagra garantias fundamentais do cidadão: princípio da publicidade): aduz que todos os julgamentos serão públicos, mas ressalva que a lei pode restringir. Ainda, o artigo refere que é mais importante o direito público à informação. Esse artigo recepcionou normas inferiores, como por exemplo as normas do CPC. Ex2: art. 5º, XII da CF. Admite liberdade de trabalho, mas exige qualificações profissionais para determinadas profissões. Ex: exame de ordem exigida pela OAB (discussão sobre a proporcionalidade deste exame). A exigência não pode advir de resolução, somente de lei (complementar, medida provisória). Ex3: art. 5º, XV da CF. Admite a exigência de visto ao estrangeiro. ENTENDIMENTO DO STF art. 5º, XII da CF: consagra a inviolabilidade do sigilo das comunicações telefônicas, mas permite a restrição para investigação criminal ou instrução processual penal. Lei 9.296/96. O STF invalida decisões baseadas em provas de escuta telefônica antes de 1996, pois é prova ilícita. Nenhuma escuta telefônica é válida antes da edição da lei, mesmo que autorizada por um juiz. c) APLICABILIDADE LIMITADA São as que Rui Barbosa chamava de não auto-aplicáveis, para produzir eficácia plena necessitam de outras normas. Subdividem-se em: c.1) DE PRINCÍPIO INSTITUTIVO Instituem alguma coisa. Ex: Art. 98, I da CF é preciso que a lei diga o procedimento nos Juizados Especiais. Ex: Estatuto do Ministério Público, da Magistratura. Ex: art. 102, 1º da CF ADPF apreciada pelo STF após editada lei regulamentadora. Art. 5º, 1º da CF normas definidoras de direito e garantias fundamentais tem aplicação imediata. c.2) DE PRINCÍPIO PROGRAMÁTICO OU NORMAS PROGRAMÁTICAS 2 públicas. Impõem programas governamentais, metas estatais a serem atingidas, políticas As atividades legislativa e administrativa estarão ligadas a estas normas programáticas. Ex: art. 196 da CF.

3 Mesmo nas normas de conteúdo programático há eficácia direta e imediata, mesmo que mínima, senão não seriam normas. Três manifestações da eficácia: a) Eficácia Negativa: mesmo que as políticas públicas ainda não tenham sido regulamentadas, não se admite norma que recuse estas políticas públicas, pois seria inconstitucional. Art. 170 da CF. b) Eficácia Interpretativa: exigem que toda legislação infraconstitucional seja interpretada de acordo com as normas programáticas. Releitura dos dispositivos infraconstitucionais. c) Eficácia Revogadora: quando dispositivo anterior for incompatível com o dispositivo constitucional. Nesse caso, será declarado a sua revogação, em face da incompatibilidade. 3 reduzida. Sarlet. Assim, as normas programáticas possuem eficácia direta e imediata, embora Art. 5º, 1º da CF: O próprio 1º é uma norma programática, conforme Ingo Inciso LXXI MI não havia lei regulamentadora, STF mandou aplicar a lei do MS até que seja editada a lei própria. Assim, as normas programáticas estão na CF não como uma faculdade do legislador, mas como uma obrigação. Inconstitucionalidade por Omissão: o não legislar sobre essas normas é agredir a constituição, é inconstitucional. Para a omissão legislativa há o MI e a ADI por Omissão. Para a omissão do poder público (atuação estatal) utiliza-se principalmente o mandado de segurança. 2.1 PRINCÍPIOS 2. INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO A) UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO Constituição é uma unidade normativa, é um sistema, um conjunto de normas (um sistema constitucional). B) EFEITO INTEGRADOR Da própria unidade da constituição há o efeito integrador. Significa que se dará primazia para critérios que favoreçam a integração política e social.

4 4 DIREITO CONSTITUCIONAL C) MÁXIMA EFETIVIDADE Busca uma interpretação que dê a máxima efetividade social, aquela que melhor cumpre a CF. Visa a mais ampla efetividade social. D) JUSTEZA OU CONFORMIDADE FUNCIONAL CF. Não se pode subverter a repartição de funções ou competências estabelecidas na E) CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO Decorre da unidade da CF. Na CF interpretam-se as normas de forma harmônica, há uma convivência harmônica entre as normas constitucionais, todas têm a mesma hierarquia. Normas são relativizadas até o ponto de conviverem harmonicamente com as outras normas. F) FORÇA NORMATIVA SUPREMACIA A CF é um conjunto de normas, todos dispositivos possuem conteúdo normativo e, por isso todos devem produzir eficácia. G) INTERPRETAÇÃO CONFORME A CF Método de Interpretação. Toda legislação existente deve ser interpretada de forma a compatibilizar-se com a CF e buscando sempre a máxima efetividade constitucional. Nenhuma interpretação será válida se contrariar dispositivos constitucionais. H) PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL À PESSOA HUMANA Acolhe-se a norma que se mostrar mais favorável à pessoa humana, seja norma oriunda do direito internacional, seja do direito interno. I) PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE PRINCÍPIO DOS PODERES IMPLÍCITOS: O CNJ editou resolução disciplinando o nepotismo, a Associação dos Magistrados Brasileiros ingressou com Ação Declaratória de Constitucionalidade deste dispositivo que não vinha sendo aplicado, e, observando os poderes implícitos, STF entendeu que, se a constituição prevê os fins, permite os meios. 3. TIPOLOGIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Conjunto de princípios e normas : expressão dá a entender que princípios e normas são coisas diversas. Mas princípios são normas, possuem força normativa.

5 Assim, normas se dividem em princípios e regras, mas ambas com conteúdo normativo. DISTINÇÃO ENTRE PRINCÍPIOS E REGRAS: Os princípios possuem maior abstração. Regras são dotadas de maior grau de concretude subsunção (fato enquadra-se perfeitamente à norma). O trabalho do intérprete consiste em examinar se a subsunção ocorreu ou não (se o fato se encaixou na previsão normativa). Aplicação de uma única regra é um juízo de validade (tudo ou nada), para cada caso incide uma única regra. Ordenamento jurídico não é perfeito ao estabelecer as regras, está eivado de lacunas. Nesta seara, os princípios possuem relevante importância. Princípios não são trabalhados como tudo ou nada, quanto aos princípios não há juízo de que um vale e o outro não, todos os princípios valem, assim no caso concreto pode haver a incidência de vários princípios. Qual a intensidade de eficácia jurídica produzida pelos princípios produzidos no caso concreto? Trabalho do intérprete constitucional. Somente diante do caso concreto pode-se afirmar a intensidade de eficácia de cada princípio. A constituição apresenta aparentes antinomias. Ex: art. 5º, IV (livre a manifestação de pensamento, vedado o anonimato), art. 5º, IX (liberdade de expressão, sem censura) com o art. 5º, X (inviolabilidade da vida privada proteção da intimidade), ou seja, de um lado a constituição protege a intimidade e do outro permite a manifestação de pensamento, a publicidade. A partir do caso concreto se verifica a medida de eficácia dos princípios. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: Será o instrumento para auferir a eficácia dos princípios. É um princípio implícito. Possue três elementos: a) Adequação: atinge a finalidade desejada. b) Necessidade: no sentido de se verificar se há meio menos gravoso para atingir a finalidade almejada. c) Proporcionalidade em Sentido Estrito: ponderação do caso concreto sobre o que deve preponderar. Prepondera um determinado direito, mas restringe-se o outro no mínimo possível. Admite-se a restrição aos direitos fundamentais desde que adequados, necessários e proporcionais em sentido estrito. Nenhum direito é absoluto, ele poderá sofrer restrições com base na proporcionalidade. 5 admitida. Ex: revista íntima em presídios de segurança máxima é constitucionalmente Argumentação jurídica: juiz hoje não deve apenas motivar e fundamentar, mas deve argumentar o porquê prepondera um princípio em detrimento de outro.