Ambiente Econômico Global

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1 Ambiente Econômico Global

2 Professora conteudista: Ivy Judensnaider Revisores: Elena Knijnik e Pedro Guilherme Brandão Baio Gomes

3 Sumário Ambiente Econômico Global Unidade I 1 A ECONOMIA POLÍTICA DA GLOBALIZAÇÃO Diferentes conceitos sobre a globalização A perspectiva histórica A perspectiva da compressão do espaço e do tempo A perspectiva da ideologia A perspectiva econômica As dinâmicas da globalização Globalização comercial Globalização produtiva Globalização financeira Globalização tecnológica A GLOBALIZAÇÃO: VARIÁVEIS RELACIONADAS AO SUCESSO E AO FRACASSO DO MODELO Obstáculos à globalização As multinacionais O investimento estrangeiro direto Concentração de capital e estratégias descentralizadas...37 Unidade II 3 GLOBALIZAÇÃO: OS MOVIMENTOS E PROCESSOS Mundialização, regulação e depressão longa As possibilidades de desenvolvimento Os movimentos relativos ao comércio exterior e a busca por relações comerciais justas A tecnologia A integração por meio do comércio exterior GLOBALIZAÇÃO: SEUS IMPACTOS E TENDÊNCIAS A globalização e os recursos naturais O movimento do capital financeiro e o ônus da dívida O sistema global de reservas Democratizando a globalização...80

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5 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL Unidade I Obra de Yukinori Yanagi Fonte: 1 A ECONOMIA POLÍTICA DA GLOBALIZAÇÃO 1.1 Diferentes conceitos sobre a globalização 1 Na 23 a Bienal de São Paulo, um trabalho deveras interessante do artista Yukinori Yanagi chamou a atenção: um grande painel de areia colorida representava bandeiras de todos os países, bandeiras essas que se misturavam à medida que formigas (no caso, saúvas brasileiras) caminhavam pela obra. Metáfora rancorosa, impregnada de ironia, ou mesmo poética aos olhos de alguns, o fato é que a corrosão das bandeiras nacionais simbolizava para a maioria das pessoas (àquela época e, muito provavelmente, ainda nos dias de hoje), o verdadeiro significado do termo globalização : o fim dos Estados Nacionais e a vitória triunfante de um mundo sem fronteiras, global. Para Hirst e Thompson (1998, p. 13), a globalização tornou-se um conceito em moda nas ciências sociais, uma máxima central nas prescrições de gurus da administração, um slogan para jornalistas e políticos de qualquer linha. Segundo Ianni (1997, p. 13), 1

6 Unidade I A descoberta de que a terra se tornou mundo, de que o globo não é mais apenas uma figura astronômica, e sim o território no qual todos encontram-se relacionados e atrelados, diferenciados e antagônicos essa descoberta surpreende, encanta e atemoriza. Trata-se de uma ruptura drástica nos modos de ser, sentir, agir, pensar e fabular. Um evento heurístico de amplas proporções, abalando não só as convicções, mas também as visões de mundo. Ao mesmo tempo em que a inexistência de barreiras geográficas ou políticas entre os países reverbera na mente das pessoas, outros significados são também atribuídos à globalização, e isso de tal forma ocorre que podemos encontrar o termo sendo utilizado tanto para descrever a hegemonia do hambúrguer no cardápio alimentar quanto para representar a comunicação via Internet, rápida, simultânea e integradora. Na verdade, globalização significa tanto, que o termo acabou por resultar quase vazio de sentido, e para traçar (ao menos) algumas fronteiras demarcadoras, é necessário que um esforço especial seja feito para compreendermos seus conceitos, contextualizados no tempo e na história, entendidos a partir das diferentes correntes ideológicas daqueles que vêm estudando o fenômeno. Afinal, Desde que o capitalismo desenvolveu-se na Europa, apresentou sempre conotações internacionais, multinacionais, transnacionais e mundiais, desenvolvidas no interior da acumulação originária, do mercantilismo, do colonialismo, do imperialismo, da dependência e da interdependência (Ianni, 1997, p. 14). De maneira simplificada, o termo, que passou a ser utilizado na década de oitenta, comparece no vocabulário acadêmico ou popular sob duas principais formas: ou no sentido positivo, relacionado ao processo de integração da economia mundial, 2

7 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL ou normativo, prescrevendo e sugerindo estratégias de desenvolvimento baseadas na hegemonia política do capital internacional. Segundo Prado (03, p. 2), Como todo conceito imperfeitamente definido, Globalização significa coisas distintas para diferentes pessoas. Pode-se, no entanto perceber quatro linhas básicas de interpretação do fenômeno: (I) globalização como uma época histórica; (II) globalização como um fenômeno sociológico de compressão do espaço e tempo; (III) globalização como hegemonia dos valores liberais; (IV) globalização como fenômeno socioeconômico. Vejamos, portanto, como cada um desses pontos de vista contribui para a compreensão do fenômeno da globalização A perspectiva histórica 1 Do ponto de vista histórico, o termo faz referência a vários e diferentes eventos. Para alguns historiadores, globalização se refere ao período iniciado com o término da Guerra Fria 1, sendo seu ato fundador a queda do muro de Berlim 2 e a capitulação final do socialismo à superioridade do capitalismo ocidental 3. Outros preferem situá-la na década de cinquenta, quando, após o término da Segunda Guerra, os Estados Unidos iniciaram sucessivas intervenções militares na Ásia, na América Central e no Oriente Médio, todas elas com o objetivo de defender os interesses do capital ocidental. 2 Outros datam o processo como tendo início no século XVI, com as grandes navegações e a ação colonizadora da Europa na América, na África e na Ásia. A razão pela qual se defende a descoberta do Novo Mundo como o primeiro patamar do 1 Estado de beligerância e de confrontos políticos entre Estados Unidos e União Soviética que teve início após o final da Segunda Guerra Mundial, quando acordos assinados entre os países envolvidos no conflito armado dividiram o mundo em duas grandes áreas de influência. 2 Construção que dividiu a Alemanha, uma parte ficando sob domínio do ocidente e a outra sob influência da União Soviética. 3 Alguns autores, entretanto, fazem questão de enfatizar que tal socialismo do período nada mais era do que um outro formato do capitalismo, daquela vez sob forma estatal. 3

8 Unidade I 1 que seria a globalização é que, a partir daí, ter-se-ia criado um sistema econômico de interferência mundial, com importação e exportação de escravos e produtos primários e transformador da vida das colônias e dos países compradores e portadores de tecnologia. Essa transformação seria impulsionada depois pela Revolução Industrial, que, mecanizando os meios de produção e barateando os produtos finais, teria obrigado os países proprietários dos meios de produção a procurar mercados consumidores além dos que já haviam conquistado em seus próprios países. Na época, o desenvolvimento da economia dependia muito da expansão geográfica dos fluxos de transporte, criando-se através do comércio marítimo uma rede que permitia transformar em consumidor qualquer habitante, mesmo que de uma região isolada. A dicotomia entre os países que detinham novas tecnologias em mãos e aqueles que só consumiam o produto final da modernização foi se reforçando, ao passo em que a onda de internacionalização motivada pela Revolução Industrial foi se alastrando pelo mundo A perspectiva da compressão do espaço e do tempo No que respeita à interpretação relativa à compressão do espaço e do tempo, há também diferentes leituras: tanto o fenômeno pode ser explicado a partir da dissolução das fronteiras geográficas (evidenciada pela formação de grandes blocos tais como a União Europeia), como pela criação de um espaço global, comum e virtual. A velocidade da informação, disseminada via web, teria finalmente possibilitado o surgimento da grande aldeia global, nave espacial em que todos a bordo caminhariam rumo a um espaço sem fronteiras, verdadeira Torre de Babel redimida dos pecados, romântica e utópica. Essa 4 Depois da Primeira e antes da Segunda Guerra Mundial, o mundo experimentaria os resultados danosos à economia advindos da quebra da bolsa de Nova Iorque. Para se estabilizar totalmente, governos criariam o Estado do bem-estar social, financiando com recursos públicos as despesas sociais dos cidadãos (...) e estimulando a geração de empregos, ao passo em que as políticas monetárias (juros baixos) colaboravam para a expansão do capital privado, pois os cursos dos empréstimos eram baratos, especialmente num contexto de expansão dos mercados (Barbosa, 06, p. 32). 4

9 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL leitura de mundo (imersa na crença do progresso representado pelos avanços tecnológicos da informática) teria, em 01, sua mais completa tradução e receberia também o seu maior golpe: perto das oito horas da manhã do dia 11 de setembro, em Nova Iorque, os ataques às Torres Gêmeas reuniriam todos à frente da televisão, acompanhando os trágicos eventos que finalmente marcariam o início do século XXI A perspectiva da ideologia 1 Do ponto de vista ideológico, globalização também pode significar a hegemonia dos valores liberais. Essa interpretação consideraria o colapso de Bretton Woods e as dificuldades do capital internacional após os choques do petróleo em 1973 e como demarcadores da formalização de uma forma de pensar o mundo distante do keynesianismo e do monetarismo 7, uma forma alternativa que garantiria o crescimento, desenvolvimento e a distribuição da riqueza. 2 Dignos representantes dessa maneira de interpretar a realidade, Ronald Reagan (nos Estados Unidos) e Margareth Tatcher (na Inglaterra) se encarregariam de propagar o advento do neoliberalismo triunfante, continuação e reinterpretação do liberalismo clássico: se antes as forças de mercado deveriam se libertar das garras da Igreja e dos resquícios do sistema feudal, agora deveriam se colocar contra qualquer coisa que se opusesse à mão invisível dos agentes econômicos. Enfim, a vitória final da revolução burguesa, como resultado de um acordo das elites econômicas globais libertas de quaisquer entraves para Acordos firmados em 1944 que deram origem a uma nova ordem monetária mundial e lançaram as bases fundadoras do FMI e do Banco Mundial. 6 Ação política dos países produtores de petróleo que teve o objetivo de aumentar substancialmente o preço do produto. Tal procedimento teve a intenção de pressionar os países industrializados em relação aos conflitos do Oriente Médio entre países árabes e Israel. 7 O keynesianismo é o conjunto de teorias desenvolvidas inicialmente por John Maynard Keynes que defendeu, no contexto pós-crise econômica de 1929, a intervenção do Estado na economia com o objetivo de obter o pleno emprego dos fatores de produção. O monetarismo, por sua vez, se opôs ao keynesianismo, argumentando a favor do uso de instrumentos monetários para a obtenção do equilíbrio econômico, dentro de um ambiente de não intervenção estatal e liberdade de ação para os agentes econômicos do mercado.

10 Unidade I a consolidação hegemônica dos interesses do capital, foi simbolizada pelo Consenso de Washington 8. Em resumo, era o fim da história 9, se a considerarmos como a sucessão de embates entre o capital e o trabalho A perspectiva econômica 1 2 No que respeita à interpretação socioeconômica, o termo globalização está relacionado à atuação das empresas multinacionais e à internacionalização da economia mundial. Dessa forma, processos de produção cada vez mais rápidos e dinâmicos, bem como a repartição internacional das etapas da produção entre diferentes países, dariam ao mundo uma nova face: o pós-fordismo seria o responsável pela consolidação de uma economia baseada em processos integrados, um único e pulsante mercado global em que o capital, as mercadorias, os recursos e as pessoas circulariam livremente. Para Prado (03, p. 4), a globalização então poderia ser definida como A interação de três processos distintos, que têm ocorrido ao longo dos últimos anos, e que afetam as dimensões financeira, produtiva-real, comercial e tecnológica das relações econômicas internacionais. Estes processos são: a expansão extraordinária dos fluxos internacionais de bens, serviços e capitais; o acirramento da concorrência nos mercados internacionais; e a maior integração entre os sistemas econômicos nacionais. 30 Para efeito desta disciplina, vamos considerar a globalização como um processo que se dá a partir da aceleração de intercâmbios e fluxos entre os países do mundo, nos planos econômicos, políticos e social. Mais: dentre todos os planos sob os quais se apresenta, o econômico é o que nos interessa, 8 Receituário formulado ao final da década de oitenta que preconizou medidas que, se adotadas pelos países em desenvolvimento e em dificuldades, garantiriam a inclusão destas economias no mundo globalizado. 9 Expressão cunhada por Francis Fukuayama, filósofo e político de origem nipo-americana. Desenvolvimentos das práticas de produção em escala, inicialmente surgidas na indústria automobilística americana na década de 30. 6

11 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL 1 especialmente no que reverbera em outros campos. Assim, a produção de mercadorias em determinados países significaria mais do que apenas a produção local, uma vez que os locais de produção escolhidos pelas empresas poderiam ser (e costumam ser) países diferentes daqueles nos quais está instalada sua sede principal, acarretando o que ficou denominado de mundialização da produção. Também é econômico o plano gerador da abertura nos países subdesenvolvidos que precisam do capital estrangeiro para se desenvolver e da maior participação do capital internacional, advinda de estratégias financeiras (em especial dos países desenvolvidos). É o plano que põe em xeque estruturas e costumes construídos e mantidos há muito, sobrepondo-se a eles e, algumas vezes, comprometendo a identidade cultural de muitos povos. Assim, a globalização não significa apenas um processo de expansão dos mercados e de aceleração dos fluxos econômicos entre as fronteiras nacionais. Junto consigo, como um de seus efeitos, surge uma consciência de que valores morais e sociais fundamentais devem ser estendidos para todos os povos (Barbosa, 06, p. 12) Dentro desse contexto, a realidade alheia nunca esteve tão próxima da realidade de qualquer cidadão do mundo, se esse tiver acesso aos meios de comunicação através dos quais se dá a disseminação dos acontecimentos mundiais. De fato, as interligações das empresas, das aplicações financeiras, das exposições da mídia e do fluxo de pessoas nunca afetaram tanto as pessoas, e os reflexos dos resultados da globalização podem ser observados em quaisquer países. A questão é a desigualdade com que isso se dá, podendo-se dividir nitidamente países entre aqueles cuja política interna afeta com mais peso as políticas de outros países, e aqueles que são geralmente mais afetados, fazendo desses últimos dignos 7

12 Unidade I da colocação de marginalizados da produção intelectual, política e financeira internacional. 1 Barbosa ainda lembra: é importante ressaltar que o processo de globalização nunca foi inevitável; por mais que o isolamento de qualquer nação seja impossível, também é improvável a aplicação de uma nova ordem global, feito que a globalização não foi ou é um processo homogêneo e de igual acesso para todos. Para Stiglitz (07, p. 62), A grande esperança da globalização é que ela elevará os padrões de vida em todo o mundo: dará aos países pobres acesso aos mercados externos para que possam vender seus produtos, permitirá a entrada de investimentos estrangeiros que fabricarão novos produto a preços menores e abrira as fronteiras, de tal modo que as pessoas possam viajar para o exterior a fim de estudar, trabalhar e mandar para a casa dinheiro para ajudar suas famílias e financiar novos negócios Esse seria o projeto de globalização, e o mal-estar presente no imaginário dos políticos, jornalistas e da população em geral encontraria explicação não na globalização em si, mas no seu mau gerenciamento 11. Em resumo, a onda neoliberal hoje caracterizada pelo maior alcance do capital estrangeiro, pela política de liberalismo econômico e incentivo à privatização e pelo crescente surgimento de novas tecnologias apresentaria variações em termos de aplicabilidade nos países inseridos no contexto de globalização, tornando-os suscetíveis a crises, a elevação dos juros, ao desemprego e a outros efeitos negativos das políticas da conjuntura mundial. Isso explicaria as críticas que cercam as práticas globalizadoras e as tentativas de controle da economia por parte dos governos não tão adeptos 11 Prova deste mal-estar são os sucessivos encontros do Fórum Social Mundial, que, entre seus debates, tem chegado à conclusão de que as ingerências da globalização levam a uma pauperização do mundo subdesenvolvido e ao aumento da concentração de capital no mundo todo. Assim, não teria havido, por parte dos países mais industrializados, busca por regras justas. Como o processo de globalização foi pautado politicamente, estes teriam buscado atender seus interesses imediatos, não pensando no bem-estar dos países mais pobres. 8

13 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL ao excesso de liberdade atribuída ao capital do mercado financeiro. Internacionalização, mundialização, universalização, ocidentalização. São vários os significados, ora complementares, ora opostos. Faz tempo que a reflexão e a imaginação sentem-se desafiadas para taquigrafar o que poderia ser a globalização do mundo. Essa é uma busca antiga, iniciada há muito tempo, continuando no presente, seguindo pelo futuro. Não termina nunca (Ianni, 1997, p. 23). 1.2 As dinâmicas da globalização Se o termo globalização sugere diferentes significados, podemos entender o fenômeno a partir de suas diferentes dimensões ou dinâmicas, assim consideradas: comerciais, produtivas, financeiras e tecnológicas Globalização comercial 1 A globalização comercial é, provavelmente, a dimensão mais facilmente mensurável. Ao passo em que as pautas dos mercados externos estão cada vez menos atreladas às dos mercados internos, as nações vêm procurando se adaptar à demanda mundial de produtos e consumidores. Se esse aspecto contribui para uma maior universalização dos padrões de consumo e das novas tecnologias, pode trazer consigo um acirramento do desemprego e o enfraquecimento de regiões produtoras de artigos específicos (Barbosa, 06, p. 42). 2 A análise de várias fontes (estatísticas e históricas) nos revela que, a partir dos anos 190, intensificou-se o processo de abertura do mercado internacional por países participantes da conjuntura globalizada, fato que pode ser comprovado através do coeficiente de abertura, ou seja, 9

14 Unidade I 1 2 Quando o volume de comércio produção destinada ou proveniente de outros mercados cresce mais rapidamente do que o volume total de produtos fabricados mundialmente, isso indica que as economias estão se abrindo e que os mercados internos perdem importância como fonte de escoamento da produção local (Barbosa, 06. p. 41). Este processo, qual seja, o de crescimento do comércio mundial, acelerou-se particularmente nos anos 1980 e 1990, o que nos leva a concluir que o incremento da atividade comercial pode caracterizar, se não um fato novo, algo de relevante importância e que explica a interpretação da globalização como sendo particularmente um fenômeno de características comerciais. Tal leitura está, portanto, irremediavelmente ligada à extinção de barreiras comerciais e práticas protecionistas e ao surgimento de grandes blocos comerciais. Também por essa razão ganham excepcional notoriedade as políticas aduaneiras e os acordos comerciais preconizados pela Organização Mundial do Comércio (OMC), herdeira das principais conquistas obtidas pelo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), estabelecido em É importante, porém, salientar: ainda que o GATT visasse facilitar as relações comerciais sob a égide da equidade, a realidade vem revelando profundas diferenças entre o discurso pronunciado e a práxis, o que significa dizer que nem sempre as práticas de nações industrializadas encontram-se em sintonia com o preconizado para os outros, ou seja, nem sempre os países que mais defendem o livre comércio são aqueles que o praticam. 30 Outra evidência da intensificação do comércio mundial é a formação de blocos regionais. O comércio entre os países dos blocos e entre blocos tem se expandido, visto que os tratados de tarifas alfandegárias e as concessões implicam reciprocidade e são aplicados em conjunto. Na figura 1, pode-se ver a localização geográfica dos principais blocos econômicos regionais.

15 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL Figura 1: Mapa dos blocos econômicos regionais ALCA EFTA CEI APEC NAFTA CARICOM União Europeia MCCA ASEAN ALADI Pacto Andino MERCOSUL SADC ANZECERTA 1 Fonte: Segundo Barbosa (06), esses blocos vêm se diferenciando em termos das etapas que conseguem alcançar e das dificuldades que logram superar: temos áreas denominadas de livre comércio caracterizadas pela ausência de barreiras tarifárias e não tarifárias entre os países componentes como a NAFTA e a ASEAN; temos também as uniões aduaneiras caracterizadas pela adoção de tarifas externas comuns para produtos importados como o MERCOSUL (apesar de incompleto esse processo); há o mercado comum no qual há livre circulação de pessoas, mercadorias e serviços como foi a Comunidade Europeia no período entre 1992 e 1998; finalmente, temos a união econômica estágio final da união regional, no qual há uma moeda comum e um só Banco Central para os países participantes como a União Europeia desde É evidente que, para se alcançar um estágio desse último tipo, é necessário que inflação, câmbio e juros dos países sejam compatíveis. O quadro 1 mostra a abertura comercial desde a Segunda Guerra Mundial, em percentagem do PIB: 11

16 Unidade I Quadro 1: Abertura comercial desde a Segunda Guerra Mundial (em porcentagem do PIB) (a) Países industrializados América do Norte Leste Europeu Japão Países em desenvolvimento (b) África Ásia Leste Outros (c) Oriente Médio Hemisfério Oriental (a) A abertura é definida como a soma das exportações e importações nominais de mercadorias enquanto uma porcentagem da produção nominal. Os dados agregados são calculados com base nos pesos de paridade do poder de compra (PPC). (b) (c) Excluindo a China. Fonte: World Economic Outlook, outubro de 1994, IMF, tabela 21, p. 89. In: HIRST, Thompson,1998, p. 2. Segundo Prado (03, p. 4), a discussão sobre os aspectos da globalização comercial não é particularmente controversa: Se o crescimento do comércio mundial (...) [se dá] a uma taxa de crescimento média anual mais elevada do que a do PIB mundial, podemos afirmar que há globalização comercial. Utilizando esse critério, podemos perceber que: a) a relação exportação mundial/pib mundial apresenta taxas de crescimento até o ano de 1929, a partir de quando passa a decrescer. Tal fato pode ser explicado pela recessão que tomou conta da maioria dos países, em decorrência 12

17 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL das consequências da quebra da bolsa de Nova Iorque e da posterior retração da economia mundial; b) a relação exportação mundial/pib mundial volta a apresentar taxas de crescimento a partir da década de 190, muito provavelmente por conta dos efeitos benéficos do pós-guerra; c) a relação exportação mundial/pib mundial apresenta substancial crescimento a partir da década de 1980 e, de forma mais notável, a partir dos anos Globalização produtiva 1 Por seu turno, a dinâmica produtiva refere-se à integração internacional da produção a partir das estruturas produtivas domésticas. Tal processo pode se dar de diferentes formas, tanto envolvendo a distribuição espacial de diversas etapas da produção nos mais diversos países para aproveitamento de vantagens comparativas quanto envolvendo a distribuição espacial da produção em termos do ciclo do produto Na primeira situação, empresas fabricariam pedaços do produto nos locais em que essa etapa fosse mais barata, comparativamente. Na segunda, os produtos seriam oferecidos ao mercado segundo uma lógica em que aqueles inovadores e resultantes de pesquisas de última geração seriam primeiramente oferecidos nos mercados mais nobres (Estados Unidos e Europa), chegando aos países periféricos apenas quando substituídos por outros de tecnologia mais moderna. Assim, haveria mercados de primeira e de segunda linha, e a estrutura produtiva das empresas se organizaria segundo essa divisão internacional do mercado através da atuação de suas filiais espalhadas por todo o mundo. Principais agentes responsáveis pela dinâmica produtiva, as empresas multinacionais e que respondem por quase 36% da economia mundial, 13

18 Unidade I 1 2 (...) podem fazer investimentos em lugares onde os custos são mais baixos, produzir peças num país para serem transformadas em outros e comercializadas em todo o planeta. Ou seja, por trás da expansão do comércio, a economia atual é regida por uma variável ainda mais forte: a expansão rápida da produção comandada por empresas que realizam suas atividades fora do seu país de origem (Barbosa, 06, p. ). Segundo Barbosa (06), a característica mais marcante dentre as observadas na expansão da empresa multinacional é o alcance da produção em países que não o da sua sede. Facilitam esse crescimento as políticas de redução de tarifas e impostos dos países que procuram por investimentos externos em seu território, uma vez que a implantação das multinacionais fora de seu país de origem, na maioria das vezes, acarreta em desenvolvimento ou, ao menos, valorização do território em que se encontram. As empresas multinacionais têm como área de atuação muitos setores de produção ou aplicação financeira, sejam eles de eletroeletrônicos, de produtos esportivos, de automóveis, de telecomunicações, de comércio varejista, de serviços tecnológicos de ponta, etc. Segundo definição da Conferência do Comércio e Desenvolvimento para as Nações Unidas (UNCTAD), uma empresa multinacional seria aquela que possui ao menos uma filial fora de seu país de origem. 30 As multinacionais tiveram origem nos anos 190, principalmente no setor de mineração e agricultura na Inglaterra. A partir dos anos 1980, elas, individualmente, foram expandindo suas áreas de atuação: em grande número de casos, uma única multinacional passou a controlar empresas de diversos setores. Hoje em dia, as empresas multinacionais têm diferentes objetivos como foco. Algumas delas procuram obter produtos primários em países subdesenvolvidos (nos quais a mão de obra e os custos 14

19 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL de produção são mais baratos); outras pretendem produzir para o mercado interno do país em que estão instaladas; outras têm como estratégia uma expansão produtiva pelo mundo, muitas vezes tendo como principal fábrica uma alocada fora de seu país de origem. Nos últimos anos, as multinacionais vêm investindo preferencialmente em fusões com outras empresas, ou na abertura de filiais, em detrimento dos investimentos na própria produção; isso pode ser comprovado pelo número cada vez maior de investimentos diretos externos (IDEs), que são um demonstrativo do capital que foi utilizado pelas empresas para investir nos países nos quais abriram suas filiais. 1 Como já dito, alguns países em desenvolvimento acreditam muito na melhoria que os investimentos externos podem trazer aos seus países, sendo então muito receptivos à instalação das multinacionais em seu território. No caso brasileiro, pode-se constatar a participação dos investimentos diretos na figura 2, que apresenta dados da participação de grupos estrangeiros no total de aquisições de empresas brasileiras no período de 1990 a Figura 2: Aquisição de empresas brasileiras: participação de grupos estrangeiros (%) Fonte: Banco Mundial. Disponível em: 1

20 Unidade I 1 A economia dos EUA tem participação enorme no ranking mundial das marcas mais caras do mercado, comprovando o quanto a globalização explica a hegemonia norte-americana nos vários setores de produção. Todas as decisões tomadas pelos outros gigantes da economia não necessariamente somente os do ranking levam em consideração a constituição dos blocos comerciais regionais, o que divide categoricamente o mundo em áreas estratégicas. Uma questão a se pensar são as consequências das cada vez mais comuns fusões e aquisições de empresas no mercado. O capital vem sofrendo concentração inédita, com a formação de oligopólios poucas empresas com o domínio de certa área de produção, o que pode causar aparição de cartéis acordo entre empresas que elimina a concorrência e determina os preços, que acabam se elevando. É preciso que se instituam órgãos de regulamentação da concorrência, como a Comissão Europeia, que já vetou fusões ou tentativas de empresas de adquirir outras, como forma de controlar a expansão cada vez mais acelerada das multinacionais Globalização financeira 2 30 Muito mais visível do que a dinâmica produtiva (e talvez até mesmo mais do que a comercial), a dimensão financeira da globalização é aquela que, segundo Prado (03, p. 14), diz respeito ao (...) processo de integração dos mercados financeiros locais tais como os mercados de empréstimos e financiamentos, de títulos públicos e privados, monetário, cambial, seguros, etc. aos mercados internacionais. No limite os mercados nacionais operariam apenas como uma expressão local de um grande mercado financeiro global. Portanto, este fenômeno não trata apenas do crescimento de transações financeiras com 16

21 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL o exterior, mas da integração dos mercados financeiros nacionais na formação de um mercado financeiro internacional. 1 2 Desde a Primeira Guerra Mundial, os fluxos de capital começaram a circular entre os países e, com mais evidência e de forma repentina, entre os anos 190 e 1970, já se estabeleciam regras internacionais em relação à circulação de dinheiro global, parte desse fornecido pelo Banco Mundial. Em 1971, chegava ao fim o padrão dólar-ouro e aumentavam as oscilações de moeda, estimulando as aplicações especulativas. Desde então, as tais regras pretendem facilitar as transações de capital pelo mundo, principalmente no que respeita aos fundos de investimento e de pensão estabelecidos nos anos Os governos têm procurado elevar suas taxas de juros com o objetivo de atrair investimentos, e as empresas emitem bônus diretamente no mercado, fazendo com que o dinheiro circule com mais rentabilidade. Como num gigantesco sistema circulatório, o sistema financeiro retira renda de todas as fontes dos impostos, dos salários e dos lucros das empresas sugando-a para aplicações consideradas mais vantajosas (Barbosa, 06, p. 66). A novidade é a cada vez menor participação efetiva e necessária dos bancos, cujos papéis foram substituídos pelos órgãos de fundos de investimento e seguradoras. Isso faz com que a preocupação de muitas empresas hoje em dia esteja voltada mais para o capital especulativo, valorizando suas ações, do que à produção em si, que depende da conquista de mercados e da aceitação do consumidor. 30 Nesse cassino especulativo, os derivativos são as fichas nas quais os aplicadores financeiros apostam, aplicadores esses que contam com as inovações tecnológicas para melhor acessar informações que permitam as jogadas certas e mais lucrativas. 17

22 Unidade I 1 Além disso, o dinheiro também é global: as transações são facilitadas utilizando-se travellers cheques, moedas de referência ou mesmo moeda comum (como é no caso da União Europeia, que adotou o euro). É o mercado do capital portador de juros que, conservando a forma dinheiro, viveria de rendimentos, tornando-se hegemônico. Tal dimensão explicaria, inclusive, a dinâmica especulativa do próprio capital, sempre em busca do porto mais seguro ou do terreno mais fértil (leia-se: que proporciona menores restrições na sua movimentação). É o mercado que cresce mais do que a economia real, que cresce mais do que o próprio comércio mundial, e que cria verdadeiras bolhas ilusórias de riqueza. A figura 3 mostra a relação entre o comércio mundial e os derivativos, dando-nos, inclusive, uma pista das origens da crise econômica que estourou no final do ano passado. Figura 3: Derivativos X Comércio mundial $ 300 ($ trilhões) Derivativos Comércio Mundial, mercadoria PNB Mundial Fontes: BISS, Fortune, SWAP, Monitor, EIR Disponível em: org.ar/es/seminarios/int031/ponencias/images/ carvalho_grafico1.gif 18

23 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL 1 A necessidade de capital para investimento ou para fazer frente aos serviços de dívidas externas por parte dos países em desenvolvimento também cria a ilusão da aldeia monetária global: juros são mantidos em níveis elevados para atrair o capital especulativo, mesmo que esses juros comprometam mais ainda a estrutura do endividamento externo. Não à toa, vimos ao final do século passado e no início deste inúmeras crises que se assemelham nas origens e se diferenciam nos efeitos que provocam: México, Tailândia, Indonésia, Coreia do Sul, Brasil e Argentina são alguns exemplos que podemos citar. Vale a pena lembrar: Enquanto não existir uma autoridade global encarregada de implementá-la [a regulação dos fluxos financeiros internacionais] e as crises não afetarem os países mais poderosos, a esfera financeira tende a se expandir ainda mais, gerando instabilidade (Barbosa, 06, p. 73) Globalização tecnológica Os anos setenta foram marcados pela disseminação da tecnologia de Internet e telefonia celular, além dos avanços na biotecnologia e do mapeamento genético. Essa mudança é considerada, por alguns, uma verdadeira Terceira Revolução Industrial, tão importante e transformadora quanto a invenção da máquina a vapor e da eletricidade De fato, não é exagero considerar a implantação das novas tecnologias uma revolução, feito que, desde o primeiro computador em 1946 (na época, um aparelho gigantesco de valor acima de US$ 12 mil) até agora, a intensidade de sua interferência foi significativa para quase todos os países, mesmo para aqueles que não tinham acesso direto a ela. Essa revolução trouxe satélites e cabos de fibra ótica, além de avanços nas pesquisas da genética, e fizeram com que os custos (e a qualidade) dos serviços de telecomunicações e da medicina preventiva, respectivamente, abaixassem, tornando-se mais acessíveis. É mais barato comunicar-se instantaneamente 19

24 Unidade I 1 com qualquer lugar do mundo; mais fácil confiar em remédios agora mais resistentes; e mais seguro para as empresas distribuir suas etapas de produção pelo mundo, uma vez que conseguem acompanhar as nuances tanto financeiras quanto culturais necessárias para o comércio. Todas essas inovações foram incentivadas e disseminadas por governos, empresas e universidades, e o maior interesse na adoção dessa estratégia culminava na invenção e difusão de novas tecnologias que possibilitassem menor custo e maior produtividade. A informação agora era instrumento central da sociedade, integrando o sistema, flexível às instabilidades mundiais e adaptável às exigências econômicas e sociais. A informação, impulsionada pela globalização, passou a afetar estruturas em diversos parâmetros e intensidades surpreendentes, funcionando quase como um novo ambiente operacional. Hoje em dia, várias empresas têm grande parte de suas vendas ocorrendo pela Internet, e muitas delas já dedicam todo um setor de seu gerenciamento ao marketing ou comércio on line É quase óbvio, para qualquer um que repare um pouco nas consequências de todo esse processo, para quem estão direcionadas as melhorias advindas da tecnologia: para quem pode ter acesso privado a elas. Ao mesmo tempo em que as ondas tecnológicas são desenvolvidas em países desenvolvidos, os resultados obtidos são aplicados nas sociedades dos mesmos países. Os países que não têm infraestrutura disponível para financiar essa nova mercadoria a informação acabam participando da exclusão digital, comprovada facilmente por dados como os da África, onde só existem três telefones a cada cem habitantes, número inferior ao encontrado na área metropolitana de Tóquio. Ou seja, a globalização pode, em muitos casos, reforçar a disparidade econômica entre países.

25 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL 1 Outros fatores são levados em consideração quando da decisão de onde e como investir o capital na área de pesquisa: é preciso avaliar o custo de mão de obra, a existência de parcerias, a presença tecnológica já estabelecida e a qualidade de vida do local escolhido, entre outros. De qualquer forma, o mundo continua dividido entre as nações desenvolvidas e as subdesenvolvidas e, apesar de aumentar a produtividade e competitividade entre as empresas capitalistas, ainda existem questões a serem trabalhadas, como febres especulativas e crises de produção. O entendimento das diferentes dinâmicas do processo globalizador nos leva a concluir: sob forma comercial, financeira, tecnológica e produtiva, cercada de mágica, mística ou números, a globalização é um fenômeno que, embora apoiado em muitos quadros de referência e interpretação, é passível de compreensão e, portanto, implica escolhas É, enfim, a face mais dinâmica da globalização, qual seja, a tecnológica, que, muito provavelmente, presta-se a redimir os malefícios que, em geral, são atribuídos ao processo da globalização. Redime porque impregna de beleza e modernidade um processo que, não raras vezes, é visto como danoso, gerador de desigualdade social e extremamente predatório. Redime porque se justifica por meio das geringonças tecnológicas, da panaceia da Internet, dos brinquedos eletrônicos, da ilusão da aldeia global criada pelas redes digitais e de fibras óticas. O mundo todo pode ser aqui. O mundo visto pelas páginas do Google logo pela manhã já não é mais o mesmo daquele percebido nas páginas do mesmo sistema de busca à noite. Ele se transforma rapidamente, sempre se modificando em função da capacidade absurda do homem de avançar cada vez mais e mais no conhecimento. O mapa do ser humano está pronto e, portanto, o da realidade também, e tudo graças ao poder mágico da tecnologia. 21

26 Unidade I 2 A GLOBALIZAÇÃO: VARIÁVEIS RELACIONADAS AO SUCESSO E AO FRACASSO DO MODELO 2.1 Obstáculos à globalização 1 Terrorismo, fome, guerra, governos ditatoriais. Todos esses são fatores que criam obstáculos à globalização econômica. Mas, se o fim da história é o aqui e agora, se a Guerra Fria teve fim, se o receituário de Washington é tão bom, como será possível que um modelo como o globalizador possa encontrar dificuldades na sua propagação pela aldeia global? Talvez porque, mesmo em tempos de paz (se é que se pode chamar de pacífico o século em que vivemos), a construção de uma economia de mercado e instituições democráticas não é tarefa fácil (Barbosa, 06, p. 84). Corrupção, desmandos e eleições fraudulentas parecem conspirar contra os valores democráticos. Alguns adversários dos valores neoliberais, se não conspiram, ao menos torcem para que o projeto globalizador dê com os burros n água. Mas afinal, o que é neoliberalismo? Inspirado no liberalismo dos séculos XVIII e XIX, o neoliberalismo de agora reafirma valores que 2 (...) defendem a menor intromissão do Estado na dinâmica de mercado, devendo o poder público se voltar para um conjunto limitado de tarefas, tais como a defesa nacional, a regulação jurídica da propriedade e a execução de algumas políticas sociais (Barbosa, 06, p. 88). Quase que em oposição ao Estado do bem-estar, aqui se preconiza o Estado mínimo: mínima intervenção, mínimas barreiras ao livre comércio, impostos mínimos, benefícios sociais mínimos. Sobreviverão os países que melhor souberem aproveitar as oportunidades do mercado. Sobreviverão as empresas 22

27 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL que mais rapidamente encontrarem vantagens competitivas. Sobreviverão os que forem mais capazes. 1 Aparentemente, muito da fala neoliberal não encontrou eco nos diversos continentes em que se propagou, quer dizer, muito do receituário neoliberal se perdeu no caminho em função da recusa do paciente ao qual se pretendeu administrá-lo: assim é que, apesar do discurso globalizador, os Estados Nacionais continuam firmes e fortes. Assim é que, apesar da defesa da mão invisível do mercado, o Estado vem sendo chamado para apagar o fogo das crises cíclicas e globais do capital. Contrariamente à teoria do fim das barreiras geográficas, é ao Estado que foi atribuída a tarefa de (...) impedir que o processo de globalização instaure uma sociedade segmentada entre incluídos e excluídos. Para isso, os Estados Nacionais (...) [investem] em ciência e tecnologia, qualificação profissional, (...) [e estimula] os seus sistemas produtivos, aumentando a competitividade do país, além de erradicar os bolsões de miséria (Barbosa, 06, p. 92) A ação conjunta de organismos internacionais e multilaterais também é, ao mesmo tempo, disseminadora e controladora do fenômeno da globalização. Embora a intervenção econômica aconteça por meio do FMI e do Banco Mundial, outros organismos vêm buscando formas alternativas de auxílio aos países em desenvolvimento ou em dificuldades: são os fóruns, as organizações não governamentais, as diversas agências da ONU e até mesmo bancos e instituições privadas. A OMC, herdeira dos primevos acordos do GATT, também tem se pautado no sentido de funcionar como tribunal das contendas comerciais entre países. Afinal, se não forem criadas novas leis e mecanismos que permitam maior autonomia e maior participação no crescimento do comércio para os países subdesenvolvidos, cedo ou tarde estes países (Barbosa, 06, p. 97) poderão optar por outros modelos de desenvolvimento. 23

28 Unidade I 1 O discurso neoliberal também encontra dificuldades para garantir sua hegemonia ideológica ao não responder de forma adequada ao problema da fome e da miséria que assolam o mundo. Segundo Judensnaider (09), informações da FAO revelam que (...) são aproximadamente 9 milhões de famintos no mundo e, deste total, aproximadamente trinta por cento são crianças. Na Cúpula do Milênio, a meta estabelecida era de reduzir a fome pela metade até o ano de 1. Dentre as recomendações da Força Tarefa Contra a Fome, preconizou-se o planejamento e execução de políticas integradas para agricultura, nutrição e desenvolvimento rural, acesso à terra, intensificação de pesquisas, apoio à pequena propriedade e à agricultura de subsistência, programas de assistência e proteção com foco nas grávidas, lactantes, bebês e crianças, restauração e conservação dos recursos naturais essenciais para a segurança alimentar. Ao final de 08 já se considerava a meta impossível de ser atingida (...). 1 2 Segundo WWF-Brasil, o balanço das condições ambientais revela que caso o modelo atual de consumo e degradação ambiental não seja superado, é possível que os recursos naturais entrem em colapso a partir de 30, quando a demanda pelos recursos ecológicos será o dobro do que a Terra pode oferecer 2. A mesma fonte afirma: nossa pegada ecológica (área necessária para produzir o que consumimos em termos de recursos naturais e absorver as emissões de carbono) excede perto de 30% a capacidade de regeneração do mundo. 1 Qual é o custo de um programa sério como esse? Algumas fontes mensuram aproximadamente 2 milhões de dólares por ano para a obtenção dessas metas até 1... Bem menos que os três trilhões de dólares estimados por Joseph Stiglitz e Linda J. Bilmes em relação ao custo da guerra no Iraque até agora, e detalhadamente estudados em A guerra de US$ 3 trilhões o custo real do conflito no Iraque. 2 Mais informações podem ser obtidas em br/informacoes/index.cfm?unewsid=16180; nesse site, encontra-se disponível, também, o download do Relatório Planeta Vivo

29 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL É a fome que pode ser mapeada. Na figura 1, vê-se representada a fome no mundo por proporção de pessoas subnutridas. A leitura atenta nos leva a perceber a existência de um quadro extremamente desfavorável do ponto de vista da desigualdade social, e evidência empírica disso é a ocorrência de verdadeiros bolsões de fome nas regiões centrais da África e da Ásia. Mais: miséria gera mais miséria. Coincidentemente, é também a região africana a que mais sofre com a escassez de água, esse bem que um dia foi livre de valor econômico e que, no futuro, provavelmente será o mais precioso da humanidade. Na figura 2, temos o mapa da catástrofe ambiental da escassez da água. Figura 1: Proporção de pessoas subnutridas (1998/00) Proporção na população total (percentagem) <% - % - 3% >3% Dados não disponíveis Fonte: 2

30 Unidade I Figura 2: Escassez de água Pouca ou nenhuma escassez de água Escassez física de água Não avaliado Escassez econômica de água Próximo da escassez física de água Fonte: international water managment institute Fonte: É a contrapartida à promessa de um mundo justo, em que as riquezas se distribuíram naturalmente, sob força das mãos invisíveis da economia do mercado. Segundo Barbosa (06, p. 7), O aumento da desigualdade entre países ricos e pobres e o crescimento da pobreza tanto nos países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos esteve relacionado à abertura dos mercados e ao crescimento desordenado da esfera financeira, propiciando a expansão do desemprego e do emprego informal na grande maioria dos países, ainda que em ritmos e com significados diferentes. No quadro 1 a seguir, vemos o número de desempregados por países. 26

31 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL Quadro 1: Países com maior número de desempregados Países Número de desempregados (milhões de pessoas) Índia 39,987 Rússia 9,00 Brasil 7,71 Indonésia 6,987 China 6,37 Estados Unidos,834 Alemanha 4,288 Japão 3,34 Fonte: PORCHMANN, Márcio, Organismos multilaterais. In: Barbosa, 06, p Segundo Ianni (1997, p. ), A sociedade global é o cenário mais amplo do desenvolvimento desigual, combinado e contraditório (...), que se expressam diversidades, localismos, singularidades, particularismos ou identidades. E tão complexas são as suas características que, desde 1990, economistas vêm procurando estudar as diferenças sociais a partir de outros parâmetros que não os de Produto Interno Bruto (PIB) ou renda média. Assim, desenvolveu-se o IDH, índice que busca medir o desenvolvimento humano a partir de algumas variáveis: Além de computar o PIB per capita, depois de corrigi-lo pelo poder de compra da moeda de cada país, o IDH também leva em conta dois outros componentes: a longevidade e a educação. Para aferir a longevidade, o indicador utiliza números de expectativa de vida ao nascer. O item educação é avaliado pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os níveis de ensino. A renda é mensurada pelo PIB per capita, em dólar PPC (paridade do poder de compra, que elimina as diferenças de custo de vida entre os países) (PNUD Brasil) 3. O IDH varia de zero a um, de tal forma que, quanto mais próximo de zero, menor o desenvolvimento humano, e quanto mais próximo de um, maior o desenvolvimento do ponto de vista não apenas do avanço econômico, mas de outras características, 3 Disponível em 27

32 Unidade I tais como sociais, culturais e políticas, indicadoras da qualidade de vida. O quadro 2 indica a posição dos países com maior, menor e médio IDH. Quadro 2: Índices de Desenvolvimento Humano 0 Desenvolvimento humano alto Desenvolvimento humano médio Desenvolvimento humano baixo 1 Noruega 11 Japão 63 Brasil 169 Burundi 2 Islândia 1 Reino Unido 72 Albânia 170 Etiópia 3 Austrália 16 França 7 Venezuela 171 República 4 Luxemburgo 18 Itália 8 China Centro-Africana Canadá Alemanha 88 Paraguai 172 Guiné-Bissau 6 Suécia 34 Argentina 113 Bolívia 173 Chade 7 Suíça 37 Chile 127 Índia 174 Mali 8 Irlanda 46 Uruguai 17 Bukina Fasso 9 Bélgica 47 Costa Rica 176 Serra Leoa Estados Unidos 2 Cuba 177 Niger 3 México Fonte: É a aldeia global, o grande cinema multidimensional em que cidadãos de primeira linha assistem ao mundo das primeiras poltronas confortáveis, enquanto os restantes se comprimem para tentar enxergar algo. É o ambiente econômico global em que se observam diferentes riquezas e semelhantes misérias, e que chega aos nossos olhos como uma fotografia precisa das diferenças e desigualdades sociais desse admirável mundo novo que, por enquanto, reside apenas nas nossas esperanças As multinacionais Segundo Chesnais (1996), não existe um consenso a respeito dos atributos que caracterizam uma multinacional. Uma primeira tentativa de definição sugeria que empresas multinacionais eram aquelas com filiais industriais em pelo menos seis países. O número de filiais caiu para um depois de algum tempo, mas o órgão da ONU responsável pelo acompanhamento dessas empresas, a UNCTAD, acompanha as cem mais transnacionais. Esses grupos 28

33 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL possuíam, em 1990, um total de ativos de cerca de 3,2 trilhões de dólares. A figura 3. revela as maiores multinacionais sediadas no Brasil, e o quadro 3 mostra as principais multinacionais por faturamento. Figura 3: Multinacionais no Brasil Valor das marcas brasileiras em US$ milhões Participação do valor da marca no mercado da empresa - em % Marcas Valor Variação (em %) Marcas Valor Dados referentes a 06 Fonte: BrandsAnalytcs Dados referentes a 06 Fonte: BrandsAnalytcs Quadro 3: Dez principais multinacionais brasileiras por faturamento O peso das marcas Fonte: Empresa Petrobras Vale do Rio Doce Gerdau AmBev Embraer Noberto Odebrecht Votorantim Cimentos Klabin WEG Marcopolo Faturamento Participação do mercado Externo no Faturamento* US$ bilhões (%) 34,2 7,2 4,8 3,1 2,3 1,6 1,6 0,8 0,7 0, *Exportações e renda da produção externa Fonte: Isto É Dinheiro Disponível em: infograf/ied-br.gif 29

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