CONTROLE DA LAGARTA CURUQUERÊ-DO-ALGODOEIRO (Alabama argillacea) COM INSETICIDAS QUÍMICOS

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1 CONTROLE DA LAGARTA CURUQUERÊ-DO-ALGODOEIRO (Alabama argillacea) COM INSETICIDAS QUÍMICOS Izidro dos S. de Lima Junior (UFMS), Rodrigo F. Nogueira (UFMS), Thiago F. Bertoncello (UDMS), Ricardo Barros (UFMS), Paulo E. Degrande (UFMS / degrande@ceud.ufms.br). RESUMO - A lagarta curuquerê, Alabama argillacea, é considerada a principal praga desfolhadora do algodoeiro em diversos países, e no Brasil para o seu controle a estratégia predominantemente utilizada tem sido o uso de inseticidas químicos com aplicações durante o ciclo da cultura. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho de inseticidas químicos para o controle do curuquerê-doalgodoeiro. Os tratamentos com Cartap 500 PM (1,0 e 1,5 Kg/ha), Kraft 36 CE (0,25 l/ha) e Klap 200 SC (0,3 l/ha) foram eficientes, Match 50 CE (0,15 l/ha) apresentou-se eficiente aos 10 dias após a aplicação, Chabi 510 SC (0,098 l/ha), Sumithion 500 CE (1,0 l/ha), Tamaron 600 BR (0,5 l/ha) a não foram eficientes. Palavras-chave: algodão, inseticida, curuquerê. CONTROL OF LEAFWORM (Alabama argillacea) WITH CHEMICAL INSECTICIDES ABSTRACT - The cotton leafworm is considered the main defoliating pest of the cotton plant in diverse countries, and in Brazil for its control the strategy predominantly used has been the use of chemical insecticides with applications during the cycle of the culture. The objective of this work was to evaluate the performance of chemical insecticides for the control of the leafworm cotton plant. The treatments with Cartap 500 PM (1,0 and 1,5 Kg/ha), Kraft 36 CE (0,25 l/ha) and Klap 200 SC (0,3 l/ha) was efficient; Match 50 CE (0,15 l/ha) was efficient at 10 days after the application, Chabi 510 SC (0,098 l/ha), Sumithion 500 CE (1,0 l/ha), Tamaron 600 BR (0,5 l/ha) was not efficient. Key words: cotton, insecticide, cotton leafworm INTRODUÇÃO A lagarta curuquerê, Alabama argillacea (Hübner, 1818), é considerada a principal praga desfolhadora do algodoeiro em diversos países e no Brasil para o seu controle a estratégia predominantemente utilizada tem sido o uso de inseticidas químicos com aplicações durante o ciclo da cultura (Ramalho, 1994). Inicialmente as lagartas recém eclodidas alimentam-se do parênquima das folhas, depois passam a devorar grandes áreas do limbo foliar, podendo destruí-lo quase que totalmente, deslocando-se para outras folhas e para outras plantas até atingirem o seu completo desenvolvimento (GALLO et al, 1988). Este inseto pode provocar perdas que variam entre 21 e 35 %, sendo observadas ocorrências freqüentes em qualquer local onde se plante o algodão, bem como em qualquer estágio fenológico da cultura (BLEICHER et al., 1983; GRAVENA e CUNHA, 1991). É uma praga que exige monitoramento constante da lavoura bem como a tomada de decisão rápida para o seu controle, que seja de boa eficiência e compatível com o manejo integrado de pragas (MIP), neste contexto os inseticidas têm papel importante no esquema por permitir, nos dias de hoje, a segurança para a implementação da tecnologia do MIP e a eficiência desejada. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho de inseticidas químicos para o controle do curuquerê-do-algodoeiro.

2 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado no dia 04/05/2004, em condições de campo, na área experimental do Núcleo de Ciências Agrárias (NCA) da UFMS, município de Dourados, estado de Mato Grosso do Sul. A variedade utilizada foi a DeltaOPal, cultivado com espaçamento de 0,90 metro entre linhas. Cada parcela foi constituída de 5 linhas de plantio com 7 m de comprimento totalizando 31,5 metros quadrados por parcela. O delineamento experimental adotado foi em blocos ao acaso com quatro repetições e 10 tratamentos. Os tratamentos em estudo, cujas descrições dos inseticidas estão na Tabela 1, foram: 1) Testemunha, 2) Cartap 500 PM (1,0 Kg/ha), 3) Cartap (1,5 Kg/ha), 4) Klap 200 SC (0,3 l/ha), 5) Chabi 510 SC (0,098 l/ha), 6) Match 50 CE (0,15 l/ha), 7) Kraft 36 CE (0,125 l/ha), 8) Kraft 36 CE (0,25 l/ha), 9) Sumithion 500 CE (1,0 l/ha) e 10) Tamaron 600 BR (0,5 l/ha). Tabela 1. Inseticidas utilizados para o controle do curuquerê do algodoeiro A. argillacea. Descrição dos produtos (nome comum, nome comercial, dosagem, grupo químico, mecanismo de ação e formulação). TRATAMENTOS Sub-grupo Nome Nome Dosagem(g.i.a/ha) Local primário de ação Formulação químico comum comercial Cartap Cartap 500 PS 500 Cartap Antagonista de receptores nicotínicos de acetilcolina (bloqueadores) pó solúvel 750 Idem ao anterior Idem ao anterior pó solúvel Cartap Cartap 500 PS Fipronil Klap 200 SC 60 ciclodieno Antagonista de canais de cloro suspensão do sistema GABA concentrada Chabi fisiológico Inibidores da biosíntese de suspensão SC quitina, tipo 0, Lepdoptera concentrada Lufenuron Match 50 7,5 fisiológico Inibidores da biosíntese de concentrado CE quitina, tipo 0, Lepdoptera emulsionável Abamectin Kraft 36 CE 4,5 avermectina Ativadores de canais de cloro concentrado emulsionável Abamectin Kraft 36 CE 9 avermectina Idem ao anterior concentrado emusionável Fenitrothion Metamidofós Sumithion 500 CE Tamaron 600 BR 500 organofosforado Inibe a enzima acetilcolinesterase 300 organofosforado Inibe a enzima acetilcolinesterase concentrado emulsionável solução não aquosa concentrada A aplicação dos inseticidas foi feita através de um pulverizador costal de pressão constante, dotado de um cilindro de CO 2 e um conjunto para aplicação em linha composto de quatro bicos cone vazio (J2, preto), com pressão constante de 40 lbf/pol 2 o que proporcionou uma diluição de 110 litros de calda por ha. Foram feitas três avaliações, aos 3, 6 e 10 dias após a aplicação. As avaliações foram realizadas observando-se o número de lagartas vivas encontradas em duas batidas de pano por

3 parcela, onde eram contabilizados os números de lagartas pequenas (< 7 mm), médias (7 15 mm) e grandes (> 15 mm). Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste F de significância (α=0,05). Como proposto por Gomes (1982), quando F calculado foi maior que o F tabelado a análise teve prosseguimento com a aplicação do teste de comparação de médias Tukey ao nível de 5% de probabilidade, obtendo-se as diferenças mínimas significativas entre os tratamentos. Para o cálculo da eficiência dos inseticidas foi utilizada a fórmula de Abbott (1925). RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Tabelas 2, 3 e 4 estão resumidos os resultados obtidos nas três avaliações realizadas durante a condução do experimento. De acordo com estes resultados pode-se afirmar que os tratamentos com Cartap 500 PM (1,0 e 1,5 Kg/ha) e Kraft 36 CE (0,25 l/ha) foram os únicos que apresentam efeito de choque (knock-down) aos 3 dias após a aplicação, superando os 80% de controle, principalmente sobre lagartas médias e grandes. O inseticida Klap 200 SC (0,3 l/ha) apresentou eficiência próxima aos 80%, tendo atuado melhor sobre lagartas médias, entretanto não foi suficiente para configurar efeito de choque ( 80%) apesar de ter sido estatisticamente semelhante aos tratamentos anteriormente citados (Tab. 3). Aos 6 dias após a aplicação, novamente os tratamentos com Cartap 500 PM (1,0 e 1,5 Kg/ha) e Kraft 36 CE (0,25 l/ha) juntamente com Klap 200 SC (0,3 l/ha) apresentaram adequada eficiência agronômica ( 90%), mantendo-se com altos percentuais de eficiência até os 10 dias após a aplicação, determinando baixo nível de desfolha com relação à testemunha (Tabs. 3 e 4). Embora o tratamento com Match 50 CE (0,15 l/ha) tenha apresentado 86% de eficiência aos 10 dias após a aplicação, o que confirma sua atuação mais lenta devido ao modo de ação próprio, é importante mencionar que as parcelas tratadas com este produto apresentaram um nível de desfolha superior aos tratamentos mais eficientes, não impedindo que as lagartas provocassem mais de 25% de desfolha. Os tratamentos com Chabi 510 SC (0,098 l/ha), Sumithion 500 CE (1,0 l/ha), Tamaron 600 BR (0,5 l/ha) não foram eficientes nas avaliações não chegando ao mínimo satisfatório de controle da lagarta curuquerê-do-algodoeiro de 80% de eficiência.

4 Tabela 2. Número de lagartas pequenas, médias e grandes encontradas vivas em duas batidas de pano por parcela. Porcentagem de eficiência dos inseticidas para lagartas pequenas, médias, grandes e total, aos 3 dias após a aplicação. NÚMERO DE LAGARTAS VIVAS PERCENTUAIS DE EFICIÊNCIA Tratamentos Pequenas Médias Grandes Total Pequenas Médias Grandes Total 1 - TESTEMUNHA 4 59 a 340 a 403 a CARTAP 500 PM 1,0 Kg/ha 0 5 b 45 cd 50 d CARTAP 500 PM 1,5 Kg/ha 2 4 b 32 d 38 d KLAP 200 SC 0,3 l/ha 4 8 b 73 cd 85 cd CHABI 510 SC 0,098 l/ha 4 36 ab 252 ab 292 abc MATCH 50 CE 0,15 l/ha 5 34 ab 322 a 361 ab KRAFT 36 CE 0,125 l/ha 1 24 ab 114 bcd 139 bcd KRAFT 36 CE 0,25 l/ha 2 6 b 62 cd 70 d SUMITHION 500 CE 1,0 l/ha 4 38ab 169 abcd 211 abcd TAMARON 600 BR 0,5 l/ha 2 13 ab 168 abc 183 abcd C. V. (%) 38,4 41,1 26,2 26,9 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de comparação de médias Tukey (p < 0,05) Tabela 3. Número de lagartas pequenas, médias e grandes encontradas vivas em duas batidas de pano por parcela. Porcentagem de eficiência dos inseticidas para lagartas pequenas, médias, grandes e total, aos 6 dias após a aplicação. NÚMERO DE LAGARTAS VIVAS PERCENTUAIS DE EFICIÊNCIA Tratamentos Pequenas Médias Grandes Total Pequenas Médias Grandes Total 1 - TESTEMUNHA a 248 a CARTAP 500 PM 1,0 Kg/ha e 9 d CARTAP 500 PM 1,5 Kg/ha de 15 d KLAP 200 SC 0,3 L/ha e 8 d CHABI 510 SC 0,098 l/ha abc 113 abc MATCH 50 CE 0,15 l/ha bcd 100 abc KRAFT 36 CE 0,125 l/ha bcde 72 bcd KRAFT 36 CE 0,25 l/ha cde 25 cd SUMITHION 500 CE 1,0 l/ha ab 140 ab TAMARON 600 BR 0,5 l/ha bcd 95 bc C. V. (%) 43,3 32,5 32,5 29,9 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de comparação de médias Tukey (p < 0,05).

5 Tabela 4. Número de lagartas pequenas, médias e grandes encontradas vivas em duas batidas de pano por parcela. Porcentagem de eficiência dos inseticidas para lagartas pequenas, médias, grandes e total, aos 10 dias após a aplicação. NÚMERO DE LAGARTAS VIVAS PERCENTUAIS DE EFICIÊNCIA Tratamentos Pequenas Médias Grandes Total Pequenas Médias Grandes Total 1 - TESTEMUNHA a 229 a CARTAP 500 PM 1,0 Kg/ha cd 4 cd CARTAP 500 PM 1,5 Kg/ha d 0 d KLAP 200 SC 0,3 l/ha cd 4 cd CHABI 510 SC 0,098 l/ha bc 64 bc MATCH 50 CE 0,15 l/ha bcd 31 bcd KRAFT 36 CE 0,125 l/ha bcd 54 bc KRAFT 36 CE 0,25 l/ha cd 21 cd SUMITHION 500 CE 1,0 l/ha ab 117 ab TAMARON 600 BR 0,5 l/ha ab 99 ab C. V. (%) 23,44 39,4 34,7 35,2 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de comparação de médias Tukey (p < 0,05). CONCLUSÕES Nas condições experimentais em que foi conduzido o ensaio, conclui-se que; 1. Cartap 500 PM (1,0 e 1,5 Kg/ha), Kraft 36 CE (0,25 l/ha) e Klap 200 SC (0,3 l/ha) foram eficientes para o controle do curuquerê do algodoeiro; 2. Match 50 CE (0,15 l/ha) apresentou 86% de eficiência aos 10 dias após a aplicação, mas não evitou a desfolha das parcelas pelas lagartas grandes; 3. Os tratamentos com Chabi 510 SC (0,098 l/ha), Sumithion 500 CE (1,0 l/ha), Tamaron 600 BR (0,5 l/ha) não foram eficientes.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBOTT, W. S. A method of computing the effectiveness of insecticide. Journal of Economic. Entomology, v. 18, p , BLEICHER, E.; MELO, A. B. P.; JESUS, F. M. M.; FERRAZ, C. T. Distribuição vertical de lagartas de Alabama argillacea (Huebner, 1818) (Lepidoptera: Noctuidae) em plantas de algodoeiro herbáceo. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 12, n.1, p , GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P.; BAPTISTA, G. C. de; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P., ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIN, J. D. Manual de entomologia agrícola. 2 ed., São Paulo: Agronômica Ceres, p. GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. Nobel: São Paulo, 12 ed p. GRAVENA, S.; CUNHA, H. F. Predation of cotton leafworm first instar larvae, Alabama argillacea (Lep.: Noctuidae). Entomophaga, v. 36, n. 4, p , RAMALHO, F. de S. Cotton pest management. Part 4. A brasilian perspective. Annual Review of Entomology, v. 39, p , 1994.