AVALIAÇÃO DE INSETICIDAS PARA O CONTROLE DE LAGARTAS-DAS-MAÇÃS (Heliothis virescens)
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- João Vítor Beretta Peres
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1 COOPERFIBRA- COOPERATIVA DOS COTONICULTORES DE CAMPO VERDE DEPARTAMENTO TÉCNICO AVALIAÇÃO DE INSETICIDAS PARA O CONTROLE DE LAGARTAS-DAS-MAÇÃS (Heliothis virescens) LUIS ALBERTO AGUILLERA ALEXANDRE JACQUES BOTTAN Campo Verde Setembro de 2005
2 2 AVALIAÇÃO DE INSETICIDAS PARA O CONTROLE DE LAGARTAS-DAS- MAÇÃS (Heliothis virescens) Luis Alberto Aguillera 1, Alexandre Jacques Bottan 1 1 Engenheiro-agrônomo. Departamento Técnico da Cooperfibra Cooperativa dos Cotonicultores de Campo Verde. Avenida Brasília, 2711, sala 2. CEP Campo Verde, MT. luis@cooperfibra.com.br RESUMO Foram instalados dois ensaios, em áreas comerciais de cultivo no município de Campo Verde, para avaliar o controle químico da lagartas-das-maçãs (Heliothis virescens). O delineamento utilizado foi de blocos ao acaso, com 11 tratamentos e quatro repetições. Para os cálculos das porcentagens de eficiência (%E) dos tratamentos testados nos experimentos, foi utilizada a fórmula de Henderson e Tilton. Na análise estatística, foi feita análise de variância (com aplicação do teste F) das observações encontradas. Os resultados foram submetidos ao teste de comparação de médias de Tukey (ao nível de 95% de probabilidade, α = 0,05). Foram feitas avaliações aos 2 dat, 5 dat, 8 dat e 12 dat. A infestação na área experimental reduziu drasticamente durante o desenvolvimento dos experimentos, o que pode ser notado nas testemunhas, prejudicando obter uma interpretação segura dos resultados. O primeiro experimento indicou que Tracer (100 ml/ha), Proclaim (250 g/ha) e Avaunt (550 ml/ha), se destacaram em relação aos demais tratamentos, merecendo serem melhor avaliados em experimentos futuros.
3 3 INTRODUÇÃO Hoje o município de Campo Verde, no Estado do Mato Grosso, constituise na principal região produtora de algodão do Brasil, com uma área plantada próxima a hectares na safra 2004/2005. A rápida expansão da área de algodão nesta região que iniciou no ano de 1994, também foi acompanhada dos problemas relacionados com pragas. As pragas devem ser controladas evitando que danos econômicos prejudiquem em quantidade e qualidade a produção de algodão, para isso são consumidos mais de 30% dos recursos do custo de produção, o que denota a importância do bom manejo de pragas. O uso de inseticidas, entre as estratégias de controle, é sem dúvida um dos principais meios usados para regular as populações de insetos na cultura do algodão. Os poderes tóxicos dos inseticidas são determinados por vários testes antes de seu lançamento para uso comercial, porém existe a necessidade de ajustes finos calibrados para cada região, considerando-se as particularidades locais. Embora o controle químico seja uma ferramenta indispensável no controle de pragas, os efeitos secundários podem ser prejudiciais. Diante da toxicidade destes compostos químicos e o risco ao ambiente e a todos os seres vivos há necessidade de estabelecer normas quanto ao seu uso. O cultivo em larga escala da cultura do algodoeiro em nossa região e o potencial de risco envolvido nesta atividade salienta a obrigação do uso adequado dos defensivos químicos e a informação é o primeiro passo para desvendar os enigmas dessa eterna batalha contra os insetos prejudiciais ao algodão. Este trabalho foi constituído por dois experimentos e teve como objetivo avaliar a eficiência de vários tratamentos inseticidas na cultura do algodão no controle de lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens), visando gerar informações para o controle dessa importante praga, minimizar os problemas que têm ocorrido, bem como gerar informações para garantir, quando necessário, a manutenção do Manejo Integrado de Pragas preconizado para o algodoeiro
4 4 REVISÃO DE LITERATURA A planta de algodão hospeda um complexo significativo de insetos e ácaros, os quais atacam raízes, caules, folhas, botões florais, maçãs e capulhos. Os danos provocados pelas pragas podem reduzir a produtividade, como também afetar diretamente certas características importantes das sementes e da fibra, depreciando-as consideravelmente para a utilização comercial. As lagartas-das-maçãs (Heliothis virescens) atacam preferencialmente os botões florais do ponteiro, em altas populações podem danificar maçãs e esporadicamente ocasionam desfolhamento em plantas jovens, além de flores. Para o controle de lagartas de diferentes tamanhos, recomenda-se aplicações de produtos de choque como os piretróides. A recomendação é utilizar produtos com características de seletividade aos inimigos naturais e de baixa toxicidade, portanto é importante que se façam pesquisas sobre as inseticidas existentes, pois o uso generalizado de misturas e aplicações preventivas de produtos não é recomendado. SIQUERI (2004), trabalhando com o controle químico sobre a lagarta-dasmaçãs, encontrou bons resultados com os inseticidas Talstar (400 e 500 ml/ha) e Tracer (100 ml/ha), com eficiências superiores a 80% em avaliação feita aos doze dias após o tratamento. AGUILLERA e BOTTAN (2004) testando diversos inseticidas para o controle de lagarta-das-macãs encontraram boas eficiências do Avaunt (600 ml/ha), que atingiu 80,5% de eficiência, superando inclusive o padrão, que nesse ensaio, foi o Tracer a 100 ml/ha. MATERIAL E MÉTODOS Os dois ensaios foram conduzidos em lavouras comerciais na Fazenda Adriana, no município de Campo Verde sendo uma área com a variedade FiberMax 966 e outra com a variedade Acala 90. As lavouras foram conduzidas normalmente e de acordo com as boas recomendações preconizadas para a região.
5 5 Em ambos ensaios, cada parcela foi constituída por 4 linhas de 10 metros de comprimento cada, totalizando 36m 2 de área total. O espaçamento utilizado será de 0,9m entre linhas, com uma população média de 10 plantas por metro linear. Nas áreas onde foram conduzidos os ensaios havia uma infestação de Heliothis virescens, que permitiu a marcação prévia de 15 (quinze) plantas atacadas por parcela com uma fita colorida, onde planta atacada é aquela que tinha pelo menos uma lagarta. Os tratamentos inseticidas foram pulverizados através de um equipamento costal de pulverização, a gás comprimido (CO 2 ), dotado de uma barra com quatro bicos cone vazio ConeJet, operando com pressão constante de 3,5 bar, e obedecendo-se a diluição de 125 litros de calda por hectare. Os delineamentos experimentais foram de blocos ao acaso, com onze tratamentos e quatro repetições em cada ensaio. Após as aplicações dos tratamentos, foram feitas avaliações aos dois dias após a aplicação (2 daa), cinco (5 daa), oito (8 daa) e doze (12 daa). Nas ocasiões foram contadas as lagartas vivas encontradas nas plantas marcadas. A infestação estava no início, e todas as lagartas foram consideradas pequenas (menores que 7mm de comprimento) Nas avaliações foram observados os ponteiros, folhas, ramos, botões florais, flores e maçãs das plantas. Para os cálculos das porcentagens de eficiência (%E) dos tratamentos testados foi utilizada a fórmula de Henderson & Tilton, conforme a distribuição espacial dos insetos nas parcelas/áreas experimentais. A fórmula é a seguinte: Fórmula de Henderson & Tilton: NIV na testemunha antes da aplicação NIV no tratamento depois da aplicação % E = 100x 1 NIV na testemunha depois da aplicação NIV no tratamento antes da aplicação *NIV= número de insetos vivos Na análise estatística foi feita análise de variância (com aplicação do teste F) das observações encontradas. Os resultados foram submetidos ao teste de comparação de médias de Tukey (ao nível de 95% de probabilidade, α = 0,05).
6 6 Abaixo, temos as tabelas contendo a descrição dos produtos que foram testados e os tratamentos utilizados nos dois ensaios. Tabela 1. Descrição dos produtos testados em pulverização para o controle da lagarta-das-maçãs. Marca Comercial Pirephos CE Nome comum Grupo Formulação Concentração do i.a. g/kg ou l Fenitrothion + Esfenvarelate Organofosforado + piretróide CE Avaunt 150 Indoxacarb Oxadiazina SC 150 Thiodan CE Endosulfan Ciclodieno CE 350 Curacron 500 Profenofós Organofosforado CE 500 Talstar 100 CE Bifenthin Piretróide CE 100 Danimen 300 CE Clorpirifós 480 EC Milenia Fenpropathrin Piretróide CE 300 Chlorpirifós Organofosforado EC 480 Proclaim Emamectina Avermectina WG 50 Match CE Lufenuron Benzoilfeniluréia CE 50 Fury 400 CE Zetacypermethrin Piretróide CE 400 Decis 25 EC Deltamethrin Piretróide CE 100 Lannate 215 BR Sumidan 150 SC Karate Zeon 250 SC Methomyl Carbamato S 215 Esfenvalerate Piretróide SC 150 Lambdacyhalothrin Piretróide SC 50 Tracer 480 SC Spinosad Naturalyte SC 480 Tabela 2. Tratamentos avaliados no Experimento 1 - Pulverização para o controle da lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens) Tratamento Dosagem g i.a./ha. Dosagem P.C. ml ou g/ha 1. Pirephos Lannate Tracer Avaunt 82, Thiodan Curacron Talstar Danimen
7 7 9. Clorpirifós Proclaim 12, Testemunha - - Tabela 3. Tratamentos avaliados no Experimento 2 - Pulverização para o controle da lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens) Tratamento Dosagem g i.a./ha Dosagem P.C. ml ou g/ha 1. Danimen Match Fury 400 CE Decis 25 EC Fury 400 CE + Clorpirifos Sumidan Lannate 215 BR Avaunt 82, Tracer Karate Zeon 250 CS Testemunha - - RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 4, temos os resultados do ensaio 1, cuja infestação na área experimental reduziu drasticamente durante o desenvolvimento do experimento, prejudicando obter uma interpretação segura dos resultados. A análise estatística não detectou diferenças significativas entre os tratamentos. Além da baixa infestação, houve parasitismo, que contribuiu para a redução do número de lagartas, inclusive na testemunha. Na primeira avaliação, feita aos 2 dat, nenhum dos tratamentos atingiu o mínimo satisfatório de 80%. Os inseticidas Pirephos (600 ml/ha), Talstar (500 ml/ha) e Tracer (100 ml/ha) atingiram 62,5%, 65,9% e 66,4% de eficiência respectivamente. Já na avaliação feita aos 5 dat o Tracer atingiu 100% de eficiência e o Avaunt (550 ml/ha) atingiu 73,8%. Aos 8 dat, além dos inseticidas Tracer (88%), Avaunt (61,6%) e Talstar (57,3%), o inseticida Proclaim apresentou um bom resultado, com 91,1% de eficiência, que se manteve na avaliação seguinte, lembrando que o número de lagartas foi baixo, o que restringe a segurança dos resultados. Os dados mostraram
8 8 que o Tracer (100 ml/ha), Proclaim (250 g/ha) e Avaunt (550 ml/ha), se destacaram em relação aos demais tratamentos, tratamentos que merecem ser melhor avaliados em experimentos futuros. Tabela 4. Número total de lagartas (NT) e porcentagem de eficiência (%E) aos 2, 5, 8 e 12 dias após a aplicação (dat) no ensaio 1 de controle de lagarta-dasmaçãs (Helliotys virecens) na safra 2004/2005 em Campo Verde-MT. Prévia 2 dat 5 dat 8dat 12 dat Tratamentos Dose p.c./ha NT 1 NT %E 2 NT %E NT %E NT %E 1. Pirephós a 9a 62,4 6a 43,2 7a 27,0 2a 79,1 2. Lannate 215 BR a 9a 47,6 8a 0,0 5a 27,3 4a 41,8 3. Tracer a 7a 66,4 0a 100 1a 88,0 0a Avaunt a 19a 27,0 3a 73,8 4a 61,6 2a 80,8 5. Thiodan a 14a 37,5 9a 8,7 5a 44,2 3a 66,5 6. Curacron a 18a 36,0 6a 51,5 8a 28,9 4a 64,4 7. Talstar a 8a 65,9 6a 41,8 4a 57,3 3a 68,0 8. Danimen a 14a 46,2 10a 12,7 7a 32,8 7a 32,8 9. Clorpirifós a 15a 26,2 8a 10,5 6a 26,2 4a 50,8 10. Proclaim a 19a 32,4 6a 51,5 1a 91,1 1a 91,1 11. Testemunha - 74a 25a - 11a - 10a - 10a - C.V (%) 17,0 27,9 25,8 29,1 25,6 1 Número total de lagartas 2 Porcentagem de eficiência calculada pela fórmula de Henderson e Tilton Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. C.V. (%): Coeficiente de variação Na tabela 5 temos a contagem de lagartas e as eficiências dos tratamentos do segundo ensaio. À semelhança do primeiro ensaio, novamente houve redução da população da praga, prejudicando a interpretação dos resultados. Na primeira avaliação feita aos 2 dat, nenhum tratamento apresentou eficiências superiores a 50%. Aos 5 dat, os inseticidas Danimen (400 ml/ha), Decis 25 EC (400 ml/ha), Tracer (100 ml/ha) e Karate Zeon (100 ml/ha) apresentaram 64,5%, 54,8%, 71% e 54,8% respectivamente e embora não tenham atingido o mínimo satisfatório de 80%. Somente o tratamento Tracer apresentou diferença estatística em relação à testemunha.
9 9 Nas avaliações seguintes se destacou o inseticida Sumidan (200 ml/ha) com 94,5% de eficiência aos 8 dat, inclusive diferindo estatisticamente da testemunha, e os inseticidas Match (800 ml/ha), Tracer (100 ml/ha) e Karate Zeon (100 ml/ha) com eficiências de 92,9%, 92,9% e 85,7% respectivamente. Tabela 5. Número total de lagartas (NT) e porcentagem de eficiência (%E) aos 2, 5, 8 e 12 dias após a aplicação (dat) no ensaio 2 de controle de lagarta-dasmaçãs (Helliotys virecens) na safra 2004/2005 em Campo Verde-MT. Dose Prévia 2 dat 5 dat 8dat 12 dat Tratamentos p.c./ha NT 1 NT %E 2 NT %E NT %E NT %E 1. Danimen a 28a 26,3 11ab 64,5 6abc 66,7 7ab 50,0 2. Match a 32a 15,8 22abc 29,0 5ab 72,2 1a 92,9 3. Fury 400 CE a 26a 31,6 16abc 48,4 9abc 50,0 6ab 57,1 4. Decis 25 EC a 26a 31,6 14abc 54,8 13bc 27,8 8ab 42,9 5. Fury 400 CE + Clorpirifos a 31a 18,4 28bc 9,7 6abc 66,7 3ab 78,6 6. Sumidan a 26a 32,7 17abc 46,1 1a 94,5 3ab 78,9 7. Lannate 215 BR a 27a 31,2 18abc 43,8 8abc 57,0 11ab 24,0 8. Avaunt a 20a 47,4 24abc 22,6 7abc 61,1 4ab 71,4 9. Tracer a 22a 42,1 9a 71,0 5ab 72,2 1a 92,9 10. Karate Zeon 250 CS a 19a 50,0 14abc 54,8 4ab 77,8 2ab 85,7 11. Testemunha - 60a 38a - 31c - 18c - 14b - C.V (%) 1,2 13,7 18,2 21,2 24,1 1 Número total de lagartas 2 Porcentagem de eficiência calculada pela fórmula de Henderson e Tilton Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. C.V. (%): Coeficiente de variação CONCLUSÕES De acordo com as condições experimentais, concluímos: A infestação na área experimental reduziu drasticamente durante o desenvolvimento dos experimentos, o que pode ser notado nas testemunhas, prejudicando obter uma interpretação segura dos resultados;
10 10 O primeiro experimento indicou que Tracer (100 ml/ha), Proclaim (250 g/ha) e Avaunt (550 ml/ha) se destacaram em relação aos demais tratamentos, merecendo serem melhor avaliados em experimentos futuros. E recomendável reinstalar os experimentos em uma condição com maior infestação da praga. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUILLERA, A. L., BOTTAN, A. J.; Ensaio para Avaliação do Controle Químico da Lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens) na Cultura do Algodoeiro. Cuiabá, Disponível em Acesso em 25/08/2005. CIA, E., FREIRE, E. C., SANTOS, W. J. dos. Cultura do Algodoeiro. Piracicaba: POTAFÓS, p. Fundação MT. Mato Grosso, liderança e competitividade, Rondonópolis. Boletim de pesquisa 03, p. Fundação MT. Boletim de Pesquisa de Algodão, Rondonópolis,MT: Fundação MT, p. GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. 10 a edição. USP/ESALQ, Piracicaba p. SIQUERI, F. V.; Controle da Lagarta das Maçãs (Heliothis virescens). Cuiabá, Disponível em Acesso em 25/08/2005.
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