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1 Tese de Doutorado Proximidade territorial, aprendizado e inovação: Um estudo sobre a dimensão local dos processos de capacitação inovativa em arranjos e sistemas produtivos no Brasil Autores: Marco Vargas (IE-UFRJ) Esse texto esta disponível em:

2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA Proximidade territorial, aprendizado e inovação: Um estudo sobre a dimensão local dos processos de capacitação inovativa em arranjos e sistemas produtivos no Brasil Marco Antonio Vargas Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Doutor em Economia Orientador: Prof. Dr. José Eduardo Cassiolato Rio de Janeiro 2002

3 80 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA Proximidade territorial, aprendizado e inovação: Um estudo sobre a dimensão local dos processos de capacitação inovativa em arranjos e sistemas produtivos no Brasil Marco Antonio Vargas Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Doutor em Economia BANCA EXAMINADORA Prof. José Eduardo Cassiolato (orientador) Prof. Fábio Stefano Erber Prof. Paulo Bastos Tigre Prof. Renato Ramos Campos Prof. Wilson Suzigan Prof. Jorge Nogueira de Paiva Britto (suplente) Rio de Janeiro, 2002

4 81 Agradecimentos Mais do que meras categorias de análise, a interação e a cooperação representaram princípios fundamentais na realização desta tese. Nada mais oportuno, portanto, do que resgatar neste momento a importância que assumiram as contribuições de diversas pessoas e instituições no sentido de concretizar este trabalho. Ao professor José Eduardo Cassiolato, meu orientador e com quem tenho tido o privilégio de conviver nos últimos anos, devo um agradecimento especial. Tanto no plano profissional como pessoal, sua postura fraternal, séria e competente constituiu um incentivo permanente e foi decisiva para finalização da tese. A oportunidade de integrar a rede de pesquisa sobre arranjos e sistemas produtivos, permitiu o acesso a um ambiente muito especial de debate acadêmico. A tese incorpora importantes aportes conceituais e metodológicos que se originaram a partir das discussões no escopo deste grupo e, particularmente, com amigos com quem tive a oportunidade de manter um convívio mais próximo nos últimos anos como Helena Lastres, Cristina Lemos, Renato Campos, Arlindo Villaschi e Jorge Britto. No Rio Grande do Sul, nas diferentes fases da pesquisa pude contar com o apoio e amizade de Rejane Alievi e Nery dos Santos Filho que, juntamente comigo, integraram a equipe de coordenação do estudos sobre arranjos e sistemas locais no Estado. No Instituto de Economia da UFRJ tive a oportunidade de conviver num ambiente acadêmico intenso e de permanente debate que contribui decisivamente para meu crescimento intelectual durante o doutorado. Em particular, agradeço aos professores Fábio Erber e Paulo Bastos Tigre pelas valiosas críticas e sugestões feitas durante a etapa de avaliação do projeto de Tese. Minha permanência no IDS - Institute of Development Studies - da Universidade de Sussex, entre 1999 e 2000, representou uma oportunidade única de compartilhar de um ambiente acadêmico intenso e avançar em diversos elementos do referencial analítico da tese. Neste aspecto, gostaria de agradecer a Hubert Schmitz e aos demais membros do grupo de Globalização pelas inúmeras oportunidades que tive de apresentar e debater meu trabalho de pesquisa, incorporando assim importantes sugestões às versões preliminares de capítulos. Da mesma forma, das salas de seminário aos

5 82 encontros de sexta-feira no PUB do IDS, o apoio e amizade de diversos colegas no IDS e SPRU foram fundamentais para o sucesso deste meu período de permanência em Sussex. Em especial gostaria de agradecer a Eva Dantas, Eduardo, Keyju, Lizbeth Navas Aleman, Luis Paulo Bresciani Maite Irurzun, Milasoa Cherel, Nicolas, Rosane Marques e Sérgio Queiroz., entre outros tantos. Em todos os estágios do doutorado, o apoio financeiro da CAPES foi fundamental, seja através da concessão de bolsa no programa PICDT ou na concessão de bolsa para realização do doutorado sanduíche na Inglaterra. O apoio da Universidade de Santa Cruz do Sul através do seu programa qualificação de professores, assim como o apoio dos meus colegas também foi fundamental para viabilizar o meu afastamento das atividades docentes durante o período de realização do programa de Doutorado no IE/UFRJ. Além disso, durante a realização das pesquisas de campo no Rio Grande do Sul contei com o importante respaldo institucional da universidade através de diferentes articulações e convênios. Toda esta empreitada não teria sido possível sem o apoio emocional que tive de minha família no decorrer de todo o período do doutorado. Sob os mais diversos aspectos, sempre contei com a compreensão e o carinho de todos. Ao meu amor maior, Marina, devo muito mais do que os dias e noites de ausência, conselhos sábios e revisões incansáveis. Devo a ela todo o amor e carinho do mundo e a certeza de que, parafraseando Benedetti, juntos somos muito mais do que dois.

6 83 Resumo Esta tese discute o papel da proximidade territorial no processo de capacitação produtiva e inovativa de empresas inseridas em aglomerações produtivas, no contexto dos países em desenvolvimento. A principal hipótese utilizada é de que os processos de aprendizado tecnológico e capacitação produtiva não podem ser explicados unicamente a partir de fatores internos a uma firma ou setor. Tais processos emergem também das formas de interação que são estabelecidas entre os diferentes atores e instituições que integram os sistemas produtivos em âmbito local. Do ponto de vista teórico e conceitual, tal análise baseia-se, em particular, no conceito de sistema de inovação desenvolvido no escopo da abordagem neo-schumpeteriana, bem como em elementos analíticos oriundos de contribuições da literatura em Ciência Regional e Clusters Industriais nos países em desenvolvimento, entre outras. Em termos de evidências empíricas, a tese está fundamentada num conjunto de estudos que abrange a experiência de quatro aglomerações produtivas situadas no Estado do Rio Grande do Sul: O arranjo agro-industrial fumageiro localizado na região do Vale do Rio Pardo; os arranjos vitivinícola e moveleiro localizados na Serra Gaúcha; e o arranjo coureiro-calçadista localizado na região do Vale dos Sinos. Com base nos estudos de caso a tese discute as características e funcionalidade de diferentes formatos de aglomerações produtivas a partir da noção de arranjo produtivo local. A noção de arranjo produtivo local refere-se genericamente aos diferentes tipos de aglomerações produtivas mencionadas na literatura e serve de base para discussão de um referencial analítico que abarca aspectos relativos à forma de organização dos sistemas de produção, estruturas de governança e estratégias de capacitação inovativa e produtiva presentes nestas aglomerações.

7 84 Abstract The aim of this thesis is to discuss the role of territorial proximity in the productive and innovative capability strategies of firms comprising local productive clusters in developing countries. The main hypothesis is that technological and productive learning processes cannot be explained entirely by sectoral or individual firm analysis. Instead, such processes arise from the interaction relationships established between different set of actors and institutions comprising local productive systems. In order to explore these issues, the thesis draws together those strands of literature concerned with the relationship between territorial proximity, learning and innovation. Besides the literature on systems of innovation the thesis has also drawn on the literature concerned with industrial cluster in developing countries and the main contributions emerging from the regional science literature, among others. The empirical material on which the thesis is based comprises four local productive arrangements in the State of Rio Grande do Sul: the tobacco agro-industrial productive arrangement in Rio Pardo Valley; the wine and furniture local productive arrangements located in the Serra Gaúcha region; and the leather-footwear arrangement in the Sinos Valley. These four empirical studies are useful to discuss some major dimensions associated to the concept of local productive arrangement. The concept of Local Productive Arrangement encompasses the different types of productive agglomerations described in the literature and is used to build an alternative analytical framework that comprises three main analytical dimensions. The first is concerned with the productive system s organization and territorialisation forms. The second is related to the governance forms within the local productive arrangement. The third is concerned with innovative strategies and interactive learning mechanisms adopted by local actors.

8 85 Proximidade territorial, aprendizado e inovação: Um estudo sobre a dimensão local dos processos de capacitação inovativa em arranjos e sistemas produtivos no Brasil Sumário INTRODUÇÃO PARTE I: REFERENCIAL TEÓRICO A DIMENSÃO LOCAL DO APRENDIZADO E DA INOVAÇÃO Introdução O conhecimento e o aprendizado sob as novas condições de desenvolvimento sócioeconômico Da informação como conhecimento ao aprendizado pela interação: uma análise da visão neoclássica e neo-schumpeteriana sobre conhecimento e inovação Dimensão tácita e os limites da codificação do conhecimento Conclusão: a dimensão localizada do aprendizado PROXIMIDADE ESPACIAL, INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE Introdução Convergência e diversidade: os limites da globalização produtiva e tecnológica Proximidade espacial, inovação e competitividade: principais enfoques As contribuições da literatura sobre clusters industriais nos países em desenvolvimento Millieu Inovativo e sistemas locais de inovação A literatura sobre sistemas de inovação Novos espaços industriais e sistemas locais de produção Conclusões PARTE II: EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS DA EXPERIÊNCIA DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS SELECIONADOS: ELEMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM REFERENCIAL ANALÍTICO...78 Introdução geral Reformas estruturais e reestruturação produtiva na década de

9 86 3 CARACTERIZAÇÃO DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS SELECIONADOS Introdução Origem, consolidação e estágios de desenvolvimento Organização territorial e padrões de concorrência Estrutura e organização dos sistemas de produção: atores e mercados Aglomerações produtivas locais voltadas ao mercado externo: o caso dos arranjos fumageiro e coureirocalçadista Aglomerações produtivas com foco em mercados locais e nacionais: o complexo agro-industrial vitivinícola e o pólo moveleiro na Serra Gaúcha Conclusões FORMAS DE COORDENAÇÃO E DESENHOS INSTITUCIONAIS Introdução Arranjos produtivos articulados com instâncias globais de coordenação Arranjos produtivos articulados com instâncias locais de coordenação Conclusões MECANISMOS DE APRENDIZADO E ESTRATÉGIAS INOVATIVAS Introdução Características gerais do processo de capacitação produtiva e inovativa Fontes de informações e formas de cooperação Arranjos produtivos articulados com instâncias globais de coordenação: a experiência dos arranjos fumageiro e coureirocalçadista Arranjos produtivos articulados com instâncias locais de coordenação: a experiência do arranjo moveleiro e vitivinícola Conclusões CONCLUSÃO

10 87 BIBLIOGRAFIA ANEXOS

11 88 Lista de Tabelas, Quadros, Gráficos e Figuras Tabelas TABELA Categorias de governança pública-privada e local-global...57 TABELA Participação da Indústria e do setor Elétrico e de Comunicações no PIB TABELA Produção e Exportação mundial de fumo em folha: Principais Países (em toneladas) TABELA Principais Países Produtores de Calçados / TABELA 3.4 Móveis Principais Países Exportadores de móveis 1996/1997 (%) TABELA 3.5 Produção e Consumo Mundial de Vinho TABELA Estrutura da indústria calçadista gaúcha, TABELA Arranjo coureiro-calçadista do Vale do Sinos principais atores no segmento produtivo- 1991; TABELA Comercialização da produção de móveis do RS, segundo a participação percentual de cada mercado TABELA Inovações de produto e processo adotadas no arranjo fumageiro TABELA Investimento em P&D e pessoal vinculado às atividades de Assistência Técnica TABELA Inovações de produto e processo adotadas no arranjo vitivinícola TABELA Arranjo Moveleiro: Importância associada às inovações de produto e processo de acordo com o porte da empresa TABELA Perfil de qualificação da mão-de-obra (%)

12 89 TABELA Arranjo coureiro-calçadista: Importância associada às inovações de produto e processo de acordo com o porte da empresa TABELA Arranjo fumageiro: Principais fontes de informação para adoção de inovações TABELA Arranjo coureiro-calçadista: Principais fontes de informação utilizadas pelas empresas calçadistas para promover inovações de produto ou processo, de acordo com o porte das empresas TABELA 5.9 Arranjo Vitivinícola: Principais fontes de informação para adoção de inovações Quadros QUADRO Características da estrutura produtiva dos arranjos analisados QUADRO Origem e consolidação dos arranjos QUADRO Desnacionalização das Empresas do Setor Fumageiro em Santa Cruz do Sul QUADRO Empresas fumageiras: filiais fora da região do Vale do Rio Pardo QUADRO Principais características do Sistema Integrado de Produção no arranjo fumageiro QUADRO Principais organizações voltadas à coordenação das relações inter empresariais no arranjo fumageiro QUADRO 4.3 Organizações de Representação instaladas no Vale dos Sinos QUADRO Principais organizações de coordenação das relações inter empresariais no arranjo vitivinícola QUADRO Estruturas de governança e desenhos institucionais nos arranjos

13 90 QUADRO Arranjo fumageiro: Fontes de informação e conhecimento usadas para adoção de inovações QUADRO 5.2 Arranjo coureiro-calçadista: Fontes de informação e conhecimento usadas para adoção de inovações QUADRO 5.3 Arranjo vitivinícola: Fontes de informação e conhecimento usadas para adoção de inovações QUADRO Arranjo moveleiro: Fontes de informação e conhecimento usadas para adoção de inovações QUADRO Características associadas aos sistemas de conhecimento e estratégias inovativas nos arranjos produtivos QUADRO 6.1 Canais de comercialização e estratégias de capacitação: Inserção em cadeias globais x atuação em nichos próprios Gráficos GRÁFICO Arranjo Moveleiro: Vantagens Relacionadas à Localização da Empresa na Região GRÁFICO Importância associada aos diferentes tipos de inovações adotadas pelas empresas do arranjo moveleiro GRÁFICO Arranjo coureiro-calçadista: Vantagens associadas ao perfil da mãode-obra no Vale dos Sinos GRÁFICO Empresas Calçadistas: mudanças nas relações de cooperação com os demais atores do arranjo GRÁFICO 5.4 Empresas calçadistas: mudanças nas relações de cooperação horizontal GRÁFICO Arranjo moveleiro: Fontes de informação para adoção de inovações

14 91 nas grandes e médias empresas GRÁFICO Arranjo moveleiro: Principais Fontes de Informação para adoção de inovações nas Pequenas Empresas Figuras FIGURA Mapa do Arranjo Fumageiro

15 92 INTRODUÇÃO A percepção de que o conhecimento e a inovação representam fatores cruciais para o sucesso competitivo e o desenvolvimento de indivíduos, firmas, regiões e países não se constitui num fato novo na literatura. Entretanto, no decorrer das últimas décadas, a emergência de um novo paradigma tecnológico 1 aliada ao debate em torno do fenômeno da globalização contribuíram consideravelmente para reforçar o interesse em torno da importância que assume o processo de geração, distribuição e uso do conhecimento no estágio atual de desenvolvimento do sistema capitalista. Diante deste quadro, marcado por profundas mudanças técnicas e organizacionais que surgem juntamente com o que alguns autores convencionaram chamar de Nova Economia Baseada no Conhecimento, a inovação, seja ela tecnológica ou organizacional, está cada vez mais associada ao tema do aprendizado 2. Sem desconsiderar os diferentes enfoques que integram a literatura sobre aprendizado, uma das abordagens que encontra-se diretamente relacionada ao debate atual é a do aprendizado pela interação (learning-by-interacting) (Lundvall, 1988; 1995), que destaca a natureza interativa e cumulativa do processo de aprendizado e sua importância crítica para o desempenho competitivo 3. A importância do aprendizado pela interação está vinculada à visão sistêmica do processo de inovação. Neste, a capacidade de geração, difusão e utilização de novos conhecimentos consolida-se como um processo que transcende a esfera da firma individual e passa a depender da contínua interação entre firmas e destas com as 1 A concepção relativa a mudança de paradigma tecno-econômico foi originalmente proposta por Chris Freeman e Carlota Perez (1988) para descrever o conjunto de transformações radicais que se processam na economia mundial a partir da década de 70. Esses autores enfatizam que as inovações institucionais constituem um fator tão importante neste processo de transformação quanto as mudanças de natureza técnico- produtivas induzidas pelo surgimento das novas tecnologias de base microeletrônica. 2 O acelerado processo de difusão das novas tecnologias de informação e comunicação e sua profunda influência sobre diferentes aspectos da organização sócio-econômica, política, cultural, etc constituem-se na base das mudanças paradigmáticas que têm sido descritas por diferentes autores como Nova Economia Baseada no Conhecimento (Lundval e Foray, 1996); Nova Sociedade da Informação (Castells, 1997); Economia do Aprendizado (Lundvall e Bórras, 1997); entre outras denominações. 3 No âmbito da teoria Econômica é possível identificar alguns enfoques que analisam diferentes aspectos sobre a questão do aprendizado tais como: learning-by-doing (Arrow, 1962); learning-by-using (Rosenberg, 1982); learning-by-interacting (Lundvall, 1992); e learning-by-searching (Boulding, 1985).

16 93 diferentes instituições que constituem sistemas de inovação em diferentes âmbitos 4. Em particular, esse modelo interativo de inovação ressalta a relevância da cooperação entre firmas e demais instituições e, portanto, o papel dos vínculos e redes envolvendo diferentes organizações. A partir da década de 80, diversas contribuições passaram a enfatizar que os processos de aprendizado interativo evoluem a partir de bases de conhecimento e padrões de comunicação que, muitas vezes, são moldados por configurações institucionais cuja origem e evolução se traduzem na proximidade geográfica entre firmas em aglomerações produtivas. Inspirados numa concepção que remonta ao trabalho pioneiro de Marshall 5, tais estudos estiveram pautados, em grande parte, pelo desenvolvimento induzido a partir do dinamismo tecnológico de determinadas aglomerações produtivas. Como exemplos mais clássicos deste tipo de estudo encontram-se os Distritos Industriais na chamada Terceira Itália, o Vale do Silício na Califórnia, ou a região de Baden-Wurttemberg na Alemanha, entre outros. Experiências cujo sucesso logrou resgatar o papel ativo desempenhado pelo ambiente local enquanto instância de organização da produção e locus de importantes elementos relacionados ao aprendizado tecnológico 6. Da mesma forma, o interesse crescente em torno da dinâmica econômica e tecnológica de sistemas produtivos operando em regiões específicas resultou na criação de múltiplas definições e conceitos voltados à análise sobre a importância da dimensão territorial na coordenação e organização de atividades produtivas e tecnológicas. Distritos industriais (Brusco, 1990; Becattini, 1990; Piore e Sabel, 1984), clusters industriais (Schmitz, 1989; 1995; Nadvi e Schmitz, 1994), millieu inovativo (Aydalot, 1986; Maillat, 1996), sistemas nacionais e regionais de inovação (Freeman, 1987; Lundvall, 1992; Braczik et al.,1998), entre outros, são alguns dos conceitos que 4 Neste aspecto, assume uma importância crucial as relações de cooperação horizontais e verticais, entre firmas, bem como com seu universo de clientes, fornecedores e demais organizações como centros de pesquisa, escolas técnicas, atores públicos e privados, que desempenham um papel relevante no processo de capacitação de arranjos produtivos. 5 Em seus 'Princípios de Economia' (1890), Marshall foi o primeiro autor a utilizar o conceito de 'Distritos Industriais', para descrição de um padrão de organização comum à Inglaterra dos fins do século XIX, onde pequenas firmas concentradas na manufatura de produtos específicos de setores como o têxtil se localizavam geograficamente em grupamentos, em geral na periferia dos centros produtores. 6 Como um elemento comum à maior parte desses enfoques, esteve o debate em torno do crescente esgotamento dos ganhos de produtividade oriundos do modelo fordista de produção em massa e a transição para um novo paradigma tecno-econômico baseado nos avanços advindos de ramos ligados às novas tecnologias como a microeletrônica e a biotecnologia.

17 94 procuram captar a diversidade dessas experiências empíricas. Em particular, tais contribuições logram resgatar a importância da diversidade em termos de formatos institucionais e padrões de organização produtiva e tecnológica que refletem a dimensão localizada do aprendizado tecnológico, numa clara contraposição aos argumentos sobre a crescente desterritorialização da economia contemporânea induzida pelo fenômeno da globalização (Amin, 1993). Esta tese visa contribuir na discussão sobre o papel da proximidade territorial no processo de capacitação produtiva e inovativa de empresas inseridas em aglomerações produtivas. Em particular, objetiva-se analisar as especificidades que assume a dinâmica competitiva e inovativa em diferentes formatos de arranjos produtivos no contexto dos países em desenvolvimento. Num plano mais geral, a análise parte da hipótese de que os processos de aprendizado tecnológico e capacitação produtiva não podem ser explicados unicamente a partir de fatores internos a uma firma ou setor. Tais processos emergem também das formas de interação que são estabelecidas entre os diferentes atores e instituições que integram os sistemas produtivos em âmbito local. Esta percepção encontra-se fundamentada na premissa de que o ambiente local não consiste numa mera delimitação geográfica, mas antes constitui uma unidade própria de análise, que condiciona o desempenho competitivo e inovativo de empresas articuladas em torno de arranjos e sistemas produtivos. Com relação à análise das limitações que caracterizam o ambiente industrial e inovativo dos países em desenvolvimento, e em particular da América Latina, a análise parte daquelas contribuições que, desde a década de 70, têm explorado a natureza específica das trajetórias de aprendizado tecnológico nestes países. De uma maneira geral, a experiência destes países demonstra que, aliado ao investimento reduzido nas atividades de C&T e a importância de fontes externas na capacitação tecnológica do setor produtivo, existem limitações igualmente importantes relacionadas à inexistência ou ineficácia de configurações institucionais que compõem seus sistemas de inovação e à ausência de vínculos de interação entre os principais atores que integram tais sistemas. Entretanto, um dos principais focos de atenção da tese recai sobre o impacto do processo de reformas estruturais sobre os arranjos que, desde a década de 90, tem

18 95 acarretado importantes mudanças nas estratégias inovativas e competitivas em diferentes segmentos de empresas no Brasil. Diante desses dois eixos principais de análise, relativos à dimensão localizada do processo inovativo e suas especificidades no contexto dos países em desenvolvimento, esta tese discute as características e funcionalidade de diferentes formatos de aglomerações produtivas a partir da noção de arranjo produtivo local. A noção de arranjo produtivo local refere-se genericamente aos diferentes tipos de aglomerações produtivas mencionadas na literatura e serve de base para discussão de um referencial analítico que abarca aspectos relativos à forma de organização dos sistemas de produção, estruturas de governança e estratégias de capacitação inovativa e produtiva presentes nestas aglomerações. Do ponto de vista teórico, a análise baseia-se no referencial evolucionista sobre o processo de mudança tecnológica e explora o conceito de sistema de inovação desenvolvido no escopo da abordagem neo-schumpeteriana. Neste contexto, a inovação é colocada como um fenômeno sistêmico que tem lugar através da interação entre diferentes atores e instituições e onde o conceito de aprendizado torna-se fundamental para compreensão das trajetórias de capacitação inovativa das firmas (Freeman, 1987; Lundvall, 1988 e 1992). Da mesma forma, o processo inovativo ocorre através do compartilhamento de bases de conhecimento e padrões de aprendizado que são sustentados por arcabouços institucionais específicos (Johnson, 1992). Em termos de evidências empíricas, a tese está fundamentada num conjunto de estudos que abrange a experiência de quatro aglomerações produtivas situadas no Estado do Rio Grande do Sul: O arranjo agro-industrial fumageiro localizado na região do Vale do Rio Pardo; os arranjos vitivinícola e moveleiro localizados na Serra Gaúcha; e o arranjo coureiro-calçadista localizado na região do Vale dos Sinos 7. Estes estudos foram realizados entre o segundo semestre de 1997 e o segundo semestre de 1999, no escopo da Rede de Pesquisa em Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais, sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro 8. 7 Os critérios que nortearam a seleção destes quatro estudos de caso são discutidos na introdução geral da segunda parte da tese e no anexo metodológico. 8 No conjunto de publicações que resultaram destes estudos destacam-se: Vargas (2001); Vargas (2000); Vargas e Alievi (2002); Vargas e Alievi (2000); Vargas, Santos e Alievi (2000); Vargas, Santos e Alievi (1999a e 1999b); Alievi e Vargas (2001).

19 96 Assim, a análise comparativa apresentada nesta tese se insere, em parte, num esforço coletivo de constituição de um referencial conceitual e metodológico voltado para o estudo das especificidades que cercam o processo de capacitação em aglomerações produtivas no Brasil e no Mercosul. Da mesma forma, a apresentação e debate dos resultados destes estudos em diferentes fóruns, inclusive juntos aos atores dos próprios arranjos, contribuiu sobremaneira para o desenvolvimento e enriquecimento do referencial de análise utilizado nesta tese. É importante assinalar algumas limitações intrínsecas ao tipo de análise proposta nesta tese. No plano metodológico, a realização de um estudo comparativo com base na experiência dos quatro arranjos produtivos restringe a profundidade da análise em torno das principais características estruturais de cada um dos arranjos. No entanto, tal limitação reflete uma escolha consciente no sentido de privilegiar alguns parâmetros de comparação entre os diferentes arranjos, em detrimento de uma análise mais detalhada dos mesmos. Outra limitação refere-se ao fato de que todos os arranjos analisados operam em setores chamados tradicionais (móveis e calçados) ou agro-industriais (fumo e vinho). Apesar de oferecer aportes importantes para discussão sobre os mecanismos que afetam o dinamismo competitivo e inovativo de aglomerações produtivas, o referencial analítico desenvolvido a partir destes estudos apresenta uma limitação referente ao seu grau de generalização. Finalmente, um terceiro tipo de limitação reside na utilização de um referencial analítico que se vale de uma tipologia preliminar visando identificar diferentes formatos de aglomerações produtivas. A constituição deste referencial implicou na escolha de alguns critérios simplificadores que, mesmo envolvendo um certo grau de arbitrariedade, refletem certas dimensões-chave do processo de capacitação do conjunto de aglomerações estudadas. A tese está estruturada em torno de duas partes que totalizam seis capítulos. A primeira parte, composta pelos dois primeiros capítulos, é de natureza teórico-conceitual e, em linhas gerais, discute questões relativas à dimensão local do aprendizado inovativo e às principais contribuições na literatura sobre aglomerações produtivas. A

20 97 segunda parte, apresenta a análise dos estudos empíricos organizada em torno dos quatro capítulos restantes, onde se inclui a conclusão do trabalho. O primeiro capítulo discute a relação entre aprendizado e inovação tendo como pano de fundo o arcabouço teórico neo-schumpeteriano. O debate apresentado neste capítulo abarca dois eixos de análise. O primeiro, de cunho mais geral, destaca as principais implicações associadas às mudanças na forma de produção e distribuição de conhecimento que emergem juntamente com o processo de transição para um novo paradigma tecno-econômico, no decorrer das últimas décadas. Em particular, discute-se a crescente polarização entre as economias avançadas e os países em desenvolvimento decorrente do hiato em termos de competências e da capacitação para inovação. O segundo eixo de análise procura explorar a relação entre conhecimento, aprendizado e inovação a partir de uma perspectiva que enfatiza a dimensão tácita do conhecimento e a natureza interativa e localizada do aprendizado. Tal caracterização permite destacar a importância da proximidade no processo de capacitação inovativa de sistemas produtivos na medida em que se concebe o ambiente local como um conjunto de configurações institucionais e organizacionais inseridas num rol de interações com diferentes atores econômicos. O segundo capítulo apresenta uma sistematização das diferentes abordagens teóricas que, de alguma forma, incorporam a proximidade espacial como uma dimensão analítica relevante no estudo da capacitação inovativa e competitiva de arranjos e sistemas produtivos. O capítulo encontra-se focalizado em torno de quatro enfoques principais que abarcam: a) a literatura sobre clusters industriais nos países em desenvolvimento, com ênfase na discussão sobre as implicações da interação entre instâncias globais e locais de coordenação no processo de upgrading de aglomerações produtivas nos países em desenvolvimento; b) a abordagem sobre Milleu inovativo e, em particular, seus desdobramentos recentes em termos de modelos sobre sistemas locais de inovação que destacam o espaço meso econômico enquanto principal instância para o desenvolvimento de processos de aprendizado e inovação; c) as contribuições sobre novos espaços industriais que emergem a partir da literatura sobre ciência regional, com ênfase na discussão sobre diferentes formas de territorialização das atividades econômicas e na caracterização de sistemas produtivos locais; d) as abordagens sobre sistemas de inovação associadas a teoria evolucionária neo-

21 98 schumpeteriana, com ênfase na discussão sobre sistemas regionais de inovação que destaca a noção de ordem coletiva baseada em formas de regulação micro institucionais e condicionada por elementos como confiança, intercâmbio e integração coletiva. Esse conjunto de contribuições incorpora elementos de maior interesse para as questões teóricas e metodológicas apresentadas na tese e fornece subsídios para construção do referencial analítico que serve de base para discussão dos estudos empíricos. A partir do terceiro capítulo discute-se a relação entre diferentes formatos de arranjos produtivos e sua dinâmica inovativa e competitiva, através dos resultados obtidos nos estudos empíricos. Tal análise comparativa é desenvolvida através de um referencial que abarca aspectos relacionados às formas de organização de estruturas produtivas, sua dimensão territorial, padrões de concorrência, estruturas de governança, desenhos institucionais e mecanismos interativos de aprendizado. No terceiro capítulo, apresenta-se uma caracterização inicial dos arranjos produtivos estudados a partir de um conjunto de elementos associados à evolução da estrutura produtiva e desempenho competitivo destas aglomerações até a década de 90. Da mesma forma, procura-se avaliar o impacto do processo de reformas estruturais na economia brasileira no decorrer da década de 90, sobre a trajetória recente dos arranjos estudados. Tal caracterização visa, em particular, analisar os principais pontos de inflexão associados à trajetória de desenvolvimento dos arranjos e destacar a forma de inserção de diferentes segmentos de atores na estrutura produtiva dos mesmos. O quarto capítulo discute a influência das estruturas de governança e desenhos institucionais sobre as formas de organização da estrutura produtiva e dos sistemas de conhecimento associados aos quatro estudos de caso. Tal análise remete, em particular, a um debate sobre as diferentes estruturas de poder subjacentes aos diversos formatos de arranjos produtivos e ao papel desempenhado pelos desenhos institucionais e organizacionais, na promoção de vínculos cooperativos entre diferentes segmentos de atores locais. O quinto capítulo avança na sistematização de um referencial analítico para caracterização de diferentes formatos de arranjos produtivos através da discussão sobre os mecanismos de aprendizado tecnológico e estratégias inovativas associadas a cada um dos estudos de caso. A natureza dos mecanismos interativos de aprendizado encontra-se focalizada sobre o esforço de capacitação tecnológica e o padrão de

22 99 incorporação de inovações nas firmas que integram o segmento produtivo principal da cadeia produtiva em âmbito local. Em particular, a análise procura identificar em que medida os processos de aprendizado nos arranjos emergem e são sustentados através de vínculos de interação e cooperação entre atores locais e estão baseados em fontes de conhecimento locais ou externas a estas aglomerações. O sexto capítulo apresenta as principais conclusões relativas à análise da dinâmica inovativa e competitiva nos diferentes formatos de arranjos e sistemas produtivos locais estudados. Em particular, sugere-se que a importância da proximidade territorial para o desenvolvimento de processos interativos de aprendizado tende a variar de acordo com especificidades associadas a fatores tais como: estruturas de governança, desenhos institucionais, canais de comercialização de diversos tipos de arranjos produtivos, entre outros. Neste aspecto, este capítulo final analisa o impacto dessas dimensões-chave sobre os mecanismos de aprendizado e as estratégias inovativas em diferentes arranjos produtivos, bem como os possíveis desdobramentos desta análise em termos da proposição de políticas industriais e de competitividade voltadas para capacitação inovativa e produtiva de empresas articuladas em arranjos e sistemas produtivos locais.

23 100 PARTE I - REFERENCIAL TEÓRICO 1. - A DIMENSÃO LOCAL DO APRENDIZADO E DA INOVAÇÃO Introdução. Uma das características mais marcantes das últimas décadas tem sido o ritmo acelerado de mudança tecnológica motivado, em grande parte, pela intensificação da competição nos mais diversos mercados em âmbito mundial. Diante da crescente complexidade associada atualmente ao processo de geração, difusão e uso de novos conhecimentos e da própria incerteza decorrente da globalização, a capacidade de manter processos de aprendizado tornou-se um fator crucial para sobrevivência competitiva de empresas e regiões. Entretanto, no âmbito da teoria econômica, ainda que o conhecimento e a competência humana sejam reconhecidos como elementos centrais no processo de desenvolvimento, verifica-se ainda uma dificuldade intrínseca da maior parte dos enfoques teórico-conceituais em lidar com o conhecimento e o aprendizado enquanto variáveis endógenas em seus modelos analíticos. Este capítulo apresenta uma análise crítica em relação à percepção sobre conhecimento e inovação característica da abordagem ortodoxa neoclássica e os principais elementos relativos à abordagem evolucionária e neo-schumpeteriana. Tal contraposição serve como pano de fundo para discutir o papel do conhecimento e do aprendizado no atual contexto do desenvolvimento, e destacar a importância crescente que assume a dimensão localizada do processo de aprendizado e da inovação enquanto fonte de vantagem competitiva de firmas, regiões e países. A discussão apresentada no capítulo articula-se em torno de duas linhas principais de análise. Na primeira, de cunho mais geral, consideram-se as principais implicações das mudanças na forma de produção e distribuição de novos conhecimentos que vêm sendo associadas ao advento de um novo paradigma tecno-econômico. Este novo modelo, rotulado por alguns autores de Economia do Conhecimento e do Aprendizado, guarda uma relação direta com o uso crescente das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e abarca também um intenso debate tendo em vista

24 101 sua relação com o fenômeno da globalização 9. A segunda linha de análise busca explorar a relação entre conhecimento, aprendizado e inovação a partir de uma perspectiva que contempla a dimensão tácita e codificada do conhecimento, e o caráter interativo e localizado que assumem os processos de aprendizado voltados para inovação. A partir desta caracterização, discute-se o papel e a importância da proximidade territorial na promoção de processos de aprendizado interativo. Na medida em que este capítulo explora a dimensão tácita e localizada do conhecimento e do aprendizado interativo no processo de inovação, é importante destacar dois conjuntos de contribuições que, no decorrer das décadas de 70 e 80, desempenharam um papel fundamental na discussão sobre a natureza específica e limitada do processo de aprendizado tecnológico nos países em desenvolvimento. Uma das primeiras contribuições sistemáticas sobre a natureza limitada do processo de capacitação tecnológica nos países em desenvolvimento surgiu ainda na década de 70, através da literatura ligada à escola da dependência. Dentre as principais contribuições associadas a este enfoque destacam-se, os trabalhos de Cooper e Sercovitch (1971), Vaitsos (1974) e Cardoso (1977), entre outros 10. De um ponto de vista histórico, a escola da dependência consistiu numa importante reação aos enfoques teóricos que preconizavam que a industrialização de países periféricos consistiria num processo gradual, ocorrendo em etapas sucessivas até atingir patamares semelhantes ao dos países industrializados. Esse enfoque do desenvolvimento por estágios ganhou força no período do pós-guerra e baseava-se, em parte, no papel modernizador do investimento externo. Neste aspecto, o principal questionamento da escola da dependência - relativo à especificidade do padrão de desenvolvimento em países periféricos - permaneceu válido e influenciou significativamente o esforço de pesquisa sobre mudança tecnológica nos países em desenvolvimento 11. Uma das principais constatações da literatura sobre 9 Existe um relativo consenso de que a conjugação de dois fenômenos o crescente movimento de liberalização e desregulação dos mercados e o advento deste novo paradigma pautado pelas tecnologias de informação e comunicação é considerada como um elemento catalisador do processo de globalização nas últimas décadas. (Lastres, Cassiolato, Lemos, Maldonado e Vargas, 1999: 43) 10 Para uma revisão da literatura da dependência em comparação com a literatura sobre aprendizado endógeno incremental ver especialmente Erber (1983) e Viotti (1997). 11 Também é importante destacar a influência das idéias desenvolvidas por teóricos da CEPAL em defesa do processo de industrialização específico da América Latina e que representaram um dos principais pontos de interlocução para a escola da dependência (Erber, 1983).

25 102 dependência aponta para a heterogeneidade considerável da estrutura industrial e, em particular, para o tamanho e papel limitado desempenhado pelos setores fornecedores de tecnologia e bens de capital nos países periféricos (Erber, 1983). Um segundo conjunto de contribuições remete à literatura sobre aprendizado endógeno incremental, que surge no final década de 70, e que esteve particularmente representada através de dois grupos. Um deles consiste numa série de estudos sobre mudança tecnológica em empresas nos países em desenvolvimento onde se destacam os trabalhos de Katz (1978), Maxwell (1977) e Dahlman e Fonseca (1978). O segundo conjunto de estudos, que avalia a capacitação tecnológica dos países em desenvolvimento através das exportações de bens de capital e serviços tecnológicos, esteve representado pelos trabalhos de Katz e Ablin (1979) e Lall (1980). Dentre as principais características da literatura sobre aprendizado endógeno incremental destaca-se, em primeiro lugar, uma visão da mudança tecnológica como um processo contínuo (em oposição à ênfase na descontinuidade e ruptura característica da visão schumpeteriana de destruição criadora). Em segundo lugar, os estudos também apontaram para evidências importantes relativas ao domínio de tecnologias de manufatura por parte dos países em desenvolvimento, bem como para sua capacidade de introdução de melhorias em produtos e processos importados através de esforços de aprendizado incremental. Finalmente, tais processos de aprendizado estariam refletindo o sucesso destes países na exportação de tecnologia, em particular com relação ao conhecimento tecnológico incorporado em produtos e processos complexos (Erber, 1983: 9). Sob vários aspectos, a literatura sobre aprendizado incremental endógeno representou uma contribuição significativa para compreensão do processo de mudança tecnológica nos países em desenvolvimento e apontou para existência de importantes formas de adaptação local de técnicas importadas nestes países. Entretanto, a análise a partir deste enfoque reflete uma visão parcial sobre o processo de mudança tecnológica nos países em desenvolvimento. Em primeiro lugar, de acordo com este enfoque, as trajetórias de aprendizado tecnológico apresentam uma natureza similar tanto nos países industrializados como nos países em desenvolvimento. Em segundo lugar, tais trajetórias sofreriam reduzida

26 103 influência decorrente de mudanças radicais em paradigmas tecnológicos (Dosi, 1988). Diante desta percepção, a mudança tecnológica nos países em desenvolvimento acaba por se reduzir a um processo contínuo de aprendizado ao longo de um paradigma determinado. Dessa forma, a principal diferença entre o processo de mudança tecnológica nos países desenvolvidos e em desenvolvimento estaria reduzida a idiossincrasias em termos de trajetórias de aprendizado tecnológico de uma mesma natureza que apenas seriam diferenciadas em função dos estímulos característicos do ambiente de cada país (Viotti, 1997: 53). De acordo com Erber (1983: 10), as limitações presentes na literatura sobre aprendizado endógeno incremental decorrem, em grande parte, da sua vinculação com a abordagem neoclássica. Neste aspecto, Clark (1985) lembra que o ponto de partida para a literatura sobre aprendizado incremental endógeno reside no conceito de learning-bydoing formalizado por Arrow. Apesar da ênfase na natureza incremental do processo de capacitação tecnológica dos países menos desenvolvidos ser, em parte, consistente com a visão presente na escola da dependência, ela enfatiza que países periféricos apresentam condições limitadas para promover processos de desenvolvimento tecnológico espontâneos. Neste aspecto, por um lado, as evidências oriundas da literatura sobre aprendizado incremental demonstram que a abordagem da dependência tende a subestimar a crescente inserção de países em desenvolvimento em novos nichos de mercado, abertos pela expansão do comércio mundial, mesmo tendo em vista seu grau limitado de capacitação tecnológica. Por outro lado, a visão otimista da literatura sobre aprendizado incremental em relação à evolução dos países em desenvolvimento na divisão internacional do trabalho repousa, de acordo com Erber (1983), em duas premissas errôneas. A primeira estaria baseada na suposição de que o investimento e o comércio mundial tendem a apresentar um crescimento estável de modo a permitir a crescente inserção de países menos desenvolvidos em novos nichos para exportação de tecnologias de produto e processo. A segunda e principal crítica refere-se à limitação da literatura sobre aprendizado incremental no sentido de compreender o impacto do processo de transição em direção a um novo paradigma tecno-produtivo, que vem se delineando nas últimas décadas, sobre o processo de capacitação tecnológica dos países em desenvolvimento.

27 104 O desenvolvimento subsequente de estudos centrados nas especificidades inerentes ao processo de aprendizado tecnológico nos países em desenvolvimento logrou ampliar consideravelmente a compreensão sobre as limitações que cercam o processo de mudança tecnológica nestes países. Destacam-se, em particular, contribuições mais recentes voltadas para análise das implicações da abordagem sobre sistemas de inovação no âmbito dos países em desenvolvimento 12. Partindo, em alguns casos, de estudos comparativos sobre sistemas de inovação em diferentes países, tais contribuições logram demonstrar que a literatura sobre sistemas de inovação desconsidera importantes problemas relacionados à instabilidade e vulnerabilidade do ambiente macroeconômico, institucional, político e financeiro dos países em desenvolvimento (Cassiolato e Lastres, 1998: 33). Da mesma forma, essas contribuições enfatizam a importância relativa ao papel de políticas ativas de aprendizado tecnológico, tanto em âmbito nacional como no âmbito das empresas (Bell e Cassiolato, 1993). Verifica-se, portanto, uma convergência entre essas contribuições mais recentes e as análise que, desde a década de 70, têm enfatizado a importância do ambiente macroeconômico e institucional no sentido de moldar o processo de mudança tecnológica nos países em desenvolvimento. Essa discussão será retomada na segunda parte da tese que discute a trajetória recente de desenvolvimento dos arranjos estudados à luz do impacto das reformas estruturais que tem lugar no Brasil no decorrer da década de 90. O foco sobre o processo de reformas estruturais, liberalização e abertura comercial no Brasil justificase pelo grande impacto que essas mudanças ocasionaram nas trajetórias recentes de desenvolvimento da estrutura industrial brasileira. Da mesma forma, na medida em que o conhecimento é colocado como principal insumo e o aprendizado como principal processo no contexto atual de reestruturação tecno-econômica, o reconhecimento de tais particularidades é fundamental para compreensão dos processos de aprendizado inovativo que têm lugar no conjunto de aglomerações produtivas analisadas na segunda parte da tese. O capítulo encontra-se dividido em quatro seções além desta introdução. A próxima seção aborda as transformações associadas à chamada Economia do 12 Dentre as principais contribuições destacam-se Cassiolato (1992); Villaschi (1992); Bell e Cassiolato. (1993); Albuquerque (1998) e Viotti (1997).

28 105 Conhecimento e do Aprendizado e suas implicações sobre as novas condições de desenvolvimento sócio-econômico. Em particular, esta segunda seção aponta para o risco de polarização que se origina no hiato relacionado às condições de geração e apropriação de conhecimentos entre diferentes países e regiões. A terceira seção traz uma análise crítica sobre a noção de inovação e conhecimento característica da abordagem neoclássica tradicional e procura contrapor a visão ortodoxa com os principais elementos presentes na abordagem evolucionária e neo-schumpeteriana. A quarta seção apresenta uma análise sobre a relação entre conhecimento tácito e codificado e os limites associados ao processo de codificação do conhecimento. As conclusões do capítulo, na quinta seção, destacam a importância crescente do conhecimento tácito como um dos principais elementos que explicam a dimensão localizada do aprendizado frente ao processo de globalização O conhecimento e o aprendizado sob as novas condições de desenvolvimento sócio-econômico A ênfase sobre a importância do aprendizado associada ao debate atual sobre o novo paradigma tecno-econômico justifica-se a partir de duas perspectivas distintas (Foray e Lundvall, 1996; Lundvall, 1996). Por um lado, na medida em que a competência humana encontra-se no centro do processo de desenvolvimento de qualquer sociedade, a constituição de uma visão que focaliza o aprendizado e o conhecimento em qualquer processo histórico de formação sócio-econômico constituise num elemento analítico relevante. Por outro lado, partindo-se de uma perspectiva histórica específica que remete às condições atuais de desenvolvimento, na qual a economia encontra-se profundamente enraizada na produção, distribuição e uso de conhecimentos, justifica-se a ênfase no surgimento de uma nova era caracterizada como Economia do Conhecimento e do Aprendizado. A Economia do Conhecimento caracteriza-se por três elementos principais (Carter, 1994)

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