Resultados da Atividade Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação do Hospital de S. José - Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
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- Vítor Fialho Amado
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1 EDIÇÃO 18 AGOSTO Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação do Hospital de S. José - Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE 1º semestre de Resumo da atividade Pontos de interesse: Colheita em dador em morte cerebral : Dador de córneas em coração parado; Dadores referenciados vs dadores efetivos; Colheita de órgãos e tecidos; Transplantes realizados. No 1º semestre de foram realizadas 5 colheitas de órgãos e tecidos em dador em morte cerebral ( e no 1º e º trimestre, respetivamente) e colheitas de córneas em dador em coração parado ( e 1 no 1º e º trimestre, respetivamente). Quando comparamos os resultados obtidos com o período homólogo de 16, o decréscimo verificado, com maior predominância nos dadores em morte cerebral, é significativo. Todos quanto desempenhamos a nossa atividade nesta área tão especifica e de elevada complexidade temos presente a enorme imprevisibilidade e estimativas pouco seguras uma vez que lidamos com a morte de alguém para que exista um possível dador. O Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação (GCCT) do Hospital S. José, em conjunto com os Coordenadores Hospitalares de Doação (CHD) dos hospitais da sua rede de referenciação tem tentado perceber como é possível inverter este cenário nos trimestres que faltam para o final do ano. No entanto é reconhecido, pelos vários contactos, que esta situação é transversal a todos os hospitais da nossa rede. A identificação, monitorização e avaliação de possíveis dadores que entram no diversos hospitais com situações catastróficas mantém-se como habitualmente. O que se tem cons- tatado é que essas situações não evoluem para um dador efetivo. Como resultado desta diminuição significativa na atividade de doação de órgãos e tecidos, o número de transplantes realizados pelas unidades que articulam com o GCCT também viram os seus indicadores diminuírem, com particular relevo nas unidades de transplante de órgãos abdominais. A equipa do GCCT, em conjunto com os CHD dos hospitais da sua rede de referenciação irão continuar a desenvolver a sua atividade em colaboração estreita de forma a que possamos melhorar os indicadores agora apresentados. Hospitais dadores no 1º semestre de No 1º semestre de, dos 1 hospitais que integram a rede de referenciação do GCCT, 11 foram dadores de órgãos e tecidos em morte cerebral. No 1º trimestre apenas 7 tiveram dadores efetivos sendo que no º trimestre este indicador subiu para os 1 hospitais dadores. 1º Tri º Tri
2 Página Colheitas em dador em morte cerebral [5] Dos 5 dadores em morte cerebral, 5 (7%) eram do género masculino e 15 (%) do género feminino, com idade média de 59, anos, mediana de 6 anos, idade mínima de 1 meses e idade máxima de 86 anos TAXA DE COLHEITA MULTIORGÂNICA 6%. Das 16 colheitas realizadas no CHLC, 11 foram multiorgânicas (68,8%). Nos hospitais da rede, das colheitas 19 foram multiorgânicas (55,9%). A causa de morte de origem médica observou-se em dadores (88%) sendo os restantes 6 dadores (1%) de causa traumática. No 1º semestre de foram realizadas 5 colheitas de órgãos e tecidos em dador em morte cerebral. Foram, ainda, referenciados mais 1 dadores que, por motivos vários, não puderam ser dadores efetivos. Hospital S. José e Hospital D. Estefânia. Através do gráfico apresentado na página anterior podemos concluir que, do 1º para o º trimestre de, três instituições de saúde diminuíram os seus indicadores: CHLC - HS José, CH Algarve - Faro e o Hospital Beatriz Ângelo. Os restantes hospitais dadores melhoraram ou mantiveram os seus indicadores, no mesmo período. No geral, observa-se a realização de mais 1 colheitas do 1º para o º trimestre (aumento de 5% da atividade, com incidência para a atividade desenvolvida nos hospitais da rede de referenciação, uma vez como já referido, a atividade no CHLC teve um decréscimo de,%). Se analisarmos os dados obtidos no 1º semestre de em comparação com o período homólogo de 16, os resultados não são animadores e exigem de todos uma profunda reflexão para que possamos definir estratégias para inverter o cenário atual, caso haja margem para tal. O GCCT desenvolve a sua atividade em estreita colaboração com todos os 1º Tri CHD dos hospitais que integram a sua rede de referenciação tendo em vista a deteção e referenciações de possíveis dadores que possam transformar-se em dadores efetivos. º Tri Todavia, o que se obser- Colheitas dador morte cerebral 5,% vou foi uma Nº de colheitas multiorgânicas 1 1,% diminuição da Nº de colheitas simples de rim,% atividade de Nº de colheitas simples de fígado 1 1,% colheita em As 19 colheitas realizadas no CHLC tiveram origem em dadores do polo dador em morte cerebral em,%, conforme mostra a tabela abaixo. A diminuição da atividade nos polos do CHLC é bastante significativa, tendo diminuído, em mais de metade (55,6%), os seus dadores efetivos (6 para 16). São vários os hospitais que diminuíram os seus indicadores, mas há também hospitais que mantiveram ou aumentaram a sua atividade, especialmente os Hospitais Garcia de Orta, Setúbal, Barlavento Algarvio e Beja. O GCCT, em conjunto com os CHD, tem mantido os padrões de monitorização de possíveis dadores que entram nos seus hospitais e todos são unanimes em afirmar que esta atividade apresenta enorme variabilidade, com enorme discrepância nos indicadores, muitas vezes de mês para mês. Há que continuar a desenvolver todas as ações/estratégias que permitam inverter e melhorar os indicadores agora apresentados. 16 Var% CHLC - HS José ,1% CHLC - HDE 1 1,% CHLC - H Sta. Marta 1-1,% HG Orta ,1% HF Fonseca 5 5,% CH Algarve-Faro -5,% CH Algarve-Portimão 1 1,% CH Funchal -5,% CH Setúbal 6 5,% Hosp. Beja,% HE Santo - Évora,% HL Alentejano 1-66,7% CH Barreiro Montijo 1-1,% Hospital Santarém 1-1,% HB Ângelo 7-57,1% Total 7 5 -,% Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação do Hospital de S. José - Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE 1º semestre de
3 Página Colheitas realizadas [5]/Colheitas abortadas [1] Além dos 5 dadores efetivos, no 1º semestre de, foram referenciados mais 1 dadores que por causas várias não evoluíram para dadores efetivos. 1º Tri º Tri Este registo é importante pois permite-nos perceber se há hospitais onde a deteção e a referenciação, ainda em fase de implementação sistemática por parte dos CHD (ou seus substitutos), está a funcionar. É disso exemplo o facto de não termos tido nenhum Colheitas abortadas 6 8,% Razões clínicas 6 5,% Colapso 1 1,% Virologia (+) 1-5,% Estrangeiro,% Recusa familiar,% dador efetivo no Hospital Espírito Santo, Évora mas houve a referenciação de um possível dador. Comparativamente ao 1º semestre de 16, o número de colheitas abortadas foi exatamente o mesmo (1), sendo que nesse período ocorreram duas recusas familiares, contrariamente ao semestre em estudo. É boa prática que não existindo nenhum pedido super urgente/urgente e, perante famílias problemáticas, a equipa do GCCT decide não avançar com o processo, ainda que a legislação nacional preveja que todos somos possíveis dadores. Em caso de não o desejarmos ser, devemos proceder à inscrição no RENNDA. Órgãos colhidos [1] A diminuição do número de colheitas (, que se traduz num decréscimo de,% na atividade) tem, naturalmente, reflexos no número de órgãos colhidos, no 1º semestre de. Ainda assim, comparando do 1º para o º trimestre, podemos observar (na tabela abaixo) um aumento da colheita de todos os órgãos, sendo que no total mais que duplicou o número de órgãos colhidos. Se 1º Tri º Tri tivermos presente que o número de colheitas simples de fígado se manteve igual nos dois primeiros trimestres então é natural que com mais 1 colheitas multiorgânicas tenha sido possível efetuar a colheita de mais órgãos abdominais e torácicos. Nestes últimos, especialmente o pulmão, a revisão dos critérios de aceitação por parte da unidade de transplantação permitiu Órgãos colhidos ,6% Pulmão 1 5,% Coração 5 15,% Fígado ,% Rins 18 1,% Pâncreas,% considerar para doação dadores que há menos de um ano não seriam avaliados e considerados para a doação de pulmão. Quando analisamos os dados por semestres, e por via desta revisão, a colheita de pulmão foi bastante superior no 1º semestre de, sendo que apenas a colheita de coração também subiu face ao mesmo período de 16. Nos órgãos abdominais, esta situação não se verifica e a diminuição do número de colheitas tem reflexos diretos no número de órgãos 16 Órgãos colhidos ,6% Pulmão ,% Coração ,7% Fígado ,8% Rins ,% Pâncreas 8-5,% disponíveis para transplante. A taxa de utilização dos órgãos colhidos, no 1º semestre de, foi de 91.1% (1 não foram aplicados). A diminuição do número de órgãos abdominais vai ter a sua repercussão posteriormente no número de transplantes efetuados. O chavão sem colheita não há transplante é, infelizmente, visível através dos indicadores que agora apresentamos. Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação do Hospital de S. José - Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE 1º semestre de
4 Página Colheita de tecidos [] No 1º semestre de foram colhidos tecidos, uma diminuição superior a % quando comparado com o mesmo período de 16. Relativamente à análise por trimestre há um aumento do número de tecidos colhidos do 1º para o º trimestre, resultado do aumento do número de colheitas. A única exceção verificase na colheita de córneas em dador em coração parado. vo, traduz o aumento da colheita nos Hospitais Garcia de Orta, Fernando da Fonseca e Funchal, nos mesmos períodos. No 1º trimestre de não foi possível efetuar a colheita de tecido músculoesquelético uma vez que os dadores, dos dois únicos hospitais que efetuam este tipo de colheita, não apresentaram critérios que viabilizassem a colheita. Este cenário reverteu no º trimestre, com dadores no CHLC 1º Tri º Tri e 1 dador no Hospital Fernando da Nos restantes tipos de tecidos, há que Fonseca. efetuar uma profunda reflexão de como Tecidos colhidos ,% Continuamos a insistir em manter a podemos inverter estes indicadores, sem Córneas dador morte cerebral 18 77,8% pele no nosso horizonte uma vez esquecer que lidamos sempre com a morte Córneas dador coração parado -,5% que ficou mais uma vez provado, de alguém. Mas também lidamos com Tecido músculo-esquelético 5 5,% após os trágicos acontecimentos de doentes que aguardam por um tecido Válvulas 6 5,% Pedrogão Grande, que precisamos para melhorar a sua qualidade de vida. Pele,% urgentemente de Membrana amniótica -1,% retomar a colheita de 16 Contrariamente a anos anteriores, o aumento da colheita de córneas em dador em morte cerebral não tem relação direta com o aumento de colheitas no CHLC, uma vez que ocorreu uma diminuição de colheitas do 1º para o º trimestre. Este aumento, significati- pele de forma sistemática. Comparando os dados deste 1º semestre com os alcançados em igual período de 16, não há nenhum tipo de tecido que tenha alcança- Tecidos colhidos Córneas dador morte cerebral Córneas dador coração parado Tecido músculo-esquelético Válvulas Pele ,% -,% -1,1% -1,% -16,7%,% Membrana amniótica -5,% do números superiores, como podemos constatar na tabela abaixo. A diminuição de colheitas em dador em morte cerebral no CHLC teve um reflexo enorme no número de córneas, deste tipo de dador, disponíveis para transplante. De todos os tecidos colhidos, o que apresenta valores mais próximos do que é a realidade é o tecido músculo-esquelético, ainda assim, com menos 6 peças colhidas. Programa de colheita de córneas em dador em coração parado Ano após anos continuamos a verificar que o número de dadores específicos deste Programa continuam a diminuir. Por um lado, o aumento da esperança de vida, o número de patologias/razões clínicas que contra indicam a doação e, por outro lado, a enorme rotatividade que se assiste atualmente nas instituições de saúde (não podemos descurar a informação/formação dos novos profissionais), permitem explicar a diminuição deste tipo de colheitas. Continuamos a insistir que todos os falecidos com critério idade (-8 anos) devem ser referenciados ao CHD para que não se percam possíveis dadores. A lista de espera da unidade de aplicação do CHLC ultrapassa os 7 doentes. Neste 1º semestre de, esta realidade manteve-se. Excluindo o Hospital Fernando da Fonseca, todas as unidades diminuíram os 16 Var% Colheitas coração parado 5-1,% HS José ,% HSA Capuchos 1-1,% HS Marta 1 8 -,% HC Cabral 1 1,% HG Orta 1 1-1,% H. F. Fonseca 5 8 6,% seus indicadores., com especial relevo no CHLC, com menos 8 dadores. A coordenação médica do Banco de Tecidos Oculares do CHLC terminou a revisão dos critérios específicos de exclusão, de acordo com as recomendações internacionais, pelo que que algumas das situações até agora rejeitadas como contraindicação irão deixar de o ser (TRC.TRC 16- Critérios seleção dadores córneas). Este procedimento irá ser divulgado a todas as unidades/serviços do CHLC brevemente, acompanhado de proposta para formação em serviço, aos profissionais de saúde, de forma a esclarecer todas as dúvidas e questões que possam surgir.
5 Transplantes realizados [] Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação H.S. José CHLC,EPE Rua José António Serrano Lisboa Tel: Fax: Correio eletrónico: gcct.hsjose@chlc.min-saude.pt Don t take your organs to heaven! Heaven knows we need them here Ficha Técnica Elaboração Para finalizar... Maria João Xavier [Tec. Superior, Área Tecidos] mjoao.xavier@chlc.min-saude.pt Os resultados apresentados neste suporte informativo não são os que desejaríamos. Na realidade, o GCCT, em conjunto com os CHD da sua rede de referenciação, têm procurado entender as possíveis razões subjacentes a este fenómeno de escassez de dadores, quer em morte cerebral quer em coração parado. Já o afirmamos e repetimos, esta atividade é de difícil estimativa e previsão mas o GCCT tem a consciência que tudo tem procurado fazer para que seja possível a inversão deste quadro atual. O contacto próximo com os CHD permite-nos saber que a monitorização das situações consideradas catastróficas continuam a ser detetadas mas não evoluem para um possível dador. No caso do dador de córneas em coração parado acreditamos que com a divulgação do procedimento TRC.TRC 16- Critérios seleção dadores córneas no CHLC, em conjunto com a formação em serviço, podemos mudar o cenário que se vem repetindo ano após ano. Ainda no âmbito da colheita de tecidos, especialmente do tecido músculo-esquelético, a cooperação estreita com o Banco de Tecidos do IPST, IP, permite-nos afirmar que não somos autossuficientes neste tipo de tecidos. Atualmente, apenas duas instituições procedem à colheita deste tipo de tecido: CHLC e o Hospital Fernando da Fonseca. Pretendemos alargar esta atividade a outros hospitais da nossa rede de referenciação, caso o dador tenha critérios de inclusão. Já expusemos a disponibilidade da equipa de colheita multitecidos à Coordenação Nacional de Transplantação e ao Banco de Tecidos do IPST, IP para avançar para outras instituições. Esperemos em breve conseguir fazê-lo. 16 Var% Transplantes efetuados 8-1,% Renal 7 6 -,% CHLC 7 -,5% HG Orta 7 7,% HCV Portuguesa,% Hepático 8 6 -,% Pancreático 8-5,% Cardíaco 5 66,7% Pulmonar ,1% Córnea ,% CHLC ,% HG Orta ,% HF Fonseca 8 7-1,5% IO Gama Pinto 1-66,7% Células hematopoiéticas ,% Os desafios que se colocam nesta atividade são renovados ano após ano, sempre com a preocupação máxima de contribuir para a diminuição das listas de espera e, desta forma, proporcionar uma melhor qualidade de vida aos doentes que aguardam um transplante. O GCCT irá efetuar, no próximo dia 9 de setembro de, um Workshop relacionado com a atividade de colheita e transplantação de órgãos e tecidos, no auditório do Centro de Formação polo HSA Capuchos. O programa será divulgado oportunamente. Contamos com a sua presença. Para o GCCT é importante o envolvimento de todos, pois só assim poderemos contribuir para a melhoria dos resultados. Como referimos anteriormente, com exceção do transplante pulmonar e cardíaco, os restantes tiveram um decréscimo, com incidência no transplante de órgãos abdominais. A diminuição de colheitas no 1º semestre de teve reflexos significativos no número de órgãos e tecidos disponíveis para transplante. A unidade de aplicação de córnea do CHLC, com a redução acentuada da atividade de colheita em dador em morte cerebral, também viu esta diminuição refletida na sua atividade. Revisão Fernando Rodrigues [Diretor do GCCT] fernando.rodrigues@chlc.min-saude.pt Para mais informação relativa ao GCCT, sugerimos a consulta das seguintes ligações: [se aceder via intranet do CHLC] [sítio na internet do CHLC]
52 colheitas, menos uma que em igual período de 2014 (diminuição de 1,9%).
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