RELATÓRIO DE CONJUNTURA: INTERNACIONAL
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- Betty Palmeira Klettenberg
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1 RELATÓRIO DE CONJUNTURA: INTERNACIONAL Junho de 2009 Nivalde J. de Castro Danilo Delgado PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO 1
2 PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DA CONJUNTURA: INTERNACIONAL JUNHO de 2009 Nivalde J. de Castro Danilo Delgado PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO 2
3 Índice 1 MUNDO AMPÉRICA LATINA PARAGUAI PERU URUGUAI VENEZUELA EUROPA OUTROS PAÍSES ESPANHA EUA...10 Relatório Mensal de Acompanhamento da Conjuntura de Planejamento (1) Nivalde J. de Castro (2) Danilo Delgado (3) (1) Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro. (2) Professor do Instituto de Economia - UFRJ e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico. (3) Assistente de Pesquisa do GESEL-IE-UFRJ 3
4 1 MUNDO Apesar da recente crise econômica mundial, novos relatórios apontam que haverá, nas próximas décadas, grande crescimento na produção de energia elétrica. De acordo com o International Energy Outlook 2009, divulgado pelo governo norteamericano, a geração de energia elétrica no mundo deverá crescer 77% até No mês de junho, o Conselho Mundial de Energia divulgou relatório que prevê um crescimento de 100% da demanda mundial de energia para os próximos 40 anos. Segundo o relatório norte-americano, os países em desenvolvimento serão os principais responsáveis pelo crescimento da capacidade instalada mundial, com uma média anual de crescimento de 2,9%, com destaque para o crescimento médio anual da China (4,6%) e da Índia (3,3%). A média anual de crescimento da capacidade instalada dos países industrializados será de 1,1%. Para o Brasil, o relatório prevê que o parque gerador deverá ser expandido de 93 GW, em 2006, para 189 GW, em 2030, sendo a maior parte da potência instalada representada por hidrelétricas (94 GW). Apesar da crise econômica mundial, a Associação Mundial de Energia Eólica prevê para 2009 a adição de 30,3 mil MW na capacidade instalada de energia eólica no mundo. O crescimento representa uma taxa anual de crescimento de 30% na capacidade instalada mundial, superior ao crescimento do ano anterior, de 16%. Em estudo recente publicada na revista da Academia de Ciência dos EUA, os pesquisadores Xi Lu, Michael McElroy e Juha Kiviluoma estimam que o potencial Eólico mundial possa gerar mais de 40 vezes o atual consumo mundial de eletricidade. 4
5 2 AMPÉRICA LATINA O vice-presidente do Conselho Mundial de Energia (CME), Norberto de Franco Medeiros, apresentou no mês de maio um estudo que afirma a existência de recursos energéticos suficientes na América Latina e no Caribe para promover a integração energética da região. O estudo identifica a existência de fontes de energias em abundancia na região, suficientes para atender as demandas dos países da América Latina, além de baixo custo de oportunidade. De acordo com Medeiros, a integração energética da região é importante pois representa o primeiro passo para a integração econômica, social e cultural dos países envolvidos. Para promover a integração energética na região, ele sugere a transferência de tecnologia entre os países membros e a criação de esquemas de financiamento para promover o desenvolvimento dos projetos. A análise do GESEL sobre os estudos em torno do processo de integração energética na América do Sul aponta para a existência de três condições básicas na região, que podem contribuir para a formação de um mercado energético regional: a possibilidade de produzir eletricidade a partir de fontes térmicas, já que a região possui grandes reservas de gás, e/ou hidráulicas, aproveitando o potencial hidrelétrico existente na Cordilheira dos Andes; a existência de complementaridade dos períodos chuvosos; a não simultaneidade de picos de demandas por diferença de curva de carga e fuso horário entre os diferentes centros de consumo dos países com potencial para integração. Dentro do Mercosul, o comércio de energia entre os países do bloco deve ser impulsionado por uma nova resolução aprovada pela ANEEL que regulamenta a exportação de energia para a Argentina e o Uruguai para este ano. Segundo o processo aprovado pela ANEEL, a operação deverá ser neutra na formação do Preço de 5
6 Liquidação de Diferenças e do Custo Marginal de Operação, de modo que a exportação não reflita nos preços para os consumidores finais. Na Argentina, continua em atraso o início das obras para construção do Gasoduto Nordeste Argentino (GNEA), que foi projetado para importar 28 milhões de metros cúbicos por dia (MMCD) de gás natural da Bolívia. O início da obra foi planejado para 2006, mas houve um redesenho do projeto em 2008 que reduziu em 50% o volume de transferência original. Seu início deve ocorrer apenas em 2010, pois o governo boliviano não forneceu garantias sobre o volume de gás disponível para exportação à Argentina. A obra tem sofrido atrasos consideráveis, mas agora está caminhando para a sua execução através de licitação. Agora, o governo argentino planeja instalar um novo gasoduto em Tupiza, Potosí. É necessário, no entanto, que o governo boliviano dê garantias de fornecimento de gás natural para que os investimentos nestes novos empreendimentos de transporte do insumo boliviano sejam executados. Para Martín Soffer, da empresa Polytrerm Central Sudamericana, a falta de investimentos para ampliar as redes e o pequeno diâmetro dos gasodutos não permitem uma maior exportação do energético boliviano para a Argentina. Estudos encomendados pelo governo boliviano apontam que o país tem potencial para se tornar o centro de energia na região, mas que precisava de investimentos estrangeiros. De acordo com Boris Úzqueda Gómez, consultor de petróleo, a demanda pelo gás boliviano poderia atingir 50 milhões de metros cúbicos por dia (MMCD) num futuro próximo. 2.1 PARAGUAI No mês de maio, o governo do Paraguai havia requisitado em suas negociações a antecipação de pagamentos pela energia consumida pelo Brasil, a venda da energia excedente do Paraguai diretamente no mercado brasileiro e o alongamento do prazo para pagamento da dívida paraguaia, estimada em US$ 18 bilhões, ameaçando levar o litígio à arbitragem internacional, caso não houvesse um acordo sobre a energia que o 6
7 país vende a Brasil. Segundo Nivalde de Castro, coordenador do GESEL/UFRJ, o alongamento da dívida de Itaipu para 2053 seria possível através da conversão do preço da energia paga em Itaipu para o Real, pois geraria um excedente que poderá ser pago ao Paraguai. Assim, o Brasil eliminaria o risco cambial em sua estrutura tarifária e reduziria as oscilações das tarifas das distribuidoras. Ainda, haveria a garantia de que a energia excedente se direcionaria ao mercado brasileiro em contratos de longo prazo indexados ao IPCA. No entanto, ainda ocorrem indefinições nas negociações com o governo paraguaio sobre Itaipu. O Brasil ofereceu como contra-oferta a permissão que a Ande, responsável pela parcela paraguaia da energia de Itaipu, venda no país a energia de outras hidrelétricas paraguaias, como Icaraí e Iguassu. O diretor paraguaio de Itaipu, Carlos Mateo, considerou insuficiente a contraproposta do Brasil sobre sua demanda de venda direta de energia no mercado brasileiro, alegando que o montante dessas usinas é muito pequeno quando comparado com Itaipu e que há maiores dificuldades para a negociação dessa energia no mercado livre. Ele quer a autorização do Brasil para que a estatal paraguaia possa comercializar a energia de Itaipu diretamente ao mercado livre brasileiro. O governo do Brasil, por sua vez, não concorda, pois avalia que essa mudança quebraria as regras do tratado. No Paraguai, foi solicitado ao plenário do Senado pelo senador Luis Alberto Wagner a formação de uma comissão bicameral para apoiar o pedido de renegociação do Tratado de Itaipu. 2.2 PERU Os investimentos previstos no processe de integração energética entre Brasil e Peru, que contempla a construção de seis usinas hidrelétricas em território peruano, giram em torno de US$ 16 bilhões e devem representar pouco mais de 7 mil MW em capacidade instalada. Com o início das operações previsto entre 2010 e 2014, essas usinas representam a primeira parcela de um total de 14 usinas que atenderão aos mercados brasileiro e peruano. Roberto Brandão, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ (GESEL/UFRJ) havia afirmado em maio que a integração energética era vantajosa para ambos os países, já que as novas usinas poderiam, a longo prazo, 7
8 melhorar o atendimento ao setor elétrico peruano e produzir energia mais barata para os consumidores brasileiros. O Ministerio de Energia y Minas (MEM) do Peru planeja também a expansão das redes de distribuição de gás. De acordo com o diretor-geral de Hidrocarbonetos do MEM, Gustavo Navarro, em agosto desse ano será finalizado o primeiro trabalho de aumento da capacidade do gasoduto Camisea, operado pela Transportadora de Gas del Perú (TGP). Novas observações ao plano qüinqüenal de expansão de redes de distribuição foram também apresentadas à Cálidda Gás Natural para que a empresa incorpore zonas fora de Lima desconsideradas no plano de investimentos para o período O MEM também prepara um projeto de lei com o objetivo de incentivar o uso eficiente da energia elétrica no setor doméstico nacional. Avalia-se aplicar aos clientes residenciais o mesmo método que é aplicado aos usuários livres (grandes consumidores), que possuem tarifa elétrica mais cara em horas de pico. A intenção é fazer com que o consumidor passe a utilizar a eletricidade nas horas em que a energia é mais barata. A Dirección General de Electrificación Rural (DGER) do MEM adiantará, em setembro, as obras de oito projetos de eletrificação rural no país, que demandarão um investimento de 40.5 milhões de novos soles, beneficiando um total de 66,590 moradores de zonas rurais em 259 localidades nas regiões de Huánuco e Cajamarca. De acordo com a consultora Maximixe, a produção de energia elétrica deverá crescer 4,0% este ano, menos do que o valor de 8,5% de O MEM estima que os preços de energia elétrica devam ficar estáveis até o final do ano. 2.3 URUGUAI O Uruguai passará a produzir este ano cerca de 6 milhões de litros de etanol e, até o fim do ano, haverá duas novas usinas de biodiesel da petroleira estatal Ancap. 8
9 Desde o início do ano, o país adota a mistura de 2% de biodiesel no diesel e, a partir de 2015, adotará a mistura de 5% de etanol na gasolina. A previsão é que a produção nacional do biocombustível atinja os 5 milhões de litros em Os investimentos visam suprir a crescente demanda nacional por biocombustíveis. A Ancap prevê que a mistura de álcool na gasolina chegue a 1,5% no final de VENEZUELA A estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) afirmou ter concluído o processo de nacionalização das 52 plantas compressoras de gás natural da empresa transnacional estadunidense Exterran Holdings Inc. A nota à imprensa da PDVSA detalhou que se trata de 43 plantas no nordeste nos estados de Anzoátegui e Monagas e 9 nos ocidentais de Apure, Zulia e Falcón. Adicionalmente, também passaram pelo mesmo processo um conjunto de 214 "unidades de geração elétrica" também da filial na Venezuela de Exterran. O processo de tomada de ativos e serviços de empresas petrolíferas por parte do Estado venezuelano coincide com alguns problemas de demora nos pagamentos de milhões de dólares que vem enfrentando PDVSA desde o ano passado com contratantes locais e estrangeiros. 3 EUROPA No mês de maio, Moscou havia proposto dividir com a União Européia (UE) o financiamento sobre a compra de gás russo para os depósitos ucranianos, porém ainda não houve acordo na época. Em reunião realizada em junho pela Comissão Européia, representantes de Moscou, Kiev e de várias instituições financeiras internacionais foram reunidos para solucionar o problema de abastecimento. A dívida ucraniana com Moscou deveria ser quitada até o dia 7 de julho para evitar que novos problemas de 9
10 abastecimento ocorram na Europa. A União Européia importa 25% do gás que consome à Rússia e 80% desse volume passa pela Ucrânia. A possibilidade de se obter o financiamento no mercado internacional é remota devido à crise financeira. Durante as negociações, o valor pedido pela Ucrânia, de três bilhões de euros, chegou a ser reduzido pela metade, mas ainda assim, novamente não houve acordo. De acordo com o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, a prolongada disputa entre a Rússia e a Ucrânia sobre o gás natural pode provocar uma grande crise na UE. 4 OUTROS PAÍSES 4.1 ESPANHA Após sucessivos investimentos realizados em energia eólica e solar, a Espanha desenvolverá um novo projeto na costa da Armintza para gerar energia elétrica através das ondas. A instalação consiste de um conjunto de bóias, que terão conversores no fundo do mar, que através de um cabo flexível transportará a energia para uma subestação em terra. O custo é de 15 milhões de Euros e sua capacidade instalada é de 20 MW. 4.2 EUA A EDP prevê contrair, até final do ano, um novo empréstimo de US$ 1 bilhão para financiar investimentos nos Estados Unidos, onde a EDP Renováveis possui uma capacidade instalada de mais de MW e mais de MW projetados. Será a terceira captação do grupo para investimento em energia renovável no país até o fim do ano. 10
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