RELATÓRIO DE CONJUNTURA: INTERNACIONAL

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1 RELATÓRIO DE CONJUNTURA: INTERNACIONAL Abril de 2009 Nivalde J. de Castro Danilo Delgado PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO 1

2 PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DA CONJUNTURA: INTERNACIONAL ABRIL de 2009 Nivalde J. de Castro Danilo Delgado PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO 2

3 Índice 1 INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA NA AMPÉRICA LATINA BOLÍVIA EQUADOR PARAGUAI PERU EUA EUROPA CHINA...8 Relatório Mensal de Acompanhamento da Conjuntura de Planejamento (1) Nivalde J. de Castro (2) Danilo Delgado (3) (1) Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro. (2) Professor do Instituto de Economia - UFRJ e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico. (3) Assistente de Pesquisa do GESEL-IE-UFRJ 3

4 1 INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA NA AMPÉRICA LATINA O ministro das Relações Exteriores Celso Amorim indicou que uma das conseqüências da crise internacional será o adiamento de alguns projetos de integração energética na América Latina. Em especial o Gasoduto do Sul, que ligaria a Venezuela à Argentina atravessando o Brasil deverá sofrer atraso. De acordo com o ministro, o projeto não deverá ocorrer pelos próximos três ou quatro anos. Ainda, ele também defende uma maior abertura comercial entre os países do continente como saída para a crise financeira, de modo a atrair mais investimentos na região e acelerar o processo de criação de um mercado consumidor latino-americano. O Governo Brasileiro também está empenhado em transformar o Real como a principal moeda de troca nas relações econômicas com os países da América Latina de modo a ampliar a integração regional entre os países. O acordo realizado entre o Brasil e a Argentina de venda de energia elétrica com pagamentos feitos em reais ou pesos é uma importante etapa neste processo. Com a crise energética na Argentina, as transações sem a intermediação do dólar deverão ser impulsionadas, dada a dificuldade de obtenção de dólares dos países sul-americanos. A medida poderá beneficiar também a produção e exportações de bens e serviços das empresas brasileiras para a América do Sul. Foi anunciado também que uma nova empresa será criada pelos governos do Panamá e da Colômbia para construir e operar a linha de transmissão de energia entre os países com o objetivo de abastecer com eletricidade a população panamenha a preços competitivos. O projeto conta com os estudos de viabilidade técnica e ambiental dentro dos marcos estabelecidos pelas autoridades ambientais dos dois países e serão financiados pelo BID. A linha de transmissão elétrica unirá a Colômbia e o Panamá desde a subestação Cerromatoso, no departamento de Córdoba até a subestação Panamá II, na província de Panamá. 4

5 1.1 BOLÍVIA A Bolívia enfrenta uma forte queda no valor das exportações, em especial o gás natural, resultado da queda dos preços das commodities no mercado internacional e da redução dos volumes comercializados com o Brasil e com a Argentina. No primeiro trimestre as exportações caíram 27%, (US$ 205 milhões) em comparação com o mesmo período em Espera-se para o próximo trimestre que a exportação de gás mantenha-se ao menos estável, já que a Bolívia deve dobrar envio de gás à Argentina O envio de um volume extra para a Argentina durante o inverno vai compensar em parte a queda na demanda do Brasil, que recebeu no início do ano cerca de 20 milhões de m³ diários, contra 30 milhões de m³ em EQUADOR De acordo com o presidente equatoriano Rafael Correa, as relações do Equador com o Brasil não serão afetadas pela decisão de Quito de pedir à empresa Odebrecht US$ 210 milhões devido às falhas na construção de uma hidrelétrica. A central hidrelétrica de San Francisco foi paralisada em algumas semanas durante o mês de abril para a realização da manutenção e correção de falhas na usina recém-construída pela construtora brasileira Odebrecht. Correa enfatizou que a disputa comercial e financeira entre o governo equatoriano e a empresa brasileira não deveria ser tratado como um conflito diplomático entre os dois países. 5

6 1.3 PARAGUAI O Governo Brasileiro ofereceu ao Paraguai uma linha de crédito para o financiamento de projetos na área de infra-estrutura e transmissão de energia elétrica em troca da revisão das tarifas de energia elétrica de Itaipu, uma vez que o Paraguai enfrenta problemas técnicos na sua linha de transmissão de energia e a oferta de crédito mundial foi reduzida com a crise financeira. Entretanto, a proposta foi recusada pelo presidente paraguaio Fernando Lugo. Ele alega que o Paraguai poderá obter do Chile cerca de US$ 70 milhões anuais com a venda de energia elétrica de Itaipu, além de receitas adicionais da venda da energia excedente no mercado spot brasileiro. O presidente Luís Inácio Lula da Silva, a fim de terminar o impasse, determinou a realização de novos estudos sobre mudanças no pagamento pela energia de Itaipu. A proposta encomendada ao presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim pode incluir uma revisão tarifária que deverá ser apresentada ao presidente do Paraguai em encontro marcado para o dia 7 de maio. A mudança tarifária pode implicar em um maior reajuste no preço da energia comprada pelas distribuidoras de energia elétrica no país, além de reduzir a margem operacional da Eletrobrás. 1.4 PERU Com a aprovação no início do mês de projetos que permitem ao Governo Peruano emitir títulos de dívida soberana destinados ao financiamento de investimentos públicos, foi assinado um acordo entre os governos do Peru e do Brasil para a realização de estudos de viabilidade para a construção de seis usinas hidrelétricas, que totalizam MW, em território peruano para fornecer energia elétrica aos dois países. As novas usinas poderão ter seus investimentos financiados pela Eletrobrás através do BNDES. O presidente Peruano Alan García informou que uma das possibilidades é que parte das ações da empresa de energia peruana EletroPeru seja repassada à Eletrobrás e haja uma integração das duas empresas para construção e administração das novas hidrelétricas. 6

7 Ainda, a Agência Supervisora de Investimento em Energia e Mineração do Peru publicou o projeto de lei "procedimento para determinar os incentivos para contratar a empresa de serviços e uso eficiente do gás natural" a fim de se obter o aumento da eficiência na utilização de gás natural através de usinas térmicas alto rendimento. 2 EUA A prefeitura de Miami, nos Estados Unidos, planeja investir nos próximos dois anos US$ 200 milhões em eficiência energética e energia renovável. Este investimento faz parte de um dos pilares do programa energético da administração de Barack Obama, cujo foco se concentra na ampliação da eficiência energética e no desenvolvimento de combustíveis alternativos. A iniciativa chamada de "Energy Smart Miami" consistirá na instalação de mais de um milhão de medidores Inteligentes sem fio em todos os domicílios e na maioria dos prédios comerciais da cidade. Eles serão conectados a partir do novo sistema centralizado de informação e controle aos medidores, transformadores de alta eficiência, subestações digitalizadas, geradores de energia e outros equipamentos. O sistema centralizado monitorará o status da rede elétrica continuamente, identificará e consertará quedas de energia e fornecerá informações úteis para melhorar a confiabilidade, eficiência e produtividade da geração. Em relação à política energética com a América Latina, os EUA demonstram interesse em desenvolver novos mecanismos de cooperação na área energética com o Brasil e outros países. Entretanto, o presidente Barack Obama acredita que não há espaço hoje para iniciativas ambiciosas como a Parceria Energética para as Américas, lançada por Obama em maio de Ele nunca detalhou a proposta, mas de umas semanas para cá seus assessores passaram a dar sinais claros de que a ideia será colocada em banho-maria. 3 EUROPA Na Rússia, o Kremlin divulgou publicamente no dia 21 de abril a sua proposta à União Européia sobre um novo pacto energético para garantir a segurança no 7

8 fornecimento e transporte dos combustíveis em substituição da Carta Energética, que a Rússia se recusa a ratificar. Propõe-se que os fornecedores e consumidores compartilhem a responsabilidade pelo tráfego dos recursos energéticos por território de outros países e acertem investimentos conjuntos nas redes de gasodutos e oleodutos. O projeto foi interpretado por alguns analistas como uma tentativa de frear a liberalização do mercado energético europeu, que priva das atuais preferências o gigante do gás russo Gazprom, e uma resposta ao acordo entre a Ucrânia e a UE para modernizar a rede de gasodutos ucranianos sem a participação explícita da Rússia. Entre as empresas, destaca-se a ocorrência de fusões e aquisições no setor de energia. Foi aprovado neste mês pela Comissão Europeia que o grupo italiano Enel assuma o controle absoluto da empresa espanhola de energia elétrica Endesa. Outro processo de fusão poderá ocorrer entre as empresas brasileiras Gás Natural e a espanhola Unión Fenosa. Quanto às fontes alternativas de energia, entrou em operação comercial na Espanha a torre solar PS20 (20 MW), da Abengoa, localizada em Sevilha. A planta tem capacidade para abastecer 10 mil domicílios e evitar a emissão de cerca de 12 mil t de CO2. A Iberdrola Renovaveis também anunciou o aumento em 20% sua produção no 1º trimestre, totalizando KWh. Na Inglaterra, a empresa StatoilHydro e a norueguesa Statkraft vão investir, em parceria, US$ 1,5 bilhão na construção de um parque eólico offshore de 315 MW ao largo da costa de Norfolk, no Reino Unido. As obras começam em meados deste ano e a previsão é de que a planta entre em operação em CHINA O PIB da China cresceu 6,1% do 1º trimestre, alcançando o seu mais baixo crescimento desde a primeira publicação de dados trimestrais sobre o PIB, em Entretanto, no último mês a China, a maior produtora mundial de aço, passou a comprar mais minério de ferro do Brasil para compensar a queda da mineração do produto na Austrália, o que poderá impactar a produção de ferro e a demanda de energia no Brasil. 8