RELATÓRIO DE CONJUNTURA: INTERNACIONAL
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1 RELATÓRIO DE CONJUNTURA: INTERNACIONAL Maio de 2009 Nivalde J. de Castro Danilo Delgado PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO 1
2 PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DA CONJUNTURA: INTERNACIONAL MAIO de 2009 Nivalde J. de Castro Danilo Delgado PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO 2
3 Índice 1 MUNDO INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA NA AMPÉRICA LATINA PARAGUAI PERU EUA EUROPA OUTROS PAÍSES...8 Relatório Mensal de Acompanhamento da Conjuntura de Planejamento (1) Nivalde J. de Castro (2) Danilo Delgado (3) (1) Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro. (2) Professor do Instituto de Economia - UFRJ e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico. (3) Assistente de Pesquisa do GESEL-IE-UFRJ 3
4 1 MUNDO A AIE publicou um estudo que aponta uma queda de 3,5% no consumo mundial de energia elétrica para 2009, sendo de 5% a queda de entre os países membros da OCDE. Entretanto, de acordo com o Conselho Mundial de Energia, a demanda global de energia poderá dobrar nos próximos 40 anos. Isso poderá ocorrer caso toda a população mundial passe a ter acesso a eletricidade, uma vez que metade dela ainda não tem acesso à energia elétrica. Apesar da queda do consumo mundial de energia, o Conselho Mundial de Energia Eólica aponta em seu Relatório Global de Energias Sustentáveis o crescimento de 16% da capacidade instalada de geração de energia renovável em 2008, totalizando 280 GW. Além dos investimentos em energias renováveis, novas iniciativas em eficiência energética estão ocorrendo em âmbito mundial, como a criação da Associação Internacional para a Cooperação em Eficiência Energética (IPEEC). A associação conta com o Brasil, México, China, os integrantes do G-8 e da União Européia e tem como objetivo a criação de uma rede de informações relativas às pesquisas em eficiência energética desenvolvidas em cada país. 2 INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA NA AMPÉRICA LATINA De acordo com o vice-presidente do CME, Norberto de Franco Medeiros, há recursos energéticos suficientes na América Latina e no Caribe para promover a integração energética da região através da elaboração de projetos multilaterais. Ainda, ele defendeu o alinhamento da regulamentação entre os países da América Latina e Caribe para a integração do mercado na região. Três projetos prioritários foram indicados por ele para a integração regional: o Siepac, uma linha de transmissão que liga os países da América Central; a integração do mercado andino e do cone sul, a partir de um mecanismo de governança dos fluxos energéticos entre os países; e a criação de reservatórios multilaterais, que permitem que um país que estivesse com reservatórios cheios atendesse outro que estivesse em estiagem. 4
5 2.1 PARAGUAI O Governo Brasileiro decidiu apresentar um pacote de US$ 1,7 bilhão em investimentos no país vizinho. Esse pacote não inclui os pedidos feitos pelo Paraguai, como a antecipação de pagamentos pela energia consumida pelo Brasil, a venda da energia excedente do Paraguai diretamente no mercado brasileiro e o alongamento do prazo para pagamento da dívida paraguaia, estimada em US$ 18 bilhões. O negociador paraguaio de Itaipu, Ricardo Canese, disse que o seu país iria levar o litígio à arbitragem internacional, caso não se chegue a um acordo sobre a energia que o país vende a Brasil. Para fortalecer a sua campanha, o Paraguai tenta convencer a indústria brasileira a apoiar o pleito de vender diretamente no mercado livre brasileiro a parcela paraguaia da energia produzida em Itaipu, correspondente a metade dos 90 mil GWh produzidos em média nos últimos 10 anos. Segundo análise de Nivalde José de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ (GESEL/UFRJ), a revisão das condições de comercialização da energia produzida pela usina de Itaipu poderia ser o primeiro passo o avanço das negociações entre Brasil e Paraguai. Ele defende que a fixação do preço da energia seja feita em Real, e não mais em Dólar. Isso eliminaria o risco cambial, evitando as oscilações das tarifas das distribuidoras. Ainda Segundo Castro, o alongamento da dívida de Itaipu para 2053, com a consequente conversão em reais, poderia gerar um excedente, que daria para pagar ao Paraguai. Segundo Castro, o Paraguai receberia mais e o Brasil deixaria de ter o risco cambial dentro da sua estrutura tarifária, além da garantia de que a energia excedente seria voltada para o mercado brasileiro em contratos de longo prazo indexados ao IPCA. 5
6 2.2 PERU O presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz Lopes, afirmou que os investimentos em seis usinas que a estatal pretende construir em parcerias no Peru devem chegar a US$ 16 bilhões. As usinas vão gerar pouco mais de 7 mil MW e deverão começar a operar entre 2010 e 2014, atendendo principalmente o mercado brasileiro. O projeto completo prevê a construção de 15 usinas hidrelétricas. A parceria dá escala para consolidar o projeto de integração energética, beneficiando os dois países. A energia produzida atenderia os dois mercados, distribuída de acordo com a disponibilidade e necessidade de cada país. A construção das usinas contaria com linhas de financiamento do BNDES, pois empresas brasileiras públicas (Sistema Eletrobrás) e privadas estariam participando dos consórcios Devido à magnitude do projeto, o Peru sozinho não teria condições econômicas para explorar todo o potencial oferecido, já que a demanda peruana de energia elétrica é insuficiente para consumir toda a energia gerada pelas usinas hidrelétricas. De acordo com Roberto Brandão, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ (GESEL/UFRJ), a integração energética pode ser vantajosa para ambos os países. Para o Peru, as novas usinas poderiam, a longo prazo, melhorar o atendimento ao setor elétrico, considerado precário", uma vez que a geração elétrica no país tem sido em grande parte em cima de usinas térmicas a gás. Ainda, Brandão destaca que na área de geração, as novas usinas poderiam produzir energia mais barata para os consumidores brasileiros. As dificuldades para o projeto se encontram no setor de transmissão elétrica, devido à longa distância a ser percorrida até os grandes centros de consumo. 3 EUA De acordo com pesquisa publicada pela KPMG, os investimentos em energia eólica e solar no mundo serão concentrados nos Estados Unidos. Isso ocorrerá devido às expectativas de aumento dos subsídios em energias renováveis no país. Os 6
7 investimentos deverão ser impulsionados pelo Plano de Estímulo Econômico do governo norte-americano, que cria um fundo de US$ 467 milhões destinado a projetos de energias renováveis, visando o teste de novas tecnologias em energia solar, eólica e geotérmica. Um dos principais projetos do Departamento de Energia dos EUA (DOE) é a criação do Centro de Testes para Tecnologia Eólica, localizado em Massachusetts. Serão investidos US$ 25 milhões para a realização de testes de turbinas eólicas de tamanho comercial. O objetivo desse programa é a redução de custos e a melhora dos recursos tecnológicos dos equipamentos, que após os testes deverão ser disponibilizados no mercado.. 4 EUROPA O mercado de energia na Europa continua concentrado em investimentos em energia renovável. Destaca-se a inauguração da Iberdrola do maior parque eólico terrestre da Europa na Escócia. O parque possui 140 turbinas que gerarão uma potência de 322 MW, suficiente para abastecer o consumo de eletricidade de casas. De acordo com o Conselho Climático de Copenhague, os investimentos em fontes de energias renováveis deverão criar aproximadamente 3 milhões de empregos até O presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso declarou que a UE não vai renunciar à Carta de Energia, criada em 1991 para facilitar a cooperação no setor energético entre os países de toda a Europa, visando melhorias na qualidade e na segurança do abastecimento de energia, apesar das freqüentes crises de segurança energética. Para este ano, a Rússia teme uma nova crise de gás no mercado europeu devido à situação financeira da companhia ucraniana de hidrocarbonetos Naftogaz. Alega-se que a empresa ucraniana não possui os recursos financeiros para comprar o gás russo neste verão para armazená-lo em seus tanques subterrâneos para o inverno. Também não há a possibilidade de se obter o financiamento no mercado internacional devido à crise financeira. Moscou propôs dividir com a União Européia (UE) o financiamento sobre a compra de gás russo para os depósitos ucranianos, porém ainda não houve acordo. 7
8 5 OUTROS PAÍSES O Brasil solicitou à Bolívia a exportação de 30 milhões de metros cúbicos diários de gás natural. Esse montante corresponde ao o dobro do solicitado no mês passado. Assim, o Governo de Boliviano fará "ajustes no nível de produção" para cobrir o mercado interno e o externo. O governo argentino impulsionou os projetos de geração de energias renováveis, regulamentando a lei que estabelece os incentivos fiscais, as pausas impositivas e as remunerações diferentes que tem os investimentos destinados à fabricação de equipamentos geradores e produtores de energia com recursos renováveis. Também foi anunciado o leilão de MW de energia de fontes renováveis com contratos de compra que terão duração de 15 anos. Entra em operação no Chile a primeira usina de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) na costa central do país. Assim, o país deixará de depender do combustível da Argentina, seu único fornecedor de hidrocarboneto. O valor do investimento foi de US$ 1,1 bilhão, financiado pelas companhias chilenas Enap e Metrogas, filial da espanhola Endesa, e a britânica British Gas (BG). O governo do Equador anunciou pedido de arbitragem em um tribunal local, exigindo US$ 250 milhões de indenização contra a Odebrecht. A construtora afirma ter cumprido as exigências contratuais fixadas pelo Equador para a construção da usina hidrelétrica. 8
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