AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE ANEMIA EM GESTANTES DO MUNICÍPIO DE LAJEDO-PE
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1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE ANEMIA EM GESTANTES DO MUNICÍPIO DE LAJEDO-PE RESUMO Edneide Tavares dos Santos Mariana Andrade Figueiredo (orientadora) Flávia Gabrielle Pereira de Oliveira (coorintador) Marry Aneyts de Santana Cirilo Antonio Ramos Tavares Filho OBJETIVO: Descrever a prevalência de anemia em gestantes e avaliar o estado nutricional das mesmas com o propósito de conhecer, orientar e prevenir riscos à saúde das gestantes e conceptos. METODOLOGIA: Foi realizado um estudo descritivo transversal com 273 gestantes atendidas no projeto Boa Vida no município de Lajedo-PE, no período compreendido entre janeiro de 2013 e janeiro de Foram coletados dos prontuários de atendimento das gestantes os dados referentes aos exames bioquímicos a partir de variáveis inseridas em lugar próprio na ficha perinatal. Foram excluídos prontuários cujos dados estavam ilegíveis ou preenchidos fora da data citada. Foram consideradas anêmicas gestantes com hemoglobina < 11g/dl. O estado nutricional da gestante foi avaliado através do IMC por idade gestacional através da curva de Atalah. RESULTADOS: Das gestantes, 45 (18,3%) encontravam-se com anemia, dispondo-se em 32 (71,1%) gestantes com anemia leve, 13 (28,9%) com anemia moderada. Das gestantes avaliadas, 66 (24,2%) estavam com baixo peso, 99 (36,3%) em eutrofia, 67 (24,5%) estavam com sobrepeso e 32 (11,7%) se apresentaram com obesidade. CONCLUSÃO: Foi possível verificar neste estudo gestantes com anemia leve e moderada. A anemia gestacional afeta a população a nível mundial com elevada prevalência. No presente estudo, foi observada uma elevada prevalência de gestantes com estado nutricional inadequado, seja a observação de baixo peso, sobrepeso ou obesidade, ratificando a necessidade de um maior acompanhamento à gestantes e atuação de uma equipe multidisciplinar. Palavras-chave: Ferro, gestante, anemia ferropriva. INTRODUÇÃO No desenvolvimento humano há momentos em que a nutrição requer mais atenção e nutrientes específicos são requeridos para o perfeito desenvolvimento e funcionamento físico e mental (BATISTA; NERI MENDES, 2010). Um dos períodos mais críticos para o desenvolvimento de patologias carenciais é a gestação, onde, além dos nutrientes necessários à mãe, há o aumento da demanda para a construção tecidual do feto. Tem-se como exemplo a necessidade aumentada de ferro, ácido fólico e outros nutrientes, visto que na gestação são indispensáveis para o desenvolvimento do concepto e fisiologia da mãe (ANDRETO et al. 2006). As gestantes estão passiveis de alteração na composição corporal pela demanda aumentada de micro e macronutrientes, as propriedades nutricionais da
2 alimentação bem como a antropometria alterada na gestante podem afetar o desenvolvimento do concepto e a saúde da mãe, sendo necessário acompanhamento durante todo período gestacional (FAZIO et al. 2011) Segundo Américo e Ferraz, as anemias podem ser classificadas, de acordo com sua causa, em anemias carências por deficiência de ferro, vitamina B12 e ácido fólico. A gestante é considerada anêmica quando a hemoglobina presente no sangue está abaixo dos níveis considerados normais, inferior a 11,0 mg/dl. Esse número independe do trimestre gestacional e é proveniente de estudos populacionais. Na prática clínica é importante realizar uma análise mais detalhada, levando em consideração os hábitos alimentares e a avaliação global da parturiente (AMERICO; FERRAZ, 2011). É difícil estimar quantitativamente o fenômeno da anemia no mundo com segurança, pois as pesquisas são imprecisas e não cobrem todo o território. Calcula-se que a anemia ferropriva é a mais frequente e atinge cerca de 52% das gestantes em países em desenvolvimento e 22,7% em países desenvolvidos. Na região nordeste do Brasil a taxa de mulheres, no período gestacional, que apresentam anemia é elevada (entre 18 e 46%) e pode estar ligada à dieta ou ao aumento da necessidade do ferro nesse período (SOUSA et al., 2009). No Brasil, dados acessíveis mostram que a prevalência de anemia em gestantes varia de 12,4% a 54,7% (VITOLO, 2008). A deficiência de ferro pode acarretar distúrbios orgânicos importantes, na gestação principalmente, por afetar mãe e feto. As manifestações se refletem nas funções musculares e neurológicas, por exemplo. À medida que a carência de ferro aumenta, os sinais se tornam mais evidentes, como ocorrência de problemas dermatológicos, pele pálida, unhas finas e com diferentes formas (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2013). Diante das complicações e o risco de morbimortalidade que a anemia pode causar para a mãe e para o feto, considerando também os danos irreversíveis a saúde da gestante e do concepto relacionados ao baixo peso, sobrepeso e obesidade da gestante e a carência de educação nutricional observada nos casos de indivíduos com anemias carenciais, essa pesquisa tem como objetivo estimar a prevalência de anemia bem como avaliar o estado nutricional das gestantes atendidas no Projeto Boa Vida em Lajedo, Pernambuco. METODOLOGIA Foi realizado um estudo descritivo transversal, utilizando dados secundários. O estudo foi realizado no centro de atendimento do projeto Boa Vida na cidade de Lajedo-PE. Trata-se de um projeto da prefeitura municipal que visa o atendimento em saúde, da gestação ao envelhecimento, ampliando a atenção primária à saúde de seus munícipes. Foram avaliados prontuários das gestantes que foram atendidas entre 23 de janeiro 2013 a 23 de janeiro de 2014 que estavam disponíveis seus dados bioquímicos legíveis para avaliação. Foram excluídos prontuários cujos dados
3 estavam ilegíveis, incompletos, ou preenchidos antes ou depois da data já citada, além dos dados de gestantes portadoras de alguma patologia que influencie no estado nutricional da mesma. Foram coletados dos prontuários de atendimento das gestantes os dados referentes aos exames bioquímicos, dados registrados na ficha perinatal, para obter valores de hemoglobina. Considera-se normal uma concentração de hemoglobina 11,0 mg/dl. A OMS descreve e classifica a anemia em três grupos: Anemia leve, se hemoglobina 10mg/dl e <11mg/dl; moderada, hemoglobina 7mg/dl e <10mg/dl; e anemia grave, se hemoglobina <7mg/dl(MACHADO, 2011). Para cálculo da semana gestacional foi utilizado o dia da última menstruação (DUM) e calculado segundo a informação da gestante. Foi aferido altura, peso e pressão arterial por um enfermeiro capacitado da instituição. Os dados coletados foram processados no programa Microsoft Office Excel 2011 e analisados com auxílio do programa SPSS, apresentados através de tabelas e gráficos em número e porcentagens. O estudo atendeu a resolução n 466/12 do conselho nacional de saúde. Este trabalho obteve parecer favorável a sua execução pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Ipojuca (CEP/UNIFAVIP), Caruaru-PE, sob o número de Protocolo: 0025/2014. RESULTADOS e DISCUSSÃO Foram obtidas informações de 273 gestantes que foram atendidas entre janeiro de 2013 a janeiro de Em relação ao estado nutricional da gestante, 24,2% (n=66) exibiram baixo peso, 36,3% (n=99) eutrofia, 24,5% (n=67) sobrepeso e 11,7% (n=32) encontravam-se com obesidade segundo a curva de Atalah (VITOLO, 2008). (Figura 1) 24,2% 36,3% 24,5% 11,7% 3,3% Figura 1. Estado nutricional das gestantes avaliadas, segundo IMC/idade gestacional. Quanto aos dados referentes à hemoglobina, foram descartadas desta avaliação o registro das gestantes cuja ficha perinatal não tinha esse dado disponível, sendo avaliadas 246 gestantes. Destas, 201 gestantes apresentaram concentração normal de hemoglobina e 18,3% (n=45) encontravam-se com anemia: 13% (n=32) gestantes com anemia leve e 5,3% (n=13) com anemia moderada. (Figura 2)
4 81,7 % 18,3 % Anemia Normal Figura 2. Classificação das gestantes quanto à concentração de hemoglobina. Calcula-se que aproximadamente 2,150 bilhões de pessoas, 35% da população mundial, estejam com anemia e que 50% sejam afetadas por a deficiência de ferro (VITOLO, 2008). Foi verificado nesse estudo gestantes com anemia leve e moderada. Segundo uma pesquisa ampla realizada por Silva e Batista-Filho no ano de 1997, verificou que a distribuição da anemia em mães do estado de Pernambuco correlaciona-se com variáveis sociais e demográficas, contudo os resultados evidenciaram a prevalência de anemia em mães com faixa etária entre 20 e 30 anos que moram no interior urbano em 13,8% e nos grupos das mães de mais de 30 anos, no interior rural 33,0%. Além disso, esse estudo evidenciou que de acordo com os percentis e gravidade da anemia da mãe, a criança também é acometida por esta doença, bem como a torna mais vulnerável (SILVA; FILHO, 2005). No estudo realizado por Murilo (2011), a prevalência de anemia foi de 8,3% e 21,8% no inicio e fim da gravidez, com média de anemia em 15% das gestantes analisadas (SILVA; FILHO, 2005). O presente estudo relata uma frequência de 18,3% de gestantes com anemia, equiparando-se ao estudo abrangente realizado em Pernambuco, por Fonseca em 1999 que detectou anemia em 18,1 % em mulheres em idade reprodutiva; esse número difere entre as moradoras da zona rural e urbana com maior taxa entre as moradoras da zona rural. A frequência de anemia encontrada é considerada pela OMS, como de risco populacional leve (MURILLO; DEL- PILAR; PRADILLA, 2011) A maioria das mulheres analisadas encontravam-se em eutrofia e 24, 2% das gestantes apresentaram baixo peso. Este dado corrobora com um estudo realizado por Andreto em 2006, onde a frequência de gestantes com baixo peso por idade gestacional foi de 25,4% (OMS, 2001). No mesmo estudo foi verificado excesso de peso e obesidade em 26,3% das gestantes o que se assemelha com a prevalência de sobrepeso encontrada no presente estudo de 24,5% e 60% das gestantes com estado nutricional inadequado. CONCLUSÃO Foi possível verificar neste estudo, gestantes com anemia a anemia gestacional afeta a população a nível mundial com elevada prevalência.
5 O estado nutricional da gestante necessita de cuidados e atenção. Faz-se necessário o atendimento voltado para a nutrição, visto que a gestante precisa de cuidados especiais com a alimentação e suplementação. A suplementação de ferro e ácido fólico disponível nas unidades de saúde é indispensável para as gestantes. No presente estudo, foi observada uma elevada frequência de gestante com estado nutricional inadequado, seja a observação de baixo peso, sobrepeso ou obesidade, ratificando a necessidade de um maior acompanhamento à gestantes e atuação de uma equipe multidisciplinar. REFERÊNCIAS 1. BATISTA CA, NERI JMS, MENDES RB. Avaliação nutricional antropométrica de gestantes atendidas em uma unidade de saúde da família no município de Aracaju. Cadernos de Graduação, Ciênci. Biológ. e da Saúde. 2010; 11: ANDRETO LM, SOUZA AI, FIGUEIROA J N, FILHO JEC. Fatores associados ao ganho ponderal excessivo em gestantes atendidas em um serviço público de pré-natal na cidade de Recife, Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Pública. 2006; 22: FAZIO ES, NOMURA RMY, DIAS MCG, ZUGAIB M. Consumo dietético de gestantes e ganho ponderal materno após aconselhamento nutricional. Ver. Bras. Ginecol. Obstet. 2011; 33(2): AMÉRICO SCM, FERRAZ F N. Prevalência de anemias em gestantes do município de Campo Mourão PR entre os períodos de 2005 a Ciênc. Biológ. e da saúde. 2011; 32: SOUSA FGM, GONÇALVES A PF, SIQUEIRA LCP, RIBEIRO SV O, BATISTA MDM. Prevalência de anemia por deficiência de ferro em gestantes na vila São Pedro- Paço do Lumiar- MA. Rev. Científica-cadernos de pesquisa. 2009: VITOLO MR. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, MAHAN LK, ESCOTT-STUMP S, RAYMOND JL. Krause alimentos, nutrição e dietoterapia. Ed. 13 Rio de Janeiro: ELSEVIER, BATISTA-FILHO M, SOUZA A. I, BRESANI C.C. Anemia como um problema de saúde pública: uma realidade atual. Ciência & Saúde Coletiva. 2008; 13(6): MACHADO EHS. Anemia em gestantes atendidas em unidades básicas de saúde da região administrativa do Butantã em São Paulo em 2006 e 2008 (Dissertação Doutorado). São Paulo: Universidade de São Paulo, SILVA SCL, BATISTA-FILHO M. Anemia em mães e filhos no estado de Pernambuco. IMIP, Recife: UFPE, 2005.
6 11. MURILLO OL, DEL-PILAR ZM, PRADILLA A. Situación nutricional de la gestante y su recién nacido en Cali, Rev. de Salud Pública. 2011; 13: World Health Organization. Iron deficiency anemia: assessment, prevention and control a guide for programme managers. Geneva: WHO; 2001.
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