Marcadores Discursivos. Introdução aos Estudos de Língua Portuguesa II Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves-Segundo
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- Antônia Veiga Escobar
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1 Marcadores Discursivos Introdução aos Estudos de Língua Portuguesa II Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves-Segundo Aulas 10-11
2 Introdução Said Ali, já na década de 30, atentava para um grupo peculiar de palavras, expressões ou frases, típico da língua falada, que parecia ser, mas não era descartável, uma vez que, apesar de não contribuir, significativamente, para a informatividade do texto, estava diretamente associada às intenções dos falantes em uma situação de conversação face a face. A Gramática Normativa trata esse mesmo grupo de expressões como uma modalidade de advérbio. A esse conjunto dá-se o nome de palavras denotativas.
3 Abordagem textual-interativa dos MD Em uma abordagem textual-interativa, Marcadores Discursivos (MD) consistem em uma categoria gradiente, de caráter multifuncional, que opera textualmente, na sequenciação tópica, e/ou interacionalmente, na negociação de aspectos intersubjetivos que envolvem os participantes de um evento comunicativo. MD consistem, portanto, em uma classe/categoria léxico-gramatical complexa.
4 Marcadores Discursivos e Prototipicalidade A AbordagemTextual-Interativa aborda a classe dos MD a partir de dez variáveis: 1. Frequência de recorrência 2. Articulação de segmentos discursivos 3. Orientação da interação 4. Relação com o conteúdo proposicional 5. Transparência semântica 6. Apresentação formal 7. Integração sintática em termos de estrutura oracional 8. Demarcação prosódica 9. Autonomia Comunicativa 10. Massa fônica
5 MD Prototípico As variáveis 2 articulação de segmentos discursivos e 3 orientação da interação são consideradas centrais no que concerne à funcionalidade dos MD. MD que enfatizam a articulação tópica manutenção, expansão, movimentação, abertura, fechamento são denominados (basicamente) sequenciadores. MD que privilegiam a negociação de relações intersubjetivas, orientando aspectos interacionais, são denominados (basicamente) interacionais. Ambos são considerados formas prototípicas de MD.
6 MD Prototípico No que se refere às outras variáveis, consideram-se prototípicas: 1. Alta frequência; 4. Exterior ao conteúdo proposicional; 5. Transparência semântica parcial; 7. Independência sintática; 8. Presença de demarcação prosódica; 9. Não autonomia comunicativa; 10. Massa fônica leve (até três sílabas tônicas) A variável 6 apresentação formal (forma fixa x forma variável) foi considerada pela ATI como irrelevante em termos do estabelecimento de prototipicalidade.
7 Hesitação e Planejamento O fato de o texto de oralidade concepcional ser executado e planejado localmente leva ao aparecimento de marcas de planejamento e hesitação nos textos. Alongamentos, pausas, repetições podem, em diversos casos, consistir em marcas de planejamento e hesitação. Entretanto, não são marcadores, visto que não passam pelos critérios anteriormente elencados. Marcas podem ocorrer tanto em elementos lexicais ou gramaticais comuns quanto em marcadores discursivos.
8 Monitoramento Turnos inseridos costumam ser preenchidos por formas de monitoramento, como uhum, aham, sim, claro, etc. Esses elementos tendem a ser tratados como marcadores de monitoramento. Entretanto, não se constituem em formas prototípicas e parecem estar mais associados à variável 3 orientação interacional.
9 MD Sequenciadores Tais marcadores estão diretamente associados à progressão tópica e, portanto, tendem a executar: 1. abertura de tópicos e de digressões; 2. fechamento de tópicos e de digressões; 3. movimentação tópica; 4. estabelecimento de continuidade textual. Em geral, desenvolvem-se a partir da gramaticalização de dêiticos, fóricos e juntores.
10 MD interacionais Tais marcadores estão associados, por um lado, ao grau de comprometimento/validação que a voz autoral busca imprimir no que tange às representações e avaliações construídas e, por outro, à busca de acordos com os interlocutores e à checagem do canal de comunicação. Destacam-se as funções de: 1. matizar comprometimento (atenuação); 2. buscar aprovação discursiva (validação externa).
11 MD introdutores de reformulação Tais marcadores introduzem segmentos de reformulação, tais como paráfrases e correções a serem estudados nas próximas aulas. Tendem a ser marcadores prototípicos.
12 MD não prototípicos: função textual e interpessoal Tais marcadores, em geral, exercem, concomitantemente, a função de articulador intertópico e o papel de negociador de relações intersubjetivas. Em geral, reorientam tópicos, antecipando mudanças de perspectiva, ao mesmo tempo em que chamam a atenção do interlocutor para formulações subsequentes. Destacam-se os prefaciadores, que orientam o tópico ao mesmo tempo que sinalizam que ele pode ser sensível ou conflituoso.
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