CIÊNCIA PESQUISADORES ANUNCIAM A DESCOBERTA DO BÓSON DE HIGGS, A PARTÍCULA DEUS retrato dobrasil WWW.RETRATODOBRASIL.COM.BR R$ 9,50 N O 61 AGOSTO DE 2012 MÚSICA CLEMENTINA DE JESUS, A RAINHA QUELÉ, MORTA HÁ 25 ANOS, MARCOU NOSSA CULTURA
retrato dobrasil WWW.RETRATODOBRASIL.COM.BR N O 61 AGOSTO DE 2012 FALE CONOSCO: www.retratodobrasil.com.br Reuters 5 Ponto de Vista O PESO INSUSTENTÁVEL DA DEPENDÊNCIA Veja quanto custam para o Brasil os investimentos do capital financeiro internacional feitos aqui 10 JUNTANDO PEÇAS A Comissão Nacional da Verdade começa a colher os primeiros depoimentos de agentes da ditadura [Thiago Domenici] 14 VELAS ABERTAS As discussões provocadas pela atuação das empresas estatais da China em vários países do mundo [Téia Magalhães] 18 RENOVAR É PRECISO Em meio à crise europeia, sindicatos da Espanha tentam atrair os jovens, as grandes vítimas do desemprego [Ricardo Viel] 22 É RUIM. MAS É BOM... A lei que muda o sistema de saúde dos EUA é vista como confusa e excludente até mesmo por quem a defende [Tânia Caliari] 24 A DEMOCRACIA EXPRESSA O presidente do Paraguai caiu de forma relâmpago, o que indica que é preciso mais do que bons propósitos para mudar um país [Raimundo Rodrigues Pereira] 30 AS QUATRO GRANDES POLÊMICAS Os debates que marcaram a Rio+20, a conferência internacional em que a diplomacia brasileira se destacou [Lia Imanishi] 46 HIGGS SAI DAS SOMBRAS Após décadas, é anunciada a descoberta da partícula Deus, encerrando um capítulo da história da ciência [Flávio de Carvalho Serpa] 50 A ROSA NEGRA DO BRASIL Clementina da Jesus, a trabalhadora que se transformou em marco de nossa cultura, morreu há 25 anos [André Carvalho] 53 A RIQUEZA HUMANA REVISITADA Livro de Leo Huberman chega à 22ª edição brasileira com atualização feita pela historiadora Marcia Guerra [Renato Pompeu] Reuters CARTAS À REDAÇÃO redacao@retratodobrasil.com.br rua fidalga, 146 conj. 42 cep 05432-000 são paulo - sp ATENDIMENTO AO ASSINANTE assinatura@retratodobrasil.com.br tel. 31 3281 4431 de 2 a a 6 a, das 9h às 17h Entre em contato com a redação de Retrato do Brasil. Dê sua sugestão, critique, opine. Reservamo-nos o direito de editar as mensagens recebidas para adequá-las ao espaço disponível ou para facilitar a compreensão. Retrato do BRASIL é uma publicação mensal da Editora Manifesto S.A. EDITORA MANIFESTO S.A. PRESIDENTE Roberto Davis DIRETOR VICE-PRESIDENTE Armando Sartori DIRETOR ADMINISTRATIVO Marcos Montenegro DIRETOR EDITORIAL Raimundo Rodrigues Pereira DIRETOR DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Sérgio Miranda EXPEDIENTE SUPERVISÃO EDITORIAL Raimundo Rodrigues Pereira EDIÇÃO Armando Sartori SECRETÁRIO DE REDAÇÃO Thiago Domenici REDAÇÃO Lia Imanishi Sônia Mesquita Tânia Caliari Téia Magalhães EDIÇÃO DE ARTE Pedro Ivo Sartori REVISÃO Silvio Lourenço Helder Profeta [OK Linguística] COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Alex Silva André Carvalho Flávio de Carvalho Serpa Laerte Silvino Ricardo Viel Renato Pompeu REPRESENTANTE EM BRASÍLIA Joaquim Barroncas ADMINISTRAÇÃO Neuza Gontijo Mari Pereira Maria Aparecida Carvalho OPERAÇÃO EM BANCAS ASSESSORIA EDICASE [www.edicase.com.br] DISTRIBUIÇÃO EXCLUSIVA EM BANCAS FC COMERCIAL E DISTRIBUIDOR S.A. MANUSEIO FG Press 4 retratodobrasil 61
Ponto de Vista O peso insustentável da dependência Quanto custa o capital financeiro internacional para o Brasil 1. Os números Não é muito difícil estimar com alguma precisão o aumento da dependência de nosso País em relação ao capital financeiro internacional nos últimos anos. Para isso deve-se: medir o crescimento mais recente da presença desses capitais na economia brasileira; avaliar o rendimento deles; levar em conta a crise financeira internacional; e o papel do Estado brasileiro nesse problema. E tomar um cuidado essencial: considerar que o capital financeiro internacional de propriedade de brasileiros também tem de ser computado, porque, no processo de globalização em curso, não só entra capital estrangeiro no Brasil como sai, também em escala expressiva, capital de brasileiros em busca de lucros no exterior. Para medir o crescimento do capital de estrangeiros no Brasil e o de brasileiros no exterior, uma boa ajuda se encontra numa tabela do Banco Central brasileiro chamada Série Histórica da Posição Internacional de Investimentos. Ela mostra os seguintes resultados, de março de 2002 a março de 2012, que é basicamente o período para o qual as informações do BC sobre o assunto estão consolidadas: Os brasileiros tinham no exterior 108 bilhões e passaram a ter 776 bilhões de dólares; os estrangeiros tinham aqui 382 bilhões e passaram a ter 1,342 trilhão de dólares. Ou seja, o capital estrangeiro aqui é muito maior, mas o de brasileiros no exterior cresceu praticamente sete vezes, e o de estrangeiros aqui cresceu metade disso, 3,5 vezes. Levando em conta a crise financeira internacional, observa-se, na mesma série de estatísticas do BC, que, no período citado, os capitais estrangeiros no Brasil têm três surtos de desinvestimento: Há uma fuga de investimentos no País entre dezembro de 2001 e setembro de 2002 tudo indica, iniciada em função da perspectiva de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2002 e contida com a assinatura por ele e pelo alto comando do PT da Carta ao Povo Brasileiro. Nessa primeira fuga, o chamado Passivo Internacional de Investimentos do Brasil simplificadamente, o quanto os estrangeiros têm aqui e poderiam levar embora cai 50 bilhões de dólares, de 372 bilhões para 325 bilhões. A segunda fuga foi a maior, de mais de 300 bilhões de dólares. Foi deflagrada após o estouro da crise financeira internacional, com a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers. Reduziu o montante de capital estrangeiro no País de 1,04 trilhão, em julho de 2008, para 691 bilhões de dólares, em dezembro daquele mesmo ano. E há uma terceira fuga, aparentemente em curso, que começa em junho do ano passado, com a retomada da crise financeira internacional. O montante de capitais estrangeiros no País havia se recuperado, crescido e estava no seu ponto máximo, com 1,65 trilhão de dólares. E começa a cair, para o 1,342 trilhão de dólares de março deste ano, já citado. Quanto ao Ativo Internacional de Investimentos do Brasil, nome dado ao que os brasileiros têm no exterior e poderiam trazer de volta para cá, há um cresci- 61 retratodobrasil 5
mento praticamente contínuo do total, mas com duas pausas aparentes: uma logo após o estouro da crise financeira internacional em 2008 e outra agora, com o recrudescimento dessa crise. Para avaliar o rendimento dos capitais, locais e estrangeiros, a fonte é a série histórica do Balanço de Pagamentos do Brasil, também disponível no Banco Central. Ela mostra para os dez anos entre 2001 e 2011: o rendimento anual líquido da movimentação de capitais, descontando do que entra o que sai do País, foi negativo e crescente, de uma saída de capitais de 19,7 bilhões em 2001 para 47,3 bilhões de dólares em 2011. As receitas nesse item, o quanto foi trazido ao País dos capitais daqui aplicados lá fora, foram de 3,2 bilhões para 10,7 bilhões de dólares. E as despesas, o quanto foi enviado para o exterior como renda dos capitais estrangeiros aplicados aqui, foram de 23 bilhões para 59,1 bilhões de dólares. Ou seja, como a receita nessas rendas subiu um pouco mais de três vezes e a despesa cresceu um pouco menos de três vezes, o saldo negativo cresceu um pouco menos, praticamente 2,5 vezes. Quanto aos efeitos da crise financeira internacional, notam-se movimentos diferentes do capital estrangeiro aqui e do brasileiro lá fora: a crise, nos seus dois momentos, a partir de meados de 2008 e de meados COMO UMA COLÔNIA DO SÉCULO PASSADO? 140 120 100 do ano passado, provoca uma queda na acumulação de receitas vindas dos capitais brasileiros aplicados lá fora. a crise, também nos seus dois momentos, provoca um fluxo maior de saída de capitais estrangeiros do Brasil. Finalmente, o papel do Estado nesse período pode ser visto na tabela que dá o acúmulo de reservas em moeda estrangeira pelo País, outra das contas do balanço de pagamentos também disponível para qualquer interessado. Ela mostra que o Brasil passou a acumular reservas a partir de 2001, primeiro num ritmo muito lento, depois a um ritmo um pouco maior até 2005 média de menos de 5 bilhões de dólares por ano e muito maior após 2006, média perto de 50 bilhões de dólares por ano. E esse ritmo caiu com as duas crises. O aumento das reservas foi quase nulo em 2008, o ano da crise. E a média de acumulo de reservas mensal, após setembro do ano passado, cai muito até o último dado disponível, de maio deste ano. 2. AS CONSIDERAÇÕES O que dizem esses números além do mais imediato? Deles, o que mais tem a ver com a intervenção estatal na economia é o do grande acúmulo das reservas cambiais do País. Ele explica a aparente contradição de termos dito no início que os números a serem apresentados ajudariam a provar o aumento da dependência brasileira em relação aos capitais financeiros internacionais, mas, de fato, mostram um relativo crescimento dos capitais de brasileiros no exterior. Realmente, existe esse crescimento relativo do estoque de capitais brasileiros no exterior em relação ao crescimento do estoque dos capitais estrangeiros no Brasil no período 2002-2012. Mas, a rigor, trata-se principalmente do espetacular crescimento das reservas do Brasil nesse período: elas se multiplicaram mais de dez vezes: pularam de 36 bilhões para mais de 370 bilhões de dólares. Além disso, no crescimento do capital das empresas brasileiras no exterior, devem ser computados também os grandes empréstimos do BNDES a juros subsidiados para alavancar as aquisições das firmas escolhidas para serem campeãs globais, como o de 2 bilhões de reais conversíveis em dólar para ajudar a JBS, firma goiana de carnes bovinas, a se tornar a líder mundial, nesse período. As reservas explicam a disparidade entre o rendimento dos investimentos brasileiros no exterior e o dos estrangeiros em nosso País. Como se viu, na conta do que os brasileiros trazem para cá e do que os estrangeiros levam para fora, o débito é grande: as saídas como renda dos capitais aplicados aqui foram de praticamente 60 bilhões de dólares no ano passado, enquanto as entradas como renda dos capitais brasileiros aplicados lá fora foram de menos de 11 bilhões de dólares. Ou seja, embora o volume de capitais que saíram do Brasil tenha, proporcionalmente, crescido bem mais, o rendimento deles não cresceu na mesma proporção. E isso se explica porque, como dissemos, na composição do Ativo Internacional de Investimentos do Brasil, aproximadamente 50% são reservas formadas pela compra de títulos em moeda prontamente conversíveis, como os em dólar, do Tesouro americano, ou em euro, do Bundesbank alemão, muito seguros, mas que pagam juros baixíssimos. 80 60 40 20 O gráfico é o do índice dos preços em dólar das commodities industriais, da revista The Economist, deflacionados pelo PIB dos EUA e tendo o ponto de partida 100 como os do período 1845-1850. Ele mostra, a despeito das subidas e descidas, uma continuada tendência à queda. Numa palestra recente na Associação Comercial do Rio, que completava 203 anos, o engenheiro Eliezer Batista, pai de Eike Batista, disse que o Brasil está virando uma colônia europeia africana do século passado por depender demais da exportação de commodities, cujos preços, como se veem, têm uma tendência histórica a cair. Tendo sido presidente da Vale do Rio Doce, a grande exportadora de minérios do Brasil, a declaração de Batista tem tudo a ver. 1845 1860 1870 1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 0 6 retratodobrasil 61
De fato, as reservas não são aplicações que buscam os melhores rendimentos do mercado. Nem podem ser comparadas a um entesouramento que o Brasil estaria fazendo com moedas muito seguras para gastar no futuro. De fato as reservas brasileiras são como aqueles seguros que os bancos nos obrigam a comprar quando nos emprestam dinheiro para que eles próprios possam ter algum rendimento nosso para se apossar e se ressarcir no caso de darmos um calote. Ou seja, num sentido mais político: as reservas são um dos preços que pagamos pela desconfiança que o capital financeiro internacional tem em nós. E pelo fato de termos uma economia ainda dependente do financiamento externo. É verdade que é coisa do passado a famosa dívida externa feita a partir do golpe militar de 1964, a qual levou à quebra do País em 1982, foi refeita a partir de 1992 pelos governos de Fernando Collor de Mello e em seguida de Fernando Henrique Cardoso, levou à quebra do Brasil de novo em 1998 e, no saldo, nos atormentou por mais de 40 anos. Ela acabou de ser paga em 2005, no terceiro ano do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas o tipo de dependência atual é mais profundo, embora mais sutil. A rigor, é um agravamento da dependência antiga. Isso, pelo fato de o governo Lula ter levado adiante a tarefa do governo Fernando Henrique nessa área e escancarado o país ao capital financeiro internacional, como mostraremos ao final desta história. A essa conclusão se chega, primeiro, pelo exame mais amplo do balanço de pagamentos do País, a partir do déficit que ele mostra sistematicamente na sua conta de transações correntes. O balanço de pagamentos de um país com o exterior tem duas contas básicas: a de transações correntes e a de capitais. A de capitais trata dos estoques, das reservas, dos empréstimos de mais de um ano de prazo. A das transações correntes contabiliza os fluxos anuais: de comércio as exportações e importações; os rendimentos dos capitais, prestações e juros pagos por dívidas, por exemplo; e os rendimentos dos serviços, seja de turismo, transporte ou os pagamentos de licenças e royalties e aluguéis de máquinas. As transações correntes de um país dependente como o Brasil são, sistematicamente, deficitárias. O que ele tem de saldo na exportação de mercadorias não paga o déficit das rendas de capital e dos serviços. Nos 65 anos para os quais o BC brasileiro tem o balanço de pagamentos consolidado, o Brasil é deficitário em transações correntes em mais de 80% deles. No caso dos países dependentes, como, de um modo geral, o déficit é coberto com o ingresso de capitais estrangeiros, quando o país não tem a confiança desses capitais, de certo modo é forçado a ter superávits nas transações correntes. No caso do Brasil, é assim. O país só não teve déficit em transações correntes: no ano da volta de Getulio Vargas ao poder no Brasil, em 1950; logo depois do golpe militar de 1964; no último ano da ditadura militar, em 1984; durante a Constituinte brasileira da redemocratização, de 1988 e 1989; e nos cinco primeiros anos dos governos Lula. Com a crise financeira internacional, o déficit de transações correntes do País disparou, de 28 bilhões em 2008 para 52 bilhões de dólares no ano passado. Esse déficit corresponde, aproximadamente (há outras contas menores), à diferença entre o saldo da balança comercial brasileira do ano, de 30 bilhões de dólares, e a soma do déficit de rendas dos capitais, de 47 bilhões de dólares, com o déficit de serviços, de 38 bilhões de dólares. Decorre basicamente de o País agregar pouco valor à sua produção, exportar principalmente matérias-primas e bens semielaborados e, no saldo final das contas do entra e sai, pagar um preço enorme não só pelos capitais que são investidos ou emprestados ao País e suas empresas, como pelos serviços que paga ao exterior nas mais diversas áreas. A tabela a seguir é um detalhe que mostra a dependência brasileira da tecnologia externa. Em apenas cinco dos serviços prestados pelo capital estrangeiro, a despesa líquida do País em 2011 foi de mais de 25 bilhões, quase o total do saldo da balança comercial brasileira. A conta maior é no aluguel de equipamentos: o País recebeu 69 milhões de dólares de aluguel de equipamentos de seus nacionais; e pagou quase 250 vezes mais, 16,7 bilhões de dólares pelo Tipo de serviço Em milhares de dólares Despesa Receita Líquido Audiovisuais -1.043 +13-1.030 Culturais e de recreação -1.122 +54-1.068 Royalties e licenças -3.301 +591-2.710 Computação e informática -4.036 +236-3.800 Aluguel de máquinas e equipamentos -16.755 +69-16.686 aluguel de sondas para perfuração de petróleo, aviões, escavadeiras, colheitadeiras, computadores e outras máquinas e equipamentos sofisticados. Na época da dívida externa antiga, o País cobria o buraco das transações correntes com empréstimos dos bancos internacionais. Nos períodos em que esteve quebrado tapou o rombo com empréstimos do FMI e sua dependência ficou escrachada pelas visitas regulares dos inspetores desse guardião da ordem financeira. Agora, a cobertura do déficit vem disfarçada, por uma onda, por investimentos: diretos, quando o capital de fora compra uma empresa ou uma fração dela; ou em carteira, quando o dinheiro que entra vai para a compra de ações de empresas brasileiras, ou de títulos de empresas locais ou do próprio governo oferecidos no mercado. No ano passado entraram no Brasil 68 bilhões de dólares em investimentos diretos e 35 bilhões de dólares em carteira. Esses 103 bilhões de dólares correspondem aproximadamente à soma do déficit de transações correntes, de 53 bilhões, com as reservas acumuladas, de cerca de 58 bilhões de dólares, no ano. Na sua edição de julho, Retrato do Brasil mostrou ( No mundo do dinheiro graúdo ) a dificuldade que o País enfrenta para reduzir os juros e a enorme carga que paga, de mais de 200 bilhões de reais por ano em títulos de sua dívida interna, para tentar reanimar sua economia, que deve este ano ter mais um crescimento menor do que 3%. O País é um paraíso do capital financeiro internacional. Bancos, empresas, os ricos em geral tomam dólares, euros e ienes a juros baixíssimos lá fora para aplicações aqui e, até recentemente, com a valorização do real, ainda tinham um ganho extra, ao comprar dólares para sair a preço mais baixo. A redução dos juros é essencial. Mas, se os juros caem, os capitais estrangeiros e, diga-se de passagem, de muitos brasileiros que têm suas aplicações no exterior em nome de fundos aparentemente sem pátria acham que o País está deixando de ser confiável e não está fazendo o seu dever de casa. Para reduzir os juros, o Banco Central, desde meados do ano passado, começou a criar barreiras para a entrada de capitais. Com a fuga de capitais aparentemente iniciada, o BC começou a desmontar as barreiras. É o dever de casa? É o dever da dependência? 61 retratodobrasil 7