Texto para Discussão, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), No. 1757



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Transcrição:

econstor www.econstor.eu Der Open-Access-Publkatonsserver der ZBW Lebnz-Informatonszentrum Wrtschaft The Open Access Publcaton Server of the ZBW Lebnz Informaton Centre for Economcs Barbosa, Klêno Workng Paper Sstema braslero de regstro de preços: Vrtudes e vícos à luz da teora econômca Texto para Dscussão, Insttuto de Pesqusa Econômca Aplcada (IPEA), No. 1757 Provded n Cooperaton wth: Insttute of Appled Economc Research (IPEA), Brasíla Suggested Ctaton: Barbosa, Klêno (2012) : Sstema braslero de regstro de preços: Vrtudes e vícos à luz da teora econômca, Texto para Dscussão, Insttuto de Pesqusa Econômca Aplcada (IPEA), No. 1757 Ths Verson s avalable at: http://hdl.handle.net/10419/90945 Nutzungsbedngungen: De ZBW räumt Ihnen als Nutzern/Nutzer das unentgeltlche, räumlch unbeschränkte und zetlch auf de Dauer des Schutzrechts beschränkte enfache Recht en, das ausgewählte Werk m Rahmen der unter http://www.econstor.eu/dspace/nutzungsbedngungen nachzulesenden vollständgen Nutzungsbedngungen zu vervelfältgen, mt denen de Nutzern/der Nutzer sch durch de erste Nutzung enverstanden erklärt. Terms of use: The ZBW grants you, the user, the non-exclusve rght to use the selected work free of charge, terrtorally unrestrcted and wthn the tme lmt of the term of the property rghts accordng to the terms specfed at http://www.econstor.eu/dspace/nutzungsbedngungen By the frst use of the selected work the user agrees and declares to comply wth these terms of use. zbw Lebnz-Informatonszentrum Wrtschaft Lebnz Informaton Centre for Economcs

1757 SISTEMA BRASILEIRO DE REGISTRO DE PREÇOS: VIRTUDES E VÍCIOS À LUZ DA TEORIA ECONÔMICA Klêno Barbosa

1 7 5 7 TEXTO PARA DISCUSSÃO B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 SISTEMA BRASILEIRO DE REGISTRO DE PREÇOS: VIRTUDES E VÍCIOS À LUZ DA TEORIA ECONÔMICA* Klêno Barbosa** * Esta pesqusa fo realzada com o suporte f nancero do Programa de Pesqusa para o Desenvolvmento Naconal (PNPD) (2009-2010) no Ipea, no âmbto do projeto O uso do poder de compra do governo federal na área de saúde: análse das compras públcas de medcamentos e sugestões de seu aperfeçoamento. O autor agradece a Leandro da Slva por sugerr o desenho do regstro de preços com rebate, descrto na subseção 3.3. ** Professor-assstente da Escola de Economa de São Paulo da Fundação Getulo Vargas (FGV). Endereço eletrônco: <kleno.barbosa@fgv.br>.

Governo Federal Secretara de Assuntos Estratégcos da Presdênca da Repúblca Mnstro Wellngton Morera Franco Fundação públca vnculada à Secretara de Assuntos Estratégcos da Presdênca da Repúblca, o Ipea fornece suporte técnco e nsttuconal às ações governamentas possbltando a formulação de númeras polítcas públcas e programas de desenvolvmento braslero e dsponblza, para a socedade, pesqusas e estudos realzados por seus técncos. Presdenta Interna Vanessa Petrell Corrêa Dretor de Desenvolvmento Insttuconal Geová Parente Faras Dretora de Estudos e Relações Econômcas e Polítcas Internaconas Lucana Acoly da Slva Dretor de Estudos e Polítcas do Estado, das Insttuções e da Democraca Alexandre de Ávla Gomde Dretor de Estudos e Polítcas Macroeconômcas, Substtuto Claudo Roberto Amtrano Texto para Dscussão Publcação cujo objetvo é dvulgar resultados de estudos dreta ou ndretamente desenvolvdos pelo Ipea, os quas, por sua relevânca, levam nformações para profssonas especalzados e estabelecem um espaço para sugestões. Insttuto de Pesqusa Econômca Aplcada pea 2012 Texto para dscussão / Insttuto de Pesqusa Econômca Aplcada.- Brasíla : Ro de Janero : Ipea, 1990- ISSN 1415-4765 1.Brasl. 2.Aspectos Econômcos. 3.Aspectos Socas. I. Insttuto de Pesqusa Econômca Aplcada. CDD 330.908 As opnões emtdas nesta publcação são de exclusva e ntera responsabldade do(s) autor(es), não exprmndo, necessaramente, o ponto de vsta do Insttuto de Pesqusa Econômca Aplcada ou da Secretara de Assuntos Estratégcos da Presdênca da Repúblca. É permtda a reprodução deste texto e dos dados nele contdos, desde que ctada a fonte. Reproduções para fns comercas são probdas. Dretor de Estudos e Polítcas Regonas, Urbanas e Ambentas Francsco de Asss Costa Dretor de Estudos e Polítcas Setoras de Inovação, Regulação e Infraestrutura Carlos Eduardo Fernandez da Slvera Dretor de Estudos e Polítcas Socas Jorge Abrahão de Castro Chefe de Gabnete Fabo de Sá e Slva Assessor-chefe de Imprensa e Comuncação, Substtuto João Cláudo Garca Rodrgues Lma Ouvdora: http://www.pea.gov.br/ouvdora URL: http://www.pea.gov.br JEL: D02; H1; H83; L24.

SUMÁRIO SINOPSE 1 INTRODUÇÃO... 7 2 O SRP... 8 3 SISTEMA BRASILEIRO DE REGISTRO DE PREÇOS À LUZ DA TEORIA DOS JOGOS... 19 4 LEILÃO DE MÚLTIPLAS UNIDADES... 25 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 32 REFERÊNCIAS... 37

SINOPSE O objetvo deste trabalho é analsar o modelo braslero de regstro de preços à luz da Teora dos Jogos. Para tanto, será analsado o comportamento estratégco dos agentes (compradores e vendedores), os equlíbros e as prevsões que podem ser fetos por meo desta analse. Assm, serão dentfcadas as nefcêncas do sstema, sto é, as alocações subótmas sob o ponto de vsta socal e das fnanças do setor públco. Em seguda, serão propostos mecansmos que corrjam as nefcêncas do sstema à luz da Teora de Desenho de Mecansmo. Palavras-chave: regstro de preços; agregação de demanda; comportamento de carona; nefcêncas econômcas do sstema e soluções.

Texto para Dscussão 1 7 5 7 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca 1 INTRODUÇÃO O sstema braslero de regstro de preços (SRP) é um sstema de aqusção de bens e contratação de servços. Por ntermédo deste, empresas dsponblzam os bens e os servços a preços e prazos regstrados em ata específca. A aqusção ou contratação é feta quando melhor conver aos órgãos ou às entdades que ntegram o processo. O SRP apresenta algumas vrtudes: ) permte uma maor transparênca nas compras públcas; ) consttu um bom mecansmo para seleconar fornecedores (menor custo e melhor fornecedor); ) permte uma maor agldade no processo de contratações; e v) permte um melhor gerencamento e controle de estoques, permtndo que as esferas do governo façam uma melhor execução orçamentára. O objetvo deste trabalho é analsar o modelo braslero de regstro de preços à luz da Teora dos Jogos. Para tanto, será analsado o comportamento estratégco dos agentes (compradores e vendedores), os equlíbros e as prevsões que podem ser fetas por meo desta análse. As nefcêncas do sstema serão dentfcadas, ou seja, as alocações subótmas sob o ponto de vsta socal e fnancero do setor públco. Em seguda, serão propostos mecansmos que corrjam as nefcêncas do sstema à luz da Teora de Desenho de Mecansmo. Este artgo está organzado em cnco seções. Na seção 2 será apresentado o modelo braslero de regstro de preços. 1 Serão descrtos o contexto no qual o sstema fo crado e os seus objetvos. Desta manera, serão apresentadas a estrutura e a organzação do SRP, bem como as etapas do processo, as nsttuções envolvdas e seus papés. Na seção 3 deste artgo será feta uma análse do SRP à luz da Teora dos Jogos. Com este ntuto, será apresentado o jogo de regstro de preços, dscutndo as vrtudes do sstema sob o ponto de vsta da teora econômca, bem como as nefcêncas e soluções. 1. A seção 2 deste artgo fo baseada nas apostlas Elaboração de edtas para aqusções no setor públco e regstro de preços da Escola Naconal de Admnstração Públca (ENAP [s. d.]a). 7

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 Na seção 4 serão apresentados os lelões de múltplas undades, mecansmo amplamente usado na compra de dversas undades. Como se esclarecerá adante, tal mecansmo pode ser um mecansmo alternatvo ao sstema de pregão/lelão untáro utlzado no SRP. 2 O SRP 2.1 Antecedentes: Le das Lctações 2.1.1 Lctações públcas no Brasl: tpos e modaldades Qualquer esfera da admnstração públca deve utlzar a lctação como um procedmento para adqurr um bem, executar uma obra ou realzar um servço por meo de terceros. Lctação é o procedmento admnstratvo medante o qual a admnstração selecona, entre váras propostas referentes a compras, obras ou servços, a que melhor atende ao nteresse públco, a fm de celebrar contrato com o responsável pela proposta mas vantajosa. 2 A Le das Lctações Le n o 8.666 de 1993 regulamenta o uso de lctações pelo poder públco braslero. De acordo com tal legslação, exstem as seguntes modaldades de lctações: ) concorrênca; ) tomada de preços; ) convte; v) pregão presencal; v) pregão eletrônco; v) concurso; e v) lelão. Na modaldade concorrênca, os lances são dados em envelopes fechados e a partcpação é aberta a qualquer nteressado. Na tomada de preços, os lances também são dados em envelopes fechados e somente os nteressados devdamente cadastrados podem partcpar da lctação. Na modaldade convte, os lances também são dados em envelopes fechados, e os partcpantes são convdados. 3 No pregão presencal, exste uma etapa ncal na qual os partcpantes dão lances em envelopes fechados. Em uma etapa posteror, as empresas dão lances ao vvo. Nesta modaldade, qualquer fornecedor nteressado pode partcpar. No pregão eletrônco, os partcpantes dão lances on-lne. Neste caso, a partc- 2. Para mas detalhes sobre o assunto, consultar Fuza (2007). 3. Para a realzação do certame é necessáro haver, no mínmo, três canddatos. 8

Texto para Dscussão 1 7 5 7 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca pação é aberta a qualquer nteressado. A modaldade concurso é usada para a escolha de trabalhos técncos, centífcos ou artístcos. O lelão é utlzado na alenação de bens. A determnação da modaldade da lctação a ser usada depende do valor e do tpo de produto ou servço demandado pela esfera públca. Quando se tratar de obras e servços de engenhara, a modaldade a ser adotada deve respetar os seguntes crtéros: ) a modaldade convte pode ser utlzada para obras e servços cujos valores não ultrapassem R$ 150 ml; ) a modaldade tomada de preços pode ser utlzada para obras e servços cujos valores não ultrapassem R$ 1,5 mlhão; e ) a modaldade concorrênca pode ser utlzada para obras e servços de qualquer valor, sendo a únca que pode ser utlzada para obras e servços cujos valores sejam superores a R$ 1,5 mlhão. O pregão não pode ser utlzado para obras e servços de engenhara. Quando se tratar de compras de bens e outros servços, a modaldade a ser adotada deve respetar os seguntes crtéros: ) a modaldade convte pode ser utlzada para compras de bens e outros servços cujos valores não ultrapassem R$ 80 ml; ) a modaldade tomada de preços pode ser utlzada para compras de bens e outros servços cujos valores não ultrapassem R$ 650 ml; e ) a modaldade concorrênca pode ser utlzada para compras de bens e outros servços de qualquer valor, sendo a únca que pode ser utlzada para compras e outros servços cujos valores sejam superores a R$ 650 ml. O pregão pode ser utlzado para compras de bens e servços comuns de qualquer valor. As lctações no Brasl são também classfcadas quanto ao tpo. O tpo refere-se ao crtéro utlzado para seleconar a empresa que rá prover os servços ou os bens à esfera públca. Exstem quatro tpos de lctações: ) menor preço; 4 ) melhor técnca; ) melhor técnca e preço; e v) maor lance/oferta. No tpo menor preço, vence aquele que ofertar o menor preço. No tpo melhor técnca, vence aquele com melhor qualdade (precsão, segurança e durabldade). Neste tpo, o crtéro do menor preço não é desprezado, mas o foco é a qualdade do produto. No tpo melhor técnca e preço vence aquela empresa que apresentar a melhor qualdade e possur o menor preço. 4. As lctações do tpo menor preço são classfcadas quanto à forma de execução, sendo denomnadas como: empretada por preço global, empretada por preço untáro, tarefa e empretada ntegral. 9

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 O tpo maor lance/oferta é utlzado na alenação de bens ou concessão de dreto de uso, e vence aquele que der o maor lance. Vale destacar que na modaldade pregão usa-se sempre o tpo menor preço, e que o tpo melhor técnca ou técnca e preço são utlzados exclusvamente para servços de natureza predomnantemente ntelectual: projetos, cálculos, fscalzação, estudos técncos. Em alguns casos exste dspensa ou nexgbldade de lctações públcas. Por exemplo, para obras/servços de engenhara cujos valores não ultrapassem R$ 15 ml, ou compras/ outros servços cujos valores sejam nferores a R$ 8 ml, a lctação é dspensada. Há nexgbldade de lctação quando houver nvabldade de competção. Isto pode ocorrer, por exemplo, quando houver apenas um fornecedor do bem, ou quando os bens só puderem ser fornecdos por um únco produtor, empresa ou representante comercal, vedada a preferênca de marca, medante comprovação de exclusvdade. 2.1.2 Lctações públcas no Brasl: benefícos e custos A adoção de lctação traz os seguntes benefícos para o governo: ) maor transparênca nas compras públcas; e ) um bom mecansmo para seleconar compradores, uma vez que o governo adqure bens e servços pelo menor custo e o fornecedor mas efcente provê o governo com bens e servços. Por seu turno, a adoção de lctação exbe alguns custos de transação para o governo. Por exemplo, uma elevada burocraca para sua elaboração e execução, um longo processo para sua execução que acaba obrgando as esferas públcas a manterem elevados estoques. Para assegurar os benefícos das lctações e ao mesmo tempo reduzr os custos de tal mecansmo de compras, o governo braslero elaborou o SRP. Na próxma subseção será dscutdo tal sstema em detalhes. 10 2.2 O SRP 2.2.1 Apresentação O SRP é um sstema de aqusção de bens e de contratação de servços no qual as empresas dsponblzam os bens e os servços a preços e prazos regstrados em ata específca cuja aqusção ou contratação é realzada quando melhor conver aos órgãos ou às entdades que ntegram o processo.

Texto para Dscussão 1 7 5 7 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca O regstro de preços deve ser preceddo de uma ampla pesqusa de mercado e realzado por meo de lctação na modaldade concorrênca ou no pregão. O tpo de lctação deverá ser o de menor preço. 5 2.2.2 Legslação A Le n o 8.666 de 1993 (alterada pelas Les n o 8.883 de 1994 e n o 9.648 de 1998) estabelece que, sempre que possível, as compras deverão ser realzadas por meo do SRP. O Decreto n o 3.931, de 19 de setembro de 2001, regulamenta o SRP na área federal, e o Decreto n o 4.342, de 23 de agosto de 2002, altera dspostvos do Decreto n o 3.931, nclundo a possbldade de utlzação da modaldade de pregão. A Instrução Normatva Mare n o 08/1998 dspõe sobre a regulamentação de procedmentos lctatóros e de contratação de fornecmentos processados pelo SRP, e a Instrução Normatva Seap/Mog n o 04/1999 dspõe sobre procedmentos a serem adotados para compras de bens no âmbto do sstema de servços geras (SISG). 2.2.3 Quando o SRP deverá ser adotado? O SRP deverá ser adotado nas stuações descrtas a segur. 1. Quando, pelas característcas do bem ou servço, houver necessdade de contratações frequentes. 2. Quando for mas convenente a aqusção de bens com prevsão de entregas parceladas ou a contratação de servços necessáros à admnstração para o desempenho de suas atrbuções. 3. Para a contratação de servços necessáros à admnstração para o desempenho de suas atrbuções. 4. Quando for convenente a aqusção de bens ou a contratação de servços para o atendmento a mas de um órgão ou uma entdade, ou a programas de governo. 5. Quando, pela natureza do objeto, não for possível defnr prevamente o quanttatvo a ser demandado pela admnstração. 5. Excepconalmente, o tpo melhor técnca e preço, na modaldade concorrênca, pode ser adotado. Tal decsão fca a crtéro do órgão gerencador, medante despacho devdamente fundamentado da autordade máxma do órgão ou da entdade. 11

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 6. Quando não for possível defnr prevamente o quanttatvo com precsão. 7. Quando poderá ser realzado o regstro de preços para a contratação de bens e servços de nformátca, obedecda a legslação vgente, desde que devdamente justfcada e caracterzada. 2.2.4 Benefícos advndos do SRP Os benefícos do SRP são os seguntes: ) maor agldade no processo de contratações; ) melhor gerencamento e controle de estoques; ) melhor execução orçamentára; v) menor número de lctações; e v) os benefícos já conhecdos advndos com a Le das Lctações. 2.2.5 Insttuções e atrbuções Bascamente, dos tpos de nsttuções atuam no SRP: compradores (órgãos e nsttuções públcas) e fornecedores. Um comprador partcpante do regstro de preços pode ser um órgão gerencador ou um órgão partcpante. O prmero é um órgão ou uma entdade da admnstração públca, responsável pela condução do conjunto de procedmentos do certame para regstro de preços e gerencamento da Ata de Regstro de Preços deste decorrente. O segundo é um órgão ou entdade que partcpa dos procedmentos ncas do SRP e ntegra a Ata de Regstro de Preços. Os fornecedores são todas as empresas que se canddataram para fornecer os bens e servços aos compradores. Qualquer empresa que satsfaça os requstos do edtal podese canddatar a fornecedor. A entrega dos documentos para a habltação da canddatura ocorre no nco do certame, mas o exame de sua valdade é posteror a este. O órgão gerencador possu as atrbuções lstadas a segur. 1. Elaborar, conduzr e pratcar o conjunto de procedmentos de regstro de preços que envolvem a determnação dos quanttatvos, a realzação de pesqusa de mercado e do procedmento lctatóro (elaborar edtal, convdar fornecedores). 2. Gerencar a Ata de Regstro de Preços. 3. Pratcar todos os atos de controle e a admnstração dos SRP. 4. Convdar, medante correspondênca eletrônca ou outro meo efcaz, os órgãos e as entdades para partcparem do regstro de preços. 12

Texto para Dscussão 1 7 5 7 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca 5. Consoldar todas as nformações relatvas à estmatva ndvdual e total de consumo, promovendo a adequação dos respectvos projetos báscos encamnhados para atender aos requstos de padronzação e raconalzação. 6. Promover todos os atos necessáros à nstrução processual para a realzação do procedmento lctatóro pertnente, nclusve a documentação das justfcatvas nos casos em que a restrção à competção for admssível pela le. 7. Realzar a pesqusa de mercado necessára, com vstas à dentfcação dos valores a serem lctados. 8. Confrmar, junto aos órgãos partcpantes, sua concordânca com o objeto a ser lctado, nclusve quanto aos quanttatvos e projeto básco. 9. Realzar todo o procedmento lctatóro, bem como os atos dele decorrentes, tas como a assnatura da ata e o encamnhamento de sua copa aos demas órgãos partcpantes. 10. Gerencar a Ata de Regstro de Preços, provdencando a ndcação, sempre que solctado, dos fornecedores, para atendmento às necessdades da admnstração, obedecendo à ordem de classfcação e aos quanttatvos de contratação defndos pelos partcpantes da ata. 11. Conduzr os procedmentos relatvos a eventuas renegocações dos preços regstrados e a aplcação de penaldades por descumprmento do pactuado na Ata de Regstro de Preços. 12. Realzar, quando necessáro, preva reunão com os lctantes, vsando nformá-los das peculardades do SRP e coordenar, com os órgãos partcpantes, a qualfcação mínma dos respectvos gestores ndcados. 13. Renegocar a ata. O órgão partcpante possu as atrbuções lstadas a segur. 1. Manfestar nteresse em partcpar do regstro de preços, provdencando o encamnhamento, ao órgão gerencador, de sua estmatva de consumo, cronograma de contratação e respectvas especfcações ou projeto básco. 2. Garantr que todos os atos nerentes ao procedmento para sua nclusão no regstro de preços a ser realzado estejam devdamente formalzados e aprovados pela autordade competente. 3. Manfestar, junto ao órgão gerencador, sua concordânca com o objeto a ser lctado, antes da realzação do procedmento lctatóro. 13

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 4. Promover consulta préva junto ao órgão gerencador quando da necessdade de contratação, a fm de obter a ndcação do fornecedor, os respectvos quanttatvos e os valores a serem pratcados, encamnhando, posterormente, as nformações sobre a contratação efetvamente realzada. 5. Assegurar-se, quando do uso da Ata de Regstro de Preços, que a contratação a ser procedda atenda aos seus nteresses, sobretudo quanto aos valores pratcados, nformando ao órgão gerencador eventual desvantagem quanto a sua utlzação. 6. Informar ao órgão gerencador, quando de sua ocorrênca, a recusa do fornecedor em atender as condções estabelecdas em edtal, frmadas na Ata de Regstro de Preços, as dvergêncas relatvas à entrega, as característcas e a orgem dos bens lctados e a recusa do mesmo em assnar contrato para fornecmento ou prestação de servços. 7. Especfcar e quantfcar os bens e os servços que necesstam. 8. Transmtr tas nformações para o órgão gerencador. 9. Indcar potencas fornecedores para o processo lctatóro. 10. Auxlar na pesqusa de mercado. 11. Indcar gestor do contrato. A fgura 1 apresenta a estrutura organzaconal do SRP e exbe todas as nsttuções partcpantes. FIGURA 1 Estrutura organzaconal do SRP UG Carona UG Partcpante UG Partcpante UG Partcpante UG Gerencadora UG Partcpante UG Partcpante UG Partcpante Sstema de regstro de preços Fonte: ENAP [s.d.]b. 14

Texto para Dscussão 1 7 5 7 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca 2.2.6 Edtal do regstro de preços Uma das peças que compõem o SRP é o edtal. O edtal deve conter as nformações descrtas a segur. 1. O prazo de valdade do regstro de preço. 2. A estmatva de quantdades a serem adqurdas no prazo de valdade do regstro. 3. O preço untáro máxmo que a admnstração se dspõe a pagar por contratação, consderadas as regões e as estmatvas de quantdades a serem adqurdas. 4. O preço untáro máxmo que a admnstração se dspõe a pagar. 5. A quantdade mínma de undades a ser cotada, por tem, no caso de bens. 6. Os órgãos e as entdades partcpantes do respectvo regstro de preço. 7. Os modelos de planlhas de custo, quando cabíves, e as respectvas mnutas de contratos, no caso de prestação de servços. 8. O edtal poderá admtr, como crtéro de adjudcação, a oferta de desconto sobre a tabela de preços pratcados no mercado, nos casos de peças de veículos, medcamentos, passagens aéreas, manutenções e outros smlares. 9. Quando o edtal prever o fornecmento de bens ou a prestação de servços em locas dferentes, é facultada a exgênca de apresentação de proposta dferencada por regão, de modo que aos preços sejam acrescdos os respectvos custos, varáves por regão. 2.2.7 Ata de Regstro de Preços Outra peça do regstro de preço é a Ata de Regstro de Preços. Nela são regstrados os preços e os fornecedores (tantos fornecedores quantos necessáros para que seja atngda a quantdade total estmada). Ao preço do prmero colocado poderão ser regstrados tantos fornecedores quantos necessáros para que, em função das propostas apresentadas, seja atngda a quantdade total estmada para o tem ou lote. 6 6. O preço regstrado e a ndcação dos respectvos fornecedores serão dvulgados em órgão ofcal da admnstração e fcarão dsponblzados durante a vgênca da Ata de Regstro de Preços. 15

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 O prazo de valdade da Ata de Regstro de Preço não poderá ser superor a um ano, computadas nestes as eventuas prorrogações. É admtda a prorrogação da vgênca da ata quando a proposta contnuar mostrando-se mas vantajosa, satsfetos os demas requstos dessa norma. Vale destacar que a exstênca de preços regstrados não obrga a admnstração a frmar contratações. Faculta-se a realzação de lctação específca para a aqusção pretendda, sendo assegurada ao benefcáro do regstro a preferênca de fornecmento em gualdade de condções. As fguras seguntes lustram por meo de fluxogramas o SRP. As fguras 2 e 3 apresentam, respectvamente, o fluxograma do regstro de preços no estágo lctatóro e no estágo de gerencamento da ata; e a fgura 4 apresenta o rotero para execução do pregão de regstro de preços. FIGURA 2 Fluxograma do regstro de preços: procedmento lctatóro Iníco Órgãos usuáros envam programação anual de compras Órgão gerencador consolda tens Regstro de preços Fluxograma Procedmento lctatóro por regstro de preços Órgão gerencador procede lctação por regstro de preços Órgão gerencador procede lctação por regstro de preços Ata de regstro de preços Fonte: ENAP [s.d.]b. 1 16

Texto para Dscussão 1 7 5 7 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca FIGURA 3 Fluxograma do regstro de preços: gerencamento da ata 1 Regstro de preços Fluxograma Gerencamento da ata de regstro de preços Órgãos usuáros solctam ndcação de fornecedor para proceder a contratação Órgão gerencador ndca Fornecedores Órgão usuáro formalza contratação Órgão usuáro encamnha a órgão gerencador a documentação referente à contratação realzada Térmno Fonte: ENAP [s.d.]b. 2.2.8 Renegocação da Ata de Regstro de Preços A Ata de Regstro de Preços pode sofrer alterações nas seguntes contngêncas: ) quando houver modfcação de projeto, das especfcações, e do quanttatvo (unlateralmente pela adestração); e ) quando houver redução dos preços pratcados no mercado ou elevação dos custos de servços, podendo haver uma revsão dos preços regstrados. Vale destacar que o fornecedor será lberado do compromsso quando o mesmo não quser/puder renegocar a ata, sendo os demas fornecedores chamados para a negocação. Não havendo êxto nas negocações, a Ata de Regstro de Preços pode ser revogada. 2.2.9 Carona na Ata de Regstro de Preços A Ata de Regstro de Preços, durante sua vgênca, poderá ser utlzada por qualquer órgão ou entdade da admnstração que não tenha partcpado do certame lctatóro, medante preva consulta ao órgão gerencador, desde que haja uma vantagem devdamente comprovada. 7 7. O Artgo 8 o do Decreto n o 3.931 não é claro sobre qual nsttução deve-se benefcar com o carona. 17

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 Os órgãos e as entdades que não partcparam do regstro de preços, quando desejarem fazer o uso da Ata de Regstro de Preços, deverão manfestar nteresse junto ao órgão gerencador da ata, para que este ndque os possíves fornecedores e os respectvos preços a serem pratcados, obedecda a ordem de classfcação. A partcpação do carona 8 está sujeta à aprovação do órgão gerencador. Vale destacar que o fornecedor benefcáro pode optar pelo não fornecmento do carona, sto é, caberá ao fornecedor benefcáro da Ata de Regstro de Preços, observadas as condções nela estabelecdas, optar pela acetação ou não do fornecmento, ndependentemente dos quanttatvos regstrados em ata, e acetar somente se o fornecedor não prejudcar as obrgações anterormente assumdas. Vale destacar também que as aqusções ou contratações adconas a que se refere este artgo não poderão exceder, por órgão ou entdade, a 100% dos quanttatvos regstrados na Ata de Regstro de Preços. FIGURA 4 Rotero para a execução do pregão de regstro de preços Rotero para execução do pregão Abertura da sessão Credencamento Orentações de operação do pregão Etapa de lances Seleção das propostas para lances Abertura dos envelopes de propostas Negocação Abertura do envelope de habltação da melhor oferta Manfestação de recursos Adjudcação da ata Fonte: ENAP [s.d.]b. 8. A fgura do carona (free-rdng) é dscutda prncpalmente na área de fnanças públcas e de teora de mercados. O comportamento do carona pode ser entenddo como aquele em que um ou mas agentes econômcos acabam usufrundo de um determnado benefíco provenente de um bem, sem que tenha havdo uma contrbução para a obtenção de tal. 18

Texto para Dscussão 1 7 5 7 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca 3 SISTEMA BRASILEIRO DE REGISTRO DE PREÇOS À LUZ DA TEORIA DOS JOGOS Nesta seção do artgo será feta uma análse do SRP à luz da Teora dos Jogos. Para tanto será estudado o SRP como um jogo usando a metodologa amplamente adotada pela Teora dos Jogos. Tal análse tem o objetvo de entender o comportamento estratégco dos agentes (compradores e vendedores) partcpantes do jogo do regstro de preços, dentfcar os possíves equlíbros e prever os possíves resultados do jogo. Usando tal arcabouço poder-se-á dentfcar as possíves nefcêncas, sto é, as alocações subótmas sob o ponto de vsta socal e das fnanças do setor públco. Uma vez tendo sdo dentfcada as nefcêncas do sstema, mecansmos que possam corrg-los serão propostos. Para cumprr tal objetvo, esta seção está organzada em três subseções. Na subseção 3.1 será apresentado um modelo básco e smples que descreve o SRP como um jogo. Este modelo básco possu os ngredentes necessáros para dentfcar os benefícos e os vícos do sstema em um arcabouço formal. Na subseção 3.2 serão apresentadas dversas extensões do modelo básco. Tas extensões ajudarão a entender o papel de cada agente (compradores gestor e partcpante e vendedores) no jogo de regstro de preço. Para conclur, na subseção 3.3, serão dscutdas as nefcêncas e os mecansmos para corrg-las. 3.1 Jogo de regstro de preços: modelo básco Consdere uma economa de dos períodos composta pelos seguntes agentes: compradores e fornecedores. Os compradores demandam uma undade de um certo bem/ servço, e os fornecedores são equpados com a tecnologa para a produção de tal bem. O valor do bem para cada comprador: v = v para todo. 9 9. Na próxma subseção, esta hpótese será relaxada. 19

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 3.1.1 Compradores Exstem dos tpos de compradores: compradores do tpo 1 e compradores do tpo 2. Os compradores são ndexados por, sto é, comprador-. Os compradores do tpo 1 sabem que, em t = 1, necesstam de uma undade do bem. Exstem l compradores do tpo 1 e o conjunto de compradores do tpo 1 é representando pelo conjunto L = { 1,2,..., l}. Os compradores do tpo 2 saberão apenas em t = 2 se rão ou não demandar o bem. Em partcular, com probabldade µ (0,1), rão demandar uma undade do bem. Exstem m compradores do tpo 2 e o conjunto de compradores do tpo 2 é representado pelo conjunto M = { l + 1, l + 2,..., l + m}. Sendo assm, o total de compradores (do tpo 1 e do tpo 2) é l + m. O mecansmo de compra usado pelos compradores é o SRP. Assume-se que exste um custo de processo (ou custo de elaboração/organzação) para a organzação do regstro de preços que é gual a K, sendo ndependente do número de undades compradas. Cada comprador que compra o bem, por meo do regstro de preço, paga um preço untáro por cada bem no sstema gual a p. Sendo assm, o payoff do comprador que organza o regstro de preços e paga o custo de organzação K é o segunte: v p K (1) Por seu turno, o payoff do comprador que partcpa do regstro de preços comprando uma undade do bem, mas não organza o regstro de preços (não paga o custo de organzação K ), é o segunte: v p (2) 3.1.2 Fornecedores Assume-se que exste um contínuo de fornecedores, ndexados por β [ β, β ]. O custo untáro para o fornecedor β é c( β, Q), em que Q é a quantdade total vendda pelo fornecedor. Tal custo untáro nclu custo de produção, logístca e entrega da mercadora para os compradores partcpantes da ata. 20

Texto para Dscussão 1 7 5 7 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca O parâmetro β, além de dentfcar o fornecedor, é também um parâmetro que está relaconado à efcênca na produção do fornecedor. Em partcular, quanto menor o valor de β, menor o custo untáro. Portanto, o fornecedor β é o mas efcente c (menor custo). Desta manera, assume-me que ( β, Q) 0. β Será admtdo que os fornecedores possuam economas de escala ao menos em parte do processo produtvo. Ou seja, qualquer fornecedor pode reduzr o custo untáro aumentando a produção. Formalmente, mn c( β, Q) = c( β, Q), (3) Q tal que - c Q [ 0, Q] ( β, Q) 0 (4) Q c Q [ Q, ] ( β, Q) > 0 (5) Q A equação (4) revela que para todo Q menor que Q, o custo untáro dmnu quando Q aumenta. Por seu turno, a equação (5) dz que para todo Q, maor que Q, o custo untáro aumenta quando Q aumenta. Em partcular, o custo untáro atnge o valor mínmo quando Q = Q. Tal hpótese é representada pela equação (3). 3.1.3 Hpótese auxlar Será assumdo que a segunte condção é satsfeta: K v c( β, l + µ m) > 0 (6) ( l + µ m) Para entender tal condção vale lembrar que o número total de compradores do tpo 1 que demanda uma undade do bem é (l ), e o número esperado de compradores do tpo 2 que demanda uma undade do bem no período 2 é µ m. Desta manera, o número total esperado de compradores é l + µ m. Note que este número concde com a demanda total de bens. 21

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 A condção (6) dz que o valor untáro do bem ( v ), menos o custo untáro do bem quando o número de compradores é gual a l + µ m do fornecedor menos efcente ( c ( β, l + µ m )), menos o custo do processo, dvddo pelo número esperado de compradores (( m) ) l + µ K, é postvo. Tal condção dz que é socalmente ótmo para todos os compradores adqurrem uma undade dos bens. 3.1.4 Sequênca de eventos no jogo de regstro de preços O jogo é dvddo em três estágos: ) o estágo do desenho, no qual os compradores aderem ao regstro de preço e determnam os quanttatvos (undades demandadas pelo regstro de preço); ) o estágo da lctação, no qual os fornecedores competem pelo fornecmento; e ) para conclur, o estágo do carona, no qual os compradores do tpo 2 podem aderr a algum SRP exstente. Em seguda, apresentam-se os eventos em cada um dos estágos. Estágo do desenho No estágo do desenho, os seguntes eventos sucessvos ocorrem: ) os compradores decdem partcpar ou não do processo: n compradores; ) os compradores partcpantes decdem contrbur para a execução do processo de regstro de preços: dvdr o custo K ; ) os compradores publcam um edtal nformando os compradores e os quanttatvos; e v) os compradores defnem quem será o órgão gestor. Estágo da lctação No estágo da lctação, os eventos sucessvos ocorrem: ) os fornecedores dão lances pelas n undades; ) o fornecedor que der o menor lance vence o certame; e ) contratos entre os compradores e o fornecedor vencedor são frmados. Estágo do carona No estágo do carona, os seguntes eventos sucessvos ocorrem: ) o comprador do tpo 2 descobre se necessta do bem ou não; ) se este necessta, o comprador do tpo 2 decde abrr um novo regstro de preço ou pegar carona; ) os demas compradores que não fzeram parte do estágo do desenho decdem se pegam carona ou não; v) o órgão gestor autorza ou não o carona; e v) o fornecedor vencedor decde fornecer ou não o carona pelo regstro de preços. 22

Texto para Dscussão 1 7 5 7 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca 3.1.5 Resultado de equlíbro do jogo Como o jogo de regstro de preços apresentado nesta seção é um jogo dnâmco, com nformação perfeta, o conceto relevante de equlíbro para este contexto é o equlíbro perfeto em subjogos. Como descreve Fudenberg e Trole (1991), este tpo de equlíbro pressupõe que os agentes possuam conhecmento comum sobre: as preferêncas de todos os ndvíduos da economa; as tecnologas das frmas; todos os estágos do jogo; e todas as ações que cada ndvíduo pode tomar em cada contngênca possível. Tal hpótese é chamada na lteratura econômca de common knowledge. 10 Para dentfcar tal equlíbro, será utlzado o prncípo da ndução retroatva. Portanto, é assumdo que os agentes da economa se antecpam às ações futuras dos demas agentes, levando em conta que, em toda contngênca e em cada nstante de tempo, os agentes sempre escolhem as ações que maxmzam o própro payoff. Por meo deste prncípo, dentfcam-se os equlíbros de Nash em cada subjogo (ou estágo), começando pelo menor subjogo que é o estágo do carona. Estágo do carona No estágo do carona, as decsões sucessvas descrtas a segur são ótmas. 1. O fornecedor aceta fornecer o carona se p c( β, n + 1) p c( β, n). Em partcular, se n + µ m Q, sgnfca que o fornecedor aceta todos os caronas. 2. O órgão gestor autorza o carona se a presença deste permtr a redução do custo untáro, ou seja, se o fornecedor possur economas de escala, c( β, n + 1) c( β, n). Tal estratéga é ótma para o gestor porque se fzer o contráro, ou seja, acetar o carona quando c( β, n + 1) > c( β, n), então o fornecedor poderá acetar fornecer para o carona, o que pode elevar o custo margnal de produção do fornecedor. Um maor custo margnal eleva o preço pago pelo gestor, o que reduz o seu payoff. 3. Todos µ m pegam carona se n + µ m Q. 10. Para uma descrção completa das hpóteses e dos concetos de equlíbro em jogos, vale consultar Fudenberg e Trole (1991). 23

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 Estágo da lctação No estágo da lctação, as decsões sucessvas descrtas a segur são ótmas. 1. Se n + µ m Q, então o órgão gestor e os fornecedores acetam carona. Em vrtude, os fornecedores sabem que ao vencer o certame venderão µ m + n undades. A competção entre fornecedores leva o lance untáro a ser gual ao custo untáro. Portanto, o lance de equlíbro é p ( β ) = c( β, µ m + n). 2. Se n Q < n + 1, então o órgão gestor e os fornecedores não acetam nenhum carona. Sendo assm, os fornecedores sabem que ao vencer o certame venderão n undades. A competção entre fornecedores leva o lance untáro ser gual ao custo untáro. Portanto, o lance de equlíbro é p( β ) = c( β, n). 3. Como resultado, o fornecedor com β = β ganha a lctação, pos é o fornecedor mas efcente, dando um lance gual a p = c( β, µ m + n) ou p = c( β, n). Estágo do desenho No estágo do desenho, as duas decsões sucessvas são ótmas: ) todos os compradores partcpam do desenho: n = l ; e ) apenas um dos compradores paga o custo do processo de elaboração do regstro de preços. Note que no equlíbro do jogo apenas um dos compradores organza e paga o custo de organzação do regstro de preços. Isto ocorre porque o regstro de preços possu uma natureza de bem públco o regstro de preço ou o ato da compra é um bem não rval. Isto porque o custo para realzar/organzar um regstro de preço é ndependente do número de órgãos e entdades partcpantes, e uma vez que uma únca entdade organzou e pagou o custo do regstro de preços, não há custo adconal. Tal comprador que paga o custo de organzação do regstro de preços é o órgão gestor. Como será destacado mas adante, tal natureza de bem públco da organzação do regstro de preço pode gerar certas nefcêncas. Consdere o caso em que todos os caronas são acetos: l + µ m Q. Então dos equlíbros são possíves: ) exste o regstro de preço: v c( β, µ m + l) K 0 ; e ) não há regstro de preço: v c( β, µ m + l) K < 0. 24

Texto para Dscussão 1 7 5 7 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca Note que podem exstr dos dferentes equlíbros. Um equlíbro no qual há regstro de preço, e outro no qual não há regstro de preços. A razão pela qual não há regstro de preços se deve a exstr um únco comprador que arca com todo o custo de elaboração do regstro de preços. Este é um equlíbro nefcente uma vez que pela condção (6) é socalmente ótmo que todos os compradores adquram as undades do bem demandado. Como fo antecpado anterormente, tal resultado deve-se ao fato de a elaboração do regstro de preços possur uma natureza de bem públco. Uma possível solução para o problema sera a dvsão dos custos do processo de regstro de preços entre órgão gerencador, partcpantes e caronas. Alternatvamente, pode-se permtr por le que o órgão gestor cubra uma taxa de adesão de qualquer comprador nteressado em partcpar do regstro de preço do qual é responsável. 3.2 Jogo do regstro de preços: extensões Ao longo desta subseção serão apresentadas duas extensões do modelo básco. Na prmera extensão será analsado o caso no qual os compradores possuem dferentes utldades. Por meo de tal extensão será estudada umas das possíves maneras pelas quas é determnado o órgão gestor do regstro de preços. Na segunda extensão será examnado o caso no qual os compradores possuem dferentes demandas. Em tal extensão também será estudada umas das possíves maneras pelas quas é determnado o órgão gestor do regstro de preços. 3.2.1 Extensão 1: compradores com dferentes utldades Hpóteses Assume-se que cada comprador possu uma dferente utldade: v pelo bem. Sem perda de generaldade, assume-se que: v > v2 >... > v l + n 1 (7) Por smplcdade, consdere-se o caso no qual todos os caronas são acetos: l + µ m Q. 25

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 Equlíbro O resultado do jogo de regstro de preços sob tas hpóteses está descrto a segur. 1. Estágo do carona: todos os caronas são acetos (fornecedores e gestor). 2. Estágo da lctação: o lance de cada fornecedor é gual a p ( β ) = c( β, µ m + n). Em partcular, o fornecedor vencedor é o fornecedor β = β, cujo lance é gual a p = c( β, µ m + n). 3. Estágo do desenho: em equlíbros todos os compradores do tpo 1 partcpam do desenho n = l. Portanto, os equlíbros seguntes são possíves: a) não há regstro de preços se v 1 c( β, µ m + l) K < 0 b) Há regstro de preços se v c β, µ m + l) K 0 > v c( β, m + l) K 1 ( 2 µ Nesse caso, são o órgão gestor e o comprador que dervam maor utldade pelo bem. c) Há regstro de preços se v c( β, µ m + l) K 0 > v + 1 c( β, µ m + l) K. Nesse caso, qualquer um dos compradores com maor utldade pelo bem pode ser o órgão gestor, tendo em vsta que o órgão gestor é dentfcado como aquele agente que organza o regstro de preços e ncorre o custo do processo. 3.2.2 Extensão 2: compradores com dferentes demandas Hpótese Assume-se que as preferêncas dos compradores sejam quas-lnears, possundo a segunte forma: U ( θ, q, T ) = θ V ( q ) T (8) 26

Texto para Dscussão 1 7 5 7 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca Em que θ V q ) é a utldade margnal do bem para o comprador- ( T é a transferênca paga pelo comprador ao fornecedor pelas q undades adqurdas Sem perda de generaldade, assume-se que: θ... 1 > θ2 > > θl+n (9) V ( q ) > 0 e V ( q ) 0 (10) Por smplcdade, consdere novamente o caso em que todos os caronas são acetos: Q é sufcentemente grande. Determnando a demanda de cada comprador No SRP, os preços são lneares. Portanto, por cada comprador no regstro de preços., em que p é o preço untáro pago Sendo assm, o payoff do comprador- possu a segunte forma: (11) O comprador determna a quantdade demandada maxmzando o seu payoff. Sendo assm, a demanda do comprador- é q, em que q é a solução para o segunte problema: (12) A condção de prmera ordem (CPO) do problema é a segunte: p V ( q ) = (13) θ A CPO do problema anteror determna a demanda do comprador- para um dado preço que venha a ser cobrado pelo fornecedor vencedor no regstro de preços. Tal demanda é representada pela segunte expressão: 27

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 q = q ( θ, p) (14) Nota-se que para cada preço exste uma dferente quantdade demandada por cada comprador. Vale destacar que a equação de demanda em (14) possu algumas propredades, conforme a segur. 1. Os compradores com maores θ possuem maor demanda: q ( θ, p) p = θ V ( q ) θ > 2 2. A demanda é decrescente no preço: q ( θ, p) 1 = p V ( q ) θ < 2 0 0 Defne-se U ( θ, p) como a função valor do problema de maxmzação do comprador-. Tal função corresponde à utldade que cada comprador derva ao estar consumndo a quantdade ótma de bens quando o preço é gual a p. Formalmente, tal função valor é defnda por: (15) A segunte proposção mostra que para um mesmo preço untáro, os compradores com maores θ s possuem maor utldade. Proposção A segunte ordenação é valda: Prova: aplcação dreta do teorema do envelope Uma vez tendo sdo calculada a demanda ndvdual e dervadas as suas característcas, pode-se agregar tas demandas. No estágo do desenho a demanda total é gual a: 28

Texto para Dscussão 1 7 5 7 29 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca ), ( 1 p q Q l D θ = = (16) A demanda agregada, ncluídos os esperados caronas, é a segunte: ), ( ), ( 1 1 p q p q Q m l l l A θ θ µ + + = = + = (17) Equlíbro Assume-se que: Q Q A <. Sendo assm, o resultado do jogo de regstro de preços está descrto a segur. 1. Estágo do carona: todos os caronas são acetos pelos fornecedores e pelo órgão gestor. 2. Estágo da lctação: lance de cada fornecedor é gual ao custo untáro, ou seja: ), ( ) ( A Q c p β β =. Em partcular, o lance ganhador é gual a ), ( A Q c p β =. 3. Estágo do desenho: em equlíbros, todos os compradores do tpo 1 partcpam do desenho l n =. Portanto, os seguntes equlíbros são possíves: a) Não há regstro de preços se: 0 ), ( ) ( 1 1 1 < K q Q c q θ V β b) Há regstro de preços se: K q Q c q V K q Q c q V > 2 2 2 1 1 1 ), ( ) ( 0 ), ( ) ( β θ β θ Nesse caso, o órgão gestor é o comprador que derva maor utldade pelo bem (maor θ ). c) Há regstro de preços se:. ), ( ) ( 0 ), ( ) ( 1 1 1 K q Q c q V K q Q c q V > + + + β θ β θ Nesse caso, qualquer um dos compradores com maor utldade pelo bem (maor θ ) pode ser o órgão gestor, tendo em vsta que o órgão gestor é dentfcado como aquele agente que organza o regstro de preços e ncorre o custo do processo.

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 3.3 Jogo do regstro de preços: nefcêncas e soluções A prncpal nefcênca detectada ao se estudar o SRP é a nexstênca de regstro quando é socalmente desejável. Isto ocorre porque em qualquer equlíbro exste um únco comprador que arca com todo o custo de elaboração do regstro de preços. Isto ocorre porque o custo para realzar/organzar um regstro de preço é ndependente do número de órgãos e entdades partcpantes, e uma vez que uma únca entdade organzou e pagou o custo do regstro de preços, não há custo adconal. Tal comprador que paga o custo de organzação do regstro de preços é o órgão gestor. Portanto, tal resultado deve-se à elaboração do regstro de preços possur uma natureza de bem públco. Uma possível solução para o problema sera a dvsão dos custos do processo de regstro de preços entre órgão gerencador, partcpantes e caronas. Alternatvamente, pode-se permtr por le que o órgão gestor cubra uma taxa de adesão de qualquer comprador nteressado em partcpar do regstro de preço do qual é responsável. Outra possível solução é a cração de um regstro de preços com rebate. Tal sstema é apresentado na subseção 3.3.1. 3.3.1 Regstro de preços com rebate O rebate é uma prátca utlzada quando não se sabe ao certo qual a quantdade total de bens a ser adqurda, embora seja de se esperar desconto em função da quantdade total efetvamente adqurda (apurada ao fnal do período do contrato). Assm, o SRP com rebate podera funconar da forma descrta a segur. 1. Elabora-se um únco procedmento lctatóro para a aqusção de um determnado bem por qualquer ente federatvo, sendo escolhdos um (ou mas) fornecedor(es), que deverão nformar níves de descontos dferencados pela quantdade. 2. A nformação do preço e seus respectvos descontos para cada faxa de quantdade, além das demas condções comercas (ou seja, prazo de entrega, prazo de pagamento etc.), deverão constar em regstro de preços. 30

Texto para Dscussão 1 7 5 7 Sstema Braslero de Regstro de Preços: vrtudes e vícos à luz da teora econômca 3. Cada ente federatvo faz o seu peddo de entrega nos termos do contrato com o(s) fornecedor(es), sendo que as quantdades solctadas devem ser somadas, de forma que o desconto seja uma função da quantdade total adqurda de todos os entes que queram partcpar do arranjo contratual. 4. Embora os descontos devam ser aplcados medatamente quando da mudança de faxa na quantdade adqurda, o desconto sobre a parcela já adqurda na faxa de consumo anteror devera ser depostado pelo fornecedor, em pecunára, em um fundo de rebate para ajuste de contas ao fnal do prazo do contrato. 5. Esse fundo com os recursos do rebate dos fornecedores deverá ser utlzado para pagar os custos do processo lctatóro. O restante deverá então ser redstrbuído, ao fnal do período, na forma de repasse, aos estados, aos muncípos e ao governo federal, de manera proporconal à contrbução de cada ente (em termos de quantdade adqurda) na aqusção. A fgura 5 lustra de forma esquemátca o regstro de preços com rebate. FIGURA 5 Regstro de preços com rebate Lctação com preços escalonados Quantdade Até 10.000 10.000 até 20.000 20.000 até 30.000 Acma de 30.000 Preço produto A X X 1% X 2% X 5% Estados Fundo do rebate Repartdo entre estados, muncípos e Unão à proporção da contrbução no fnal do período Muncípos Unão Elaboração do autor. Para sua mplantação, do ponto de vsta legal, o uso do regstro de preço não necesstara sofrer nenhuma alteração, pos já está perfetamente dscplnado em le, sendo anda a partcpação das três esferas da federação gualmente prevsta. Já no que dz respeto ao rebate, sua prátca anda não se encontra dfundda no setor públco, sendo um nstrumento utlzado no setor prvado. Portanto, é de se magnar 31

B r a s í l a, j u l h o d e 2 0 1 2 a necessdade de regulamentação a respeto de tal prátca comercal, bem como a regulamentação para a cração do ctado fundo de rebate. Esse mecansmo traz alguns ncentvos e/ou benefícos ntrínsecos: vsa agregar o poder de compra das três esferas governamentas; possblta a adesão voluntára dos entes federatvos respetando a autonoma federatva; possblta a aqusção medata por parte de muncípos de menor porte a preços nferores comparado àqueles que obteram se fzessem procedmento lctatóro própro; e economza recursos da admnstração públca (e do setor prvado) ao efetuar um processo lctatóro para atender város entes federatvos. Ou seja, ncentva a carona, mas benefca a todos os partcpantes de forma proporconal. 4 LEILÃO DE MÚLTIPLAS UNIDADES Defne-se por pregão de múltplas undades um lelão reverso no qual váras undades de um mesmo tem desejam ser compradas. Desta manera, o SRP é um lelão reverso de múltplas undades. Sendo assm, torna-se necessáro estudar os mecansmos exstentes sobre tal tpo de lelão/pregão. Exste uma ampla lteratura sobre lelão de múltplas undades. As referêncas nesta lteratura são Ausubel e Cramton (2002), Klemperer (2004) e Krshna (2002). Nessa lteratura, destacam-se bascamente dos tpos de pregões: o pregão dscrmnatóro e o pregão lnear. O pregão dscrmnatóro é um pregão de múltplas undades no qual cada fornecedor recebe um valor dferente por cada undade do bem lctado, o qual é gual ao lance fornecdo no pregão. 11 O gráfco 1 lustra tal tpo de mecansmo. 11. O pregão dscrmnatóro é um pregão de múltplas undades com lances em envelopes fechados. Seu equvalente em um pregão de lances abertos é o pregão holandês de múltplas undades. Para maores referêncas sobre o pregão holandês de múltplas undades, consulte Krshna (2002). 32