Sustentando o Crescimento Face à Incerteza Global Perspectivas económicas regionais para África Subsaariana Outubro 2012 Victor Lledó Representante Residente do FMI para Moçambique 7 de Novembro de 2012 Universidade Eduardo Mondlane
I. Contexto global e perspectivas para África Subsaariana Riscos para as perspectivas Opções de política II. Nigéria e África do Sul: Ligações com o resto da África III. Transformação Estrutural na África Subsaariana 2
Contexto global e perspectivas para África Subsaariana 3
Regiões seleccionadas: Crescimento real do PIB, variação percentual homóloga, 2007-2012 T2 Regiões seleccionadas: Crescimento real do PIB incluindo as projecções, 2007-2013 Variação percentual 14 12 10 8 6 4 2 0-2 -4-6 Estados Unidos Zona euro Ásia em desenvolvimento -8 2007Q1 2008Q1 2009Q1 2010Q1 2011Q1 2012Q1 Variação percentual 12 10 8 6 4 2 0-2 -4 Mundo Mundo (proj. anteriores, Abr. 2012) Economias avançadas Ásia em desenvolvimento 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 4
África Subsaariana: Crescimento real do PIB, 2007-2013 10 5 % 0-5 África subsariana América Latina e Caraíbas Ásia em desenvolvimento Europa Central e do Leste -10 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 5
12 10 8 África Subsaariana: Crescimento real do PIB, 2007-2013 Média, África subsariana Exportadores de petróleo Países de rendas meias Países de rendas baixas Estados frágeis % 6 4 2 0-2 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 6
Crescimento real do PIB (2008-2013) variacao percentual 9 7 5 3 1-1 -3-5 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Sub-Saharan Africa Developing Asia Latin America and the Caribbean Central and Eastern Europe África Subsaariana, excluindo África do Sul 5.6 6.5 5.9 África Subsaariana (Total) 1 5.2 5.3 5.3 Exportadores de petróleo 1 6.3 6.7 6.0 Paises de renda média 2 4.5 3.4 3.8 África do Sul 3.1 2.6 3.0 Paises de renda baixa 2 5.5 5.9 6.1 Estados frágeis 2.3 6.6 6.5 1 Excluindo Sudão do Sul. 2 Excluindo estados frágeis. 2011 2012 2013 7
14 12 10 8 6 4 2 0-2 -4 Crescimento real do PIB (%), 2001-2013 Moçambique Economias avançadas Proj. 8
Moçambique: crescimento real do PIB (2011-2013) 2011 2012 2013 Crescimento do PIB real (%) 7.3 7.5 8.4 Fonte: Autoridades moçambicanas e projecções do FMI 9
África Subsaariana: Inflação relativa a produtos alimentares e não alimentares, 2008-Maio de 2012 África Subsaariana: Inflação do IPC, final do período, 2008-2013 Variação percentual homóloga 25 20 15 10 5 Inflação total Inflação de prod. aliment. Inflação de prod. não aliment. Variação percentual 25 20 15 10 5 Média, África subsariana Exportadores de petróleo Países de médio rend. Países de baixo rend. Estados frágeis 0 Jan-08 Apr-08 Jul-08 Oct-08 Jan-09 Apr-09 Jul-09 Oct-09 Jan-10 Apr-10 Jul-10 Oct-10 Jan-11 Apr-11 Jul-11 Oct-11 Jan-12 Apr-12 0 2008 2009 2010 2011 2012 2013 10
30 25 IPC e componentes (variação percentual homóloga) Alimentos 18 15 SADC: inflação média (%) prevista para 2012 20 12 9 15 10 5 0 IPC Subjacente (excl. alimentos, energia e transportes) 6 3 0 Malawi Tanzania Angola DRC Swazilandia Botswana Namibia Madagascar Zambia Africa do Sul Lesotho Congo Zimbabwe Mauricias Moçambique 11
Percentagem do PIB 10 8 6 4 2 0-2 -4-6 África subsaariana: Saldo orçamental global, 2004-2013 Average 2004-08 África subsariana Exportadores de petróleo Países de renda meia Países de renda baixa 2010 2011 2012 Proj. 2013 Proj. Percentagem do PIB África subsaariana: Rácios de endividamento público, 2000-2013 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Países de renda meia Países de renda baixa 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 12
Índice, Jan 08=100 250 200 150 100 Exportações (Média móvel de 3 meses, índice base), 2008 - Maio de 2012 Países de renda meia Países de renda baixa Estados frágeis Mundo Percentagem do PIB 20 15 10 5 0-5 -10 Défice da conta corrente (% PIB), 2004-2012 África subsariana Exportadores de petróleo Países de renda meia Países de renda baixa e estados frágeis 50 Jan/08 Abr/08 Jul/08 Out/08 Jan/09 Abr/09 Jul/09 Out/09 Jan/10 Abr/10 Jul/10 Out/10 Jan/11 Abr/11 Jul/11 Out/11 Jan/12 Abr/12-15 Average 2004-08 2010 2011 2012 Proj. 2013 Proj. 13
África Subsaariana: Indicadores de estabilidade financeira Rácio de adequação dos fundos próprios Empréstimos malparados/total de empréstimos 25 25 20 20 Percentagem 15 10 Percentagem 15 10 5 Segundo ao quarto quintil Mediana 5 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 14
O panorama a curto prazo em termos de crescimento permanece positivo Os factores do lado da oferta e os quadros de políticas mais sólidas estão a desempenhar um papel significativo Crescimento real do PIB, percentagem África Subsaariana: Perspectivas de crescimento, 2002-2013 9 8 7 6 5 4 3 50 por cento 70 por cento 90 por cento 2 2002 2004 2006 2008 2010 2012 15
Externos A crise na zona euro O abismo fiscal norte-americano Aumentos dos preços do petróleo (aspecto geopolítico) e dos produtos alimentares (aspecto climatérico) Abrandamento global sustentado que reflecte o abrandamento do crescimento tanto nas economias avançadas como nas economias emergentes Internos Derrapagens políticas Deterioração das condições de segurança/instabilidade Choques climáticos 16
400 Projecção de preços internacionais 14 Moçambique: preço do milho nos principais mercados retalhistas Total food Rice Wheat U.S. dollars per metric ton 350 Maize Soybean 300 250 200 150 12:Q1 12:Q2 12:Q3 12:Q4 13:Q1 13:Q2 13:Q3 13:Q4 MT/Kg 12 10 8 6 5 Jan 12 25 Jan 12 15 Feb 12 7 Mar 12 28 Mar 12 18 Apr 12 9 May 12 30 May 12 20 Jun 12 11 Jul 12 1 Aug 12 22 Aug 12 12 Sep 12 3 Oct 12 24 Oct 12 Maputo Beira Nampula 17
Pressupostos: As políticas implementadas na zona euro não acalmam os mercados Produção mundial inferior ao cenário de base em cerca de 2 pontos percentuais em 2013 Preços das matérias-primas reduzem entre 8 por cento (não petrolíferas) e 17 por cento (petrolíferas). Impacto: Redução do crescimento entre 1 e 1.2 pontos percentuais em 2013 Variação percentual África Subsaariana: Crescimento real do PIB sob cenário adverso, 2004-2013 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Base Cenário adverso 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 18
Muitos países enfrentam restrições no que concerne ao espaço para a formulação de políticas públicas : a) pouca margem para financiar qualquer aumento adicional nos défices orçamentais E/OU b) pouca margem para reduzir as taxas de juro sem aumentar a inflação e/ou a pressão nos mercados cambiais E/OU c) reservas cambiais limitadas para gerir as taxas de câmbio e manter a confiança na moeda nacional. 19
Muitos países da região concedem dispendiosos subsídios ao sector energético (equivalentes, em média, a 4% do PIB subsariano). No curto prazo, redução ou reorientação mais criteriosa desses subsídios pode ajudar a libertar recursos para financiar despesas mais socialmente desejáveis. A médio prazo, muitos países têm condições de mobilizar mais receitas fiscais, especialmente do sector de recursos naturais. 20
1. Países que experimentam forte crescimento e preços de exportação favoráveis devem reforçar suas posições orçamentais. 2. Países de renda media que registam um fraco crescimento requerem uma política orçamental mais acomodatícia, mas a margem de manobra estreita-se à medida que os níveis de endividamento aumentam. 3. A maioria dos países de renda baixa e os estados frágeis necessitam de reforçar as bases de receitas domesticas, dadas as necessidades de investimento e os riscos dos fluxos da ajuda financeira. 4. As políticas monetárias aparentam ser apropriadas na maioria dos países com autonomia financeira, mas existe pouca flexibilidade nos casos em que a inflação permanece elevada. 21
1. Os governos devem evitar a austeridade orçamental pró-cíclica: países que podem financiar défices maiores devem permitir que os estabilizadores automáticos funcionem devidamente. países exportadores de recursos e que dispõem de amplas reservas externas podem, até certo ponto, utilizar as reservas para compensar as perdas de receitas petrolíferas. países com pouca capacidade de empréstimo e poucas reservas muito provavelmente necessitarão de solicitar financiamento externo oficial. 2. Os países com política cambial flexível devem permitir que a taxa de câmbio actue como um amortecedor dos choques. 3. Os bancos centrais com autonomia financeira e credibilidade no combate à inflação podem mudar o enfoque apoiando a economia. 22
Ligações da África do Sul e Nigéria com o restante da África Subsaariana 23
Os canais de transmissão: Comércio de bens e serviços; Interligações dos sectores financeiros; Fluxos de capitais; Migrações de mão-de-obra e fluxos de remessas. 24
Ligações da África do Sul com o resto da África Subsaariana têm crescido de forma firme e essa tendência continuará nos próximos anos, mas o impacto macroeconómico dessas ligações se observam principalmente na região da África Austral. A Nigéria ainda apresenta fracas ligações regionais, excepto com seus vizinhos imediatos. Choques macroeconómicos na África do Sul e na Nigéria poderão ter efeitos em muitos países da região, mas o alcance do efeito será maior para choques oriundos da África do Sul em comparação com Nigéria. 25
Ligações comerciais 12.5% das receitas da conta corrente são relacionadas com transacções envolvendo a África do Sul. Cerca de 5% das exportações tem como destino a África do Sul; Economia sul-africana absorve uma parte de trabalhadores moçambicanos, em particular o sector mineiro que proporciona algumas remessas. Investimento África do Sul é um dos principais investidores em Moçambique (cerca de 12% do investimento total em 2010 e 5% em 2011); Empresas sul-africanas presentes nos sectores da agro-indústria, comércio, serviços financeiros e não financeiros. Sector financeiro Alguns bancos comerciais em Moçambique são constituídos maioritariamente por capital sul-africano, entre os quais 2 grandes bancos; 26
Transformação estrutural na África Subsaariana (1995-2010) 27
Deslocamento dos trabalhadores de sectores de actividade com baixa produtividade média para sectores com alta produtividade, elevando a produtividade média dos trabalhadores da economia como um todo (REO Outubro 2012). PIB real per capita e PIB real por pessoa na força de trabalho usados como proxy de produtividade média dos trabalhadores. Variações no peso da agricultura no PIB usado como proxy de deslocação de trabalhadores para sectores de maior produtividade. 28
Transformação estrutural na África Subsaariana (1995-2010) Crescimento do PIB real per capita Crescimento do PIB real por pessoa na força de trabalho variação percentual annual do peso da agricultura no PIB Crescimento médio da produtividade agrícola Países de renda média 2.60 1.92-2.58 2.11 Cape Verde 5.08 3.36-2.91 3.90 Mauritius 3.46 2.98-3.34 1.20 (1995-2009) Ghana 2.78 2.64-1.06 1.50 (1998-2005) Lesotho 2.45 2.63-2.05 1.10 Botswana 3.49 2.32-3.56 2.20 (2001-2010) Zambia 2.08 2.28-2.66 4.70 (1998-2010) Senegal 1.35 0.97-1.40 4.00 (2001-2005) South Africa 1.58 0.80-1.16 7.10 (2000-2009) Swaziland 1.84 0.76-0.89 1.90 Namibia 2.02 0.52-2.83 0.50 Seychelles 2.50 N.A. -6.52-4.90 29
Transformação estrutural na África Subsaariana (1995-2010) Crescimento do PIB real per capita Crescimento do PIB real por pessoa na força de trabalho variação percentual annual do peso da agricultura no PIB Crescimento médio da produtividade agrícola Países exportadores de petróleo 4.51 4.24-1.51 1.54 Equatorial Guinea 17.12 16.86-5.69-0.90 Angola 6.04 6.11-2.07 4.50 Chad 3.63 3.60 0.31 0.80 Nigeria 2.72 2.70-0.41 2.30 Cameroon 1.46 0.85-0.14-1.60 (1995-2007) Congo, Rep. 1.21 0.66-0.90 3.00 Gabon -0.59-1.12-1.65 2.70 30
Transformação estrutural na África Subsaariana (1995-2010) Crescimento do PIB real per capita Crescimento do PIB real por pessoa na força de trabalho variação percentual annual do peso da agricultura no PIB Crescimento médio da produtividade agrícola Países de renda baixa (excl. estados frageis) 2.35 2.11-0.93 2.59 Mozambique 4.83 4.75-2.45 4.10 (2003-2009) Uganda 3.59 3.91-3.49-3.50 (2002-2009) Ethiopia 4.35 3.61-1.69 2.00 Rwanda 3.77 3.19-0.94 3.40 (1996-2005) Tanzania 3.20 3.10-2.07 2.90 (2000-2009) Burkina Faso 3.15 2.91-1.41 1.80 Mali 2.37 2.10-0.05 3.90 (2001-2009) Sierra Leone 2.05 1.94 1.68 3.00 Malawi 1.60 1.25-2.29 5.30 Gambia, The 1.52 1.15 0.82 4.90 Benin 1.36 1.14 0.23 2.70 Kenya 0.80 0.83-1.70 1.10 Madagascar -0.05-0.21-0.04-0.70 Niger 0.34-0.13 0.31 5.40 31
220 200 Regiões seleccionadas: crescimento médio da produtividade da mão-de-obra no sector agrícola (1985-2010) East Asia and the Pacific South Asia Sub-Saharan Africa 180 160 140 120 100 80 32
Impedimentos estruturais na ASS e em países selecionados (2009, excepto indicado o contrário) Densidade das estradas (Kilómetros de estrada por 100 kilómetros quadrados de terra, 2007) Custo para exportar (dólares por contentor) Índice de perfomance logística, Eficiência do desalfandegame nto (1=baixo, 5=alto) Perdas causadas por falhas de electridade (Percentagem de vendas) Índice de corrupção do ICRG (0=alto risco, 6=baixo risco) Transparência, Prestação de contas, e Integridade do Sector Público (1=baixo, 6=alto) Bangladesh n.a. 970 2.3 n.a. 3.0 3.0 Cambodia n.a. 732 2.3 n.a. 2.0 2.0 India n.a. 945 2.7 n.a. 2.0 3.5 Indonesia 22.0 704 2.4 2.4 3.0 n.a. Philippines n.a. 816 2.7 3.4 2.0 n.a. Vietnam 48.0 555 2.7 3.7 3.5 3.0 South East Asia (me 35.0 774 2.6 3.4 2.5 3.0 Sub-Saharan Africa 14.5 1,927 2.2 6.1 2.3 2.8 Fontes: World Bank World Development Indicators; International Country Risk Guide; and IDA Resource Allocation Index. 33
Enquanto que os países asiáticos transformaram-se principalmente através do sector da manufactura com mãode-obra barata, não é obvio se os países africanos seguirão o mesmo caminho. Dependendo da disponibilidade de recursos, mão-de-obra qualificada e outros factores, alguns países poderão seguir o modelo asiático, enquanto outros poderão transformar-se através dos serviços e outros ainda através da transformação da sua agricultura. O grande de desafio para os países da África Subsaariana consiste na adopção de politicas e reformas que acelerem e traduzam esta transformação estrutural em uma melhoria das oportunidades de emprego e da qualidade de vida da maioria da população. 34
Obrigado 35