A ÁGUA E A CRIANÇA DE 3, 4 E 5 ANOS * Professora Martha Sanz Colaboração: Prof. Jaqui Esquitino (Argentina) jesquitino@cidade.com.ar Conferência apresentada no 5 Congresso de Atividades Aquáticas organizado por S.E.A.E. Barcelona 1997 O MODO DE INTRODUÇÃO... Para desenvolver à aprendizagem aquática, o criança deverá começar por resolver alguns problemas:... ver e incorporar a dimensão do natação... ingressar nele... separar-se de seus pais... separar-se de sua professora do Jardim... conhecer outros docentes, e confiar neles... integrar-se a novos grupos e mais... Não será o adulto-docente quem resolva tudo isto: é o menino quem, em base a suas experiências prévias, deverá fazê-lo. Se as experiências prévias foram positivas se acredite em ele a necessidade da atividade aquática: vamos bem, pois todo aprendizagem é uma resposta a uma necessidade. No caso de um menino sem experiência prévia, - e sabendo que por sua evolução sócio-afetiva e motora está desenvolvido para a atividade - deveríamos basear-nos numa didática específica que o leve sem angústias a resolver todas as situações que possam propor-se na aprendizagem aquática. * Texto disponível on line via: http://www.efdeportes.com/efd11/345.htm, tradução Leonardo Delgado
PROPOMOS ENTÃO O DESENVOLVIMENTO DE: - Aprendizagens afetivas e atitudinais; - O conhecimento do esquema corporal; - A educação do movimento; - A formação aquática de base; - A habilidade aquática general e especial da natação; - A independência aquática; - A segurança. CONTEÚDOS MÍNIMOS A DESENVOLVER 1. A Adaptação A adaptação é um processo contínuo, que se vai conseguindo em forma permanente: começa com a adaptação ambiental (escola nova, vestuários, natação) para continuar na vivência aquática. Já no água, a percepção de diferenças no peso corporal, no equilíbrio, a visão, a audição, a respiração, são causas permanentes de adaptação. Se realizarem exercícios adequados à capacidade e necessidade da criança, aparece então a habilidade aquática que - bem elaborada - permite a iniciação do nado formal. 2. A Horizontalidade Quando se fala de translação aquática econômica se pensa nas posições hidrodinâmicas do corpo. Nesta etapa da aprendizagem procuramos que o menino consiga a horizontalidade de seu corpo, tanto em posição dorsal como ventral. Ambas se fundamentarão na manutenção permanente do equilíbrio do corpo, incluindo ademais as múltiplas posições que oferece a atividade aquática. Já ao chegar aos 5 anos consegue com sucesso a flutuação vertical e a lateral, tanto em situação dinâmica como estática. 3. Os Movimentos Por que as pernas primeiro? É habitual que as pernas sejam protagonistas importantes nos primeiros deslocamentos. Isto é sem dúvida porque o pedalado primeiro, e
depois o batido de crawl se assemelham à ação de caminhar, onde o movimento é alternado e contínuo. É muito importante incorporá-lo em todas as situações: na flutuação ventral (batido de crawl), na flutuação dorsal (batido de costas), para emergir depois de um salto, para deslocar-se depois de um impulso de pernas, etc. Outra das causas de porque as pernas primeiro é a necessidade de usar elementos flutuantes que se levam com os braços ou as mãos, e que favorecem o equilíbrio do corpo durante os primeiros exercícios. As pernas e os pés no crawl Antes de começar a aprendizagem da pernada de peito - movimento simétrico simultâneo a criança deve conhecer a flexão-extensão do pé e a sensação de empuxo por apoio de plantas e extensão de pernas. Se partimos da base de que já aos 4 anos trabalharemos claramente os empuxos e extensão de pernas, um menino de 5 anos poderá conseguir a pernada de peito. As pernas e os pés no borboleta Como experiência de movimento é semelhante ao subir e baixar o pé no crawl, mas aparece a simultaneidade, que o movimento complexo. Dos 5 anos em adiante, não esperamos todos possam realizar o movimento, mas deve fazer-se a proposta: Quem pode...?. As pernas e os empuxos Quando a criança elaborou a percepção plantar e a extensão das pernas está preparada para incorporar o empuxo como um elemento mais de seu deslocamento. Será incorporado os exercícios em posição horizontal desde o borda, para saltar na água de pé ou de cabeça desde o borda, etc. Por que o "pirulito"? Os apoios alternados contínuos de recobro subacuático (pirulito) são os que a criança elege em forma natural como movimento de braços para iniciar seus deslocamentos.
Os braços e a braçada de peito A criança aprende este movimento com facilidade porque é um movimento simétrico que realiza dentro da água e que pode ver: aí estão seus braços, os dois juntos, acionando para empurrar o água... (3 anos). Os braços e a braçada de crawl Quando já está bem elaborada a horizontalidade do corpo e o menino pode manter a cara no água para não perder a posição de nado, está preparado para iniciar a aprendizagem deste movimento. (recobro aéreo e propulsão). Isto se deve fazer em forma global e por franca imitação de um modelo: "como papai, como o professor, como Juan..." As repetições devem ser poucas, entre 4 e 6 movimentos. Não terá análise de formas técnicas; o que sim deve ser clara é a informação intelectual: "Nado crawl quando movo as pernas e os braços" (4 a 5 anos). Os braços e a braçada de costas A partir da flutuação dorsal com movimentos de pernas, a criança pode iniciar o movimento simultâneo de apoio de palmas, empurrando o água para os pés. O recobro aéreo e a alternância do movimento resultam complexos antes dos 5 anos. É muito importante dar qualidade à translação dorsal por movimento de pernas (boa posição do quadril e a cabeça) e recém então incorporar a braçada global (5 anos). Os braços e a braçada de borboleta "Empurro muito e para atrás, com os dois braços, os saco do água e os levo adiante outra vez..." seria uma proposta para um menino de 5 anos, hábil aquático, que está de pé em parte praia e caminha empurrando o água. Vê seus braços, e é capaz de executar o movimento. Percebe-o como informação motora global e o identifica intelectualmente como braçada de borboleta. A posição inicial dos braços Ante qualquer ação aquática será a de estendidos adiante, já que favorece a horizontalidade do corpo e, conseqüentemente, a hidrodinamica.
Deverá incorporar-se a todas as ejercitaciones: flutuações, saídas do borde, entradas de cabeça, etc., a fim de conseguir a automatização do gesto. Detecção dos erros motrizes O menino é já independente aquático: desloca-se, investe sua postura, submerge-se, detém-se para boiar; numa palavra, já pode no água... Em função de tudo o que faz é comum que cometa erros importantes para a futura técnica: levar os joelhos ao abdômen em seu movimento de batido, empurrar com o empeine no pontapé de peito, fazer a braçada perrito com os braços embaixo do tronco e não estendidos adiante do tronco, empurrar o água nas braçadas com o dorso em lugar das palmas... Nenhum destes erros lhe impede fazer o que se propõe: jogar e estar no água. Ainda que seja difícil captar seu atendimento, é responsabilidade do docente evitar a fixação de qualquer erro técnico. O essencial é diagnosticar a origem do erro e fazer um retrocesso metodológico, chegando assim à estimulação adequada, para conseguir o movimento correto. E ademais, está o menino preparado para este movimento, ou devo esperar sua maturação motora? 4. A Respiração Na etapa de adaptação-aprendizagem não é o mesmo o água na cara - que surpreende, agride, molesta, desestabiliza o equilíbrio - que a cara no água, exercício que contém um bom nível de adaptação. Partindo desta idéia, o processo da respiração em função do nado estaria dado pelo lucro dos seguintes níveis de capacidade: 3 anos - A cara na água; - Pausa respiratória durante a imersão; - Soprar a superfície da água (fazer borbulhas); - Ao emergir, sacar a boca, soprar e aspirar;
4 anos - Soprar pela boca na translação subaquática - Durante o deslocamento, aumentar a freqüência de soprar e tomar, com respeito aos movimentos de braços; - Combinar a habilidade respiratória com os diferentes movimentos de braços - Combinar a habilidade respiratória com todas as atividades: durante a flutuação, ao nadar, ao saltar na água e emergir, etc. 5 anos Iniciar a rotação da cabeça (eixo longitudinal) e aspirar - soprar procurando a coordenação do giro de cabeça e o movimento de braços durante o nado de crawl global O habitual no menino é soprar pela boca em imersão. Mas além de poder soprar, é importante que mantenha sua habilidade de "olhos abertos" para olhar e orientar-se dentro e sob o água. 5. A Coordenação Inicialmente, a coordenação de pernas, braços e respiração não é organizada quanto a ritmo e continuidade. De 3 a 4 anos é comum ver que o menino move as pernas em forma constante e, com menos continuidade, os braços. Pelo geral, até os detém para procurar apoiar-se e sacar a boca do água para aspirar. Sua habilidade aumenta chegando a elaborar movimentos contínuos de braços e pernas com uma ação de aspiração cada 3 ou 4 ciclos de braçadas. Finalizando a etapa dos 5 anos chega a concretar armonicamente seu deslocamento: move os braços e as pernas com continuidade e incorpora a aspiração-espiración de acordo a sua capacidade individual. 6. A Orientação Durante todo o processo de ambientação e aprendizagem de movimentos, jogos, saltos do borde, lucro de destrezas corporais, etc., a orientação se desenvolverá tanto em superfície como em imersão. A criança deve poder responder-se:
Onde estou? "Na parte profunda", "no fundo" "no água grande" "no playo", "no água garota"... Para onde vou? "Ao borde", "à escada"... Como vou? "Por acima", "por abaixo do água"... Como o faço? "Com as pernas sós", "com os braços e as pernas"... Estes e outros são indicadores de orientação em sua imagem corporal no espaço ambiente no tempo da classe 7. A Avaliação - Inicial: realiza-se ao começo da atividade e em qualidade de diagnóstico. - Estará referida às instalações, os materiais, os meninos, o grupo, etc. - Do processo: corresponde ao desenvolvimento da atividade e se refere ao menino. Orienta ao docente na qualidade de seu trabalho: permite realizar mudanças sobre o planejamento para obter melhores resultados. Inclui relatórios aos pais. - Final: corresponde ao final do ano de trabalho e marca o ponto de chegada aos objetivos propostos. Serve como referência de base para futuras atividades. - É para o menino: Que aprendi a fazer? Que sei fazer? - É para os pais: Meu filho pode... - É para o docente: Foi adequada o planejamento? Corresponderam os conteúdos às necessidades dos meninos?. Objetivos planificados vs. objetivos conseguidos. Em que posso melhorar a atividade? Que aprendi eu como docente e adulto? Recreação O jogo, como atividade livre, permite-lhe ao menino conhecer e entender a realidade externa. Poderá identificar-se com outros, adaptar-se a outros, compartilhar, diminuir o egocentrismo próprio desta idade; em fim, socializar-se.
A imagem do docente e sua atitude devem ser o elemento aglutinante dos meninos. Pela idiosincrasia desta idade, surge neles a necessidade de um atendimento personalizado, que o docente deve orientar para a integração grupal. 3 anos - Jogo paralelo: estou com o outro, dá-me prazer - Jogo grupal: onde o menino participe e esteja em ação permanente - Jogos com presença e participação do docente 4 anos - Jogo simbólico individual e grupal - Jogos de destreza: Como o faço? - Jogos de compartilhar o docente, o espaço, os brinquedos - Jogos de concorrência: grupos de 2 ou 3 conseguem um objetivo 5 anos - Jogos de cooperação: eu o levo, ele o traz - Jogos de competição individual: Quem pode...? - Jogos de rendimento: Quem pode... mais alto, mais rápido? O ritmo, o canto e a música É habitual que estes elementos sejam inicialmente algo que chama o atendimento do menino. Atuam ademais como disparadores do movimento corporal. É visível a diferença do efeito que produz nos meninos a proposta feita só através da palavra, e a Estimulação ritmo-palavra ou canto. A motivação para a ação será maior se é um canto o que conta o próximo fazer físico. Em algumas classes, de repente todos nos reunimos na parte praia, começa a música e... já jogar no água! girando, saltando, cantando, movendo os braços e mais... A capacidade de atendimento da criança A capacidade de atendimento do menino é muito instável, melhorando ao acercar-se aos 5 anos. A concentração é escassa e seu interesse flutua de uma atividade a outra em forma constante.
Ter isto em conta é fundamental ao programar os conteúdos da classe e o trabalho com as consignas: - Explicar claramente para que são as ações. - Organizar o pensamento do menino: que saiba quando joga, quando trabalha, quando muda a atividade. - Dialogar com ele ao finalizar a classe para escutar seu relato sobre a tarefa realizada. - Conseguir que compreenda o tempo que decorre entre as classes. O silêncio e o água Iniciação da relaxação com compromisso corporal e intelectual. Que o menino aprenda a conhecer... o ruído do água no natatorio,... o silêncio do água na imersão,... o silêncio quando o ruído se vai,... o ruído do água quando move seus braços, suas pernas, quando se move tudo ele,... o silêncio corporal quando seu corpo se aquieta e permanece sem mover-se boiando no água, porque frota descontraído. Seus olhos se fecham e escuta... BIBLIOGRAFIAS CRATTY J. BRYANT (1982): Desarrollo perceptual y motor en los niños. Ed. Paidós, Buenos Aires. GUERRERO LUQUE R. (1991): Guía de las actividades acuáticas. Ed. Dúplex S.A., Barcelona. LE BOULCH, J.: Hacia una ciencia del movimiento humano. Ed. Paidós, Buenos Aires. LE BOULCH, J. (1983): El desarrollo Psicomotor desde el nacimiento a los 6 años. Ed. Doñantes, Madrid. MANTILERI, A. (1984): Los Niños y el Agua. Ed. Narcea S. A., Madrid. OSTHERRIETH P. (1984): Psicología Infantil. Ed. Morata, Madrid. PEREZ DE ANTICO, B. (1997): Qué es aprender a nadar? Fasículos I y II. Edición propia, Buenos Aires. PIAGET J. INHELDER, B. (1984): Psicología del Niño. Ed. Morata, Madrid. RIGAL R., PAOLETTI R., PORTMANN M. (1993): Motricidad: Aproximación Psicofisiólogica. Ed. Pila Teleña, Madrid. VAYER P. (199?): El Diálogo Corporal. Ed. Científico Médica, Barcelona.
WALLON H. (1979): La evolución psicológica del niño. Ed. Crítica Barcelona.
ÍNDICE O MODO DE INTRODUÇÃO...... 1 PROPOMOS ENTÃO O DESENVOLVIMENTO DE:... 2 CONTEÚDOS MÍNIMOS A DESENVOLVER... 2 1. A Adaptação... 2 2. A Horizontalidade... 2 3. Os Movimentos... 2 Por que as pernas primeiro?... 2 As pernas e os pés no crawl... 3 As pernas e os pés no borboleta... 3 As pernas e os empuxos... 3 Por que o "pirulito"?... 3 Os braços e a braçada de peito... 4 Os braços e a braçada de crawl... 4 Os braços e a braçada de costas... 4 Os braços e a braçada de borboleta... 4 A posição inicial dos braços... 4 Detecção dos erros motrizes... 5 4. A Respiração... 5 3 anos... 5 4 anos... 6 5 anos... 6 5. A Coordenação... 6 6. A Orientação... 6 7. A Avaliação... 7 Recreação... 7 3 anos... 8 4 anos... 8 5 anos... 8 O ritmo, o canto e a música... 8 BIBLIOGRAFIAS... 9